9 de fevereiro de 2008

Estes romanos são estrumpfe!

Existem 3 pólos de produção de banda desenhada que durante décadas definiram a nossa cultura e influenciaram gerações. Do mercado norte-americano Disney e Marvel eram os únicos com dimensão para atingir a Europa. A proximidade linguística e cultural tornaram as obras de Maurício de Sousa uma presença frequente nas estantes de miúdos por todo Portugal. Por fim tempos a produção europeia, maioritariamente belga e representada por duas grande edições: a revista Spirou e a revista Tintin.

A editora Dupuis (Spirou) apresentou nomes como Franquin (Spirou, Gaston Lagaffe), Peyo (Estrumpfes) e Morris (Lucky Luke). Os nomes de culto dos comics que faltam referir estão na maioria na editora Dargaud. Por exemplo Hergé (Tintin), e a dupla Goscinny e Uderzo (Astérix). Goscinny também trabalhou nas aventuras de Lucky Luke e, com Jean Tabary, criou o índio Humpa-Pá e o grão-vizir Iznogoud.

Estas empresas exigiam exclusividade mútua: quem publicasse numa não publicaria na outra. As excepções mais importantes foram Franquin, que foi autorizado a trabalhar para ambas, e Morris que depois de 30 anos na Spirou mudou para a Tintin. Apesar das rivalidades entre empresas os desenhadores dão-se bem e Uderzo sabe homenagear como poucos os seus colegas de profissão. Podemos ver um exemplo no livro "O dia em que o céu lhes caiu na cabeça" que é uma imitação do grafismo e da temática Disney (a quem agradece na última página).

A divisão linguística é um problema que marca a Bélgica desde a sua fundação, talvez por isso os seus desenhadores sejam tão apreciados. No ano passado era o centenário de Hergé que definia as actividades culturais no país, este ano temos os cinquenta anos dos Estrumpfes a colorir um pouco o mundo. Culminando com a estreia do filme em Novembro, temos até lá várias técnicas de brand marketing para atrair os espectadores. A ideia mais original é espalhar pela calada da noite em diversas cidades estrumpfes brancos para as pessoas pintarem. Em cada sítio alguma celebridade irá fazer um estrumpfe especial. De momento estão em Angoulême com o festival de banda desenhada e foi Uderzo o convidado a pintar um Estrumpfe. Aproveitando a oportunidade para fazer propaganda à sua criação, Uderzo vestiu um estrumpfe com a roupa de Astérix.
Não sendo Portugal um grande mercado, só nos resta esperar que o Cinanima tenha a sorte de apresentar o filme em antestreia e que os estrumpfes cubram as ruas de Espinho.

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