Recém-premiado por melhor actor pelos BAFTA e sério candidato aos Oscares, "Haverá Sangue" coloca-nos a questão se basta um notável desempenho de actor para fazer um bom filme. Mistura um pouco bizarra de petróleo, sangue, religiosidade exacerbada e fraude, o filme de Paul Thomas Anderson é uma espécie de história do Citizen Kane dos petróleos no início do século XX. Se "The Kingdom" era a perspectiva actual das teocracias corruptas do petróleo, "Haverá Sangue" é a história da ascensão de um mogul nas democracias de capitalismo selvagem, pelo que os dois filmes se complementam e nos permitem interrogar a razão do cinema se interessar de forma tão vincada pelo outro negro neste princípio de século XXI.
Aclamado como um dos grandes filmes da temporada a sua visão deixa uma sensação um pouco ambígua. Reconhecendo-se embora as qualidades da interpretação principal e secundária, a notável fotografia e enquadramento cuidado dos planos, e a fluência da narrativa enquanto biopic ficcionado de uma vida singular há algo que falta a este filme e não é a sua duração. Thomas Anderson aprofundou as relações dúbias e perversas entre os magnatas do petróleo pouco dados a escrúpulos e as seitas fundamentalistas de protestantismo radical que se aproximam da fraude. Insistiu na tónica de um homem solitário que vive obcecado pelo seu trabalho. No fim, quando pretende introduzir um tom de humor cáustico, este soa um pouco a falso.
A analogia do petróleo e do sangue acaba por ser, talvez, a mais eficaz mensagem do filme. Repare-se na subtileza do sapato sujo com o viscoso petróleo na parte inicial e o sapato manchado de sangue na cena final. Uma elipse curiosa que apenas acentua o talento do realizador. O que sobra no fim desta história? Uma impiedosa trama de riqueza e solidão, de desastres humanos e naturais onde, como diz o ditado, a riqueza não traz a felicidade. Na esteira de filmes sobre personagens fortes como em “O Aviador”, o dinheiro traz apenas a loucura ou embriaguez como modo de vida.
Se tudo correr bem não é por "Haverá Sangue" que os Coen não terão uma noite de glória na madrugada de 25 de Fevereiro.
Aclamado como um dos grandes filmes da temporada a sua visão deixa uma sensação um pouco ambígua. Reconhecendo-se embora as qualidades da interpretação principal e secundária, a notável fotografia e enquadramento cuidado dos planos, e a fluência da narrativa enquanto biopic ficcionado de uma vida singular há algo que falta a este filme e não é a sua duração. Thomas Anderson aprofundou as relações dúbias e perversas entre os magnatas do petróleo pouco dados a escrúpulos e as seitas fundamentalistas de protestantismo radical que se aproximam da fraude. Insistiu na tónica de um homem solitário que vive obcecado pelo seu trabalho. No fim, quando pretende introduzir um tom de humor cáustico, este soa um pouco a falso.
A analogia do petróleo e do sangue acaba por ser, talvez, a mais eficaz mensagem do filme. Repare-se na subtileza do sapato sujo com o viscoso petróleo na parte inicial e o sapato manchado de sangue na cena final. Uma elipse curiosa que apenas acentua o talento do realizador. O que sobra no fim desta história? Uma impiedosa trama de riqueza e solidão, de desastres humanos e naturais onde, como diz o ditado, a riqueza não traz a felicidade. Na esteira de filmes sobre personagens fortes como em “O Aviador”, o dinheiro traz apenas a loucura ou embriaguez como modo de vida.
Se tudo correr bem não é por "Haverá Sangue" que os Coen não terão uma noite de glória na madrugada de 25 de Fevereiro.
Título Original: "There Will Be Blood" (EUA, 2007) Realização: Paul Thomas Anderson Argumento: Paul Thomas Anderson baseado no romance de Upton Sinclair Intérpretes: Daniel Day-Lewis, Paul Dano e Dillon Freasier Fotografia: Robert Elswit Música: Jonny Greenwood Género: Drama Duração: 158 min. Sítio Oficial: http://www.paramountvantage.com/blood |
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