Por muito que custe a muitos dos que seguem o cinema com afinco, Sylvester Stallone é um nome ímpar da produção cinematográfica do final dos anos 70, início dos anos 80, e a personificação de dois dos duros dessa época, que marcaram toda uma geração: o boxeur Rocky Balboa e o soldado John Rambo.
Stallone é uma fraca desculpa de actor. Com uma dicção péssima e recursos estilísticos muito reduzidos, aproveitou o hype que se gerou à volta dele com maestria, vincando de forma indelével o seu cunho pessoal nas duas personagens citadas, sendo ainda hoje reconhecido por elas. Tal como Balboa, Rambo representava uma franja da sociedade norte-americana, da necessidade de (re)integração nela como condição ou pressuposto de vida. Em "First Blood" (Ted Kotcheff, 1982) surge pela primeira vez o veterano de guerra do Vietname, numa luta injusta contra um polícia despótico, prolongando uma guerra que já havia acabado, mas que sempre se desenrola no seu pensamento e memória. Já em "Rambo: First Blood Part II" (George P. Cosmatos, 1985), o soldado é retirado da prisão pelo seu antigo comandante e amigo Samuel Troutman, para uma missão de salvamento de prisioneiros de guerra num campo de concentração vietnamita. A marca e traço de personalidade de Rambo são definitivamente vincadas neste filme, um homem profundamente atormentado pela existência e incapaz de sentir.
Por fim, e em 1988, regressa à acção para resgatar Troutman do cativeiro em que é mantido no Afeganistão, num "Rambo III" (Peter MacDonald) que culminaria a saga nos anos 80. Stallone terá sentido então necessidade (e vejo desta forma, ao invés da visão monetária) de deixar o rumo destes dois heróis traçados, e mostra-lo de forma despudorada.
E é nesse sentido que John Rambo (Sylvester Stallone) regressa. Agora a viver na Tailândia, e ainda atormentado pela guerra, vê um grupo de missionários rogarem-lhe transporte de barco para a Birmânia, palco de sangrentos conflitos e intensa violação de todos os pressupostos da vida humana. Ainda que rejeitando várias vezes, acaba por os deixar no dito local, regressando ao seu país de acolhimento. Mas o grupo militar do infame Major Tint (Maung Maung Khin) dizima uma aldeia completa e faz reféns alguns dos missionários, entre os quais Sarah (Julie Benz) e Michael Burnett (Paul Schulze). Contactado por um padre norte-americano para transportar um grupo de mercenários que vão proceder à extracção dos cativos, Rambo junta-se a eles e faz o que melhor sabe: combate.
E tal como em "Rocky Balboa" (Sylvester Stallone, 2007), "Rambo", simplesmente assim, e só recorrendo ao seu nome, é um fechar de ciclo de boa qualidade e que consegue manter todos os traços essenciais da personalidade do personagem, o que em sequelas com muitos anos de distância raramente se consegue (e recordemos a incapacidade de Bruce Willis ser John McClane em "Die Hard 4.0".). Rambo é aquele homem incapaz de voltar a ser feliz e sociavel, sem um rumo certo na sua vida, sendo uma réstia daquilo que era antes da guerra (e continua neste filme a ser uma ode aos soldados e a todos os que lutam pela segurança norte-americana, muito ao estilo deste cinema). Aliás, é o próprio que o afirma e que condensa numa frase a sua existência: live for nothing, or die for something. Numa realização cuidada e com um ritmo assinalável, destaca-se a abordagem visceral e sanguinária, com o maior grau de violência da saga, onde nunca consegue manter um equilíbrio uniforme - quer pelo uso desajustado de explosões e pirotecnia, quer por alguns momentos de narrativa incompleta. Mas, e louve-se tal vitória, todas as sequências de luta corpo-a-corpo, bem como toda a realização na floresta é feita com uma respiração belíssima e que nos faz identificar com aquele homem, quedando a certeza de que, depois de mais uma batalha, a guerra terá sido ganha.
Stallone é uma fraca desculpa de actor. Com uma dicção péssima e recursos estilísticos muito reduzidos, aproveitou o hype que se gerou à volta dele com maestria, vincando de forma indelével o seu cunho pessoal nas duas personagens citadas, sendo ainda hoje reconhecido por elas. Tal como Balboa, Rambo representava uma franja da sociedade norte-americana, da necessidade de (re)integração nela como condição ou pressuposto de vida. Em "First Blood" (Ted Kotcheff, 1982) surge pela primeira vez o veterano de guerra do Vietname, numa luta injusta contra um polícia despótico, prolongando uma guerra que já havia acabado, mas que sempre se desenrola no seu pensamento e memória. Já em "Rambo: First Blood Part II" (George P. Cosmatos, 1985), o soldado é retirado da prisão pelo seu antigo comandante e amigo Samuel Troutman, para uma missão de salvamento de prisioneiros de guerra num campo de concentração vietnamita. A marca e traço de personalidade de Rambo são definitivamente vincadas neste filme, um homem profundamente atormentado pela existência e incapaz de sentir.
Por fim, e em 1988, regressa à acção para resgatar Troutman do cativeiro em que é mantido no Afeganistão, num "Rambo III" (Peter MacDonald) que culminaria a saga nos anos 80. Stallone terá sentido então necessidade (e vejo desta forma, ao invés da visão monetária) de deixar o rumo destes dois heróis traçados, e mostra-lo de forma despudorada.
E é nesse sentido que John Rambo (Sylvester Stallone) regressa. Agora a viver na Tailândia, e ainda atormentado pela guerra, vê um grupo de missionários rogarem-lhe transporte de barco para a Birmânia, palco de sangrentos conflitos e intensa violação de todos os pressupostos da vida humana. Ainda que rejeitando várias vezes, acaba por os deixar no dito local, regressando ao seu país de acolhimento. Mas o grupo militar do infame Major Tint (Maung Maung Khin) dizima uma aldeia completa e faz reféns alguns dos missionários, entre os quais Sarah (Julie Benz) e Michael Burnett (Paul Schulze). Contactado por um padre norte-americano para transportar um grupo de mercenários que vão proceder à extracção dos cativos, Rambo junta-se a eles e faz o que melhor sabe: combate.
E tal como em "Rocky Balboa" (Sylvester Stallone, 2007), "Rambo", simplesmente assim, e só recorrendo ao seu nome, é um fechar de ciclo de boa qualidade e que consegue manter todos os traços essenciais da personalidade do personagem, o que em sequelas com muitos anos de distância raramente se consegue (e recordemos a incapacidade de Bruce Willis ser John McClane em "Die Hard 4.0".). Rambo é aquele homem incapaz de voltar a ser feliz e sociavel, sem um rumo certo na sua vida, sendo uma réstia daquilo que era antes da guerra (e continua neste filme a ser uma ode aos soldados e a todos os que lutam pela segurança norte-americana, muito ao estilo deste cinema). Aliás, é o próprio que o afirma e que condensa numa frase a sua existência: live for nothing, or die for something. Numa realização cuidada e com um ritmo assinalável, destaca-se a abordagem visceral e sanguinária, com o maior grau de violência da saga, onde nunca consegue manter um equilíbrio uniforme - quer pelo uso desajustado de explosões e pirotecnia, quer por alguns momentos de narrativa incompleta. Mas, e louve-se tal vitória, todas as sequências de luta corpo-a-corpo, bem como toda a realização na floresta é feita com uma respiração belíssima e que nos faz identificar com aquele homem, quedando a certeza de que, depois de mais uma batalha, a guerra terá sido ganha.
Título Original: "Rambo" (EUA, 2008) Realização: Sylvester Stallone Argumento: Sylvester Stallone e Art Monterastelli Intérpretes: Sylvester Stallone, Julie Benz e Graham McTavish Fotografia: Glen MacPherson Música: Brian Tyler Género: Acção / Drama / Guerra Duração: 91 min. Sítio Oficial: http://www.rambofilm.com |
2 comentários:
Finalmente uma crítica que resume bem a existência de Rambo. Quer se queira quer não, um marco na história do cinema.
Um marco sem dúvida nenhuma! E uma das grandes figuras do muito particular cinema dos 80's!
Obrigado pelo comment!
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