No distante ano de 2001 ir a antestreias era algo muito frequente para mim. Não era como agora que tenho participar em dez passatempos para conseguir convite para um filme medíocre. Semanalmente havia pelo menos uma interessante para ir ver e por isso ganhei o saudável hábito de passar as noites de Quintas-feira no cinema. Sim, nessa época as estreias ainda eram à Sexta.
Normalmente ia com o Ricardo, companheiro de cinema desde o dia dos meus quinze anos, mas nesse dia ele não podia e então fui sozinho para o Central Shopping, o maior cinema da cidade (acreditem ou não, em tempos houve um multiplex no centro do Porto). Cheguei já o filme tinha começado (ia nos 4:30) e perdi parte do contexto, mas o que vi bastou para me seduzir. Duas horas passaram e entretanto fui bombardeado por som, cor, alegria, desespero, movimento e Amor... Aí vim a descobrir que era um romântico incurável e um filme só precisava desse ingrediente na dose certa para me agradar.
Na altura não era fã de música. Com a dose incrível de músicas que aqui eram interpretadas tornei-me ouvinte. Nesse mesmo Natal recebi a banda sonora e posso dizer que no ano de 2002 ouvia-a pelo menos cinco vezes por semana e a média deve ter dado uma audição por cada dia do ano. Até hoje só em casa ouvi umas 500 vezes, no carro mais largas dezenas, e o CD ainda dura. É de muito bom fabrico.
Em 2001 não havia musicais. Só conhecia o género por filmes com 40 anos e de repente estava a assistir a um musical dentro de um musical. Espectacular. Devo ter gostado porque uma semana depois estava a ir ver novamente. Sempre que alguém dizia que ia ver "Moulin Rouge!" lá ia eu também. Foi o filme que vi mais vezes em cinema fora dos festivais.
Foi a partir desse ano que deixei de acreditar nos Oscares. Como podia algo ser melhor do que isto em realização, interpretação, fotografia... mesmo que Ewan McGregor não fosse um actor excepcional algum dos secundários devia ter sido nomeado. Não fosse Jim Broadbent ganhar por outro filme e eu ficaria muito chateado. Quanto a Nicole Kidman não precisou de mais nada para conquistar um lugar de eleição entre as minhas actrizes predilectas.
Tornei-me fã de Luhrmann. Antes tinha visto "Romeo + Juliet" por causa da Claire Danes e surpreendeu-me com a metafórica junção de épocas, mas agora tinha-me conquistado de vez. Depois vi Strictly Ballroom" e foi daqueles que não quis rever por me ter parecido tão perfeito. Finalmente comprei o DVD e voltei a ver "Moulin Rouge!", muitas e muitas vezes...
Não foi só o meu mundo que mudou com este filme. Zidler diz "Yes we can cancan" e essa frase há menos de dois anos mudou o planeta.
2 comentários:
Ai e eu sou um daqueles abomináveis que vê o Moulin Rouge! como absolutamente pointless e que não gosta muito. A banda sonora é boa, mas nem todas as músicas individualmente o são...
Só tens de o rever com olhos de apaixonado.
Para a semana vou escrever sobre o teu primeiro filme, desse não vais poder dizer mal!
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