Nick Rice: It's not what you know. It's what you can prove in court.
O sistema judicial é alvo de críticas em todos os países. Os EUA com as suas leis hilariantes são um local excelente para processar ou ser criminoso. Neste filme temos um homem que decide aproveitar as falhas da justiça em seu proveito. Clyde começa por ser vítima de um crime e depois é vítima do sistema. Farto disso, decide que chegou a hora de o sistema ser a vítima. Deixa-se prender por um crime que não podem provar que tenha cometido, dá uma confissão inválida e então começa a matança. Clyde consegue na sua cela "prever" quem e quando, só não partilha o como. Está no seu direito recusar-se a dizer e a tortura não é um método aprovado. O sistema, na pele do promotor público, sabe que foi ele. Conseguem saber o motivo, mas não a oportunidade porque, na teoria, ele é um prisioneiro desse mesmo sistema.
Estamos perante o velho dilema de saber quem é o bom e o mau. Não há cartões identificativos como num jogo, ou chapéus brancos e pretos como nos westerns. Aqui criminoso, cidadão e autoridade misturam-se nos papéis de vítima e agressor. A confusão de sentimentos causada é um dos pontos altos do filme. Um assaltante merece uma morte tortuosa? Um assassino merece desmembramento? Um pai enlutado merece ser preso por querer uma vingança que os tribunais não dão? Os advogados merecem morrer por saberem moldar as regras do jogo à sua maneira? Está reaberto um debate que não terá fim por muitos séculos.
Nos actores destaco Bruce McGill no velho papel de sempre que lhe assenta muito bem. Leslie Bibb após alguns filmes de sucesso finalmente tem um papel de relevo e que exigiu talento. A última expressão facial dela é dos melhores momentos do filme. Gerard Butler num papel menos físico do que os trabalhos recentes sai-se bem.
A ideia-base era muito promissora. As mortes e a forma independente do vilão como ocorrem fazem lembrar os melhores tempos da saga "Saw". Aqui no entanto não são o terror e o choque que dominam. As mortes são curiosas, mas saber que o sistema é incapaz de controlar os criminosos é o verdadeiro elemento perturbador. No entanto Clyde não é tão criativo, poderoso ou omnipresente como nos deixam supor. Arruinam uma boa ideia com uma explicação média e culminam com um final horrivelmente previsível. Escolheram o caminho mais simples num filme que tinha tudo para ser memorável.
Título Original: "Law Abiding Citizen" (EUA, 2009) Realização: F. Gary Gray Argumento: Kurt Wimmer Intérpretes: Jamie Foxx, Gerard Butler, Leslie Bibb, Bruce McGill Fotografia: Jonathan Sela Música: Brian Tyler Género: Crime, Drama, Thriller Duração: 108 min. Sítio Oficial: http://www.lawabidingcitizenfilm.com/ |
2 comentários:
Gostei imenso do filme!
Na minha opinião o que faz com que este filme falhe são os 5 minutos finais, pondo por terra a minha ideia de que este filme era algo diferente do habitual. Apesar disso gostei do facto de nós fazer questionar qual o lado do bem e do mal.
3*
Parabéns pela excelente crítica
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