Tudo acaba. Duas simples palavras eram isco suficiente para levar multidões ao cinema e tornar HP7.2 no terceiro filme que mais facturou a nível mundial. Porquê? Porque as pessoas queriam saber como seria o desfecho daquilo que acompanhavam há uma década. É sempre assim. Deixa-se o consumidor ficar acostumado, criar adicção e depois apresenta-se o mesmo produto com um custo inflaccionado. Dois capítulos, tecnologia 3D... Mesmo com descontos razoáveis o custo de conhecer este desfecho podia passar de 4€ para 11€. Qual o senão? Por um lado as pessoas poderiam já estar fartas. E por outro quem não se fartou exigiria mesmo muito. Comigo foi um misto de ambos. Não vi o sexto capítulo por estar a ficar um pouco cansado (e desiludido). E apesar de ter devorado os primeiros livros numa noite assim que saíam, não li o sétimo por já não ser tão apelativo e para permitir que pelo menos os últimos filmes me surpreendessem.
O que senti foi algo familiar. Tal como “The Goblet of Fire” pareceu demasiado abreviado para o livro que era e que apenas um leitor perceberia o que faltou. Por isso concordo com a divisão em dois - que também devia ter sido feita no Goblet - mas acho que esta metade podia ter sido mais longa meia hora. Era o filme mais desejado desde “LOTR: The Fellowship of the Ring” e os fãs mereciam algo grandioso. Como canta Leonardo Cohen “Ei, isso não é forma de dizer adeus”...
Na primeira parte temos o trio do costume a continuar a sua peregrinação em busca das relíquias. O filme começa exactamente onde o anterior tinha terminado. Para home video estaria perfeito, para cinema quem entretanto se esqueceu do que aconteceu há meio ano, cai sem para-quedas no meio da acção. A primeira aventura é entrar no local mais seguro do mundo dos feiticeiros, Gringotts. A história enrola-se um pouco, mas o espectáculo visual que se segue é merecedor da espera. Entre túneis, dragões e feitiços, quem queria algo de grandioso para deliciar a vista tem uns minutos preciosos. Depois os heróis partem para Hogsmeade, um local que lhes é muito familiar onde vão conhecer uma personagem que será desperdiçada. Até que finalmente chegam a Hogwarts... Era isso o que andava a faltar nos últimos filmes: o regresso a casa. Porque Hogwarts não é apenas uma escola. Hogwarts foi onde cresceram, onde foram mais felizes, onde aprenderam os limites da magia e o verdadeiro poder da amizade e da coragem. É também o único lugar mágico onde todos são igualmente bem recebidos, independentemente do clã a que pertençam.
Cada um devia ter uma escola a que se associasse com o coração. Não aqueles sentimentos infantis estilo “esta é a melhor escola e vocês são a melhor turma de sempre” que todos dizem sem sentir, mas algo intenso como entrar num edifício secular que nos faz sentir pequeninos e, ao sair, sentir que, por uns breves anos, se fez parte da sua história. Para essa gente, aqueles que viveram uma instituição e morreriam por ela, o Piertotum Locomotor é um feitiço com muito significado que no filme não é respeitado. Por entre todo o deslumbramento visual de uma cornucópia de feitiços de defesa e de ataque, deixaram a alma da escola esquecida e esse encantamento reduzido a duas cenas. É também o que acontece com a maioria das personagens, mas, não havendo tempo para tudo, a escola e o sentimento de dever e de rectidão tinham de ser evidenciados. Confiaram demasiado na emoção do regresso de Harry a Gryffindor e do seu pré-confronto (mais não revelo) e trataram tudo o resto como secundário. Tudo tivesse a emoção do pós-batalha e seria um grande filme...
Sem isso “Deathly Hallows Part 2” é uma peça aceitável de uma saga que demorou demasiado. Aquele ano de interregno feito a meio feriu mortalmente o interesse e é responsável por muitos dos problemas que surgiram. Actores infantis que saíram da personagem por crescerem longe dela, actores que entretanto se meteram noutros projectos (por acaso foram menos do que esperaria considerando a vastidão do elenco) e as trocas constantes de realizador e artífices associados. Não desfazendo o trabalho deste último lote de magníficos artistas, como Serra e Desplat, saí do filme a assobiar o tema original, outro dos trabalhos intemporais de John Williams. Isso porque Potter, seja livro ou filme, tinha mais piada no início que agora. Com a necessidade de um desfecho memorável tonou-se previsível e semelhante a imensas outras sagas, perdendo aquele encanto que o mundo dos feiticeiros tinha trazido.
“Deathly Hallows Part 2” é para ver em conjunto com o primeiro. A forma ideal é uma maratona dos oito episódios alternados com os livros. Ver filme “Pedra Filosofal”, ler livro “Pedra Filosofal”, ver filme “Câmara dos Segredos”, ler livros Câmara dos Segredos”, etc. Chegando ao final da história desliguem sem ver o apêndice artificial e façam igual no livro. deixem a vossa imaginação fluir e criar o mundo depois do dia em que tudo mudou.
O que senti foi algo familiar. Tal como “The Goblet of Fire” pareceu demasiado abreviado para o livro que era e que apenas um leitor perceberia o que faltou. Por isso concordo com a divisão em dois - que também devia ter sido feita no Goblet - mas acho que esta metade podia ter sido mais longa meia hora. Era o filme mais desejado desde “LOTR: The Fellowship of the Ring” e os fãs mereciam algo grandioso. Como canta Leonardo Cohen “Ei, isso não é forma de dizer adeus”...
Na primeira parte temos o trio do costume a continuar a sua peregrinação em busca das relíquias. O filme começa exactamente onde o anterior tinha terminado. Para home video estaria perfeito, para cinema quem entretanto se esqueceu do que aconteceu há meio ano, cai sem para-quedas no meio da acção. A primeira aventura é entrar no local mais seguro do mundo dos feiticeiros, Gringotts. A história enrola-se um pouco, mas o espectáculo visual que se segue é merecedor da espera. Entre túneis, dragões e feitiços, quem queria algo de grandioso para deliciar a vista tem uns minutos preciosos. Depois os heróis partem para Hogsmeade, um local que lhes é muito familiar onde vão conhecer uma personagem que será desperdiçada. Até que finalmente chegam a Hogwarts... Era isso o que andava a faltar nos últimos filmes: o regresso a casa. Porque Hogwarts não é apenas uma escola. Hogwarts foi onde cresceram, onde foram mais felizes, onde aprenderam os limites da magia e o verdadeiro poder da amizade e da coragem. É também o único lugar mágico onde todos são igualmente bem recebidos, independentemente do clã a que pertençam.
Cada um devia ter uma escola a que se associasse com o coração. Não aqueles sentimentos infantis estilo “esta é a melhor escola e vocês são a melhor turma de sempre” que todos dizem sem sentir, mas algo intenso como entrar num edifício secular que nos faz sentir pequeninos e, ao sair, sentir que, por uns breves anos, se fez parte da sua história. Para essa gente, aqueles que viveram uma instituição e morreriam por ela, o Piertotum Locomotor é um feitiço com muito significado que no filme não é respeitado. Por entre todo o deslumbramento visual de uma cornucópia de feitiços de defesa e de ataque, deixaram a alma da escola esquecida e esse encantamento reduzido a duas cenas. É também o que acontece com a maioria das personagens, mas, não havendo tempo para tudo, a escola e o sentimento de dever e de rectidão tinham de ser evidenciados. Confiaram demasiado na emoção do regresso de Harry a Gryffindor e do seu pré-confronto (mais não revelo) e trataram tudo o resto como secundário. Tudo tivesse a emoção do pós-batalha e seria um grande filme...
Sem isso “Deathly Hallows Part 2” é uma peça aceitável de uma saga que demorou demasiado. Aquele ano de interregno feito a meio feriu mortalmente o interesse e é responsável por muitos dos problemas que surgiram. Actores infantis que saíram da personagem por crescerem longe dela, actores que entretanto se meteram noutros projectos (por acaso foram menos do que esperaria considerando a vastidão do elenco) e as trocas constantes de realizador e artífices associados. Não desfazendo o trabalho deste último lote de magníficos artistas, como Serra e Desplat, saí do filme a assobiar o tema original, outro dos trabalhos intemporais de John Williams. Isso porque Potter, seja livro ou filme, tinha mais piada no início que agora. Com a necessidade de um desfecho memorável tonou-se previsível e semelhante a imensas outras sagas, perdendo aquele encanto que o mundo dos feiticeiros tinha trazido.
“Deathly Hallows Part 2” é para ver em conjunto com o primeiro. A forma ideal é uma maratona dos oito episódios alternados com os livros. Ver filme “Pedra Filosofal”, ler livro “Pedra Filosofal”, ver filme “Câmara dos Segredos”, ler livros Câmara dos Segredos”, etc. Chegando ao final da história desliguem sem ver o apêndice artificial e façam igual no livro. deixem a vossa imaginação fluir e criar o mundo depois do dia em que tudo mudou.
Título Original: "Harry Potter and the Dathly Hallows Part 2" (EUA, Reino Unido, 2011) Realização: David Yates Argumento: Steve Kloves (livro de J.K. Rowling) Intérpretes: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Ralph Fiennes, Alan Rickman, Matthew Lewis, Tom Felton, Michael Gambon (e para que não se esqueçam apesar de menos relevantes também participaram Evanna Lynch, Helena Bonham Carter, Maggie Smith, David Thewlis, Ciarán Hinds, Julie Walters, Kelly Macdonald, John Hurt, Jim Broadbent, Clémence Poésy, Emma Thompson, Robbie Coltrane, Gary Oldman...) Música: Alexandre Desplat Fotografia: Eduardo Serra Género: Aventura, Drama, Fantasia, Mistério Duração: 130 min. Sítio Oficial: http://harrypotter.warnerbros.com/ |
3 comentários:
O mesmo sentimento por aqui.
Que leitora atenta (e rápida)!
fiquei um pouco desiludida.. não foi tão bom como eu esperava, como devia ser.
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