Porque eu só estou bem, aonde eu não estou...
Woody Allen vinha a professar o seu amor por Nova Iorque de forma bem visível. Em segundo lugar estava claramente Paris e a cidade finalmente volta a ter um filme ao nível do primeiro (“Everyone Says I Love You”). Só que desta vez não é somente um período temporal de Paris que é louvado, mas todo um século de glória da capital francesa. A tal ponto que ficamos na dúvida se Woody não terá trocado de amor...
Um casal de americanos viaja para Paris com os pais dela. Gil adora a cidade e sonha viver lá como os grandes artistas dos anos 20. Inez apenas quis ir passear. Numa noite de muito álcool, enquanto Inez se diverte à grande com um casal amigo (Michael Sheen irreconhecível), Gil vai dar um passeio a pé. Acaba por ir dar a um largo onde é convidado a entrar num carro que passa (grande Tom Hiddleston) e a vida dele vai mudar. Não vale a pena dizer mais e correr o risco de estragar toda uma experiência de sonho como só Allen conseguiria proporcionar. Convém é prevenir que o prazer do visionamento será proporcional à cultura - americana e europeia - de cada um. Se o filme parecer bom da primeira vez, umas leituras rápidas - nem que sejam na Wikipedia - farão com que o segundo visionamento seja ainda melhor. Isso porque apesar de ser um filme acessível a todos, é forçosamente melhor quanto melhor se perceber as referências e se há um filme com referências é este. Não adianta resistir, mais cedo ou mais tarde haverá um segundo visionamento e será garantidamente melhor.
Gil (Owen Wilson) é um alter-ego de Allen com todos os tiques e maneirismo que o actor-realizador nos acostumou ao longo de décadas. Quem gosta de Allen está formatado para gostar desta personagem e quem não gosta acabará por se deixar seduzir pelo jeito trapalhão deste argumentista que não suporta Hollywood e os argumentos ocos que a indústria devora. Estou a falar da personagem, não se deixem confundir pelas semelhanças. O protagonismo feminino teoricamente seria de Rachel McAdams, a noiva, mas estamos em França e para ser educado Allen deixa que Marion Cotillard roube o espectáculo. A tal ponto que a oscarizada faz esquecer as americanas (Alison Pill, Kathy Bates) e mesmo entre as locais não tem rival pois Léa Seydoux é uma mera vendedora de nostalgias e a primeira-dama tem um pequeno papel nas relações internacionais. Não há muitos outros actores conhecidos (referiria Adrien Brody), mas foram escolhidos a dedo e deram vida a muitas personagens inesquecíveis. Ninguém se surpreende com o grande elenco reunido nem estranha que eu elogie a fabulosa direcção de actores.
Allen melhora com a idade pois os temas principais continuam a ser o amor, a morte e o medo de errar, mas cada vez ficam mais diluidos na história, dendo-lhe nexo, enriquecendo a narrativa, fazendo o espectador pensar. A história é das que fazem sonhar. Como é habitual no que vem deste argumentista foge um pouco para a comédia, balanceia entre ficção e realidade, e revela uma Paris mágica onde não falta aquele cantinho à beira-rio que para mim será sempre sinónimo de Allen. Quem quer uma visita guiada pela cidade tem uns minutos de monumentos no início, mas depois tem apenas pessoas, ideias e muita honestidade, como todas as obras-primas que o realizador nos ofereceu.
Se Allen não estivesse a saltar de terra em terra fazendo odes magistrais a todos os sítios por onde passa diria que isto lhe tinha vindo do coração. Vendo no panorama conjunto dos últimos anos e dos seguintes diria que veio do coração com uma breve passagem pela carteira, mas tudo o que recebeu foi completamente merecido pois este é o filme definitivo sobre Paris e finalmente tenho um motivo e vontade de lá ir..
Woody Allen vinha a professar o seu amor por Nova Iorque de forma bem visível. Em segundo lugar estava claramente Paris e a cidade finalmente volta a ter um filme ao nível do primeiro (“Everyone Says I Love You”). Só que desta vez não é somente um período temporal de Paris que é louvado, mas todo um século de glória da capital francesa. A tal ponto que ficamos na dúvida se Woody não terá trocado de amor...
Um casal de americanos viaja para Paris com os pais dela. Gil adora a cidade e sonha viver lá como os grandes artistas dos anos 20. Inez apenas quis ir passear. Numa noite de muito álcool, enquanto Inez se diverte à grande com um casal amigo (Michael Sheen irreconhecível), Gil vai dar um passeio a pé. Acaba por ir dar a um largo onde é convidado a entrar num carro que passa (grande Tom Hiddleston) e a vida dele vai mudar. Não vale a pena dizer mais e correr o risco de estragar toda uma experiência de sonho como só Allen conseguiria proporcionar. Convém é prevenir que o prazer do visionamento será proporcional à cultura - americana e europeia - de cada um. Se o filme parecer bom da primeira vez, umas leituras rápidas - nem que sejam na Wikipedia - farão com que o segundo visionamento seja ainda melhor. Isso porque apesar de ser um filme acessível a todos, é forçosamente melhor quanto melhor se perceber as referências e se há um filme com referências é este. Não adianta resistir, mais cedo ou mais tarde haverá um segundo visionamento e será garantidamente melhor.
Gil (Owen Wilson) é um alter-ego de Allen com todos os tiques e maneirismo que o actor-realizador nos acostumou ao longo de décadas. Quem gosta de Allen está formatado para gostar desta personagem e quem não gosta acabará por se deixar seduzir pelo jeito trapalhão deste argumentista que não suporta Hollywood e os argumentos ocos que a indústria devora. Estou a falar da personagem, não se deixem confundir pelas semelhanças. O protagonismo feminino teoricamente seria de Rachel McAdams, a noiva, mas estamos em França e para ser educado Allen deixa que Marion Cotillard roube o espectáculo. A tal ponto que a oscarizada faz esquecer as americanas (Alison Pill, Kathy Bates) e mesmo entre as locais não tem rival pois Léa Seydoux é uma mera vendedora de nostalgias e a primeira-dama tem um pequeno papel nas relações internacionais. Não há muitos outros actores conhecidos (referiria Adrien Brody), mas foram escolhidos a dedo e deram vida a muitas personagens inesquecíveis. Ninguém se surpreende com o grande elenco reunido nem estranha que eu elogie a fabulosa direcção de actores.
Allen melhora com a idade pois os temas principais continuam a ser o amor, a morte e o medo de errar, mas cada vez ficam mais diluidos na história, dendo-lhe nexo, enriquecendo a narrativa, fazendo o espectador pensar. A história é das que fazem sonhar. Como é habitual no que vem deste argumentista foge um pouco para a comédia, balanceia entre ficção e realidade, e revela uma Paris mágica onde não falta aquele cantinho à beira-rio que para mim será sempre sinónimo de Allen. Quem quer uma visita guiada pela cidade tem uns minutos de monumentos no início, mas depois tem apenas pessoas, ideias e muita honestidade, como todas as obras-primas que o realizador nos ofereceu.
Se Allen não estivesse a saltar de terra em terra fazendo odes magistrais a todos os sítios por onde passa diria que isto lhe tinha vindo do coração. Vendo no panorama conjunto dos últimos anos e dos seguintes diria que veio do coração com uma breve passagem pela carteira, mas tudo o que recebeu foi completamente merecido pois este é o filme definitivo sobre Paris e finalmente tenho um motivo e vontade de lá ir..
Título Original: "Midnight in Paris" (Espanha, EUA, 2011) Realização: Woody Allen Argumento: Woody Allen Intérpretes: Owen Wilson, Marion Cotillard, Rachel McAdams, Kathy Bates, Kurt Fuller, Mimi Kennedy, Michael Sheen, Carla Bruni, Alison Pill, Yves Heck, Corey Stoll, Tom Hiddleston, Léa Seydoux, Adrien Brody Fotografia: Johanne Debas, Darius Khondji Género: Comédia, Fantasia, Romance Duração: 94 min. Sítio Oficial: http://www.sonyclassics.com/midnightinparis |
1 comentários:
Esta crítica mereceu destaque na rubrica «A "Polémica" do Mês» do Keyzer Soze's Place, disponível aqui: http://sozekeyser.blogspot.com/2011/09/polemica-do-mes-4.html
Cumps cinéfilos!
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