Independentemente do número de filmes de terror que tenham visto, da quantidade de sangue que aguentam antes do pequeno almoço e da paixão que tenham por filmes asiáticos, nada os poderá preparar para a abertura de “Suicide Club”. O filme começa numa vulgar paragem de metro onde, ao final do dia, as pessoas voltam para casa. Entre milhares de pessoas estão as icónicas estudantes nos seus uniformes. Vemos um grupo delas alinhado pela linha de segurança, a passar a linha, dar as mãos e a saltar para os carris. Não falo de meia dúzia, mas de mais de 50 raparigas, desfeitas em sequência por vontade própria. Quem estava na estação toma um banho de sangue. O terror de “Suicide Club” tem cenas específicas, mas quando aparece é em grande escala.
É importante referir duas coisas para dar contexto. O Japão é dos países com maior taxa de suicídio. Por um lado a honra no suicídio faz parte da sua tradição, por outro as religiões maioritárias falam de vida além da morte ou reencarnação, e para detonar essa mistura explosiva, no final dos anos 90, um dos bestsellers era o “Manual para o Suicídio Perfeito”. O cúmulo é que apesar de tantos “gostarem” do suicídio não é um tema de que falem abertamente. Por isso é que no ano de 2000 trinta e três mil pessoas se suicidaram. O segundo detalhe de contexto a dar é que a internet nos anos 90 não era como hoje em dia. Na altura a Web era 1.0. Não existiam as redes sociais onde se está presente mesmo estando offline, mas uns pontos de encontro onde se deixava mensagens, as BBS. E os utilizadores das BBS, um pouco como os bloggers, tinham um círculo interno de reputação que não tinha paralelo no exterior desse grupo.
Por isso este filme é em parte sobre a investigação policial, em parte sobre a investigação de uma internauta, e em parte puro terror paranormal. Para cúmulo do terror há uma banda chamada Dessert (faz lembrar algo?) que está presente em tudo e podem levar ao suicídio de muitos ouvintes desesperados. É premonitório a culpar a Internet pelos movimentos sociais (bons ou maus) que surgem clandestinamente e revela seitas que vão para além da violência (imaginem “A Clockwork Orange” japonês).
O que realmente se passou nunca saberemos. Cada um pode interpretar os suicídios como coincidência, como obra de uma mente extremamente manipuladora e maléfica, ou de um elemento sobrenatural. Temos é uma história poderosa e muito bem feita sobre uma época única da cultura pop, sobre um fenómeno problemático, e com muito terror à mistura. Alerta para a crescente ausência dos pais no processo educativo, e de como só em actos desesperados como esse encontram almas irmãs. É preciso alguma insensibilidade para assistir ao que sai das malas abandonadas e muita abertura mental para compreender a cultura e mentalidade nipónica.
Alguns efeitos estão feitos de forma pouco realista. Foi uma forma de diminuir a intensidade. A edição está perfeita e a música como referência cultural torna o filme tão datado que se torna intemporal.
É importante referir duas coisas para dar contexto. O Japão é dos países com maior taxa de suicídio. Por um lado a honra no suicídio faz parte da sua tradição, por outro as religiões maioritárias falam de vida além da morte ou reencarnação, e para detonar essa mistura explosiva, no final dos anos 90, um dos bestsellers era o “Manual para o Suicídio Perfeito”. O cúmulo é que apesar de tantos “gostarem” do suicídio não é um tema de que falem abertamente. Por isso é que no ano de 2000 trinta e três mil pessoas se suicidaram. O segundo detalhe de contexto a dar é que a internet nos anos 90 não era como hoje em dia. Na altura a Web era 1.0. Não existiam as redes sociais onde se está presente mesmo estando offline, mas uns pontos de encontro onde se deixava mensagens, as BBS. E os utilizadores das BBS, um pouco como os bloggers, tinham um círculo interno de reputação que não tinha paralelo no exterior desse grupo.
Por isso este filme é em parte sobre a investigação policial, em parte sobre a investigação de uma internauta, e em parte puro terror paranormal. Para cúmulo do terror há uma banda chamada Dessert (faz lembrar algo?) que está presente em tudo e podem levar ao suicídio de muitos ouvintes desesperados. É premonitório a culpar a Internet pelos movimentos sociais (bons ou maus) que surgem clandestinamente e revela seitas que vão para além da violência (imaginem “A Clockwork Orange” japonês).
O que realmente se passou nunca saberemos. Cada um pode interpretar os suicídios como coincidência, como obra de uma mente extremamente manipuladora e maléfica, ou de um elemento sobrenatural. Temos é uma história poderosa e muito bem feita sobre uma época única da cultura pop, sobre um fenómeno problemático, e com muito terror à mistura. Alerta para a crescente ausência dos pais no processo educativo, e de como só em actos desesperados como esse encontram almas irmãs. É preciso alguma insensibilidade para assistir ao que sai das malas abandonadas e muita abertura mental para compreender a cultura e mentalidade nipónica.
Alguns efeitos estão feitos de forma pouco realista. Foi uma forma de diminuir a intensidade. A edição está perfeita e a música como referência cultural torna o filme tão datado que se torna intemporal.
2 comentários:
Eu sempre disse que os D'zert eram de levar uma pessoa à loucura mas nunca pensei. Não gostei. É um filme que se ama ou se odeia e eu não amei. Não está mal feito. Acho apenas que as oportunidades podiam ter sido aproveitadas de outro modo. Prometia tanto e entregou tão pouco. Enfim, opiniões.
Deve ser a obra mais normal/acessível de Sono. Além disso é truculenta que chegue :)
Já agora o que achaste do Strange Circus? Ainda não o digeri propriamente.
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