3 de fevereiro de 2008

"Astérix aux Jeux Olympiques" por Nuno Reis


Sendo fã de Astérix há vinte anos, é sempre com grande expectativa que aguardo o lançamento de uma nova história, qualquer que seja o formato. Quando o formato é o cinema à expectativa junta-se o receio. Esta adaptação ao cinema de "Astérix nos Jogos Olímpicos" quase que merecia um título diferente, de tão distinta que é a história. As peripécias deste filme combinam os livros "Nos Jogos Olímpicos", "O Grande Fosso" e "Gladiador". Apaixonadix é um dos habitantes da irredutível aldeia e está apaixonado pela princesa Irina da Grécia. Só que a Grécia está ocupada por Roma e Brutus - o traiçoeiro filho de César - pretende casar com a princesa. Como último recurso para escapar ao patético vilão, Irina anuncia que apenas se casará com o vencedor dos Jogos. Cabe agora os gauleses a missão de tornarem o frágil Apaixonadix num campeão olímpico, sem recorrer à poção.

A produção do filme não se poupou a esforços para fazer um grande filme. Dois realizadores, sete pessoas para construir um argumento e diálogos baseados em material já existente, uma rodagem de cinco meses nos estúdios Cidade da Luz. Gastaram milhões contratando estrelas como o futebolista Zidane, o basquetebolista Tony Parker, a tenista Amélie Mauresmo, o wrestler Nathan Jones, o piloto Michael Schumacher e a modelo Adriana Karembeu para fazerem papeis muito pequenos. No total o filme rondou os oitenta milhões e foi a produção francesa mais cara de sempre. Valeu a pena? Fernando Pessoa pode achar que tudo vale a pena, mas vendo este filme depressa mudaria de opinião.

No argumento há algumas referências que os cinéfilos gostarão, desde o monólogo de Alain Delon que enumera os seus grandes filmes, até um Obélix que imita Cyrano. Tudo mais é uma mescla sem sentido de piadas infantis, fáceis, fracas e muito repetitivas. Brutus foi reduzido de vilão sanguinário a um pateta obcecado pela ideia de matar o pai. Pelo menos mo casting tiveram três boas decisões. Depardieu desde o primeiro filme que é o corpo e a alma de Obélix, não poderia ser substituído sem causar um (maior) prejuízo ao filme. Franck Dubosc fez o melhor Assurancetourix que a saga já teve, descontraído, alegre e sempre disposto a cantar e falar com os fãs. Vanessa Hessler é uma digna princesa grega, como Helena tem tão grande beleza que os homens de bom grado lutam e morrem por ela. A quarta boa escolha seria Santiago Segura, mas o cómico espanhol está sub-aproveitado neste filme.

Resumindo, esta é mais uma criação de um cinema francês que tenta disfarçar o quão americano é quando pretende ser sucesso comercial. Servirá para entreter as crianças nas férias de Carnaval, mas mesmo elas correm o risco de sair desiludidas com este gaulês. Nos anos sessenta foram feitos tantos bons filmes Astérix de animação, porque tentam fazer agora imagem real?



Título Original: "Astérix aux Jeux Olympiques" (França, Alemanha, Espanha, Bélgica, Itália, 2008)
Realização: Frédéric Forestier, Thomas Langmann
Argumento: Thomas Langmann, Olivier Dazat, Alexandre Charlot, Franck Magnier inspirados nos livros
Intérpretes: Corvis Cornillac, Gérard Depardieu, Stéphane Rousseau, Benoît Poelvoorde, Alain Delon, Vanessa Hessler
Fotografia: Thierry Arbogast
Música: Frédéric Talgorn
Género: Aventura, Comédia, Fantasia
Duração: 105 min.
Sítio Oficial: http://www.asterixauxjeuxolympiques.com/

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