Com o aproximar dos Oscares os grandes filmes chegam às salas nacionais. Todas as semanas temos filmes nomeados nas mais diversas categorias a estrear. "The Duchess" não compete aos principais galardões, mas como é habitual nos dramas históricos é um forte concorrente para as categorias técnicas.
Este é o relato de um casamento por conveniência, infeliz e onde os cônjugues se arriscam em aventuras indiscretas. Um confronto entre um duque que nunca foi contrariado e uma duquesa que exige para si apenas as mesmas liberdades que lhe exige o marido.
A duquesa Georgiana deslumbrava os homens, ditava a moda a seguir pelas damas, conquistava os votos do povo e controlava toda a alta sociedade inglesa. Como é muito bem dito no filme, o duque seu marido era o único inglês que resistia aos inúmeros encantos. É irónico que uma mulher com tanto poder seja desrespeitada por aquele que mais a devia estimar.
É curioso notar a definição de privacidade da época. O sensor automático de cada porta era uma pessoa. Dois olhos e dois ouvidos para assistirem às muitas zangas e às poucas conversas do casal que em santa ignorância diz que os segredos da sua vida pessoal ainda não chegaram aos jornais. Para quê escrever em jornais se de boca em boca circula mais depressa? Como podem jantar a falar de alargar o direito de voto e abolir a escravatura se nem pensam que os criados que os rodeiam são humanos? Muita coisa estava mal nessa sociedade, não era apenas o duque. Georgiana teve o azar de ter uma mente moderna e de se casar com alguém no topo da nobreza e fortemente ligado às tradições discriminatórias.
Knightley é a estrela que suporta o filme. Corajosa, divertida, rebelde e com a frase certa no momento certo, igual a si mesma em tantos outros papéis históricos. Está longe do seu melhor e precisa de variar urgentemente. Em "Atonement" provou que consegue fazer mais do que isto. Quem está muito bem é Simon McBurney como o político Charles Fox que, divertido e perspicaz, faz um magnífico duo com Georgiana na redefinição da política. Dominic Cooper – Sky em "Mamma Mia!" – tem bons diálogos, mas ainda não consegue impôr-se. Caminha lentamente para a fama. Vamos vê-lo brevemente em "The Escapist" no Fantasporto. Ralph Fiennes está muito banal, a personagem não tinha dotes de orador, mas nem sequer pelos tiques ou maneirismos se vê algo que apenas ele conseguisse. Hayley Atwell, no papel secundário mais importante, tem bons momentos.
Num pequeno aparte é de notar que Atwell era uma desconhecida que fazia televisão até Woody Allen a filmar em "Cassandra’s Dream". Agora já entra em grandes produções como este "The Duchess" e "Brideshead Revisited" estreado no ano passado. A outra actriz nesse filme de Allen, Sally Hawkins, também nunca tinha ganho nenhum prémio e no trabalho seguinte ("Happy-Go-Lucky") ganha logo Urso de Prata e Golden Globe.
Georgiana pode ter sido uma figura eminente na sociedade e ter tido uma história dramática, mas centenas ou mesmo milhares de famílias inglesas sofreram do mesmo ao longo dos séculos. Seguramente haveria alguém com uma história ainda mais chocante e comovente ou com um feito heróico para louvar. A atenção recai sobre esta dama em especial apenas porque o seu irmão é o tetravô de Diana. No fundo o mote para "The Duchess" foi só a repetição da História. Está bem filmado e é rico em detalhes, mas não tem nada que o distinga de muitos outros. As reconstituições de época, na sua maioria britânicas, abundam e até já enjoam. Este rapidamente perde o interesse e não traz nada de novo ao cinema.
Este é o relato de um casamento por conveniência, infeliz e onde os cônjugues se arriscam em aventuras indiscretas. Um confronto entre um duque que nunca foi contrariado e uma duquesa que exige para si apenas as mesmas liberdades que lhe exige o marido.
A duquesa Georgiana deslumbrava os homens, ditava a moda a seguir pelas damas, conquistava os votos do povo e controlava toda a alta sociedade inglesa. Como é muito bem dito no filme, o duque seu marido era o único inglês que resistia aos inúmeros encantos. É irónico que uma mulher com tanto poder seja desrespeitada por aquele que mais a devia estimar.
É curioso notar a definição de privacidade da época. O sensor automático de cada porta era uma pessoa. Dois olhos e dois ouvidos para assistirem às muitas zangas e às poucas conversas do casal que em santa ignorância diz que os segredos da sua vida pessoal ainda não chegaram aos jornais. Para quê escrever em jornais se de boca em boca circula mais depressa? Como podem jantar a falar de alargar o direito de voto e abolir a escravatura se nem pensam que os criados que os rodeiam são humanos? Muita coisa estava mal nessa sociedade, não era apenas o duque. Georgiana teve o azar de ter uma mente moderna e de se casar com alguém no topo da nobreza e fortemente ligado às tradições discriminatórias.
Knightley é a estrela que suporta o filme. Corajosa, divertida, rebelde e com a frase certa no momento certo, igual a si mesma em tantos outros papéis históricos. Está longe do seu melhor e precisa de variar urgentemente. Em "Atonement" provou que consegue fazer mais do que isto. Quem está muito bem é Simon McBurney como o político Charles Fox que, divertido e perspicaz, faz um magnífico duo com Georgiana na redefinição da política. Dominic Cooper – Sky em "Mamma Mia!" – tem bons diálogos, mas ainda não consegue impôr-se. Caminha lentamente para a fama. Vamos vê-lo brevemente em "The Escapist" no Fantasporto. Ralph Fiennes está muito banal, a personagem não tinha dotes de orador, mas nem sequer pelos tiques ou maneirismos se vê algo que apenas ele conseguisse. Hayley Atwell, no papel secundário mais importante, tem bons momentos.
Num pequeno aparte é de notar que Atwell era uma desconhecida que fazia televisão até Woody Allen a filmar em "Cassandra’s Dream". Agora já entra em grandes produções como este "The Duchess" e "Brideshead Revisited" estreado no ano passado. A outra actriz nesse filme de Allen, Sally Hawkins, também nunca tinha ganho nenhum prémio e no trabalho seguinte ("Happy-Go-Lucky") ganha logo Urso de Prata e Golden Globe.
Georgiana pode ter sido uma figura eminente na sociedade e ter tido uma história dramática, mas centenas ou mesmo milhares de famílias inglesas sofreram do mesmo ao longo dos séculos. Seguramente haveria alguém com uma história ainda mais chocante e comovente ou com um feito heróico para louvar. A atenção recai sobre esta dama em especial apenas porque o seu irmão é o tetravô de Diana. No fundo o mote para "The Duchess" foi só a repetição da História. Está bem filmado e é rico em detalhes, mas não tem nada que o distinga de muitos outros. As reconstituições de época, na sua maioria britânicas, abundam e até já enjoam. Este rapidamente perde o interesse e não traz nada de novo ao cinema.
Título Original: "The Duchess" (França, Itália, Reino Unido, 2008) Realização: Saul Dibb Argumento: Jeffrey Hatcher, Anders Thomas Jensen e Saul Dibb baseados no livro de Amanda Foreman Intérpretes: Keira Knightley, Ralph Fiennes, Hayley Atwell, Dominic Cooper, Simon McBurney Fotografia: Gyula Pados Música: Rachel Portman Género: Drama, Histórico Duração: 110 min. Sítio Oficial: http://www.theduchessmovie.co.uk/ |
0 comentários:
Enviar um comentário