Este será dos filmes mais invulgares estreados por cá em 2009. Fala da reforma como sendo o início da vida, fala de arriscar, de conhecer pessoas e de sonhar. Fala de viver. Mas não se desenrola de forma linear. O simples acto de ver o filme obriga a estar atento e a reflectir. O cinema torna-se uma nova experiência se abrirmos a mente para algo diferente.
Odd Horten é um maquinista que se aproxima da reforma. na noite antes da sua última viagem os companheiros fazem um jantar de despedida, mas Horten acaba fechado fora de casa. Animado pela bebida ou pela alegria da festa, decide subir pelas escadas de incêndio e isso mudará a sua vida. Conhece um miúdo que o convida a entrar, adormece e... atrasa-se para o comboio. Esta falha no final da carreira vai levá-lo a percorrer a cidade com novos olhos, conhecer novas pessoas e começar a vida novamente. Porque a reforma é apenas mais uma etapa e o tempo é para ser aproveitado.
Odd é um nome comum norueguês para a geração representada, mas em inglês significa estranho, invulgar... Horten merece o nome que tem, pois tudo e todos que encontra são estranhos. Mas Horten não lhes fica atrás. Mesmo que os seus actos sejam menos loucos, a compreensão/aceitação do que os outros fazem é quase por si só sinal de loucura.
Quando este singular indivíduo reformado chegar ao fim da sua deambulação vai encarar a vida de outra forma. E também os espectadores que não adormeceram.
Foi um dos filmes que revi no Fantas com mais gosto. Ver uma vez não chegou para compreender e interiorizar tamanha riqueza de conteúdo e detalhe. Não só é preciso ir com olhos e mente aberta, como é preciso adoptar uma nova filosofia ao ritmo da história. O argumento criativo, as interpretações fenomenais e a banda sonora magnífica tornam este filme uma obra completa. A história em si não é muito memorável, mas a mensagem que passa fica.
O desenrolar pausado não é muito apelativo, mas é o ritmo a que Horten vive, a idade não permite mais. Para a maioria dos espectadores será um suplício ver um filme com tão pouca acção e com uma mentalidade tão única. Compreendendo o estilo é uma comédia que, não arrancando gargalhadas, faz sorrir por dentro. Quem quiser apreciar cinema tem aqui uma raridade que deve ter chegado por acidente à sala (está apenas numa).
Título Original: "O'Horten" (Alemanha, França, Noruega, 2007) Realização: Bent Hamer Argumento: Bent Hamer Intérpretes: Baard Owe, Espen Skjønberg, Ghita Nørby Fotografia: John Christian Rosenlund Música: John Erik Kaada Género: Comédia, Drama Duração: 90 min. Sítio Oficial: http://www.sonyclassics.com/ohorten/ |
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