Em tempos a internet foi uma arma militar. Depressa tornou-se ferramenta de estudo e depois começou a democratizar-se permitindo que todos dissessem tudo. Foi um pouco o fim daquela organização científica, mas a mudança trouxe consigo as vantagens óbvias de um mercado competitivo. Aumentou a velocidade, diminuiu o preço, melhorou o aspecto de ofrmas impensáveis e apesar de tudo ficou mais segura. Só quem em parte também foi responsável por muita coisa má. Falemos daquilo que ao cinema diz respeito.
Em tempos as revistas eram a única fonte de programação televisiva e com enorme descaramento traziam no interior uma capa de VHS para quem gravasse o filme da semana. A tecnologia permitia guardar cópias para uso privado e com o tempo não só começava a gravar apenas no momento certo como cortava intervalos. E a indústria do cinema era rica e feliz.
Com o passar dos anos as pessoas não esperavam pela exibição televisiva para ver. Escolhiam o filme que queriam, alugavam uma vez e ficavam livres para sempre do logótipo da RTP (nos tempos em que tinhamos só dois canais). E a indústria do cinema era rica e feliz.
Até que apareceu a Internet. Os espectadores começaram a saber com antecedência o que ia dar na TV, o que dava na TV de outros países, e começaram a ler sobre os filmes. Com a mesma naturalidade de sempre se o filme estava a passar num dos milhões de canais da internet faziam uma cópia. E a indústria do cinema lembrou-se que nem era rica nem era feliz.
A solução passou por colocar leis contra a pirataria digital. Ainda bem que não se lembraram com retroactivos porque tenho uma dúzia de VHS que ainda pagavam multa se funcionassem.
Penalizar quem faz o upload falhou. Penalizar quem faz o download era impossível. Sobrava penalizar quem facilita o contacto entre ambos. Em tempos foram os programas peer to peer, depois os sites de torrents, agora decidiram simplesmente proibir as empresas de apresentarem os conteúdos às pessoas. Qualquer fornecedor de ligação internet, motor de pesquisa ou local onde as pessoas possam escrever para um público alargado é obrigado a monitorizar tudo o que lá está publicado sob pena de ser fechado em caso de falha.
Em termos de emprego gerado é bom sinal. São criados 150000 domínios diariamente, 4.5 milhões por mês, e valiar isso tudo obriga a contratar muita mão-de-obra barata ou a comprar máquinas o que faz circular dinheiro. Só que esse dinheiro está a ser pedido a empresas que não o podem pagar. Nem sequer a Google atendendo ao volume de dados com que trabalha conseguiria validar individualmente cada um dos links. Para terem uma ideia em 2008 já apontavam para 1000000000000 de páginas.
O protesto que teve lugar dia 18 foi memorável. A Wikipedia diz que 170 milhões viram o seu protesto e 7 milhões quiseram saber como mostrar a sua indignação aos senadores, a Google recolheu 4,5 milhões de assinaturas.Foram todos muito criativos. A reacção não demorou e mesmo alguns senadores que apresentaram a proposta mudaram de lado com medo de perderem o lugar. A MPAA e Rupert Murdoch (o tal que anda a pagar indemnizações às pessoas que gravou sem autorização) indignaram-se com os traidores e a sua resposta foi o FBI no dia seguinte fechar MegaUpload, um site famoso pela pirataria. Prenderam pessoas na Nova Zelândia, desligaram servidores em Hong Kong, mostraram que o seu poder actual é suficiente para controlar ameaças.
O problema é que nem só de pirataria vivia o site e tinha utilizadores honestos. Por exemplo, a Cine+Comics alojava lá os números da revista para facilitar o acesso a elas pelo público. E em Portugal se houve uma vítima clara foi o MyOneThousandMovies, blog que recolheu 2700 filmes de todas as épocas, géneros e nacionalidades de forma a educar pessoas para o cinema. Será pirataria? Talvez, mas atendendo à raridade dos filmes lá apresentados era mais um serviço público. Com a queda do arquivo sobraram 2700 textos apelativos sobre filmes que provavelmente nunca chegarão cá por "não termos dimensão que justifique a distribuição". Talvez se consiga por importação dobrado em turco e com legendas em cantonês.
A resposta do submundo chegou logo de seguida com o ataque da Anonymous à MPAA, Universal e Department of Justice. A guerra continuará no ar por mais uns dias ou mesmo semanas. O que sair daqui ditará o futuro da Internet, mas até lá protejam muito bem os vossos conteúdos porque estamos na era da World Wild Web...
Em tempos as revistas eram a única fonte de programação televisiva e com enorme descaramento traziam no interior uma capa de VHS para quem gravasse o filme da semana. A tecnologia permitia guardar cópias para uso privado e com o tempo não só começava a gravar apenas no momento certo como cortava intervalos. E a indústria do cinema era rica e feliz.
Com o passar dos anos as pessoas não esperavam pela exibição televisiva para ver. Escolhiam o filme que queriam, alugavam uma vez e ficavam livres para sempre do logótipo da RTP (nos tempos em que tinhamos só dois canais). E a indústria do cinema era rica e feliz.
Até que apareceu a Internet. Os espectadores começaram a saber com antecedência o que ia dar na TV, o que dava na TV de outros países, e começaram a ler sobre os filmes. Com a mesma naturalidade de sempre se o filme estava a passar num dos milhões de canais da internet faziam uma cópia. E a indústria do cinema lembrou-se que nem era rica nem era feliz.
A solução passou por colocar leis contra a pirataria digital. Ainda bem que não se lembraram com retroactivos porque tenho uma dúzia de VHS que ainda pagavam multa se funcionassem.
Penalizar quem faz o upload falhou. Penalizar quem faz o download era impossível. Sobrava penalizar quem facilita o contacto entre ambos. Em tempos foram os programas peer to peer, depois os sites de torrents, agora decidiram simplesmente proibir as empresas de apresentarem os conteúdos às pessoas. Qualquer fornecedor de ligação internet, motor de pesquisa ou local onde as pessoas possam escrever para um público alargado é obrigado a monitorizar tudo o que lá está publicado sob pena de ser fechado em caso de falha.
Em termos de emprego gerado é bom sinal. São criados 150000 domínios diariamente, 4.5 milhões por mês, e valiar isso tudo obriga a contratar muita mão-de-obra barata ou a comprar máquinas o que faz circular dinheiro. Só que esse dinheiro está a ser pedido a empresas que não o podem pagar. Nem sequer a Google atendendo ao volume de dados com que trabalha conseguiria validar individualmente cada um dos links. Para terem uma ideia em 2008 já apontavam para 1000000000000 de páginas.
O protesto que teve lugar dia 18 foi memorável. A Wikipedia diz que 170 milhões viram o seu protesto e 7 milhões quiseram saber como mostrar a sua indignação aos senadores, a Google recolheu 4,5 milhões de assinaturas.Foram todos muito criativos. A reacção não demorou e mesmo alguns senadores que apresentaram a proposta mudaram de lado com medo de perderem o lugar. A MPAA e Rupert Murdoch (o tal que anda a pagar indemnizações às pessoas que gravou sem autorização) indignaram-se com os traidores e a sua resposta foi o FBI no dia seguinte fechar MegaUpload, um site famoso pela pirataria. Prenderam pessoas na Nova Zelândia, desligaram servidores em Hong Kong, mostraram que o seu poder actual é suficiente para controlar ameaças.
O problema é que nem só de pirataria vivia o site e tinha utilizadores honestos. Por exemplo, a Cine+Comics alojava lá os números da revista para facilitar o acesso a elas pelo público. E em Portugal se houve uma vítima clara foi o MyOneThousandMovies, blog que recolheu 2700 filmes de todas as épocas, géneros e nacionalidades de forma a educar pessoas para o cinema. Será pirataria? Talvez, mas atendendo à raridade dos filmes lá apresentados era mais um serviço público. Com a queda do arquivo sobraram 2700 textos apelativos sobre filmes que provavelmente nunca chegarão cá por "não termos dimensão que justifique a distribuição". Talvez se consiga por importação dobrado em turco e com legendas em cantonês.
A resposta do submundo chegou logo de seguida com o ataque da Anonymous à MPAA, Universal e Department of Justice. A guerra continuará no ar por mais uns dias ou mesmo semanas. O que sair daqui ditará o futuro da Internet, mas até lá protejam muito bem os vossos conteúdos porque estamos na era da World Wild Web...
1 comentários:
Bom texto. A utilização da Internet é cheia de dualidades.
Cumprimentos,
http://onarradorsubjectivo.blogspot.com/
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