Se formos muito poéticos, podemos dizer que quando uma casa é demolida, as memórias que ela contém são libertadas no mundo. É precisamente esse acontecimento que vai despoletar este filme. Uma casa com uma extensa biblioteca vai ser demolida e, partindo desse ponto, vamos percorrer o mundo através do mercado imobiliário. Enquanto na casa antiga temos bonecas e livros, símbolos de uma era terminada, nos mercados temos negociações cheias de promessas, falam de milhões como se fossem trocos, prometem retorno em cinco anos e oferecem condições de sonho.
Quando um documentário tem duração de 110 minutos, espera-se que seja bastante completo. Neste caso não foi bem assim. Em 45 ou 50 minutos diriam o mesmo, o resto está apenas a encher. Há momentos bons. Destacaria a caminhada por cima dos livros onde títulos como "Anna Karenina" e "A Condição Humana" são pisados sem qualquer respeito; a lenga-lenga nos mercados que é um autêntico canto das sereias (no Dubai não há impostos, 0%!) e mesmo no final quando um senhor de idade diz que quer ser cremado e porquê. Tudo mais são sequências de planos quase imóveis, em silêncio, onde nos inundam sem informar e sem sequer fazer uma ponte entre dois mundos tão distintos. O único momento em que há alguma proximidade é quando, na deslocação de uma estátua, os homens têm o cuidado de proteger o braço para que não se parta. Não é por razões sentimentais, é para assegurar que se conserva intacta e valiosa.
Se a um filme se pede que seja envolvente, neste caso em particular podia perfeitamente jogar com isso. Era quente ao mergulhar nas memórias, frio ao falar do mercado. Se fosse para não tomar posições, que se mantivesse distante e imparcial. O que se vê é que é um mero retalho de planos. Sem emoção, sem fio condutor, sem novidade, sem interesse.
Será útil para quem pretender manter-se afastado desse mundo das altas finanças, mas tem uma visão tão crua de tudo, que nem o espectador consegue sentir algo além de tédio. Se a ideia era dar tempo para pensar no que se está a ver, faziam-no mais curto. Quem quisesse pensar, pensava, quem não quisesse, ia ver outra coisa. Era escusado tirar tanto tempo a todos.
Quando um documentário tem duração de 110 minutos, espera-se que seja bastante completo. Neste caso não foi bem assim. Em 45 ou 50 minutos diriam o mesmo, o resto está apenas a encher. Há momentos bons. Destacaria a caminhada por cima dos livros onde títulos como "Anna Karenina" e "A Condição Humana" são pisados sem qualquer respeito; a lenga-lenga nos mercados que é um autêntico canto das sereias (no Dubai não há impostos, 0%!) e mesmo no final quando um senhor de idade diz que quer ser cremado e porquê. Tudo mais são sequências de planos quase imóveis, em silêncio, onde nos inundam sem informar e sem sequer fazer uma ponte entre dois mundos tão distintos. O único momento em que há alguma proximidade é quando, na deslocação de uma estátua, os homens têm o cuidado de proteger o braço para que não se parta. Não é por razões sentimentais, é para assegurar que se conserva intacta e valiosa.
Se a um filme se pede que seja envolvente, neste caso em particular podia perfeitamente jogar com isso. Era quente ao mergulhar nas memórias, frio ao falar do mercado. Se fosse para não tomar posições, que se mantivesse distante e imparcial. O que se vê é que é um mero retalho de planos. Sem emoção, sem fio condutor, sem novidade, sem interesse.
Será útil para quem pretender manter-se afastado desse mundo das altas finanças, mas tem uma visão tão crua de tudo, que nem o espectador consegue sentir algo além de tédio. Se a ideia era dar tempo para pensar no que se está a ver, faziam-no mais curto. Quem quisesse pensar, pensava, quem não quisesse, ia ver outra coisa. Era escusado tirar tanto tempo a todos.
Título Original: "Mercado de Futuros" (Espanha, 2011) Realização: Mercedes Álvarez Argumento: Mercedes Álvarez, Arturo Redín Narradora: Elvira Prado Música: Sergio Moure Fotografia: Alberto Rodríguez Género: Documentário Duração: 110 min. Sítio Oficial: http://futuresmarket.es/ |
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