19 de julho de 2013

Melhores Filmes de Junho

Antes da Meia-Noite, filme que completa a trilogia das personagens Jesse e Celine, foi considerado o melhor filme do mês de Junho. Mas não só. Com 8,82 de classificação média (especialmente impressionante agora que deram entrada seis novos membros no CCOP), o filme tem entrada directa para o primeiro lugar do top anual. Entre todos os filmes já votados pelo CCOP, Antes da Meia-Noite recebeu a décima segunda maior classificação de sempre, a mesma conseguida por Blade Runner (1982). Se comparamos com o ano passado, é uma nota apenas ligeiramente inferior à do líder de 2012: Tabu, que foi classificado com a nota média de 8,89.

Os filmes que completam o pódio de Junho são ambos escandinavos: o sueco À Procura de Sugar Man (vencedor do Óscar 2013 de Melhor Documentário), que deu entrada directa no décimo lugar do top anual e o norueguês Headhunters - Caçadores de Cabeças.




1

Before Midnight

Antes da Meia-Noite
Richard Linklater8,82
2

Searching for Sugar Man

À Procura de Sugar Man
Malik Bendjelloul7,91
3

Hodejegerne

Headhunters - Caçadores de Cabeças
Morten Tyldum7,38
4

Lore

Lore
Cate Shortland7,13
5

Monsters University

Monstros: A Universidade
Dan Scanlon6,57
6

Star Trek Into the Darkness

Além da Escuridão: Star Trek
J.J Abrams6,5
7

World War Z

WWZ: Guerra Mundial
Marc Forster6,40
8

Now You See Me

Mestres da Ilusão
Louis Leterrier6,17
9

Man of Steel

Homem de Aço
Zack Snyder5,60
10

Stand Up Guys

Gangsters da Velha Guarda
Fisher Stevens5,43
11

Hyde Park on Hudson

Hyde Park em Hudson
Roger Michell5,00
11

The Internship

Os Estagiários
Shawn Levy5,00
13

Seal Team Six: The Raid on Osama Bin Laden

Operação Gerónimo: A Caça a Bin Laden
John Stockwell4,75
14

Sympathy for Delicious

Um Toque de Fé
Mark Ruffalo4,25
15

Casa de Mi Padre

A Casa de Mi Padre
Matt Piedmont3,00

Ainda há vagas para os workshops de Avanca

Os cursos terão lugar em Avanca, nas datas do festival (24 a 28 de Julho).

1 - “O ator face aos diferentes estilos de atuação”

Um espaço para atores - Experimentar e trabalhar os grandes estilos da representação que marcaram alguns dos grandes momentos da história do cinema.
Língua de trabalho – Inglês

Orientador – Michel Khleifi (Palestina | Bélgica)

Professor de teatro e cinema na INSAS, a mais celebre escola do cinema belga, Michel é um marco no cinema da Palestina.
Nascido em Nazaré em 1950, autor, realizador e produtor, emigrou inicialmente para Israel em 1970, tendo-se fixado posteriormente na Bélgica.
Formado em direcção de televisão e teatro pelo Institut National Supérieur des Arts du Spectacle (INSAS), trabalhou na televisão belga antes de iniciar a produção dos seus filmes. Autor de filmes como “Urs al-jalil”, “Le cantique des pierres”, “L'ordre du jour”, “Route 181: Fragments of a Journey in Palestine-Israel “ ou “Zindeeq”.
As suas longas-metragens de ficção e documentários receberam vários prémios de grande prestígio, nomeadamente o Prémio da crítica do Festival de Cannes, o Golden Shell do Festival de San Sebastian, o Tanit d'Or em Carthage, Prize of Excellence e o Special Prize em Yamagata, o Muhr Arab Award em Dubai ou o “André Cavens”.
Os seus filmes têm integrado a competição oficial de festivais como Fribourg, Buenos Aires, Isfahan e Locarno.
Para além do seu trabalho com atores, Michel Khleifi é um especialista em memória e arquivos cinematográficos.
Coordenador – Isabel Fernandes Pinto
Licenciada em Arquitectura pela Universidade do Porto e em Teatro pelo ESMAE/IPP.
Desenvolveu extensa formação teatral com nomes como Marcia Haufrecht, Vladimir Ananiev, Hanna Schygulla, Szabolcs Hajdu, Alfredo Calvazzoni e Tamar van den Dop, entre outros. Actriz, criadora, encenadora e docente, tem integrado projectos de teatro, cinema e televisão.
Trabalhou com encenadores como Moncho Rodriguez, José Barbieri, Graeme Pulleym, Júnior Sampaio, William Gavião, entre outros.


2 - “Inserir animação na imagem real”

O desafio é produzir um pequeno filme de animação em 25 horas, ao longo dos 3 dias do festival...
O ponto de partida é um trabalho coletivo de animação a partir de imagens reais onde a intervenção dos participantes vai alterar o seu alcance e perceção inicial.
Língua de trabalho – Inglês

Orientador – Pierre Hébert (Canadá)

Indissociável do National Film Board of Canada e da cidade de Montreal onde nasceu em 1944, Pierre Hébert é uma das grandes referências no cinema de animação.
Considerado um seguidor de Mclaren e Len Lye, criou o seu próprio espaço e técnicas, inventou nomeadamente o “live scratch animation” (ou animação improvisada ao vivo).
Entre inúmeros prémios, um destaque especial para “Albert-Tessier Quebec government award for cinema” em 2004 e “Cinema Career Grant of the Art Council of Quebec” em 2012.
Experimentalista e “performer”, produziu, realizou e interpretou dezenas de filmes. A sua obra aproxima o cinema de animação às criações dos músicos e dos bailarinos.
Em 1991, iniciou a realização de “La Plante humaine”, uma longa-metragem de animação, produzida com base nas imagens improvisadas durante as performances ao vivo dos anos anteriores. Este filme estreou em Montreal em 1996 e em Paris em 1997.
De 1993 a 1995, foi presidente da “La Cinémathèque Québecoise” de Montréal. Ensinou animação em várias universidades e escreveu para cinema e revistas de arte.
Em 1999, publicou o ensaio, “L'Ange et l'automatizar” e em 2006, “Corps, langage, technologie”.
Em agosto de 2010, foi agraciado com o Doutoramento Honoris Causa pela “Emily Carr University of Art and Design” de Vancouver.
Em 2011, tornou-se presidente da comissão directiva do centro de criadores “Videographe” de Montreal.
Pierre Hébert é um visionário incontornável da transversalidade do cinema de animação e a criação artística de autor.
Coordenador – Joaquim Pavão
Guitarrista, compositor e cineasta. Como intérprete tem tocado em Portugal, Espanha e Bulgária.
Compôs para concerto, teatro e para os filmes “Quatro Elementos” e “(re)Volta e Meia” de Janek Pfeifer, “A Sesta” de Olga Roriz, “A nau catrrineta” de Artur Correia e “15 Bilhões de Fatias de (-t)+Deus” de Cláudio Jordão.
Como realizador é autor de “Alboi – um canto de mundo” (2011), “Fiandeira” (2012) e do documentário “Threads of Time” (2013), entre outros.

3 - "A montagem no processo de criação de um filme"

Se no mundo assoberbado de conteúdos audiovisuais a criatividade é crucial, o saber como o fazer de forma eficiente e profissional, numa sala de montagem, é muitas vezes o que faz a diferença entre os projetos medíocres e excelentes.
De tornar este princípio prático, tratará o workshop.
Língua de trabalho – Inglês

Orientador – David Jakubovic (EUA)

THE FOREST IS RED é a longa-metragem que David Jakubovic realizou e montou e que no AVANCA 2012 recebeu os prémios para o melhor actor, melhor actriz, melhor fotografia e uma menção especial. Este surpreendente filme norte-americano voltou a ser premiado em Paris e nos Estados Unidos, abrindo caminho a novos filmes.
Com a actriz Whoopi Goldberg, realizou e editou “Stream” uma série dramática de ficção científica em exibição nos portais da Comcast, Sony e Lion's Gate.
Jakubovic tem sobretudo trabalhado na edição de variadíssimos filmes, tendo terminado recentemente o documentário “TWA Flight 800” sobre a investigação do Boeing 747 onde morreram 230 pessoas, explodindo em pleno ar, minutos após a descolagem, em 17 de julho de 1996. Anteriormente tinha editado a longa-metragem “When Nietzsche Wept” com Ben Cross, Armand Assante e Joanna Pacula.
Também em televisão tem editado programas, nomeadamente as séries premiados com o “Emmy Award”, “World War II in HD” e “Kamen Rider Dragon Knight”, mas também concertos televisivos de “prime time” como os de Robert Plant, Ringo Starr, Elvis Costello e muitos outros.
David montou centenas de vídeos para variadíssimas companhias, incluindo Mac Cosmetics, Lancôme Paris, American Idol, Pepsi, Columbia University, Avon Cosmetics, AT&T, Sephora, Jessica Simpson's fashion line, Vince Camuto fashion line, e outros.
Sendo um editor muito versátil, tem trabalhado em quase todos os formatos do audiovisual contemporâneo.
Coordenador – Sofia Barata
O AVANCA 2012 distinguiu-lhe “Ruga”, um filme que co-realizou com Miguel Serra.
Com um Mestrado da Universidade de Aveiro, produz e realiza filmes na “Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro”. Antes, foi designer de conteúdos e desenvolveu escrita criativa na SIC, dirigiu operações de casting na “Page International” e apresentou o programa “Tech.pt” na Sic Radical.
A montagem audiovisual tem tido uma presença constante no seu percurso.
(*) Os participantes irão trabalhar com "Final Cut Pro", mas outros softwares são bem vindas.


4 - “Uma localização para fazer uma curta-metragem de ficção”

Durante o AVANCA 2013, os participantes irão fazer um filme numa única localização, com uma equipa capaz de filmar e finalizar uma curta-metragem criativa.
Uma mistura de experiência, metodologias e abertura para novas soluções criativas.
Língua de trabalho – Espanhol e Inglês

Orientador – Àlex Lora (Espanha | EUA)

Nasceu em Barcelona e estudou cinema em Nova York como bolseiro Fulbright.
Realizador, os seus filmes foram distinguidos com mais de 80 prémios em mais de 300 festivais de 40 países.
Uma destas distinções foi para “US” no decorrer do AVANCA 2012. Este filme foi um dos nomeados para o Oscar-Student Academy Awards (EUA).
Com filmes na selecção oficial do Festival Sundance (“Gambit Odisseu”), com uma passagem pelo “5th Berlinale Talent Campus”, foi duas vezes nomeada para os “Catalan Academy Awards” com os filmes “Gambit Odisseu” e “(En) terrats”. Alex Lora ganhou entretanto o “Dragão de Ouro” em Cracóvia, o que lhe valeu uma qualificação para o Oscar com a curta-metragem 'Ulisses'. Este filme viria a ganhar 24 prémios internacionais.
Tendo estudado música, paralelamente aos estudos de cinema, foi também aluno de Chantal Ackerman e passou por um ERASMUS em Itália (UdS Bologna).
Trabalhando regularmente em vários projectos de televisão, como editor, programador, analista de guiões, mas sobretudo como produtor e realizador. Actualmente produz o projecto televisivo "Nueva York" para o “Channel 75”.
Com a actividade de realização, tem acumulado o ensino universitário, ensinando cinema em prestigiadas universidades como o “City College of NY”, “ELISAVA University”, “Blanquerna Faculty of Communication” e “Universidade de Barcelona”. Em 2009 dirigiu em Barcelona o “Young Values Short Film Festival”.
Coordenador – João Costa
Menção Especial na Competição Internacional do AVANCA 2012 com a curta-metragem “X & Y”. Natural da Madeira, licenciado em Ciências da Comunicação, ultima um Mestrado em Realização de Cinema e Televisão na ESAP.
No Festival de Cinema do Funchal exibiu a curta-metragem “Marie Laveau” e no AVANCA 2013 irá estrear o documentário “Razão para Zebras”. Tem em preparação um novo filme.

5 - “Os filmes não têm som porque sim...”

Depois de no primeiro dia se produzir um pequeno filme com que todos irão trabalhar, os vários grupos irão tentar encontrar os sons que irão permitir, no final, que com a mesma imagem mas uma banda sonora distinta, se produzam filmes diferentes.
Língua de trabalho – Português

Orientador – Vasco Pimentel (Portugal)

Nascido em Lisboa, 1957. Vasco Pimentel é um dos mais requisitados directores de som portugueses. Do som directo à mistura final, trabalhou com realizadores como Raúl Ruiz, Samuel Fuller, Werner Schroeter, Wim Wenders, Solveig Nordlund, Vincent Gallo e realizadores portugueses como Alberto Seixas Santos, António Cunha Teles, António Pedro Vasconcelos, Catarina Ruivo, Edgar Pêra, Fernando Vendrell, Ivo M. Ferreira, João Botelho, João Canijo, João César Monteiro, João Mário Grilo, João Nicolau, Joaquim Leitão, Jorge Silva Melo, José Álvaro de Morais, José Nascimento, Luís Alvarães, Manuel Mozos, Manuela Viegas, Maria de Medeiros, Miguel Gomes, Paulo Rocha, Raquel Freire, Rita Azevedo Gomes, Teresa Villaverde e Vicente Alves do Ó, entre outros.
Frequentou a Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, leccionou e realizadou workshop em Lisboa, Londres, Genève, Lima e Paris. Participou no som em mais de 130 filmes de longa-metragem, nomeadamente “Tabu”, “Transe”, "The Brown Bunny", “Rasganço”, "Lisbon Story", “Recordações da Casa Amarela”, "Der Rosenkönig", “Conversa Acabada”, “A Estrangeira” e “O Bobo”.
Orientador – João Antunes (Portugal)
Nascido em Lisboa, em 1958. Professor e crítico cinematográfico, trabalha na Cinemateca Portuguesa desde 1983.
Júri do AVANCA em 2007, tem sido membro de júris, convidado por festivais de vários continentes.
Tendo sido professor de história do cinema na Universidade Moderna, João Antunes foi programador e comissário de mostras do cinema português em acontecimentos internacionais, conferencista, dirigiu revistas de cinema, escreveu vários livros na área, colabora regularmente com publicações cinematográficas de todo o mundo e é colaborador da Enciclopédia Verbo Luso-Brasileira de Cultura e de Filmlexicon degli Autori e degli Opere (Itália).
Escreve regularmente sobre cinema para jornais diários nacionais e em revistas da especialidade. É membro da FIPRESCI, a federação internacional de críticos de cinema.
Coordenador – Rosário Costa
Natural de Oliveira de Azeméis. Licenciada em Novas Tecnologias da Comunicação e Mestre em Gestão da Informação pela Universidade de Aveiro.
Frequentou os cursos “Documentary” na London Film Academy e “Digital Filmmaking” na New York Film Academy.
Co-realizou o documentário “Pão de Ul”, exibido no AVANCA 2012. Tem centrado a sua área profissional como formadora e multimedia designer/developer, com especial interesse em motion graphics.


6 - “Imagens em movimento e uma ANIMATONA entre escolas”

Experimentar o conceito de ANIMATONA - uma maratona de projetos de animação realizados por crianças e jovens nas escolas de todo o país. Um espaço para explorar a tecnologia e a expressão da animação na sala de aula.
Experimentar o trabalho com criança. (1)
Língua de trabalho – Português

Orientador – Sérgio Nogueira (Portugal)

É professor de EVT e Mestre em Tecnologia Multimédia pela Universidade do Porto.
Investigador, designer e realizador, a sua animação “Dá-me Luz” foi premiada em Itália e exibida em dezenas de festivais.
Formador com uma intensa actividade na área da didáctica da imagem em movimento, é autor do software ANIMATROPE, destinado ao ensino da animação nas escolas. De largo uso em Portugal, tem sido igualmente usado nas escolas da Guiné-Bissau, S. Tomé e Príncipe e Cuba.
Orientador – Paulo d'Alva (Portugal)
Natural de Avanca, é licenciado em desenho pela ESAP e mestre em ensino das artes visuais pela Universidade de Aveiro.
Realizador de animação, a sua curta-metragem “A Noite cheirava mal” foi várias vezes premiada, exibindo no AVANCA 2013 uma nova produção intitulada “Carrotrope”.
Tendo sido animador em diversos filmes que marcaram a animação portuguesa, integrou e coordenou vários projectos educativos de cinema de animação. É docente de Educação Visual, tendo leccionado em diversas escolas do país.
Coordenador – Solange Lima
Licenciada em psicologia clínica, doutoranda no curso "Novos Contextos de Intervenção Psicológica em Educação, Saúde e Qualidade" - Universidade da Extremadura (Espanha).
Desenvolve trabalho na área da Educação onde aborda a imaginação e a criatividade como pedras basilares do desenvolvimento humano e da criação científica técnica e artistica.
Encara o Cinema como potenciador da actividade criativa e do desenvolvimento do sentido estético na infância.

7 - “Cinentertainment 2”

(para cineastas com idade entre 6 e os 12 e entre os 13 e os 17 anos)
Dois grupos de jovens cineastas, um com idades entre os 6 e os 12 e outro grupo com idades entre os 13 e os 17 anos, aprendem e experimentam fazer um filme.
O que é o cinema, como é feito e quem o faz, estas são as premissas para 3 dias a usar uma câmara vídeo e explorar a animação imagem-a-imagem.
Orientadores – Equipa da Pantopeia - Criação e promoção artística
Actores, videastas e animadores, a equipa da PANTOPEIA tem criado sucessivos projectos que envolvem a criatividade, os mais novos e a criação artística em processo pedagógico.
São formadores e monitores que conhecem bem o AVANCA, têm uma sólida experiência e são a garantia de uma dinâmica construtiva e estimulante.



Abertas as inscrições.
Preço da inscrição: 60 euros
Preço do “Cinentertainment 2”: 30 euros

A inscrição inclui:
- Participação no workshop escolhido assim como o respectivo Diploma;
- Livre-trânsito em todas as sessões de cinema do AVANCA 2013;
- Possibilidade de acampar gratuitamente;
- Serviço nocturno de guarda de portáteis e DSLR aos participantes acampados;
- Pequenos-almoços em espaço comum permitindo o encontro entre todos os participantes dos vários workshops;
- Cocktail / jantar volante de boas vindas no dia 24 de Julho;
- Almoço do dia 28 de Julho;
- Catálogo e outra documentação do AVANCA 2013.

Contactos AVANCA 2013

Cine-Clube de Avanca
Rua Dr.Egas Moniz, 159
3860-078 Avanca

Telefone 234 884 174
Fax 234 880 658

festival@avanca.com
http://www.avanca.com

18 de julho de 2013

Locarno recorda Paulo Rocha


Como foi já tornado público, a última obra do realizador português Paulo Rocha, “Se Eu Fosse Ladrão… Roubava”, terá a sua primeira exibição pública mundial no próximo Festival de Locarno, durante o mês de Agosto, no âmbito de uma homenagem ao cineasta que inclui ainda a projecção dos seus dois primeiros filmes, “Os Verdes Anos” (que em Locarno ganhou, em 1964, o prémio para melhor primeira obra) e “Mudar de Vida”.

A exibição de todos estes filmes é tornada possível pela Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema, entidade à qual Paulo Rocha deixou, em testamento, toda a sua obra e todo o seu património cinematográfico. A Cinemateca levou a cabo todas as operações técnicas necessárias para a apresentação destas obras em Locarno, contando ainda com a colaboração do Instituto do Cinema e Audiovisual para a edição de um folheto promocional dedicado a “Se Eu Fosse Ladrão… Roubava”. A estreia deste último filme no contexto do festival de Locarno corresponde a um desejo manifestado por Paulo Rocha, que pretendia mostrá-lo num festival que fora para ele importantíssimo na fase inicial da sua carreira.

Ao contrário do que tem vindo a ser anunciado, “Se eu Fosse Ladrão… Roubava” não é uma obra inacabada. O filme foi terminado por Paulo Rocha. No momento da sua morte, estavam apenas por realizar pequenas operações técnicas ligadas à feitura das cópias finais – em formato digital, DCP – e à legendagem para apresentação no estrangeiro. A concepção e a execução da obra, que articula uma ficção baseada nas memórias da vida do pai de Paulo Rocha com imagens de quase todos os filmes anteriores do realizador, resultaram da vontade e do trabalho de Paulo Rocha, contando com várias colaborações importantes, nomeadamente as de Regina Guimarães (argumento e diálogos), Edgar Feldman (montagem) e Nuno Carvalho (som).

Os dois filmes iniciais de Paulo Rocha, “Os Verdes Anos” e “Mudar de Vidar”, serão apresentados em cópias da Cinemateca, o primeiro em 35mm, e o segundo numa nova versão restaurada digitalmente pela Cinemateca, num trabalho de restauro que contou com a colaboração do realizador Pedro Costa sob indicações de Paulo Rocha.

Posteriormente, “Se Eu Fosse Ladrão… Roubava” virá a ser exibido e divulgado, em Portugal e no estrangeiro. É ainda intenção da Cinemateca fazer, até ao final do ano, uma nova homenagem a Paulo Rocha, mostrando o conjunto da sua obra, havendo igualmente o desejo de que toda a sua obra venha a ser editada em DVD, assim que possível.

11 de julho de 2013

“V Tumane/In The Fog” por Nuno Reis

A rubrica “Da Curta à Longa” é das mais interessantes que podemos assistir no Curtas. O conceito é revisitar autores de curtas quando fazem longas. Isso leva a que se ganhe curiosidade por trabalhos anteriores e serve para cativar espectadores do cinema dito “normal” para o formato curto, mas serve especialmente para dar credibilidade às curtas. Que funcionou ninguém duvida, o Curtas é a maior prova disso e já vão mais de vinte anos assim. Este ano um dos títulos fortes da rubrica era “V Tumane”/”In the Fog”, vencedor do prémio FIPRESCI em Cannes.

Estamos na Biolorússia - na altura URSS - em 1942, durante a ocupação alemã. Três homens são enforcados por fazerem resistência, ou melhor, por “sabotarem a ajuda dos alemães”. Mas havia quatro suspeitos e quatro foram presos. Essa excepção é mal vista pela população. Um dos rebeldes encara como assunto pessoal garantir que o sobrevivente, seu velho amigo, pagará pela traição. Quis o destino que a missão não corresse tão bem como era suposto e se vissem obrigados a dialogar e a resolver as suas diferenças. Essa viagem ao passado vai obrigar as personagens e os espectadores a pensar sobre as decisões cruéis que o destino por vezes obriga a fazer e a que ponto pode alguém descer e ainda se achar um ser humano.

Não é um filme para todos. O documentarista Sergei Loznitsa capta uma faceta normalmente desprezada da guerra: as vidas destruídas pela suspeita. Por entre os heróis e os cobardes, há sempre alguém que tem de sofrer. Aquele que, independentemente do que diga, será sempre julgado com base em algo que é dito. Aqui há os três casos. O que quer fazer algo, o que quer fugir depressa, e o que está disposto a pagar pelo pecado que diz não ter cometido. Em tempo de guerra e fome, ninguém tem razão e muitos morrem sem motivo. A guerra é assim mesmo, estúpida. E como todo o filme se passa fora do campo de batalha, já com esse bocado da guerra terminado, ainda mais inútil se tornam as mortes.

Nâo sendo um filme curto ou rápido, dá tempo suficiente para muitas reflexões. Vai perder alguns espectadores menos acostumados a exercícios do género, mas, para os que se deixam ficar, vai revelando aos poucos uma história empolgante. Demora demasiado a chegar lá, mas finalmente saímos da floresta e vemos o que se esconde no nevoeiro.

 V TumaneTítulo Original: " V Tumane" (Alemanha, Bielorússia, Países Baixos, Rússia, Letónis, 2013)
Realização: Sergei Loznitsa
Argumento: Sergei Loznitsa (baseado no livro de Vasili Bykov)
Intérpretes: Vladimir Svirskiy, Vladislav Abashin, Sergei Kolesov
Música:
Fotografia: Oleg Mutu
Género: Drama, Guerra, História
Duração: 127 min.
Sítio Oficial: http://www.inthefog-movie.com/

10 de julho de 2013

"Passion" por Nuno Reis

Tem estado muito na moda fazer remakes americanos de filmes europeus com sucesso. Menos na moda seria fazer um remake de um filme europeu sem grande projecção internacional. Remake esse maioritariamente em inglês, mas de produção europeia. Foi precisamente isso o que aconteceu ao filme “Crime d’Amour” de Alain Corneau, sujeito a um remake dois anos depois da estreia. Claro que não foi um qualquer, mas Brian de Palma, que viu na relação mais do que profissional de duas mulheres, um bom tema para novo filme com forte carga sensual como nos acostumou.
Esquecendo a versão com Kristin Scott Thomas (de "Nowhere Boy" também exibido no Curtas, ou "The English Pacient") e Ludivine Sagnier (de "The Devil’s Double"), temos aqui Rachel McAdams, a queridinha do cinema americano, e Noomi Rapace, a nova rainha do cinema europeu. Uma loura, outra morena, para completar só falta referir a ruiva, Karoline Herfurth. Essa tem menos interesse para a narrativa, mas interessa referir que o filme só começa realmente com o rabo dela. Para saberem mais, terão mesmo de ver “Passion”.

Christine (McAdams) é uma executiva de sucesso numa empresa de publicidade. Deslocada para a filial alemã, anseia voltar para Nova Iorque, mas para isso tem de se destacar. O trabalho de Isabelle (Rapace) está a dar um importante contributo para isso e Christine agradece a ajuda da colaboradora, mas no dia em que é preciso colher os louros pela campanha, fica com eles só para si. Isabelle deixa passar, mas, insatisfeita com diversas atitudes da colega descontrolada, começa a preparar o seu próprio destino. Duas ambições que estão destinadas a colidir num mundo demasiado pequeno.

Num país estranho e sem relações pessoais, Christine deixa as suas fantasias tomarem controlo. Isabelle, subitamente envolvida num mundo desconhecido, também se deixa seduzir. Desengane-se quem espera que o forte do filme esteja na sensualidade. Não é um “Femme Fatale” ou semelhante. Aqui o tema é o competitivo mundo dos negócios. As inúmeras pressões por reconhecimento, promoções ou o que interessar no momento.

Infelizmente, nem sendo um remake conseguiu evitar algumas situações mal explicadas .No entanto a segunda metade é bastante intensa e tem reviravoltas suficientes para manter o espectador entretido. Se ao menos o arranque fosse mais apetitoso...




PassionTítulo Original: "Passion" (Alemanha, França, 2012)
Realização: Brian De Palma
Argumento: Brian De Palma (baseado no argumento de Alain Corneau e Natalie Carter "Crime d'Amour")
Intérpretes: Rachel McAdams, Noomi Rapace, Karoline Herfurth, Paul Anderson, Rainer Bock
Música: Pino Donaggio
Fotografia: José Luis Alcaine
Género: Crime, Drama, Mistério, Thriller
Duração: 105 min.
Sítio Oficial: http://www.passionthemovie.com/

"Hyde Park on Hudson" por Nuno Reis

“The King Speech” foi suficientemente falado para que a subida ao trono do rei George seja agora conhecida por todos. Um dos pontos em falta nessa história é uma visita feita pelos monarcas britânicos à antiga colónia americana. Os Estados Unidos podem ter desviado o irmão mais velho do caminho real, mas a este rei deram um forte empurrão para que se assumisse como governante dos ingleses e modelo dos europeus, num momento bastante dificil. Mas claro, isso é a visão americana da história.

Este é o diário de Daisy, a prima afastada de Franklin D. Roosevelt que fazia o presidente voltar a ser o homem que sempre foi. Num país em crise, Roosevelt sempre permaneceu impávido. Trocou os confortos e as preocupações presidenciais de Washington por um quarto na casa de campo da mãe que o vigia como se fosse uma criança pequena. Os raros momentos de absoluta liberdade que tem, são a folhear a famosa colecção de selos, ou quando leva Daisy a passear. Tudo muda quando recebe a visita do recentemente coroado Rei George da Grã-Bretanha. Aquilo que parecia uma visita de cortesia, seria uma reunião informal entre dois governantes com o objectivo claro de impedir a eminente ameaça alemã. Uma guerra que os ingleses sabiam que iriam perder sem aliados. Uma guerra que interessava à moribunda economia americana.

Por entre cocktails, serviços de louça partidos e cachorros quentes, encontram-se Roosevelt, o presidente que sabe continuar a ser apenas um homem, e George, o homem que não sabe ser rei. A experiência de um velho presidente pouco convencional vai ajudar o jovem governante a definir um rumo, numa Europa à procura de alguém com visão. Esta visão exageradamente patriótica de como os EUA salvaram o mundo por antecipação, é salva pelo tom humorístico de tudo o que se sucede. Sanitas com aroma a madeira, caricaturas dos soldados ingleses no aposento do rei, um protocolo secular que perde todo o sentido perante uma democracia que mais de um século antes cortou os laços com essa mesma monarquia. Pior, um presidente com uma atitude paternalista perante o antigo colonizador!
Pelo meio há momentos de bom cinema, como os movimentos de câmara na recepção, a floresta com aspecto de pintura, ou os pensativos cigarros de um presidente com mobilidade reduzida e de um rei gago. Há aquele encanto de contar os detalhes mais cor-de-rosa de uma história sobejamente conhecida. Mas o que sobra depois de se retirar o sabor da novidade? O que há para além de um simples fim-de-semana? O filme não tem nada de novo para quem conhecer a história. Foca-se em demasia nos pontos-chave das personalidades envolvidas que são convenientes para esse momento, mas não serve para conhecer quem eles foram ou a época em que viveram. Em especial Daisy que, sendo a menos importante das personagens e mantida fora dos holofotes, parece ainda mais oca, cumprindo muito mal a função de narradora para a qual tinha de cativar.

Nos últimos quinze ou vinte minutos quase todas as personagens dão um pequeno espectáculo. Daisy ganha autoridade, o casal real tem um diálogo maravilhoso, os governantes convivem isentos de formalismos - quase como crianças - e o filme começa a ganhar rumo. Mas subitamente está o fim-de-semana terminado e separam-se, ficando o filme novamente frágil e sem tempo para mais correcções.

Roosevelt foi um presidente extraordinário e Bill Murray interpreta-o de forma soberba, mas este ainda não é o filme definitivo sobre ele.
Hyde Park on HudsonTítulo Original: "Hyde Park on Hudson" (Reino Unido, 2012)
Realização: Roger Michell
Argumento: Richard Nelson
Intérpretes: Bill Murray, Laura Linney, Samuel West, Olivia Colman, Olivia WIlliams, Elizabeth Wilson
Música: Jeremy Sams
Fotografia: Lol Crawley
Género: Biografia, Comédia, Drama, História
Duração: 94 min.
Sítio Oficial: http://www.hydeparkonhudsonmovie.com/

8 de julho de 2013

"Gambozinos" por Nuno Reis

O filme português mais falado do ano está em competição no Curtas. Enquanto o público espera para o ver na devido secção, Competição Nacional 3, o Antestreia antecipou-se assistindo à sessão infantil onde foi exibido. É que a sua ambivalência colocou o filme a disputar praticamente todos os principais prémios do festival: Curtinhas, Nacional e Internacional.

Esta é a história de uma colónia de férias como tantas outras. Os jovens estão divididos por escalões etários e género, o que aumenta as rivalidades. Os rapazes mais novos são constantemente arreliados pelos mais velhos a quem tentam ripostar. Com partidas de parte a parte e amores não correspondidos, vão criando as recordações que carregarão toda a vida.
Quem nunca experimentou a magia de uns dias longe do controlo parental? Quem alguma vez esteve em colónias de férias ou situação semelhante (acampamentos de escuteiros, visitas de estudo de vários dias,...) reconhecerá a beleza desse momento. A aproximação àquele lado mais selvagem do ser humano que as crianças tanto anseiam libertar. Basta pensar nos não tão raros momentos ao adormecer quando irmãos ou primos subitamente começam uma algazarra com tanto de infantil como de deliciosa.
Combinando essa doce selvajaria dos jovens com a lenda urbana dos gambozinos (bem maiores do que pensava), está dado o mote para um filme sobre nada. É precisamente isso. “Gambozinos” não tem algo de seu para dar. Apenas procura os tesouros mais preciosos nas memórias de cada um. O acto de ver o filme será normal. O que importa é o que se sente depois, quando o lado infantil foi despertado.

Dizer mais estragaria o lado mais divertido de “Gambozinos”. Mas adianto que, sejam os desafios, as músicas ou mesmo o culto do grande Marsupilami, tem tanto de autêntico que parece um argumento escrito por uma criança grande (no melhor sentido). E, no entanto, não tem como ganhar a secção infantil do festival. Não é um filme para quem ainda vive num mundo de campos de férias e gambozinos. É para quem não tem como voltar ao tempo e lugar onde foi mesmo muito feliz.

Poderia fazer observações sobre Cannes ter reconhecido a beleza de tal ideia, mas é um daqueles casos em que as palavras pouco importam. Cada pessoa terá uma forma diferente de o ver e apreciar ou não. O que digo é que, a nível de fotografia, está um trabalho deveraas impressionante.

GambozinosTítulo Original: "Gambozinos" (Portugal, França, 2013)
Realização: João Nicolau
Argumento: João Nicolau
Intérpretes: Ana Sofia Ribeiro, Isabel Portugal, Paulo Duarte Ribeiro, Pedro Leitão, Tomás Franco
Música: Eels, Mariana Ricardo
Fotografia: Mário Castanheira
Género: Drama
Duração: 20 min.
Sítio Oficial:

6 de julho de 2013

Programa do Curtas 2013

Com duas décadas passadas, o Curtas regressa hoje com um programa bastante forte.

O programa de hoje inclui "Passion" de Brian de Palma.

Os filmes-concerto estão de volta com duas produções nacionais e “Bucking Broadway” de John Ford.

Na competição nacional "Gambozinos" de João Nicolau e "Tabatô" de João Viana tentarão juntar mais esta distinção ao seu rico palmarés. A esses juntam-se produções dos habituais Rodrigo Areias (muitas), de O Som e a Fúria, Cimbalino FIlmes e vários outros. Como proposta mais estranha, "O Corpo de Afonso" de João Pedro Rodrigues é uma ficção sobre o corpo de Afonso Henriques.

Na copetição internacional, o favorito será o regressado Nicolas Provost, mas os filmes têm sinopses tão loucas que o mais provável é haver um vencedor surpresa.