31 de agosto de 2005

62ª Edição do Festival de Cinema de Veneza




Heeeeeere's Hollywood!

Começa hoje a 62ª Edição do Festival de Cinema de Veneza, um dos mais conceituados a nível mundial. Este ano, o festival corre sobre o signo das grandes produções norte-americanas que, numa atitude sem precedentes, disponibilizaram uma mão cheia de novas produções para estrearem no certame. "In Her Shoes" de Curtis Hanson (fora de concurso), "Brokeback Mountain" de Ang Lee, e "Goodnight and Good Luck" de George Clooney (ambos em competição), bem como "Corpse Bride" de Tim Burton (o regresso do mágico norte-americano à animação, depois de "O Estranho Mundo de Jack"), "Bubbles" de Steven Soderberg ou "Mary", de Abel Ferrara, em antestreia mundial são inúmeras razões para ser crível que este será um dos melhores festivais de Veneza dos últimos anos.
Quanto ao cinema português, três propostas: João Botelho com "O Fatalista" e Manoel de Oliveira com "Espelho Mágico" integram a Secção Competitiva, enquanto que na secção Corto Cortissimo (que como o nome indica, engloba as curtas-metragens), "A Rapariga da Mão Morta", de Alberto Seixas Santos é o representante português nesta categoria. Numa edição onde o animador nipónico Hayao Miyazaki, autor de obras como "Princess Mononoke" - 1997, "Spirited Away" - 2001 ou "Howl's Moving Castle", irá receber o Leão de Ouro pela sua carreira, a abertura está a cargo de "Seven Swords" de Tsui Hark, logo à noite. O certame prolongar-se-à até 10 de Setembro, altura em que divulgaremos também os premiados.


Programação da Casa da Animação


Já está disponível a programação da Casa da Animação, no Porto, para os meses de Setembro e Outubro. Para mais informações, podem clicar aqui.




29 de agosto de 2005

22 de agosto de 2005

"Charlie and the Chocolate Factory" por Ricardo Clara


Burton e a Fábrica de Sonhos

Por vezes, existem filmes que, pela sua magia e sedução, nos transportam automaticamente durante algumas horas para um mundo de encantamento alternativo e apaixonante. "Charlie and the Chocolate Factory" / "Charlie e a Fábrica de Chocolate" é um deles. Começa a ser banal falar do universo de Tim Burton, um fabulador por excelência, construtor de algumas das personagens mais excêntricas e complexas que o cinema conseguiu apresentar - casos de Pee-wee Herman, Edward Scissorhands ou Ed Wood revisitado, estes dois últimos interpretados por Johnny Depp, já figura incontornável do cinema burtoniano. E é este mesmo actor que vesta a pele daquele que será, concerteza, o papel da sua vida - o admirável chocolateiro Willy Wonka, um study-case por excelência, de quem falarei mais à frente.
Mas vamos por partes: Roald Dahl, escritor galês de grande sucesso no mundo anglo-saxónico, autor de livros como "James and the Giant Peach" ou "Matilda", ambos adapatados para cinema, criou em 1964 "Charlie and the Chocolate Factory", que viria a ser adaptado pela primeira vez para o cinema em 1971 com o título original de "Willy Wonka & the Chocolate Factory", realizado por Mel Stuart e com Gene Wilder no papel de Wonka. Chegamos então a 2005, ano em que Tim Burton, autor de filmes como "Edward Scissorhands", "Sleepy Hollow" ou "Batman", no último filme que se aproxima à verdadeira estética do expressionismo alemão, uma obra negra e dura, que pessoalmente admiro, parte para a derradeira adaptação desta obra de Dahl. E se muitos ficaram algo desiludidos com a faceta de bonzinho que nos foi apresentada com "Big Fish" em 2003, Burton volta em grande força com um ambiente noir e cáustico nesta nova aproximação ao "ambiente burtoniano".
Mas vamos então à história: Willy Wonka, o maior fabricante de chocolates do mundo, possui uma enorme fábrica que encerrou as suas portas à entrada de trabalhadores à mais de 15 anos. Um dia, sem que nada o fizesse prever, Wonka coloca cinco talões dourados nos seus chocolates, e quem os encontrar irá passar um dia na apetecida fábrica. Obviamente, a busca desenfreada aos ingressos começa por todo o mundo. E assim, Veruca Salt, uma miúda mimada a quem nunca lhe faltou nada, Augustus Gloop, um jovem glutão alemão com problemas de obesidade, Violet Beuragarde, campeã do mundo de mascar chiclete, e Mike Teavee, um viciado em televisão, que não gosta de chocolate, são os vencedores. O quinto é Charlie Bucket, jovem proveniente de uma família muito pobre, cuja maior riqueza é a união e carinho que partilham no seu seio. Juntos, embarcam numa viagem ao fabuloso mundo da fábrica, onde assistem a rios de chocolate que correm de forma interminável, a um elevador de vidro que leva os seus ocupantes a todo o lado, e conhecem os Oompa Loompa, um povo de anões que ajuda no trabalho da fábrica (numa interpretação fantástica de Gordeep Roy, actor que interpreta os 165 Oompa Loompa que surgem no filme). Paulatinamente, numa selecção feita devido ao carácter das crianças, uma a uma têm um destino cruel, desde cair num enorme depósito de lixo, até ser sugado por um transportador de chocolate. Até restar uma criança, Charlie Bucket, jovem personagem interpretada por Freddie Highmore, uma já grande certeza do cinema norte-americano, que transmite de forma precisa e segura inúmeras sensações e emoções só com as suas expressões faciais ou olhares, a qual vence o grande prémio final.
"Willy Wonka / He's a genius who just can't be beat / The magician and the chocolate wiz". Assim reza o tema de abertura, composto pelo incontornável Danny Elfman (presente em quase todos os filmes de Burton), e que cria aqui uma belíssima banda sonora, adequada ao milímetro a cada cena musicada da película). Wonka é, de facto um case-study, que levaria longas linhas a dissecar. De porte arrojado e vestido de forma extravagante, apresenta laivos de pop-star - aliás, muito se falou sobre as parecenças entre Willy Wonka e Michael Jackson, algo que foi negado (mas não com grande veemência) por parte de Depp. Homem atormentado por uma infância menos vivida, encerrando em si uma forte dependência da sua figura paternal (interpretada por Christopher Lee), homem austero e distante, muito diferente de Albert Finney em "Big Fish". Desde os inúmeros flashbacks dos seus tempos de juventude, até à impossibilidade de conseguir pronunciar a palavra "pai" (gaguejando constantemente quando tenta fazê-lo), Wonka é Depp: na extravagância, na excentricidade e, acima de tudo na genialidade. É, talvez, a mais complexa personagem alguma vez criada no universo burtoniano: por detrás daquele rasgado sorriso, há uma criatura com algo de maléfico e perverso. E a colocação desse estranho elemento, num cenário colorido e extravagante (o da fábrica) ou sombrio (o da cidade), torna a situação bizarra e estranhamente deliciosa. Bem como todo o jogo de cores, que positivamente invade os sentidos, com uma plasticidade só ao alcance dos grandes artistas, onde Burton utiliza todas as suas técnicas provenientes do cinema de animação - e temos completo, um filme de grande densidade emocional, um Walt Disney encontra Fritz Lang, mais uma grande obra de Tim Burton, que nos arrebata a todos. E muito mais ficaria por dizer.



Título Original: "Charlie and the Chocolate Factory" (EUA, 2005)
Realizador: Tim Burton
Intérpretes: Johnny Depp, Freddie Highmore e Helena Bonham Carter
Argumento: Roald Dahl
Fotografia: Philippe Rousselot
Música: Danny Elfman
Género: Fantástico
Duração: 115 min
Sítio Oficial: http://chocolatefactorymovie.warnerbros.com


19 de agosto de 2005

"The Skeleton Key" por Ricardo Clara


Quando Caroline Ellis (Kate Hudson), uma jovem enfermeira, decide ir trabalhar para os arredores de New Orleans para ajudar Ben Devereaux (John Hurt), uma recente vítima de um AVC, em estado terminal, não estaria concerteza à espera de descobrir que a casa onde moram encerra terríveis mistérios... Assim, a mulher de Ben, Violet Devereaux (Gena Rowlands), desvenda que naquela mesma casa foram assassinados dois criados, praticantes de Voodoo, e que desde então os seus espíritos vagueiam pela casa.
Mais um filme fraquinho que este Verão 2005 nos proporciona. Realizado por Iain Softley ("K-PAX" - 2001), o argumento chega-nos pela mão de Ehren Kruger, a autora dos filmes "The Ring" e também de "The Brothers Grimm", um esperado filme que estreará ainda este ano, dirigido pelo incontornável Terry Gilliam. Inicialmente, o filme não passa de um grande lugar-comum, "mais do mesmo", onde um casarão com presenças fantasmagóricas assusta uma jovem protagonista feminina, que apesar de assustada, vasculha constantemente a casa. Descobertos os poderes do Voodoo, milenar religião africana, com uma forte componente mística (o hoodoo), numa espécie de magia negra, Caroline assume que o velho Ben está sobre o efeito de um forte conjuro, um "feitiço" que o prende, por ora, a uma cadeira de rodas. Num ambiente tipicamente sulista, mas que nunca consegue captar a verdadeira essência desta comunidade muito específica do estado de Louisiana, "The Skeleton Key" / "A Chave" apresenta-nos um papel bastante interessante de Gena Rowlands (mas com um desenrolar final um pouco patético), John Hurt num papel muito limitado (por razões óbvias), mas que termina com um daqueles twists finais que, por serem inesperados, tornam o filme mais interessante do que se suporia inicialmente.



Título Original: "The Skeleton Key" (EUA, 2005)
Realizador: Iain Softley
Intérpretes: Kate Hudson, John Hurt, Gena Rowlands e Peter Sarsgaard
Argumento: Ehren Kruger
Fotografia: Daniel Mindel
Música: Ed Shearmur
Género:Terror / Mistério / Thriller
Duração: 104 min
Sítio Oficial: http://www.theskeletonkeymovie.com


18 de agosto de 2005

"The Wedding Date" por Ricardo Clara


Produto modelo do filme de Verão non-sense e desprovido de interesse, "The Wedding Date" / "Um Homem de Sonho" não é um filme... de sonho. Kat Ellis (uma belíssima Debra Messing), quando convidada para o casamento da sua meia-irmã, e apurando que o padrinho será o seu ex-noivo, decide contratar o melhor exemplar que um refinado serviço de escort pode proporcionar - Nick Mercer (Dermot Mulroney).
Adaptação do livro "Asking for Trouble" de Elizabeth Young, este muitíssimo leve filme chega-nos pela mão de Clare Kilner, realizadora desconhecida no nosso país (e que por este andar continuará a sê-lo), e re-apresenta ao público um (o único?) ponto de atracção deste filme, que é uma belíssima Debra Messing no auge dos seus quase quarenta anos (não, não estou a falar da sua qualidade como actriz), que todos nos habituamos a ver na premiada série televisiva "Will & Grace", e Mulroney ("About Schmidt" - 2002), numa actuação sem um pingo de vivacidade, dando razão aqueles que nunca o chamaram para representar, ou aos outros que só lhe deram papéis secundários. Surpreendentemente (ironia, claro está), a solteira e o prostituto masculino apaixonam-se, acabando por desaguar (não sendo esta a palavra mais correcta, pois não passam 10 minutos de filme sem vermos um grupo qualquer de britânicos a embebedarem-se de forma contínua, dando a sensação, principalmente aqueles que nunca ouviram falar do povo, que basicamente só... bebem) numa corrida dela atrás dele, sempre com uma banda sonora pirosa e insuportável. Não acreditam? Comprovem! Mas eu avisei...


Título Original: "The Wedding Date" (EUA, 2005)
Realizador: Clare Kilner
Intérpretes: Debra Messing e Dermot Mulrooney
Argumento: Elizabeth Young e Dana Fox
Fotografia: Oliver Curtis
Música: Blake Neely
Género: Comédia / Romance
Duração: 90 min
Sítio Oficial: http://www.theweddingdate.net


13 de agosto de 2005

Férias


Com a chegada do Verão, também chegou a calma a este blog. Que será actualizado esporadicamente, até ao regresso em grande força, já em Setembro. Até lá, boas férias!


5 de agosto de 2005

"Herbie: Fully Loaded" por Nuno Reis

Em 1968 foram filmados muitos filmes incontornáveis da história do cinema, “C'era una volta il West”, “2001: A Space Odyssey”, “The Lion In Winter” e “Bullitt” são clássicos, “The Odd Couple” e “The Party” são ainda referências na comédia. Na área do fantástico surgiram “Planet of the Apes”, “Rosemary’s Baby”, “Night of the Living Dead” e “Barbarella”, sem dúvida que foi um grande ano para o cinema mas, quantos destes foram feitos para os mais novos? Numa era em que o cinema era passatempo para os adultos os filmes para crianças eram raros, neste ano surgiram dois que não só eram próprios para crianças como tinham outra coisa em comum: um carro no título. Se “Chitty Chitty Bang Bang” era um modelo estranho que conseguia voar “The Love Bug” era um carro perfeitamente vulgar e apreciado por todos que, apesar de não voar, corria como nenhum outro. Os filmes seguiram-se, Herbie venceu sem parar durante quatro filmes - 1974, 1977, 1980 foram os anos das sequelas - tendo depois desaparecido dos cinemas. Entre os filmes o elenco mudou bastante, Dean Jones, o seu primeiro dono, volta a surgir em 1982 numa série em que dirigia uma escola de condução onde, obviamente, Herbie está sempre presente. Finalmente em 1997 Peyton Reed (“Bring It On”, “Down With Love”) dirigiu Bruce Campbell numa versão televisiva, seria o destino de Herbie ficar-se pela televisão? Não, ergueu-se uma última vez para provar que ainda está pronto para as curvas.

Com a certeza de ter alguns dos seus antigos fãs de novo na sala para ver Herbie, o filme começa por recordar através de jornais os grandes momentos do carocha - arrasando a concorrência, cruzando a meta, sendo notícia – e os maus momentos – perdendo, sofrendo, caindo no esquecimento. Nas primeiras cenas está Herbie a ser levado para o ferro-velho onde terminará a sua existência, qualquer espectador que goste minimamente do Herbie ficaria chocado mas esses ainda estavam nostálgicos e nem se apercebem. Em seguida o filme começa a centrar-se nas pessoas, mostra-nos a família Peyton, lendas do automobilismo. A filha mais nova, Maggie, acabou o curso e irá passar um último mês em casa antes de partir para New York para trabalhar em televisão. Como prenda o pai oferece-lhe um carro e, apesar de a escolha inicialmente ter sido outra, o 53 cai-lhe dos céus. A partir daí Herbie dá espectáculo de forma tão convincente como antes, na pista e fora dela, e Maggie voltará ao volante contrariando a vontade do pai.

Um filme com este carro não precisaria de mais nada mas a Disney apostou em grande e juntou um lote de estrelas. Michael Keaton é o pai, Matt Dillon o vilão e Lindsay Lohan a estrela. Keaton tem uma interpretação de fugir, tanto ele como Dillon levaram o filme na brincadeira e não são mais do que nomes sonantes em personagens secundárias. Lohan é um pouco mais complexa. Sendo uma das muitas crianças-prodígio Disney desde cedo que criou uma legião de fãs, a pausa que fez para os estudos não os afastou e no regresso ao cinema arrebatou diversos prémios. O talento que tem demonstrado nas comédias não é totalmente usado aqui e além disso faz imensas cenas em mini-saia, o que não é prático para conduzir e distrai os espectadores. Estando os actores abaixo do bom… resta o carro. Herbie faz tudo o que aprendeu nos outros filmes e demonstra quase tanta teimosia. Como defeito aponto apenas fazer um som de mogwai (gremlin) e estarem sempre a tentar mostrar-lhe a “cara”. Por muito que tenham tentado não há aquela simbiose a que Herbie nos habituou com os seus condutores. Não é uma comédia brilhante e não é um filme de culto, é o carocha que todos lembram num filme que deve ser esquecido o mais depressa possível.




Título Original: "Herbie: Fully Loaded" (EUA, 2005)
Realizador: Angela Robinson
Intérpretes: Herbie, Lindsay Lohan, Justin Long, Michael Keaton, Matt Dillon, Breckin Meyer
Argumento: Thomas Lennon, Robert Ben Garant, Alfred Gough, Miles Millar baseados na personagem de Gordon Buford
Fotografia: Greg Gardiner
Música: The Blacksmoke Organisation, Mark Mothersbaugh
Género: Comédia/Família/Fantasia
Duração: 101 min
Sítio Oficial: http://disney.go.com/disneypictures/herbie/

Projectos


Depois de “Eucalyptus” - o filme australiano que Nicole Kidman e Russell Crowe iriam filmar cobrando um salário “baixo” (menos de um milhão) - ser cancelado por Crowe não gostar do argumento, faltava algo para reanimar o cinema australiano. Segundo os valores lançados ontem os doze filmes australianos lançados em 2004, em conjunto não atingiram os 10 milhões de dólares nos EUA fazendo com que atingisse o novo mínimo dos últimos 25 anos. A solução arranjada foi extrema: Kidman e Crowe filmarão um romance histórico que será realizado por Baz Luhrmann. Também o realizador precisa de algo para fazer depois de a sua versão da vida de Alexandre o Grande ter sido cancelada por falta de fundos.

Além dos projectos já anunciados Nicole Kidman irá também fazer um filme sobre pinguins (lembram-se do que disse a semana passada?) realizado por George Miller (“Mad Max”s, “Babe”s). Em “Invasion” (também referido a semana passada) o realizador será Oliver Hirschbiegel (“Das Experiment”, “Der Untergang”). Quase a estrear está “Fur” de Steven Shainberg (“Secretary”). Para projectos futuros tem mais 3 filmes: “Emma’s War” de Tony Scott (“Top Gun”, Spy Game”), um filme de época com Jennifer Lopez e outro que ainda não tem mais nomes associados. Também pretende voltar a trabalhar com Lars von Trier brevemente portanto podemos esperar mais um grande filme. Um dos filmes com Kidman que se espera ser realmente bom é o de Wong Kar-Wai, “The Lady from Shangai”. Outro actor que se mudará para a Ásia para trabalhar será Samuel Jackson, que em 2006 irá filmar “Afrosamurai” no Japão, a história de um homem que quer vingar a morte do pai frente a um homem com três braços. Em paralelo com o filme emprestará a voz a uma série sobre essa mesma personagem.

No novo filme de Lasse Hallstrom, “Hoax”, sobre um impostor que escreveu e vendeu uma falsa biografia de Howard Hughes, o elenco ficou completo e com muitos nomes sonantes. A Richard Gere, Alfred Molina e Marcia Gay Harden, juntam-se agora Julie Delpy e Hope Davis. Resta esperar que a vida do impostor Clifford Irving seja tão interessante como a que ele escreveu.

A Warner comprou os direitos para fazer um remake do filme francês “Aprés Vous”. A história de um homem que salva outro e acaba por o ter irremediavelmente envolvido na sua vida. Billy Crystal é certo no filme mas ainda não há mais nomes associados.
Outro remake previsto para breve é o de “School for Scoundrels”. Nesse filme um homem azarado (Jon Heder, de “Napoleon Dynamite”) entra num curso de ajuda para tentar conquistar uma mulher e descobre que o seu professor, interpretado por Billy Bob Thorton, também está interessado nela. Todd Philips (“Road Trip”) realiza e espera estrear dentro de menos de um ano.

4 de agosto de 2005

"Alone in the Dark" por Nuno Reis

Quando fui ver o filme tinha suspeitas, quando acabei tinha certezas. Apresento-vos o pior filme do ano até à data! Uwe Boll, o realizador de “House of the Dead” continua a atacar o cinema com as suas tentativas de filmes. Desta vez até reuniu alguns nomes conhecidos: Tara Reid (quando parecia ter talento só tinha papeis pequenos agora que não tem talento só tem maus filmes), Christian Slater (aparece em bons filmes como figurante, em filmes médios como secundário e como protagonista em fiascos), e Stephen Dorff que ultimamente tem feito muitos filmes de terror, terríveis mas nada aterrorizadores.

Alguns anos atrás um grupo de órfãos desapareceram do orfanato sem deixar rasto, todos eles foram sujeitos a uma estranha experiência que pretendia fundi-los com uma poderosa criatura. A tentativa foi bem sucedida em todos excepto numa, um dos rapazes ficou escondido durante uma das etapas por isso a fusão não ficou completa. Anos depois, já um homem feito, é perseguido por um homem demasiado poderoso para ser normal mas, no fundo, ele também não é pois consegue vencê-lo. Enquanto isso um velho num navio é aprisionado e o valioso sarcófago que pretendia levar é violado o que causa a morte a todos os restantes seres a bordo… Percebe-se que estava uma criatura no caixão e que isso juntamente com a manipulação genética das crianças era uma tentativa desse velho de dominar o mundo, o problema é que um bando de criaturas, como a que estava no caixão, se prepara para tomar o controlo do planeta, exterminando os humanos.

O resto do tempo do filme é um gigantesco combate entre os humanos e as criaturas, com muitas balas e explosivos mas nenhuma emoção e nenhum arrepio. A nível visual só gostei de uma cena, no meio da escuridão o herói dispara rajadas que dão a única iluminação, como a luz dos disparos é intermitente dá um efeito diferente, invulgar em cinema mas muito utilizado em jogos de computador (a origem deste filme é o jogo homónimo). Tirando esta cena quase não há escuridão nos combates o que retira todo o terror que um filme destes poderia ter. Convém dizer que essas criaturas ganham ainda mais poder quando escurece, daí o título. Resumindo numa frase o filme: se o “AVP” tivesse sido pior, teria sido assim. Considerando como sendo um filme de acção ir vê-lo é apenas um desperdício de tempo, considerando como filme de terror ir ver um filme destes é um desrespeito pelo género e uma desilusão. E continua a ser desperdício de tempo.



Título Original: "Alone in the Dark" (Alemanha,Canadá e EUA, 2005)
Realizador: Uwe Boll
Intérpretes: Christian Slater, Tara Reid, Stephen Dorff, Mathew Walker
Argumento: Elan Mastai, Michael Roesch, Peter Scheerer
Fotografia: Mathias Neumann
Música:Reinhard Besser, Oliver Lieb, Bernd Wendlandt, Peter Zweier
Género: Acção/”Terror”
Duração: 96 min
Sítio Oficial: http://www.aloneinthedarkthemovie.com/

"Millions" por Nuno Reis

"The French have said ‘au revoir’ to the franc. The Germans have said ‘auf wiedersehen’ to the deutsch marc. And the Portuguese have said… whatever to their thing."


O jovem Damian aprendeu com o irmão que se disser às pessoas que a mãe morreu, uma trágica verdade, recebe sempre algo. Quando está sozinho no abrigo que construiu em cartão cai-lhe vindo do céu um saco desportivo cheio de libras, como ele tinha acabado de falar com Deus sobre a mãe é óbvio que foi Ele quem lhe deu o dinheiro. Deus é mesmo muito simpático. Damian imediatamente conta essa novidade ao irmão Anthony que o aconselha a guardar segredo, juntos conseguirão tirar um bom proveito dessa fortuna.

Enquanto Anthony acha que o dinheiro deve ser gasto, Damian acha que deve ser dado. E de ambas as formas as dezenas de libras vão desaparecendo mas os milhares não desaparecem assim tão facilmente. Com a mudança de ano muda a moeda e todo o país tenta trocar as últimas notas.
O jovem Damian sabe tudo sobre os santos e a sua imaginação faz com que eles lhe surjam sempre que necessários. Por conselho destes - afinal, os santos são modelos que todos deveriam seguir – vai alimentando os esfomeados e ajudando os necessitados. Até ao dia em que coloca mil libras num caixote que pretendia apenas recolher uns xelins. A responsável pelo peditório chama o pai deles à escola e a partir daí vai-se tornando parte da família para raiva de Anthony.
Os verdadeiros problemas surgem quando o legítimo dono do dinheiro começa a rondar e quando descobrem que é parte do saque de um dos maiores roubos já feitos em Inglaterra. Os planos para o gastarem, os nervos para o esconderem, a correria para o trocarem, tudo se sucede de forma fluída e coerente.

A parte de gastar dinheiro está bastante divertida, a parte de o trocarem foi muito bem conseguida, o criminoso a rondar poderia ser mais assustador ou mais despachado mas dessa forma não seria um filme tão juvenil. Retrata de forma ligeira vários problemas sociais e éticos, tem personagens divertidas e centra-se em crianças naturais (mais que os adultos). Foi um bom regresso de Danny Boyle à comédia depois de uma bem sucedida passagem pelo terror. James Nesbitt actua bem nos momentos em que tinha de intervir e a quase desconhecida Daisy Donovan consegue ter um papel memorável. Os dois miúdos realmente dominam o filme com destaque para Alexander Etel que poderia ter feito o filme todo sem ajuda. Os meus parabéns para o argumentista por ter tornado algo tão global como um país mudar de moeda em algo tão íntimo, por ter revelado aquilo que todos conhecemos como os maiores defeitos da humanidade e por ter mostrado que o dinheiro só serve para dar felicidade.




Título Original: "Millions" (EUA e Reino Unido, 2004)
Realizador: Danny Boyle
Intérpretes: Alex Nathan Etel, Lewis Owen McGibbon, James Nesbbit, Daisy Donovan
Argumento: Frank Cottrell Boyce
Fotografia: Anthony Dod Mantle
Música: John Murphy
Género: Comédia/Crime/Drama
Duração: 98 min
Sítio Oficial: http://www.foxsearchlight.com/millions/

"Monster-in-Law" por Nuno Reis

Quinze anos depois da reforma antecipada Jane Fonda voltou a representar. O filme escolhido foi este “Monster-in-Law” onde interpreta a bem sucedida apresentadora de televisão Viola Fields. Apesar de não lidar muito bem com a geração seguinte conseguiu ignorá-la até ao dia em que é despedida. Ela até lidaria bem com a situação, se não tivesse sido trocada por uma jovem. No seu último programa cabe-lhe entrevistar uma jovem revelação da música não muito perspicaz que considera “Legally Blonde” (também realizado por Robert Luketic) um filme antigo. Essa estrela pouco mais faz até ser agredida causando o internamento de Viola por alguns meses.
Quando Viola volta à liberdade descobre que o filho, um eminente cirurgião, namora uma mulher que, do seu ponto de vista, não é a ideal para ele. Durante meia hora o filme resume-se a agressões unidireccionais com Viola como atacante e Charlie como a vítima, na meia hora seguinte os ataques passam a ser bidireccionais. No meio disso não está o filho/noivo pois convenientemente ausentou-se mas está a sempre atenta Ruby. A assistente de Viola contenta-se em apreciar a situação e aconselhar Charlie.
Falando dos actores terei de começar por Fonda pois um regresso de alguém tão conhecido merece sempre o destaque. Mostrou que o talento não desaparece com a idade e, apesar de não ter voltado tão bem como Barbra Streisand, veio ensinar a muita gente como se representa. Jennifer Lopez parece ter aproveitado as lições pois esteve melhor que o habitual. Por diversas vezes as expressões faciais e os trejeitos que fez neste filme fizeram-me lembrar Kate Hudson mas pode ter sido apenas coincidência. Michael Vartan não se sai mal o pouco tempo que passa no filme, um pouco despassarado mas obviamente que não poderia ter muito mais destaque num filme que é sobre o conflito de gerações mas acima de tudo é sobre mulheres. Deixei para o fim a estrela do filme, um filme apenas sobre o conflito não teria interesse por mais de meia hora, a pérola que o torna merecedor de ser visto é Wanda Sykes. Surgindo sempre que o filme começava a perder a piada para mandar um comentário cáustico, esta actriz televisiva saiu-se muito bem no seu primeiro grande filme.
Pouco mais há a dizer sobre o filme, o final era o mais previsível mas por Lopez se ter saído tão bem correu melhor do que alguma vez esperei. Se do resto do filme esperava mais, no final não esperava que se safasse tão bem. Especialmente pela entrada em cena de Elaine Stritch para inverter a situação e quase destruir o casamento. De referir que será o realizador deste filme a realizar a adaptação para filme da série “Dallas” e portanto o filme ganha mais uma razão de interesse por ser também sobre problemas em famílias poderosas e conflito de gerações.




Título Original: "Monter-in-Law" (EUA, 2005)
Realizador: Robert Luketic
Intérpretes: Jane Fonda, Jennifer Lopez, Wanda Sykes, Michael Vartan
Argumento: Anya Kochoff
Fotografia: Russell Carpenter
Música: David Newman, Rosey
Género: Comédia/Romance
Duração: 101 min
Sítio Oficial: http://www.monsterinlaw.com/

2 de agosto de 2005

Breves



Já desde “Batman Returns” que não havia tantos pinguins no cinema e desta vez parece que os pinguins vieram para ficar. Há várias semanas que um documentário sobre pinguins se mantém nas posições cimeiras das bilheteiras americanas. Em “Madagascar” os pinguins eram as personagens mais memoráveis e, no Verão de 2007, “Surf’s Up” será das animações mais esperadas. O elenco de vozes inclui Jeff Bridges, Zooey Deschanel, James Woods, e o protagonista será o jovem Shia LeBeouf. A história desenrola-se na colónia Pen Gu onde o jovem pinguim Cody, orientado pelo King Penguin, irá participar numa competição de surf.

Nicole Kidman reduziu um pouco o seu salário para o próximo filme de ficção científica que fará. Apesar de já ter feito alguns filmes por 15 milhões (“Birth”, “Cold Mountain”, “Stepford Wives”) nos dois anteriores (“Bewitched” e “The Intepreter”) já tinha atingido a marca dos 17,5 milhões. No seu próximo projecto, “Invasion”, já considerado um remake de “Invasion of the Body Snatchers”, receberá 16 milhões para interpretar uma psicóloga que descobre ter no seu filho a chave para impedir a invasão extraterrestre que está a dizimar a Humanidade.