23 de dezembro de 2008

Equador


A parca produção televisiva em Portugal leva a que, de tempos a tempos, se produz uma peça que vai ser unanimemente considerada como "a maior produção televisiva portuguesa de sempre". Equador, adaptação do romance homónimo escrito por Miguel Sousa Tavares que, acrescente-se, colocou uns milhares de nacionais a ler, não foi excepção.

Por debaixo de um coro de loas ao dinheiro investido nesta produção da TVI, e ao resultado final, li declarações apaixonadas que nos davam conta do uso de panos a tapar prédios inteiros na baixa lisboeta, para daí serem tratados com efeitos especiais que colocariam a série ainda mais na época em que decorre a acção. Um número enorme de actores portugueses a participar no seriado e a própria noção do sucesso de vendas que foi o livro, colocaram-me à frente da televisão para, curioso, observar se tinhamos nova telenovela, ou uma série televisiva como já vimos merecendo à bastante tempo.

Mas, e mais uma vez, aquilo que poderia ser (e só a avaliar pelo primeiro episódio) um importante trabalho televisivo português, queda-se por mais uma peça que não consegue largar os vícios e os códigos das telenovelas, esta de curta duração. Louve-se o trabalho de direcção de actores, que me pareceu muito conseguido, o que ajuda a imprimir algum ritmo que não o de uma novela.

Mas, e isso impressionou-me muito, os efeitos especiais! Que CGI foleiro! Se fosse comprado, havia-o de ter sido numa qualquer Feira da Ladra ou Feira da Vandoma. A cena em que Luís Bernardo Valença (numa boa interpretação de Filipe Duarte) e Matilde Albuquerque (Dalila Carmo) se abeiram de uma varanda na Ericeira, com o mar e o pontão de fundo, estes elementos contruídos por computador, é de uma pobreza e falta de qualidade inqualificável. Sem profundidade, com uma paleta de cores totalmente diversa da dos actores e do set físico, parece um trabalho de final de curso de um qualquer estudante de cinema com más notas.

E, assim se vai, cá pelo burgo, fazendo televisão.


1 comentários:

Anónimo disse...

Concordo! CGi de merda...! Sei quem fez os efeitos visuais, já trabalhei com eles, e só posso dizer que a qualidade do trabalho honra bem a qualidade do método de trabalho e preocupação perante o mesmo (fraco!).
Mas nao é de admirar o sucedido, num país onde se pagam 500 euros a funcionarios e em condiçoes precarias, nao é de estranhar que o resultado seja o pior. E a culpa nao é dos artistas que o fazem, mas sim da má gestao de quem está a frente das empresas desta area em Portugal e da falta de motivaçao que provocam diaramente. Depois estranha-se que artistas Portugueses trabalhem em mercados superiores e de qualidade global no estrangeiro. Pudera..., com o fascismo que por cá continua a proliferar, as escolhas a fazer sao inevitaveis. Cada um tem o que merece, e uma produçao destas nao merecia um trabalho tao fraco em relaçao aos efeitos visuais...