Algo vai mal no reino da produção portuguesa. Não utilizo a expressão "ficção nacional", porque essa traz-me à ideia discussões estéreis dos nossos canais televisivos e a luta por saber «quem é que produz mais contéudos em português», nem que para tal seja necessário adaptar caixotes de material brasileiro ou espanhol.
Com pompa e circunstância, foi anunciada a estreia de "Liberdade 21", uma série televisiva portuguesa que assenta as premissas num grupo de advogados e as movimentações da justiça em Portugal. A série é bastante pobre a nível de interpretações e de conteúdo, algo a que nos temos vindo a habituar com o passar dos anos. Mas, verdade seja dita, há que louvar a RTP por ter apostado num conteúdo completamente nacional, desde o argumento até aos profissionais que o erguem.
O que de facto mais me choca é a deliberada tentativa de, não diria imitar, mas basear profundamente o ambiente e o trabalho de câmera de "Boston Legal", série norte-americana de David E. Kelley, que curiosamente exibe amanhã o seu último episódio. Aí, o recurso estilístico fundamental é um constante mover de câmera, com enquadramentos atrás de enquadramentos, zoom in e zoom out, tudo combinado com uma banda sonora que respeita o momento narrativo em concreto (ou seja, tratando-se de uma das inúmeras cenas cómicas que cada episódio comporta, a abordagem é sempre diferente).
"Liberdade 21" tenta reproduzir esse ambiente, mas de um modo um tanto ou quanto ridículo. É que essa particularidade de realização funciona na série americana, porque é em parte inovadora, bem como se adequa ao tom jocoso do produto, que combina drama e comédia em doses bem distribuídas. A portuguesa não possui, logo à partida, esse quantum cómico que justifica a opção de estilo. E tudo isto sem esquecer que a coordenação dos movimentos da câmara é tristemente banal e falha redondamente nos seus propósitos.
Tudo isto com uma narrativa desfasada da realidade da justiça portuguesa, mas que se aceita, para efeitos puramente ficcionais. Não seria mais simples apontar baterias para o argumento e a direcção de actores e menos para devaneios de realização? Ou o nosso erário de produção é tão rico que já justifica experiências deste género?
Com pompa e circunstância, foi anunciada a estreia de "Liberdade 21", uma série televisiva portuguesa que assenta as premissas num grupo de advogados e as movimentações da justiça em Portugal. A série é bastante pobre a nível de interpretações e de conteúdo, algo a que nos temos vindo a habituar com o passar dos anos. Mas, verdade seja dita, há que louvar a RTP por ter apostado num conteúdo completamente nacional, desde o argumento até aos profissionais que o erguem.
O que de facto mais me choca é a deliberada tentativa de, não diria imitar, mas basear profundamente o ambiente e o trabalho de câmera de "Boston Legal", série norte-americana de David E. Kelley, que curiosamente exibe amanhã o seu último episódio. Aí, o recurso estilístico fundamental é um constante mover de câmera, com enquadramentos atrás de enquadramentos, zoom in e zoom out, tudo combinado com uma banda sonora que respeita o momento narrativo em concreto (ou seja, tratando-se de uma das inúmeras cenas cómicas que cada episódio comporta, a abordagem é sempre diferente).
"Liberdade 21" tenta reproduzir esse ambiente, mas de um modo um tanto ou quanto ridículo. É que essa particularidade de realização funciona na série americana, porque é em parte inovadora, bem como se adequa ao tom jocoso do produto, que combina drama e comédia em doses bem distribuídas. A portuguesa não possui, logo à partida, esse quantum cómico que justifica a opção de estilo. E tudo isto sem esquecer que a coordenação dos movimentos da câmara é tristemente banal e falha redondamente nos seus propósitos.
Tudo isto com uma narrativa desfasada da realidade da justiça portuguesa, mas que se aceita, para efeitos puramente ficcionais. Não seria mais simples apontar baterias para o argumento e a direcção de actores e menos para devaneios de realização? Ou o nosso erário de produção é tão rico que já justifica experiências deste género?
4 comentários:
Quero dizer em abono da justiça que há muito tempo não via uma serie portuguesa com tanta qualidade. É pena que em Portugal se diga tanto mal em vez de se apoiar a qualidade e a inovação mesmo que esteja muito vista lá fora. Confesso que a câmara por vezes move-se demais, mas a interpretação em geral dos actores e a direcção dos mesmos é brilhante. Gosto muito do ambiênte! Parabéns! continuem... como hoje ouvi alguém, estrangeiro, dizer que os Portugueses são muito bons mas não sabem que o são. Não digam mal, é com os erros que aprendemos e evoluimos.
Mónica VN
ola!!
queria pedir apenas se me diziam o nome e de quem é a musica com que termina sempre o episodia da serie liberdade 21 na rtp1...
ja procurei e não consigo encontrar..
aquela musica "(...) seven days or seven weeks)...)"
agradecia a quem soubesse..
obrigada pela atenção..
bem hajam
AG
Subscrevo o comentário de Mónica. É de louvar a iniciativa da RTP em realizar um projecto que sirva para as pessoas se entreterem e, em simultâneo, aprenderem algo novo. Não podemos exigir para uma série portuguesa a panóplia de efeitos especiais característica das séries americanas. Portanto, como série de ficção portuguesa, Liberdade 21 é de uma excelente qualidade. Pena não haver mais séries como esta.
Em resposta ao Anónimo, a música dá pelo nome de "Lonesome no More". É interpretada por Ana Vieira e composta por David Rossi
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