Filmes recentes trouxeram a público a vida de duas das maiores rainhas inglesas. Façamos um exercício mental e tentemos recordar os grandes Reis desse país. O Artur das lendas ou o Coração de Leão por quem Robin Hood lutou são nomes populares, mas entre os Reis de obra feita o primeiro nome é Henrique VIII. Para o bem e para o mal mudou o país e o mundo de forma que se reflecte nos nossos dias. Foi o maior exemplo de "a vontade do Rei é a lei", pois bastava uma mudança de humor para alterar o que lhe aprouvesse. Quando se mostrou descontente com a religião do Vaticano, fundou uma nova. E isto só porque lhe apetecia mudar de esposa... O filme não dá especial destaque ao Rei. Nem à corte ou ao Reino. Fala de uma criança que tem de crescer na corte e ser o joguete da família em busca de prestígio. É um retrato social pelos olhos de quem achou que tinha tudo, quando na verdade nem sequer tinha liberdade para tratar de si.
Mary casou ainda criança. Inicialmente deslumbrada pela vida na corte, cedo percebeu que a sua infância tinha acabado. O pai acha que o interesse do Rei na sua jovem filha lhe pode ser proveitoso e entrega-a. Quando Mary engravida do Rei, o pai, para evitar que o Rei se interesse por uma rapariga de outra família, usa a filha mais velha para o seduzir. Enquanto Mary era bondosa e gentil, Anne é uma astuta jogadora disposta a tudo para subir na hierarquia. Ser rainha é o seu objectivo máximo. O Rei é lançado numa luta contra a rainha, contra a nobreza (inclusivamente o grande Thomas More) e contra o seu povo. Anne que parecia estar do lado dele trabalha apenas para si própria e acaba gerando um conflito entre todos: Os Bolena, o Rei, Espanha , a Igreja, a Rainha, Anne... e a pobre Mary que apenas queria seguir a sua vida em paz fica sem o marido, sem o filho e poderá mesmo perder a vida.
Este é mais um daqueles casos onde o livro é tão bom que o filme vai parecer sempre mau. A riqueza de detalhes que o livro contém transporta-nos para o século XVI e revela-nos uma Mary que o filme nunca ambiciona mostrar. Em papel tem muitos detalhes supérfluos, mas não foram apenas esses que foram tirados. Argumento e montagem parecem ter feito especial esforço para manter o filme curto e se isso não se pode fazer com históricos, com adaptações de livros muito menos. Passam o sensacionalismo disponível, acrescentam algum, mas falham redondamente no lado humano do problema.
Como aspecto positivo é obrigatório dizer que o casting foi fenomenal. As actrizes seleccionadas para liderar foram provavelmente as melhores escolhas, por combinarem inegável talento, fama e beleza. Os restantes, meros figurantes do duelo de irmãs, foram escolhas acertadas.
O desenlace que no livro é intenso e demorado, aqui é despachado como se não interessasse. Podia terminar combinando paixão e sofrimento, mas a grande oportunidade que tinha para deixar uma marca na memória do espectador é substituída por uma lamechice e pelos créditos.
Nota histórica: foi neste cenário que nasceu Elizabeth e o que se seguiu a estas trevas foi a era dourada de Inglaterra.
Mary casou ainda criança. Inicialmente deslumbrada pela vida na corte, cedo percebeu que a sua infância tinha acabado. O pai acha que o interesse do Rei na sua jovem filha lhe pode ser proveitoso e entrega-a. Quando Mary engravida do Rei, o pai, para evitar que o Rei se interesse por uma rapariga de outra família, usa a filha mais velha para o seduzir. Enquanto Mary era bondosa e gentil, Anne é uma astuta jogadora disposta a tudo para subir na hierarquia. Ser rainha é o seu objectivo máximo. O Rei é lançado numa luta contra a rainha, contra a nobreza (inclusivamente o grande Thomas More) e contra o seu povo. Anne que parecia estar do lado dele trabalha apenas para si própria e acaba gerando um conflito entre todos: Os Bolena, o Rei, Espanha , a Igreja, a Rainha, Anne... e a pobre Mary que apenas queria seguir a sua vida em paz fica sem o marido, sem o filho e poderá mesmo perder a vida.
Este é mais um daqueles casos onde o livro é tão bom que o filme vai parecer sempre mau. A riqueza de detalhes que o livro contém transporta-nos para o século XVI e revela-nos uma Mary que o filme nunca ambiciona mostrar. Em papel tem muitos detalhes supérfluos, mas não foram apenas esses que foram tirados. Argumento e montagem parecem ter feito especial esforço para manter o filme curto e se isso não se pode fazer com históricos, com adaptações de livros muito menos. Passam o sensacionalismo disponível, acrescentam algum, mas falham redondamente no lado humano do problema.
Como aspecto positivo é obrigatório dizer que o casting foi fenomenal. As actrizes seleccionadas para liderar foram provavelmente as melhores escolhas, por combinarem inegável talento, fama e beleza. Os restantes, meros figurantes do duelo de irmãs, foram escolhas acertadas.
O desenlace que no livro é intenso e demorado, aqui é despachado como se não interessasse. Podia terminar combinando paixão e sofrimento, mas a grande oportunidade que tinha para deixar uma marca na memória do espectador é substituída por uma lamechice e pelos créditos.
Nota histórica: foi neste cenário que nasceu Elizabeth e o que se seguiu a estas trevas foi a era dourada de Inglaterra.
Título Original: "The Other Boleyn Girl" (EUA, Reino Unido, 2008) Realização: Justin Chadwick Argumento: Peter Morgan (baseado no livro de Philippa Gregory) Intérpretes: Natalie Portman, Scarlet Johansson, Eric Bana, Kristin Scott Thomas Fotografia: Kieran McGuigan Música: Paul Cantelon Género: Drama, Histórico ,Romance Duração: 115 min. Sítio Oficial: http://www.theotherboleyngirlmovie.co.uk/ |
2 comentários:
Por causa da série The Tudors não gostei deste filme...pareceu-me uma versão hyper mega acelerada da série.
Mais semelhanças haverá porque o realizador nunca tinha feito cinema, apenas séries.
Obrigado pela visita.
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