O ballet é uma dança que tem sido desprezada pela generalidade da população. Com a importância crescente que a dança tem experimentado, também o ballet se esforça por ser menos arte de nicho e passar a evento de multidões, mesmo em épocas não natalícias. Numa primeira fase foi "Billy Elliot" dizendo que os rapazes também podiam dançar. Passada uma década é "O Lago dos Cisnes" - a maior das obras - a afirmar que o ballet é imponente, o ballet é belo, o ballet é o expoente máximo.
"Black Swan" é uma nova aproximação ao deslumbrante Lago dos Cisnes. Nova Iorque é o palco onde a dança acontece e Nina é a protagonista. Esta jovem bailarina vive sozinha com a mãe numa relação de enorme dependência. Nina é tímida e insegura, e a vida que leva é o sonho da mãe, uma ex-bailarina que nunca se tornou famosa por ter engravidado. Ao responsabilizar a gravidez pela breve carreira, é como se responsabilizasse a filha pelo fracasso e agora exige-lhe a perfeição. Por isso Nina vive ballet em todos os seus actos e pensamentos.
A companhia onde trabalha prepara uma nova encenação do Lago dos Cisnes e decorrem castings para o papel principal. Procuram alguém capaz de ser simultaneamente o cisne branco, puro e inocente, e o cisne negro, maléfico e destruidor. Nina tem tudo para ser o cisne branco e nada para ser o negro. Conseguirá transformar-se e conquistar o papel mais importante de sempre? E terá o que é necessário para o manter?
Quando penso numa actriz que simbolize a inocência e seja o talento personificado, Natalie Portman é o primeiro nome que me ocorre. Pode já não estar na idade certa para interpretar uma bailarina, mas isso faz com que represente melhor uma rapariguinha crescida, com pressa em se afirmar antes de perder a juventude. Teve uma carreira de muitos altos, culminando em "Closer" onde, vá-se lá saber porquê, não ganhou o Oscar. Agora volta a estar nas bocas do mundo e nos boletins de voto dos membros da Academia pela sua performance como Nina. Não se pode dizer que seja a melhor interpretação da década ou sequer a melhor dela, mas Natalie é Nina e ver a evolução da personagem é simplesmente das experiências mais fabulosas que o cinema nos pode proporcionar.
O elenco de luxo pode incluir Vincent Cassel como o coreógrafo, Barbara Hershey como a mãe, Winona Ryder como a estrela em declínio e Mila Kunis como a concorrente sempre sorridente, todos desaparecem com Portman em cena. E ela está sempre lá, sem um minuto de sossego o filme todo. E a relação que estabelece com cada um deles é tão real como é possível almejar que um filme transmita. E quando ao que faz como bailarina é tão inacreditável que não há palavras.
Falemos agora de Aronofsky que abdicou de "The Fighter" para fazer "Black Swan". Foi uma boa troca? Sim. Enquanto em "The Fighter" teria a impossível tarefa de fugir a repetir o que tinha feito brilhantemente em "The Wrestler", aqui é-lhe dado um desafio completamente novo. Tornar o ignorado em admirado, a beleza em horror, revirar um clássico centenário para fazer um clássico moderno. Com a ajuda de Clint Mansell, o seu compositor predilecto, entra no mundo da música com segurança. Faz uma realização cuidada e espantosamente certeira. Isso porque as artes em palco convidam o olhar do espectador, enquanto o cinema impõe que ele vai ver. Ora Aronofsky neste filme faz ambos. Se o filme fosse em palco diria que na primeira metade a câmara esteve a focar o que eu quereria ver da "peça", mostrando harmonia entre realizador e espectador. Na segunda metade não há alternativa, somos arrebatados pelo filme e deixamo-nos levar para onde ele for.
O tema da história era a perfeição, a loucura, o voar mais longe. E foram precisos todos esses para fazer esta obra-prima, mas valeu a pena. Não esperava ficar fã de ballet e para isso acontecer bastou a primeira cena. Esperava um filme grandioso e não saí defraudado. Isto sim é cinema.
"Black Swan" é uma nova aproximação ao deslumbrante Lago dos Cisnes. Nova Iorque é o palco onde a dança acontece e Nina é a protagonista. Esta jovem bailarina vive sozinha com a mãe numa relação de enorme dependência. Nina é tímida e insegura, e a vida que leva é o sonho da mãe, uma ex-bailarina que nunca se tornou famosa por ter engravidado. Ao responsabilizar a gravidez pela breve carreira, é como se responsabilizasse a filha pelo fracasso e agora exige-lhe a perfeição. Por isso Nina vive ballet em todos os seus actos e pensamentos.
A companhia onde trabalha prepara uma nova encenação do Lago dos Cisnes e decorrem castings para o papel principal. Procuram alguém capaz de ser simultaneamente o cisne branco, puro e inocente, e o cisne negro, maléfico e destruidor. Nina tem tudo para ser o cisne branco e nada para ser o negro. Conseguirá transformar-se e conquistar o papel mais importante de sempre? E terá o que é necessário para o manter?
Quando penso numa actriz que simbolize a inocência e seja o talento personificado, Natalie Portman é o primeiro nome que me ocorre. Pode já não estar na idade certa para interpretar uma bailarina, mas isso faz com que represente melhor uma rapariguinha crescida, com pressa em se afirmar antes de perder a juventude. Teve uma carreira de muitos altos, culminando em "Closer" onde, vá-se lá saber porquê, não ganhou o Oscar. Agora volta a estar nas bocas do mundo e nos boletins de voto dos membros da Academia pela sua performance como Nina. Não se pode dizer que seja a melhor interpretação da década ou sequer a melhor dela, mas Natalie é Nina e ver a evolução da personagem é simplesmente das experiências mais fabulosas que o cinema nos pode proporcionar.
O elenco de luxo pode incluir Vincent Cassel como o coreógrafo, Barbara Hershey como a mãe, Winona Ryder como a estrela em declínio e Mila Kunis como a concorrente sempre sorridente, todos desaparecem com Portman em cena. E ela está sempre lá, sem um minuto de sossego o filme todo. E a relação que estabelece com cada um deles é tão real como é possível almejar que um filme transmita. E quando ao que faz como bailarina é tão inacreditável que não há palavras.
Falemos agora de Aronofsky que abdicou de "The Fighter" para fazer "Black Swan". Foi uma boa troca? Sim. Enquanto em "The Fighter" teria a impossível tarefa de fugir a repetir o que tinha feito brilhantemente em "The Wrestler", aqui é-lhe dado um desafio completamente novo. Tornar o ignorado em admirado, a beleza em horror, revirar um clássico centenário para fazer um clássico moderno. Com a ajuda de Clint Mansell, o seu compositor predilecto, entra no mundo da música com segurança. Faz uma realização cuidada e espantosamente certeira. Isso porque as artes em palco convidam o olhar do espectador, enquanto o cinema impõe que ele vai ver. Ora Aronofsky neste filme faz ambos. Se o filme fosse em palco diria que na primeira metade a câmara esteve a focar o que eu quereria ver da "peça", mostrando harmonia entre realizador e espectador. Na segunda metade não há alternativa, somos arrebatados pelo filme e deixamo-nos levar para onde ele for.
O tema da história era a perfeição, a loucura, o voar mais longe. E foram precisos todos esses para fazer esta obra-prima, mas valeu a pena. Não esperava ficar fã de ballet e para isso acontecer bastou a primeira cena. Esperava um filme grandioso e não saí defraudado. Isto sim é cinema.
Título Original: "Black Swan" (EUA, 2010) Realização: Darren Aronofsky Argumento: Mark Heyman, Andres Heinz, John J. McLaughlin Intérpretes: Natalie Portman, Mila Kunis, Vincent Cassel, Winona Ryder, Barbara Hershey Música: Clint Mansell Fotografia: Matthew Libatique Género: Drama, Fantasia, Thriller Duração: 108 min. Sítio Oficial: http://www.foxsearchlight.com/blackswan |
2 comentários:
É cinema sim!
Frank and Hall's Stuff
Apaixonante
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