Entre a vida e a morte
Quanto mais avança a ciência, mais o desconhecido nos fascina. Eastwood aborda o cinema fantástico arriscando-se logo num tema polémico como o paranormal, o que há para além da vida e a comunicação entre mundos. A temática não costuma ser abordada de forma tão séria. Ou é um pseudo-documentário com pessoas supostamente sérias a falarem do tema, ou é uma obra de ficção que o explora e desrespeita. Aqui temos o meio termo.
Há três histórias simultaneamente em curso. Primeiro temos o casal francês em férias asiáticas que vê a morte de perto. A pivot televisiva Marie Lelay (Cécile De France) fica transtornada com o que vivenciou e vai usar o faro de repórter para aprofundar a investigação. Depois há os irmãos gémeos (Frankie e George McLaren ) que lutam diariamente para manter a própria custódia com uma mãe que não consegue corresponder aos esforços. Finalmente há um médium (Matt Damon) prematuramente reformado devido à fama e ao stress que quer deixar o passado para trás enquanto o destino e o irmão o arrastam de volta para o que sabe fazer melhor. Vivem em três cidades aparentemente afastadas, San Francisco, Londres e Paris, mas as suas histórias vão convergir em Dickens.
A versão francesa é a investigação. Diálogos bem construídos e teorias sólidas sobre o além (se são credíveis depende de cada um). Poderia derivar num thriller. Nas ilhas britânicas é um caso de necessidade de comunicação entre mundos. O cinema costuma usar para entrar no terror. Finalmente o americano tem toda a parte mediática, o cepticismo, o negócio e o aproveitamento das próprias capacidades (ou da credulidade alheia) para proveito póprio. Todos representam de alguma forma o sofrimento dos que ficam.
Custa dizer ano após ano que Clint Eastwood é o melhor realizador vivo quando os seus filmes estão a descer constantemente de qualidade. Em "Mystic River" e em "Flags+Letters" foi soberbo, em "Million Dolar Baby" foi aclamado, fez uma estupenda auto-homenagem em "Gran Torino", e "Changeling" também foi um grande filme. Desde então tem vindo a perder fulgor como em "Invictus" e agora em "Hereafter". Não é que seja um mau filme. Aqui de mau só os efeitos especiais, incapazes de corresponder ao grau de exigência logo nos instantes iniciais. A narrativa tem interesse e os actores são perfeitamente capazes de desempenhar os seus papéis, mas o filme termina sem que a história tenha chegado a um ponto definido. Houve um acumular de momentos encadeados, a vida das personagens mudou, mas para quem assiste falta uma moral, um desfecho. Sem isso um filme não é recordado e um filme que não é lembrado é como se não tivesse existido. Serve apenas para o momento, para passar o tempo entretido numa sala de cinema.
Quanto mais avança a ciência, mais o desconhecido nos fascina. Eastwood aborda o cinema fantástico arriscando-se logo num tema polémico como o paranormal, o que há para além da vida e a comunicação entre mundos. A temática não costuma ser abordada de forma tão séria. Ou é um pseudo-documentário com pessoas supostamente sérias a falarem do tema, ou é uma obra de ficção que o explora e desrespeita. Aqui temos o meio termo.
Há três histórias simultaneamente em curso. Primeiro temos o casal francês em férias asiáticas que vê a morte de perto. A pivot televisiva Marie Lelay (Cécile De France) fica transtornada com o que vivenciou e vai usar o faro de repórter para aprofundar a investigação. Depois há os irmãos gémeos (Frankie e George McLaren ) que lutam diariamente para manter a própria custódia com uma mãe que não consegue corresponder aos esforços. Finalmente há um médium (Matt Damon) prematuramente reformado devido à fama e ao stress que quer deixar o passado para trás enquanto o destino e o irmão o arrastam de volta para o que sabe fazer melhor. Vivem em três cidades aparentemente afastadas, San Francisco, Londres e Paris, mas as suas histórias vão convergir em Dickens.
A versão francesa é a investigação. Diálogos bem construídos e teorias sólidas sobre o além (se são credíveis depende de cada um). Poderia derivar num thriller. Nas ilhas britânicas é um caso de necessidade de comunicação entre mundos. O cinema costuma usar para entrar no terror. Finalmente o americano tem toda a parte mediática, o cepticismo, o negócio e o aproveitamento das próprias capacidades (ou da credulidade alheia) para proveito póprio. Todos representam de alguma forma o sofrimento dos que ficam.
Custa dizer ano após ano que Clint Eastwood é o melhor realizador vivo quando os seus filmes estão a descer constantemente de qualidade. Em "Mystic River" e em "Flags+Letters" foi soberbo, em "Million Dolar Baby" foi aclamado, fez uma estupenda auto-homenagem em "Gran Torino", e "Changeling" também foi um grande filme. Desde então tem vindo a perder fulgor como em "Invictus" e agora em "Hereafter". Não é que seja um mau filme. Aqui de mau só os efeitos especiais, incapazes de corresponder ao grau de exigência logo nos instantes iniciais. A narrativa tem interesse e os actores são perfeitamente capazes de desempenhar os seus papéis, mas o filme termina sem que a história tenha chegado a um ponto definido. Houve um acumular de momentos encadeados, a vida das personagens mudou, mas para quem assiste falta uma moral, um desfecho. Sem isso um filme não é recordado e um filme que não é lembrado é como se não tivesse existido. Serve apenas para o momento, para passar o tempo entretido numa sala de cinema.
Título Original: "Hereafter" (EUA, 2010) Realização: Clint Eastwood Argumento: Peter Morgan Intérpretes: Cécile De France, Matt Damon, Jay Mohr, Frankie McLaren, George McLaren, Bryce Dallas Howard Música: Clint Eastwood Fotografia: Tom Stern Género: Drama, Fantasia Duração: 129 min. Sítio Oficial: http://hereafter.warnerbros.com/ |
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