Quem acompanhou os nomeados dos Golden Globes talvez tenha ficado surpreendido com a nomeação de Emma Stone para melhor actriz de comédia. Actriz secundária de filmes como "House Bunny", "Super Bad", "Ghosts of Girlfriends Past" e mais recentemente de "Zombieland", o que teria feito em 2010 para ser escolhida junto com o também nomeado (em Drama) Andrew Garfield para a saga do Spider-Man? Foi precisamente "Easy A".
Olive Penderghast é uma jovem invisível no seu liceu. Rhiannon, a sua única amiga, por vezes é uma chata e Olive vê-se obrigada a mentir para escapar aos seus planos. Uma vez diz simplesmente que tem um encontro. O único encontro que tem é com a lima das unhas e músicas azeiteiras que ouve até à exaustão. Segunda-feira Rhiannon pergunta-lhe que tal o encontro e ela diz que o fim-de-semana foi muito bem passado insinuando que houve sexo. Quem também ouve é a líder da clube do celibato que a considera uma alma perdida. O boato espalha-se e Olive aprecia a atenção. Até que começa a cobrar vales de desconto aos rapazes pelo direito de simplesmente dizer que dormiram com ela e rapidamente perde o controlo da situação.
Este filme está repleto de detalhes incríveis, provando que um bom argumento é a base para um grande filme. Para começar é uma modernização inteligente do conto "The Scarlet Letter". Como nas aulas estão a estudar o clássico, Olive para justificar o vestiário e comportamento perante os professores começa a fazer um paralelismo entre a sua vida escolar e a da personagem adúltera. Tudo o que acontece ao longo do filme tem um significado para perceber noutra cena. E se não for percebido à primeira também não faz falta, pode ser ao segundo visionamento.
Em segundo lugar a família Penderghast é a mais funcional do cinema moderno. Enquanto outras primam pela desfuncionalidade, pai, mãe, Olive e irmão adoptivo construiram uma coesa barreira entre eles e o mundo. Naquele lar há confiança, humor, liberdade, tudo. Alguns dos diálogos são deliciosamente brilhantes. Isso explica como Olive se arrisca numa brincadeira destas sem nunca ser questionada pelos pais.
Finalmente na escola Mr. Griffith é o professor ideal criando uma versão formal do delirante lar. Discute assuntos sérios através da ironia fomentando o desenvolvimento pessoal além do intelectual. Com todos estes incentivos Olive tinha mesmo de ser uma pessoa fora de série e prova-o ao longo do filme.
Assentar em alguém tão jovem um filme que causa satisfação intelectual é arriscado, mas correu muito bem. Emma Stone é o filme do início ao fim. É injusto quando actores consagrados como Patricia Clarkson, Stanley Tucci e Thomas Haden Church se saem tão bem, contudo quando comparados com a Olive que Stone construiu são medianos. Também destaco Amanda Bynes, finalmente como a "vilã" (é a líder do grupo de religioso) num filme para adolescentes e muito mais convincente do que como a heroína desajeitada que interpretou tantas vezes. Há mais actores, mas este grupo proporciona a quase totalidade dos momentos de luxo do filme.
O sexo que supostamente seria o tema em destaque acaba por ser apenas uma peça de um grande conjunto de temas abordados sobre ser adolescente, sobre imagem e sobre crescer. Foi feito por uma geração mais velha, os novos já não são assim, mas se quem o fosse ver estivesse nessa fase da vida percebia a mensagem? O filme é para ver com gosto, rever muitas vezes e recordar.
Fica a pergunta: quando estreará por cá? A data inicial de Novembro já passou há muito e a publicidade nos Globos não foi aproveitada.
Olive Penderghast é uma jovem invisível no seu liceu. Rhiannon, a sua única amiga, por vezes é uma chata e Olive vê-se obrigada a mentir para escapar aos seus planos. Uma vez diz simplesmente que tem um encontro. O único encontro que tem é com a lima das unhas e músicas azeiteiras que ouve até à exaustão. Segunda-feira Rhiannon pergunta-lhe que tal o encontro e ela diz que o fim-de-semana foi muito bem passado insinuando que houve sexo. Quem também ouve é a líder da clube do celibato que a considera uma alma perdida. O boato espalha-se e Olive aprecia a atenção. Até que começa a cobrar vales de desconto aos rapazes pelo direito de simplesmente dizer que dormiram com ela e rapidamente perde o controlo da situação.
Este filme está repleto de detalhes incríveis, provando que um bom argumento é a base para um grande filme. Para começar é uma modernização inteligente do conto "The Scarlet Letter". Como nas aulas estão a estudar o clássico, Olive para justificar o vestiário e comportamento perante os professores começa a fazer um paralelismo entre a sua vida escolar e a da personagem adúltera. Tudo o que acontece ao longo do filme tem um significado para perceber noutra cena. E se não for percebido à primeira também não faz falta, pode ser ao segundo visionamento.
Em segundo lugar a família Penderghast é a mais funcional do cinema moderno. Enquanto outras primam pela desfuncionalidade, pai, mãe, Olive e irmão adoptivo construiram uma coesa barreira entre eles e o mundo. Naquele lar há confiança, humor, liberdade, tudo. Alguns dos diálogos são deliciosamente brilhantes. Isso explica como Olive se arrisca numa brincadeira destas sem nunca ser questionada pelos pais.
Finalmente na escola Mr. Griffith é o professor ideal criando uma versão formal do delirante lar. Discute assuntos sérios através da ironia fomentando o desenvolvimento pessoal além do intelectual. Com todos estes incentivos Olive tinha mesmo de ser uma pessoa fora de série e prova-o ao longo do filme.
Assentar em alguém tão jovem um filme que causa satisfação intelectual é arriscado, mas correu muito bem. Emma Stone é o filme do início ao fim. É injusto quando actores consagrados como Patricia Clarkson, Stanley Tucci e Thomas Haden Church se saem tão bem, contudo quando comparados com a Olive que Stone construiu são medianos. Também destaco Amanda Bynes, finalmente como a "vilã" (é a líder do grupo de religioso) num filme para adolescentes e muito mais convincente do que como a heroína desajeitada que interpretou tantas vezes. Há mais actores, mas este grupo proporciona a quase totalidade dos momentos de luxo do filme.
O sexo que supostamente seria o tema em destaque acaba por ser apenas uma peça de um grande conjunto de temas abordados sobre ser adolescente, sobre imagem e sobre crescer. Foi feito por uma geração mais velha, os novos já não são assim, mas se quem o fosse ver estivesse nessa fase da vida percebia a mensagem? O filme é para ver com gosto, rever muitas vezes e recordar.
Fica a pergunta: quando estreará por cá? A data inicial de Novembro já passou há muito e a publicidade nos Globos não foi aproveitada.
Título Original: "Easy A" (EUA, 2010) Realização: Will Gluck Argumento: Bert V. Royal Intérpretes: Emma Stone, Patricia Clarkson, Stanley Tucci, Amanda Bynes, Thomas Haden Church, Dan Byrd, Alyson Michalka, Cam Gigandet, Lisa Kudrow, Penn Badgley, Malcolm McDowell Música: Brad Segal Fotografia: Michael Grady Género: Comédia, Romance Duração: 92 min. Sítio Oficial: http://www.letsnotandsaywedid.com/ |
3 comentários:
Cá é direct-to-DVD! Não vai estrear nos cinemas. Chega a 22 de Março ao mercado de aluguer pela Sony/Pris... :\
Acabei de o ver. Muito bom.
Este filme foi vítima de dois dos mais comuns erros na distribuição cinematográfica em Portugal: não estreou no cinema e vai ter, em português, o horrível título "Ela é fácil". Enfim...
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