Para diluir um pouco o tema Fantasporto, voltarei a falar dos filmes nomeados a Oscar. Lentamente, uma por dia, publicarei as críticas que estão em atraso. Começando por um dos melhores filmes em falta, "Rabbit Hole".
Becca e Howie são um casal com uma vida social reduzida. Howie ainda joga squach, mas Becca reduziu ao máximo o contacto com pessoas de fora da família. O trauma que a impede de conviver foi a perda do filho, atropelado por um adolescente. Já se passaram oito meses, mas o máximo que consegue sair do conforto do lar é até à casa da mãe ou à terapia de grupo. Até que por uma ironia do destino cruza-se com o jovem que atropelou a criança. Esse reencontro vai aumentar a dor, mas vai iniciar um processo de aceitação.
Não há maior dor do que perder um filho. É essa a premissa de onde parte "Rabbit Hole" para um drama de qualidade superior. Adaptado de uma peça de teatro, nota-se a influência da arte irmã. Tudo o que está para além dos actores é secundário e apoia-se exclusivamente nas suas performances. Dianne Weist como uma mãe sem sentido de oportunidade, Sandra Oh como uma mãe enlutada há anos, Miles Teller como o condutor azarado, Aaron Eckhart como o pai que quer seguir em frente e Nicole Kidman como a mãe em sofrimento. Diferentes formas de lidar com a perda, sofrida ou causada, uma viagem por estados de espírito opostos, que ou pretendem ajudar a mitigar a dor ou a aumentá-la, numa auto-flagelação que só quem sentiu compreenderá.
O título é uma referência ao País das Maravilhas para onde gostariam de escapar e esquecer a realidade.
Quando o cinema dispensa os artifícios técnicos obriga os actores a darem tudo. Esse extravasamento de emoções chega ao espectador com enorme potência e, apesar do início lento, depressa se torna hipnotizante. O desgastar do casamento, a comparação entre duas mortes e, perdoem-me a insistência, a forma de cada um lidar com a perda, são tratados de forma sublime.
A nomeação singular aos Oscares pode parecer injusta pelo grande filme que é, mas ironicamente torna-se a mais justa possível. Porque o filme vive dos actores e Kidman se sobrepõe a todos eles num papel que recorda a enorme actriz que é e que tinhamos saudades de ver em acção. Não só é a pedra basilar do filme, como seria a actriz do ano, não fosse este o ano de Portman.
Um argumento brilhante, uma actriz magnífica, uma realização competente, uma sucessão de acontecimentos perfeita e a duração ideal para um tema tão desconfortável fazem deste filme um dos melhores do ano.
Becca e Howie são um casal com uma vida social reduzida. Howie ainda joga squach, mas Becca reduziu ao máximo o contacto com pessoas de fora da família. O trauma que a impede de conviver foi a perda do filho, atropelado por um adolescente. Já se passaram oito meses, mas o máximo que consegue sair do conforto do lar é até à casa da mãe ou à terapia de grupo. Até que por uma ironia do destino cruza-se com o jovem que atropelou a criança. Esse reencontro vai aumentar a dor, mas vai iniciar um processo de aceitação.
Não há maior dor do que perder um filho. É essa a premissa de onde parte "Rabbit Hole" para um drama de qualidade superior. Adaptado de uma peça de teatro, nota-se a influência da arte irmã. Tudo o que está para além dos actores é secundário e apoia-se exclusivamente nas suas performances. Dianne Weist como uma mãe sem sentido de oportunidade, Sandra Oh como uma mãe enlutada há anos, Miles Teller como o condutor azarado, Aaron Eckhart como o pai que quer seguir em frente e Nicole Kidman como a mãe em sofrimento. Diferentes formas de lidar com a perda, sofrida ou causada, uma viagem por estados de espírito opostos, que ou pretendem ajudar a mitigar a dor ou a aumentá-la, numa auto-flagelação que só quem sentiu compreenderá.
O título é uma referência ao País das Maravilhas para onde gostariam de escapar e esquecer a realidade.
Quando o cinema dispensa os artifícios técnicos obriga os actores a darem tudo. Esse extravasamento de emoções chega ao espectador com enorme potência e, apesar do início lento, depressa se torna hipnotizante. O desgastar do casamento, a comparação entre duas mortes e, perdoem-me a insistência, a forma de cada um lidar com a perda, são tratados de forma sublime.
A nomeação singular aos Oscares pode parecer injusta pelo grande filme que é, mas ironicamente torna-se a mais justa possível. Porque o filme vive dos actores e Kidman se sobrepõe a todos eles num papel que recorda a enorme actriz que é e que tinhamos saudades de ver em acção. Não só é a pedra basilar do filme, como seria a actriz do ano, não fosse este o ano de Portman.
Um argumento brilhante, uma actriz magnífica, uma realização competente, uma sucessão de acontecimentos perfeita e a duração ideal para um tema tão desconfortável fazem deste filme um dos melhores do ano.
Título Original: "Rabbit Hole" (EUA, 2010) Realização: John Cameron Mitchell Argumento: David Lindsay-Abaire Intérpretes: Nicole Kidman, Aaron Eeckhart, Dianne Weist, Miles Teller, Sandra Oh Música: Anton Sanko Fotografia: Frank G. DeMarco Género: Drama Duração: 91 min. Sítio Oficial: http://www.rabbitholefilm.com/ |
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