“[...] there's nothing fake about Truman himself. No scripts, no cue cards. It isn't always Shakespeare, but it's genuine. It's a life.” É com estas linhas que começa um dos filmes fundamentais para compreender a arte de filmar.
Enquanto o cinema ganhou fama a trazer magia, a televisão sempre esteve limitada pela obrigação de trazer a realidade. Antecipando o que viria a ser a década dos reality shows, “The Truman Show” apresenta-nos a utopia dos mundos de ficção. Neste argumento Trumanocêntrico todos vivem em função de um homem. Ele não sabe, mas tudo o que faz é filmado e enquanto se revela nas relações que tem, todos os outros fingem emoções. E o mundo assiste entretido a um possível atentado à liberdade de um indivíduo, forçado a passar toda a existência numa caverna de Platão com câmaras 24 horas por dia.
Os debates sobre a liberdade de Truman, coagido através de uma manipulação cuidada a permanecer no mega-estúdio, serão imensos. Contudo aqui o fundamental é estudar de que forma se consegue coordenar um projecto que transcende tudo o que já foi feito. Dirigir milhares de figurantes numa rotina diária, filmada em tempo real, sem direito a férias, fins-de-semana, ou sequer a segundos takes, onde uma frase mal dita pode arruinar o trabalho de uma geração. Um projecto megalómano que cada vez é menos ficção. A única coisa que parece impossível é conseguir manter a audiência interessada no mesmo programa por tantos anos.
O que Truman tem de especial é não saber que está a ser filmado. É uma pessoa humilde e delicada, simpática para com os vizinhos (como se pode esquecer o “Good morning, and in case I don't see ya, good afternoon, good evening, and good night!”?) trabalhador mais ou menos dedicado e com um sonho. Tem também taras e hábitos que não confessa (como cortar revistas). Resumidamente, Truman é um ser humano. Tal como é dito no monólogo de abertura, a maior riqueza do programa é ser autêntico, aquilo que falta na televisão de hoje.
Juntando estrelas como Jim Carrey, Laura Linney, Ed Harris, Paul Giamatti e Natascha McElhone, este argumento de Andrew Niccol levado à tela por Peter Weir foi demasiado ambicioso e dividiu público, crítica e prémios. Só a televisão foi unânime, em nunca gostar dele.
Esta sátira futurista é dos filmes mais ambiciosos que já foram feitos e uma crítica muito forte ao mundo da TV. Contudo prenunciou o renascer da TV, com uma tal capacidade de produção que fez muitos estúdios corarem de vergonha. Tem um toque bem marcado de artificialidade e por isso não agradou a muitos, mas é a melhor combinação da complexidade de uma grande produção com filosofia e a imprevisibilidade do ser humano. Daqueles poucos em que uma cena totalmente lamechas merece ser aplaudida em pé.
Enquanto o cinema ganhou fama a trazer magia, a televisão sempre esteve limitada pela obrigação de trazer a realidade. Antecipando o que viria a ser a década dos reality shows, “The Truman Show” apresenta-nos a utopia dos mundos de ficção. Neste argumento Trumanocêntrico todos vivem em função de um homem. Ele não sabe, mas tudo o que faz é filmado e enquanto se revela nas relações que tem, todos os outros fingem emoções. E o mundo assiste entretido a um possível atentado à liberdade de um indivíduo, forçado a passar toda a existência numa caverna de Platão com câmaras 24 horas por dia.
Os debates sobre a liberdade de Truman, coagido através de uma manipulação cuidada a permanecer no mega-estúdio, serão imensos. Contudo aqui o fundamental é estudar de que forma se consegue coordenar um projecto que transcende tudo o que já foi feito. Dirigir milhares de figurantes numa rotina diária, filmada em tempo real, sem direito a férias, fins-de-semana, ou sequer a segundos takes, onde uma frase mal dita pode arruinar o trabalho de uma geração. Um projecto megalómano que cada vez é menos ficção. A única coisa que parece impossível é conseguir manter a audiência interessada no mesmo programa por tantos anos.
O que Truman tem de especial é não saber que está a ser filmado. É uma pessoa humilde e delicada, simpática para com os vizinhos (como se pode esquecer o “Good morning, and in case I don't see ya, good afternoon, good evening, and good night!”?) trabalhador mais ou menos dedicado e com um sonho. Tem também taras e hábitos que não confessa (como cortar revistas). Resumidamente, Truman é um ser humano. Tal como é dito no monólogo de abertura, a maior riqueza do programa é ser autêntico, aquilo que falta na televisão de hoje.
Juntando estrelas como Jim Carrey, Laura Linney, Ed Harris, Paul Giamatti e Natascha McElhone, este argumento de Andrew Niccol levado à tela por Peter Weir foi demasiado ambicioso e dividiu público, crítica e prémios. Só a televisão foi unânime, em nunca gostar dele.
Esta sátira futurista é dos filmes mais ambiciosos que já foram feitos e uma crítica muito forte ao mundo da TV. Contudo prenunciou o renascer da TV, com uma tal capacidade de produção que fez muitos estúdios corarem de vergonha. Tem um toque bem marcado de artificialidade e por isso não agradou a muitos, mas é a melhor combinação da complexidade de uma grande produção com filosofia e a imprevisibilidade do ser humano. Daqueles poucos em que uma cena totalmente lamechas merece ser aplaudida em pé.
Título Original: "The Truman Show" (EUA, 1998) Realização: Peter Weir Argumento: Andrew Niccol Intérpretes: Jim Carrey, Noah Emmerich, Laura Linney, Ed Harris, Natascha McElhona Música: Burkhard von Dallwitz Fotografia: Peter Biziou Género: Comédia, Drama, Ficção-Científica Duração: 103 min. |
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