"Meat" por Nuno Reis
Intragável
Tinha sido alertado que era um filme experimental e sabia qual era o tema, mas nada me tinha preparado para o que ia ver. O talho onde a maior parte da acção se desenrola tem um aspecto quase normal, contudo os seus ocupantes não são exactamente o que se pode considerar normal. Escrito pela ousada Maartje Seyferth, tem uma visão pouco simpática dos homens.
Titus Muizelaar é o talhante. Obcecado pelo sexo, fá-lo quando pode, onde pode, com quem pode. Não se preocupa com as mulheres que trata como meros objectos. A outra personagem masculina importante é o detective, interpretado pelo mesmo actor e também ele enxovalhado pela perspectiva feminina. Preguiçoso, incompetente, incapaz de fazer a sua parte do trabalho em manter uma relação. Os restantes são quase adereços cénicos, sem identidade. Não, Seyferth não tem boa opinião dos homens.
Do lado feminino há três personagens. Uma bastante activa sexualmente que se move com destreza no meio masculino, não se percebendo se é usada ou se usa os homens. Uma fraca que é destruída pela indiferença masculina. E finalmente uma terceira, a jovem e influenciável Roxy, que define a sua sexualidade pelo exemplo destas personagens. Não se pode dizer que a visão sobre as mulheres seja muito melhor...
Por entre o negócio da carne (não é eufemismo, estou mesmo a falar do talho) Roxy vai observando e filmando os comportamentos marginais. Essa câmara nas mãos da personagem dá-nos planos complementares da narrativa principal e permite-nos assistir a uma das cenas mais poderosas do filme. Excepção rara desta longa-metragem dominada pelos planos artísticos poucos convencionais que aumentam a perturbação visual numa obra cujo argumento já não era fácil. A realização a quatro mãos entre uma argumentista e um director de fotografia não é autónoma desses interesses. Foi sujeitada aos desejos de quem queria contar uma história e de quem queria mostrar essa história por imagens, não sendo nunca a entidade moderadora das várias componentes da arte cinematográfica.
Tal como um prato gourmet, podem todos dizer que é melhor, mas para a maioria, apesar de não saber propriamente mal, saberá sempre a pouco.
Tinha sido alertado que era um filme experimental e sabia qual era o tema, mas nada me tinha preparado para o que ia ver. O talho onde a maior parte da acção se desenrola tem um aspecto quase normal, contudo os seus ocupantes não são exactamente o que se pode considerar normal. Escrito pela ousada Maartje Seyferth, tem uma visão pouco simpática dos homens.
Titus Muizelaar é o talhante. Obcecado pelo sexo, fá-lo quando pode, onde pode, com quem pode. Não se preocupa com as mulheres que trata como meros objectos. A outra personagem masculina importante é o detective, interpretado pelo mesmo actor e também ele enxovalhado pela perspectiva feminina. Preguiçoso, incompetente, incapaz de fazer a sua parte do trabalho em manter uma relação. Os restantes são quase adereços cénicos, sem identidade. Não, Seyferth não tem boa opinião dos homens.
Do lado feminino há três personagens. Uma bastante activa sexualmente que se move com destreza no meio masculino, não se percebendo se é usada ou se usa os homens. Uma fraca que é destruída pela indiferença masculina. E finalmente uma terceira, a jovem e influenciável Roxy, que define a sua sexualidade pelo exemplo destas personagens. Não se pode dizer que a visão sobre as mulheres seja muito melhor...
Por entre o negócio da carne (não é eufemismo, estou mesmo a falar do talho) Roxy vai observando e filmando os comportamentos marginais. Essa câmara nas mãos da personagem dá-nos planos complementares da narrativa principal e permite-nos assistir a uma das cenas mais poderosas do filme. Excepção rara desta longa-metragem dominada pelos planos artísticos poucos convencionais que aumentam a perturbação visual numa obra cujo argumento já não era fácil. A realização a quatro mãos entre uma argumentista e um director de fotografia não é autónoma desses interesses. Foi sujeitada aos desejos de quem queria contar uma história e de quem queria mostrar essa história por imagens, não sendo nunca a entidade moderadora das várias componentes da arte cinematográfica.
Tal como um prato gourmet, podem todos dizer que é melhor, mas para a maioria, apesar de não saber propriamente mal, saberá sempre a pouco.