Alguns acontecimentos cíclicos fazem com que se repare no passar dos anos. Há quem se reja pelos aniversários, por feriados especiais, pela Primavera ou pelas férias de Verão. Os cinéfilos preferem a regularidade de Woody Allen que desde 1977 realiza anualmente uma longa-metragem para cinema (excepto 1981 que nao fez nenhuma e 1987 que fez duas). 2012 não abre terceira excepção e por isso foi filmar para Roma com amor. Nova Iorque era o seu campo de eleição e foi lá que deixou a sua marca. Ultimamente tem percorrido o mundo e em Paris também tem sido extremamente sem sucedido. Seria a capital italiana uma cidade tão acolhedora? Roma não é Paris e nunca será Nova Iorque. É pouco mais que uma cidade anónima e não sendo um filme de Allen seria um filme a evitar.
Logo no início o narrador é original. O nosso guia pela cidade e pelas pessoas que a habitam é um polícia sinaleiro, figura em vias de extinção que é encarada como produto típico italiano (ou não fossem eles famosos por gesticularem demasiado). As pessoas que este agente da autoridade nos aponta são recém-casados vindos da província, alguns estrangeiros a passear pelos locais pitorescos e o comum cidadão da capital. A visão que Allen nos traz de Roma para turista ver é muito simples e não é mais cativante que um postal turístico. A componente que importa é sempre o retrato humano e aqui esmerou-se. Vamos simplificar e dizer que tem uma dúzia de personagens relevantes. Enquanto alguns são meros decoros, ou escapes humorísticos, tem também indivíduos retirados do teatro clássico. O elenco de vedetas esbanja talento como nunca - Alec Baldwin subaproveitado, Ellen Page a repetir o que Scarlett Johansson já foi, assim como Penelope Cruz não chega aos pés de Mira Sorvino e Jesse Eisenberg repete frases que Larry David usou - apenas Allen igual a ele mesmo e Roberto Benigni idem aspas se pode dizer que salvam o filme. Já tinhamos saudades destes dois comediantes e são os actores/realizadores que se sacrificam em prol da sátira social.
Allen é o reformado que não o quer ser e tudo faz para retomar a actividade artística onde era incompreendido, arrastando muita gente inocente pelo caminho. Benigni tem outro conto para brilhar sozinho a ser ele próprio, o Allen europeu. É o anónimo que revela o ridículo do culto das celebridades, da importância dada às frases vazias, da demência em que parecemos viver. Quase que numa história à parte temos um encantador casal a tentar adaptar-se à grande cidade e a manter a sua integridade numa sociedade sem valores. E finalmente a história da actriz desiludida com a vida que vai arejar e arruina a vida de todos os que a rodeiam. Uma tragédia eminente para quebrar a alegria das restantes histórias e onde finalmente se vê uma Ellen Page sensual.
A sequência que tomam não segue qualquer lógica, podendo uma das tramas avançar ao ritmo de minutos enquanto outra galopa horas ou dias, mas por entre o emaranhado que nos é apresentado como retalhos aleatórios de uma cidade vibrante onde as pessoas são abençoadas todos os dias, passam as quatro morais. É demasiado, pois assim talvez nenhuma seja lembrada. Isso vai obrigar a rever o filme algumas vezes.
Logo no início o narrador é original. O nosso guia pela cidade e pelas pessoas que a habitam é um polícia sinaleiro, figura em vias de extinção que é encarada como produto típico italiano (ou não fossem eles famosos por gesticularem demasiado). As pessoas que este agente da autoridade nos aponta são recém-casados vindos da província, alguns estrangeiros a passear pelos locais pitorescos e o comum cidadão da capital. A visão que Allen nos traz de Roma para turista ver é muito simples e não é mais cativante que um postal turístico. A componente que importa é sempre o retrato humano e aqui esmerou-se. Vamos simplificar e dizer que tem uma dúzia de personagens relevantes. Enquanto alguns são meros decoros, ou escapes humorísticos, tem também indivíduos retirados do teatro clássico. O elenco de vedetas esbanja talento como nunca - Alec Baldwin subaproveitado, Ellen Page a repetir o que Scarlett Johansson já foi, assim como Penelope Cruz não chega aos pés de Mira Sorvino e Jesse Eisenberg repete frases que Larry David usou - apenas Allen igual a ele mesmo e Roberto Benigni idem aspas se pode dizer que salvam o filme. Já tinhamos saudades destes dois comediantes e são os actores/realizadores que se sacrificam em prol da sátira social.
Allen é o reformado que não o quer ser e tudo faz para retomar a actividade artística onde era incompreendido, arrastando muita gente inocente pelo caminho. Benigni tem outro conto para brilhar sozinho a ser ele próprio, o Allen europeu. É o anónimo que revela o ridículo do culto das celebridades, da importância dada às frases vazias, da demência em que parecemos viver. Quase que numa história à parte temos um encantador casal a tentar adaptar-se à grande cidade e a manter a sua integridade numa sociedade sem valores. E finalmente a história da actriz desiludida com a vida que vai arejar e arruina a vida de todos os que a rodeiam. Uma tragédia eminente para quebrar a alegria das restantes histórias e onde finalmente se vê uma Ellen Page sensual.
A sequência que tomam não segue qualquer lógica, podendo uma das tramas avançar ao ritmo de minutos enquanto outra galopa horas ou dias, mas por entre o emaranhado que nos é apresentado como retalhos aleatórios de uma cidade vibrante onde as pessoas são abençoadas todos os dias, passam as quatro morais. É demasiado, pois assim talvez nenhuma seja lembrada. Isso vai obrigar a rever o filme algumas vezes.
Título Original: "To Rome With Love" (EUA, Espanha, Itália, 2012) Realização: Woody Allen Argumento: Woody Allen Intérpretes: Judy Davis, Flavio Parenti, Roberto Benigni, Alison Pill, Alessandro Tiberi, Alessandra Mastronardi, Alec Baldwin, Riccardo Scamarcio, Woody Allen, Jesse Eisenberg, Greta Gerwig, Penélope Cruz, Ellen Page Fotografia: Darius Khondji Género: Comédi, Drama, Romance Duração: 112 min. Sítio Oficial: http://sonyclassics.com/toromewithlove/ |
0 comentários:
Enviar um comentário