19 de outubro de 2015

Sessão especial de "Regresso ao Futuro 2" dia 21

Aula Magna, Regresso ao Futuro 2
A Aula Magna em Lisboa irá celebrar o dia 21 de Outubro de 2015 com a única sessão dupla que devem ver nesse dia.

Para comemorar os 30 anos do filme e a data em que supostamente Marty visita a sua futura vida, será exibido o documentário "Back in Time" sobre a trilogia Regresso ao Futuro. O documentário conta com entrevistas com o actor Michael J. Fox, o realizador Robert Zemeckis, o produtor Steven Spielberg e outras estrelas do elenco, uma reportagem com os fãs e a icónica história da substituição de Eric Stoltz cinco semanas após começarem as filmagens.

A sessão especial na Aula Magna contará com a exibição do filme "Regresso ao Futuro II" e a estreia (e sessão única) do documentário "Back in Time" em Portugal.

A entrada é livre.

92 anos de Disney em 92 segundos

Com o passar do tempo, vamo-nos apercebendo da influência que a Disney teve em cada um de nós e dos cineastas que por aí andam. Neste breve vídeo a propósito do aniversário não estão as melhores cenas ou as mais memoráveis que já nos trouxeram, mas´é o suficiente para despertar memórias de muitas idas ao cinemas e de cassetes VHS que foram rodadas para trás e para a frentes vezes infinitas.

18 de outubro de 2015

Uma dupla de VJ's criou triciclos projectores


A dupla chama-se vjsuave e com os Suaveciclos, triciclos adaptados com computador, projector e bateria, levam as projecções para a rua e transmitem mensagens através de desenhos, animações e poesias.

Suaveciclo by Vj Suave


De momento têm quatro curtas-metragens: Trip (2013), La cena (2012), Homeless (2011) e Run (2011).
A criação é feita a partir de desenhos, transformados em animação digital, depois usando técnicas de projeção, os personagens voam e correm pela paisagem urbana, misturando história animada com a vida real.

Podemos aprender muito com os filmes

Há sempre clássicos que nos animam e nos dão vontade de enfrentar a vida. Mas quantas vezes nos sentamos perante um filme recente e damos o mesmo valor aos seus ensinamentos? Acreditando que "All of life's riddles are answered in the movies" como dito por Steve Martin em "Grand Canyon", esta lista do IMDb revisita algumas grandes lições dos últimos 25 anos.


"What we do know is that, as the chemical window closed, another awakening took place; that the human spirit is more powerful than any drug, and that is what needs to be nourished with work, play, friendship, family. These are the things that matter. This is what we'd forgotten the simplest things." Dr. Malcolm Sayer (Robin Williams), Awakenings (1990)

"Power is when we have every justification to kill and we don't." Oskar Schindler,
Schindler0s List (1993)

"Remember, Red, hope is a good thing — maybe the best of things — and no good thing ever dies." Andy Dufresne, Shawshank Redemption (1994)

"Wyatt, you ever wonder why we been a part of so many unfortunate incidents, yet we're still walking around? I have figured it out. It's nothing much, just luck. And you know why it's nothing much, Wyatt? Because it doesn't matter much whether we are here today or not. I wake up every morning looking in the face of Death, and you know what? He ain't half bad. I think the secret old Mr. Death is holding is that it's better for some of us over on the other side. I know it can't be any worse for me. Maybe that's the place for your Maddie. For some people, this world ain't ever gonna be right." Doc Holliday (Dennis Quaid) para Wyatt Earp (Kevin Costner), Wyatt Earp (1994)

"Guilt is like a bag of f--kin' bricks. All ya gotta do is set it down." John Milton (Al Pacino), The Devil's Advocate (1997)

"The more we all know about each other, the greater the chance we will survive." Bill Parrish (Anthony Hopkins), Meet Joe Black (1998)

"Fear is the path to the dark side. Fear leads to anger. Anger leads to hate. Hate leads to suffering. I sense much fear in you." Yoda (Frank Oz), Star Wars Episode 1: The Phantom Menace (1999)

"It's only after we've lost everything that we're free to do anything." Tyler Durden (Brad Pitt), Fight Club (1999)

"It is not the spoon that bends, it is only yourself." Spoon Boy (Rowan Witt), The Matrix (1999)

"I always tell the girls, never take it seriously. If you never take it seriously, you never get hurt. If you never get hurt, you always have fun. And if you ever get lonely, just go to the record store and visit your friends." Penny Lane (Kate Hudson), Almost Famous (2000)

"Courage is not the absence of fear, but rather the judgment that something is more important than fear. The brave may not live forever, but the cautious do not live at all." Príncipe de Genovia, The Princess Diaries (2001)

"To feel. 'Cause you've never done it, you can never know it. But it's as vital as breath. And without it without love, without anger, without sorrow breath is just a clock ticking." Mary (Emily Watson) a John Preston (Christian Bale), Equilibrium (2002)

"Someone has to die in order that the rest of us should value life more." Virginia Woolf (Nicole Kidman), The Hours (2002)

"When the planes hit the Twin Towers, as far as I know, none of the phone calls from the people on board were messages of hate or revenge they were all messages of love. If you look for it, I've got a sneaky feeling you'll find that love actually is all around." The Prime Minister (Hugh Grant), Love Actually (2003)

"We've all got both light and darkness inside us. What matters is the part we choose to act on. That's who we really are." Sirius Black (Gary Oldman), Harry Potter: The Prisoner of Azkaban (2004)

"He gets down to the end of his life and he looks back and decides that all those years he suffered, those were the best years of his life because they made him who he was. All those years he was happy, you know, total waste. He didn't learn a thing." Frank (Steve Carrell), Little Miss Sunshine (2006)

"Now you're looking for the secret. But you won't find it because of course, you're not really looking. You don't really want to work it out. You want to be fooled." Cutter, The Prestige (2006)

"Instead of telling our young people to plan ahead, we should tell them to plan to be surprised." Dan Burns (Steve Carell), Dan in Real Life (2007)

"It is only on the brink that people find the will to change. Only at the precipice do we evolve." Professor Barnhardt (John Cleese), The Day the Earth Stood Still (2008)

"You see, Doctor, God didn't kill that little girl. Fate didn't butcher her and destiny didn't feed her to those dogs. If God saw what any of us did that night, he didn't seem to mind. From then on I knew... God doesn't make the world this way. We do." Rorschach, Watchmen (2009)

"Perfection is not just about control. It is also about letting go." Thomas Leroy (Vincent Cassel) Black Swan (2010)

"It's not a bad thing finding out that you don't have all the answers. You start asking the right questions." Erik Selvig (Stellan Skarsgård), Thor (2011)

"There should be no boundaries to human endeavor. We are all different. However bad life may seem, there is always something you can do and succeed at. While there is life, there is hope." Stephen Hawking (Eddie Redmayne), The Theory of Everything (2014)

" makes you think that elves are any more magical than something like a whale? You know what I mean? What if I told you a story about how underneath the ocean, there was this giant sea mammal that used sonar and sang songs and it was so big that its heart was the size of a car and you could crawl through the arteries? I mean, you'd think that was pretty magical, right?" Dad (Ethan Hawke) on being asked if magic exists by his son Mason (Ellar Coltrane), Boyhood (2014)

"All cowardice comes from not loving or not loving well, which is the same thing. And then the man who is brave and true looks death squarely in the face, like some rhino hunters I know or Belmonte, who is truly brave... It is because they make love with sufficient passion, to push death out of their minds... until it returns, as it does, to all men... and then you must make really good love again." Ernest Hemingway (Corey Stoll), Midnight in Paris (2011)

Que outras acrescentariam?

17 de outubro de 2015

"Life" por António Reis

Há vidas que davam filmes. Biopics como "Walk the Line" ou "Evita" são dois marcos de abordagens distintas do género. Desiludam-se todavia os que pensam que em “Life” estamos perante um biopic sobre James Dean. De facto este é um filme sobre um fotógrafo freelancer da Life que coincide um período da sua vida com James Dean, um rebelde à procura de uma causa. Anton Corbjin já tinha abordado o biopic em "Control" não renega as suas origens de fotógrafo e nesse sentido "Life" é um exercício de estilo sobre fotografia. Resistindo à tentação de nos dar uma imagem de Dean mais convencional, percorre pedaços de vida do actor, ainda que a centragem do filme recaia sobre Dennis Stock. Não por acaso a Life era a Bíblia das revistas e quem teve a felicidade de folhear algum número da revista, reconhece o seu conceito de que a melhor maneira de contar histórias não era por palavras, era sobretudo por imagens.

A personagem Dean surge-nos retratada como insegura, inconstante, imatura, incapaz de lidar com sucesso com a sua fama precoce e a pressão omnipresente dos estúdios. Dane DeHaan por vezes exagera na representação que o aproxima perigosamente da caricatura de James Dean. O fotógrafo Dennis Stock aproxima-se perigosamente do cliché do autor em busca do seu scoop, um paparazzi avant la lettre, ele próprio em conflito com o seu mundo. Curiosamente "Life" passa discretamente sobre as personagens femininas, mesmo a belíssima Pier Angeli (interpretada por Alessandra Mastronardi) e por uma ainda mais discreta referência a Natalie Wood. Reconheça-se a inegável qualidade estética da fotografia o que não faz esquecer que o guião se perde num labirinto de pistas, deixando-as penduradas sem resolução. A figura de Jack Warner é demasiado estereotipada e caricatural, as passadeiras vermelhas das estreias são pouco aprofundadas, as mudanças de cenário entre Nova Iorque, Indiana e Los Angeles não permitem desenvolver a estrutura dramática da narrativa e os dramas pessoas e familiares dos dois centros do enredo não têm tempo cinematográfico para dar consistência às personagens.

Filme interessante sobre um dos temas caros à nostalgia cinéfila, mas que sabe a pouco.
LifeTítulo Original: "Life" (Canadá, Alemanha, Austrália, EUA, 2015)
Realização: Anton Corbijn
Argumento: Luke Davies
Intérpretes: Robert Pattinson, Dane DeHaan, Alessandra Mastronardi, Ben Kingsley,
Música: Owen Pallett
Fotografia: Charlotte Bruus Christensen
Género: Biografia, Drama, Histórico
Duração: 111 min.
Sítio Oficial: http://lifethefilm.com

"Life" por Nuno Reis

While there’s Life, there’s hope.

O lema da revista Life além de ser muito simples é bem verdadeiro pois desde cedo se tornou uma referência imperdível e inimitável. A sua ideologia era que as imagens não precisavam de palavras a acompanhar e portanto poupavam no texto e abusavam nas imagens - desenhadas ou fotografadas por alguns dos maiores artistas da época - e o seu período dourado prolongou-se por mais de um século. Mesmo tendo fechado portas, o seu acervo tem continuado a fazer história e no que ao século XX diz respeito, ainda é o maior banco de imagens.
Este filme de Anton Corbijn, um fotógrafo, pode parecer ser sobre James Dean. Não é. Pode parecer ser sobre Dennis Stock. Não é. Pode então ser sobre a revista Life? Também não. É sobre a outra life, a que traduzimos como vida. É sobre a vida de James Dean, a de Dennis Stock, a das suas famílias, a vida nos anos 50, e, muito levemente, sobre a revista.
Tudo começa com Dennis Stock, um fotógrafo que vai a uma festa do grande Nicholas Ray. Perdido num meio que não é o seu, encontra um jovem também meio desenquadrado, Jimmy. Acha-o diferente, enigmático e fotogénico. Ao ouvir que Jimmy é actor e entrou num filme de Elia Kazan, decide que o vai fotografar e que a Life teria interesse na peça. Só que enquanto Stock é um fotógrafo experiente à procura da sua oportunidade de singrar, Jimmy, apenas dois anos mais novo, não quer a fama, as obrigações ou as responsabilidades. Só quer saber de actuar. Dois artistas com forte personalidade e que não se adaptam à sua era, terão de trabalhar juntos para se tornarem imortais.
Sem spoilar quem não conhecer a história de Dean, Stock vai consegui tirar as suas fotos. Vai apanhar um momento chave da vida de James Dean - as semanas antes de o mundo o descobrir em "East of Eden" – e vai conhecer a vida do actor como poucos. Vai conviver com muitas outras futuras estrelas, mas foi Jimmy quem o marcou.
Neste elenco fabuloso Robert Pattinson como Dennis consegue ser digno do substantivo protagonista que tantas vezes recebeu sem merecer, ofuscando Dane DeHaan que tenta dar vida ao rebelde sem causa. Entre os secundários o destaque óbvio vai para a deslumbrante Alessandra Mastronardi que interpreta Pier Angeli e é tão bela como ela. Uma nota ainda para Ben Kingsley como uma espécie de vilão de serviço, o homem de negócios que está a matar a magia do Cinema e quer tornar Dean num Cagney ou Bogart. Quanto ao filme em si, desilude. É um belíssimo exercício visual que honra a arte da fotografia, mas nada mais do que isso. Falha ao mostrar o lado humano, desvaloriza a Life tal como ela desvalorizou Dean (se bem que graças a Stock foi a primeira a conseguir capturar o ícone sem movimento), mantém a história em terreno seguro e apenas insinua tudo o que aconteceu.
Depois de "Control", esperávamos que Corbijn já dominasse a arte do biopic, mas deixou-se levar pela magia da Hollywood e da New York dos anos 50 e, divivido entre as duas personagens, permitiu ao actor mais experiente desequilibrar para si uma história que tinha de ser balanceada com tacto. Merece uma espreitadela se reconhecerem os nomes da época. Quanto a louvores à Life, será melhor reverem Walter Mitty.
LifeTítulo Original: "Life" (Canadá, Alemanha, Austrália, EUA, 2015)
Realização: Anton Corbijn
Argumento: Luke Davies
Intérpretes: Robert Pattinson, Dane DeHaan, Alessandra Mastronardi, Ben Kingsley,
Música: Owen Pallett
Fotografia: Charlotte Bruus Christensen
Género: Biografia, Drama, Histórico
Duração: 111 min.
Sítio Nâo-Oficial: http://lifethefilm.com

Entrevista a Jaco Van Dormael

Dormael, o herói

Presente no Festival de Sitges para apresentar o seu mais recente filme "Le Tout Nouveau Testament", Jaco Van Dormael, concedeu ao Antestreia uma curiosa entrevista onde nos falou da sua visão do cinema. Realizador dos multipremiados "Toto, Le Héros" e "Mr. Nobody" regressa com uma nova e melancólica visão do mundo e uma crítica feroz aos burocratas da nossa Bruxelas europeia.

Afinal Deus existe. Mas como é um idiota, vive em Bruxelas "onde faz as leis estúpidas para nos lixar a vida". A sua primeira recordação marcante do cinema fantástico foi "Bambi" "uma experiência maravilhosa e aterradora" o que apenas confirma Walt Disney como um mestre incontornável do fantástico, ainda que os seus cineastas de referência sejam Fellini, Gilliam e Tarkovski. Cineasta de uma geração que ama o cinema com paixão, quando interrogado sobre os seus actores favoritos responde de imediato Michel Simon desse inolvidável "Boudu Sauvé des Eaux", e quanto a actrizes prefere a resposta politicamente correcta que as ama a todas, com um sorriso malicioso.

Se é certo que não há perguntas fáceis, Dormael reflecte longamente antes de cada resposta. Podendo escolher encarnar uma outra pessoa, a resposta é surpreendente “talvez Ingrid Bergman... não, não, Lauren Bacall por um dia” afinal, duas mulheres da vida desse sortudo que era Humphrey Bogart. Quando interrogado sobre que projecto gostaria de fazer se não tivesse limitações de tempo nem de orçamento, poderíamos esperar um projecto megalómano e impossível. O seu sonho já se realizou e “Mr. Nobody foi esse filme”, opção com que nós concordamos absolutamente. Para Dormael os maiores medos do fantástico "são os sapatos, porque quando a cena começa a meter medo desvio o olhar para os meus pés". E como um gentleman, recusa responder à questão sobre os piores filmes que viu na sua vida “desses já não me lembro”.

Depois de um embaraçoso silêncio, reconhece que o filme mais bizarro de que se recorda é ""Soy Cuba" de Mikhail Kalatozov, baseado no poeta Evgeniy Evtushenko, com estranhas paisagens e fluidos movimentos de câmara". Conversar com Dormael não é apenas uma lição de cinema. Com o humor tipicamente belga “nós os belgas preferimos rir mais de próprios do que os outros se riem de nós” confessa que actualmente vê mais cinema em casa do que em sala e que tem pouca paciência para ver televisão, até porque reconhece que o que lhe dá maior prazer é não fazer nada. Interrogado porque demora tanto tempo entre filmes, contraria a versão de ser preguiçoso porque "cada novo projecto demora-me a escrever, pelo menos dois anos, pode haver filmes que se façam mais rápido, mas não os meus." E porque estamos em Barcelona, nada melhor do que um exemplo catalão "Demora mais construir uma catedral do que uma casa e a Sagrada Família ainda está inacabada."

Para este autor algum fantástico tem fundamento e "provavelmente existe vida nos outros planetas", mas quanto a existir vida depois da morte, a ironia é evidente "espero que haja vida antes".

O seu mais recente filme confirma a vertente metafórica, imaginária do realismo mágico do cinema belga e a sua centragem em personagens juvenis que acompanham os seus grandes filmes. Não por acaso os seus heróis da literatura são “Ivanhoe”, “D. Quixote” e “Alice no País das Maravilhas”.

Quanto a esta nova adenda ao Novo Testamento, depois das polémicas versões do Evangelho de Saramago, ficamos a saber que “Deus existe, mas é um idiota. Todos falam do JC como seu único filho, mas finalmente é a sua filha Ea quem vai mudar o mundo. E o destino da humanidade fica bem melhor nas mãos de mulheres”.


António Reis

14 de outubro de 2015

"MacBeth" por António Reis


Porquê MacBeth?

Em três dias consecutivos, as secções oficiais de Sitges apresentaram três adaptações de clássicos da literatura, o que permite reflectir não apenas sobre as relações da literatura com o cinema, mas sobretudo do interesse em produzir versões de três textos alvo de inúmeras leituras cinematográficas.
Afinal o que é adaptar ao cinema um texto literário? Será reinventar por completo uma obra como Dormael faz em "Le Tout Nouveau Testament"? Será recriar e modernizar uma obra bicentária como o "Frankenstein" de Bernard Rose? Ou será transpor com a maior fidelidade possível neste caso um texto teatral como "MacBeth" dirigido por Justin Kurzel?
Confesso que sou mais sensível aos dois primeiros exemplos. "MacBeth", de um realizador que está agora a fazer a adaptação do videojogo "Assassin’s Creed" curiosamente com os mesmos actores, não assume o risco de inovar Shakespeare como por exemplo o fez Baz Luhrmann, e por isso, acaba-se sempre por comparar o seu trabalho com todas as inúmeras versões do Macbeth em cinema.
O que nos leva à reflexão sobre se vale a pena fazer remakes de filmes que contribuem muito pouco para novas visões. Classificado como Drama/Guerra, esta é uma redutora forma de publicitar esta obra-prima de Shakespeare. Nela o drama não aprofunda a dimensão trágica dos seus personagens e a guerra é apenas um adereço pouco significativo para a história. Poderíamos pensar que a base teatral de "MacBeth" implica sobretudo uma valoração das interpretações. Mesmo aqui Michael Fassbender tem um registo pouco expressivo e Marion Cotillard passeia discretamente a sua beleza ao longo do filme. Se de entre as mais de cem adaptações de MacBeth, a compararmos com os filmes de Orson Welles ou de Kenneth Branagh, a questão de qual o interesse em readaptar "MacBeth" torna-se ainda mais pertinente. Justin Kurzel também não resiste à tentação de copiar os grandes mestres como Kurosawa, Boorman ou Coppola com seus horizontes vermelhos. E copiar não se pode dizer que seja uma actividade muito criativa. Mesmo em termos de realização cinematográfica, cada vez mais assistimos a um predomínio dos grandes planos em detrimento de planos de conjunto. Até neste caso a televisão quer estandardizar o cinema.
Shakespeare já não recebe direitos de autor. Mas duvido que ficasse satisfeito com esta apropriação do seu universo trágico.
MacBethTítulo Original: "MacBeth" (Reino Unido, EUA, França, 2015)
Realização: JusTin Kurzel
Argumento: Jacob Koskoff, Michael Lesslie, Tod Louiso (baseados na obra de William Shakespeare)
Intérpretes: Michael Fassbender, Marion Cotillard, Sean Harris, David Thewlis, Jack Reynor, Paddy Considine, David Hayman, Elizabeth Debicki
Música: Jed Kurzel
Fotografia: Adam Arkapaw
Género: Drama,Guerra
Duração: 113 min.
Sítio Oficial: www.macbeth-movie.com

13 de outubro de 2015

"Frankenstein" por António Reis

Revisitar o mito de Frankenstein actualizando-o sem trair o texto original, é a proposta arriscada a que Bernard Rose se propôs. Realizador de um dos mais interessantes e injustamente esquecidos filmes do fantástico que é “Paperhouse” e bem conhecido dos fãs do terror por “Candyman”, Rose recria num ano em que se anunciam dois outros projectos: o filme “Victor Frankenstein” de Paul McGuigan, e a série “The Frankenstein Code” recentemente redenominada “Lookinglass”.
A originalidade maior desta versão reside na valorização de dois items em que as versões anteriores eram omissas. A primeira diz respeito a que Mary Shelley nunca escreveu que o Doutor Victor Frankenstein ressuscitava cadáveres. E a segunda que a criatura progressivamente humanizada, pensa e sente como um poeta romântico do século XIX. A estes dois pressupostos Bernard Rose acrescenta uma visão científica absolutamente contemporânea onde a bioengenharia e as tecnologias são capazes de criar vida. Mantendo-se fiel aos estereótipos mais comuns da temática de Shelley, como a cena do lago, o fogo libertador e a sua amizade com o cantor cego, renova completamente o ambiente urbano e laboratorial acentuando a importância da figura feminina, em particular na pessoa de Elizabeth Frankenstein.
Talvez o que mais impressione os espectadores é a sua aposta numa tendência gore. Curiosa esta obsessão do cinema fantástico por um dos seus mitos que melhor tem resistido ao avanço da ciência.
A lenda da criatura e do seu criador Frankenstein continua bem viva e a ocupar um lugar de destaque na galeria dos monstros.

FrankensteinTítulo Original: "Frankenstein" (EUA, Alemanha, 2015)
Realização: Bernard Rose
Argumento: Bernard Rose
Intérpretes: Xavier Samuel, Carrie-Anne Moss, Tony Todd, Danny Huston
Música: Halli Cauthery
Fotografia: Candace Higgins
Género: Horror, Thriller
Duração: 89 min.
Sítio Oficial: não tem

12 de outubro de 2015

"Le Tout Nouveau Testament" por António Reis

Jaco Van Dormael é belga e esta condição revela-se em quase todo o seu cinema. Desde o realismo mágico das suas obras a uma ironia cínica, passando pela metáfora como forma de espelhar esse mal de vivre que é ter-se nascido num quase não-país. Para além disso acresce aos belgas a infelicidade de serem o umbigo da Europa e da União Europeia com tudo o que de negativo isso arrasta.
Como se não bastasse, “Le Tout Nouveau Testament” arrisca à polémica religiosa quase se propõe fazer uma adenda ao Novo Testamento. Não bastavam os Evangelhos Apócrifos de Apóstolos caídos em desgraça e não reconhecidos pela Igreja, como agora se propõe acrescentar mais seis Apóstolos à mítica Última Ceia.
Se um jogo de basebol tem dezoito jogadores, Deusa, a pouco conhecida mulher de Deus, entende que os Apóstolos não se podem ficar pelos doze de um jogo de hóquei no gelo. Sim, entenderam bem. Deus existe, é casado, e além de Jesus Cristo tem também uma filha rebelde. E a par disso, diverte-se a interferir e infernizar a vida dos pobres mortais. O problema vai começar a sério quando Ea, a sua filha mal-querida, decide enviar uma mensagem aos terrenos a avisar do dia e da hora da sua morte. Confrontados com esse destino programado, os humanos vão ser obrigados a reflectir sobre o sentido das suas vidas e o que fazer com o tempo que lhes resta. Ea entretanto, para fugir à ira divina, pisga-se para Bruxelas, talvez a cidade que mais se aproxima com a ideia de Inferno, à procura dos candidatos susceptíveis de preencher as vagas dos seis Apóstolos que faltam.
Uma comédia triste com um forte teor político que pode provocar a ira dos fundamentalistas católicos. Mesmo se algumas das propostas coincidam com as novas directrizes do Papa Francisco. Um ocasião para revisitar uma fabulosa Catherine Deneuve e sobretudo uma excepcional banda sonora onde cada música é a tradução de um estado de alma. Aí encontramos temas de Carlos Paredes ou de Charles Trénet . Esperemos que o destino deste Novo Novo Testamento seja mais favorável que o de Mr. Nobody que demorou três anos a estrear numa sala portuguesa.

Le Tout Nouveau TestamentTítulo Original: "Le Tout Nouveau Testament" (Bélgica, França, Luxemburgo, 2015)
Realização: Jaco Van Dormael
Argumento: Jaco Van Dormael, Thomas Gunzig
Intérpretes: Pili Groyne, Benoît Poelvoorde, Catherine Deneuve, François Damiens, Yolande Moreau, Laura Verlinden, Serge Larivière, Didier De Neck, Marco Lorenzini,
Música: An Pierlé
Fotografia: Christophe Beaucarne
Género: Comédia
Duração: 113 min.
Sítio Oficial: http://www.le-pacte.com/france/a-l-affiche/detail/le-tout-nouveau-testament/

8 de outubro de 2015

A Paramount tem um canal Youtube e o conteúdo é impressionante

Enquanto alguns estúdios culpam a Internet pela diminuição de receitas, sem pensarem se não será porque há mais filmes e mais formas de ver filmes, outros começam a adaptar-se aos novos tempos. A Paramount deu um passo importante ao criar um canal Youtube, o Paramount Vault, onde colocou uma centena de vídeos, incluindo vários filmes já catalogados por género.
Visitem a provem-lhes que assim ganham clientes.

7 de outubro de 2015

Prémios TCN estão de volta


Estamos em Outubro e, como sabem, começa a temporada dos prémios da blogosfera cinéfilo-televisiva portuguesa. Estão oficialmente abertas as candidaturas para os TCN Blog Awards 2015 e podem enviar os vossos nomeados até dia 20 de Outubro, sendo que os posts deverão ter data entre 20 de Outubro de 2014 e 19 de Outubro de 2015. O mesmo para novos blogs.

Este ano a votação não terá votos do público (um sossego para os meus conhecidos) e os prémios serão entregues em dezoito categorias. Dependente da quantidade e qualidade de candidaturas a cada uma das categorias, poderão não ser todas utilizadas no anúncio final de nomeados.

Disponíveis para auto-nomeação
Blogger do Ano
Blogue Individual de Cinema/TV
Blogue Colectivo de Cinema/TV
Novo Blogue de Cinema/TV
Artigo de Televisão
Artigo de Cinema
Crítica de Televisão
Crítica de Cinema
Entrevista
Reportagem/Cobertura
Iniciativa
Rubrica
Ranking/Top
Site/Portal/Facebook

Por nomeação da organização
Festival
Distribuidora
Canal de Cabo
Prémio Memória

Para lerem o regulamento todo e o endereço de concurso, visitem o Cinema Notebook.

O regresso a Oz e as Aldeias de Crianças SOS

Para as crianças e para as crianças.


Dorothy e os seus amigos estão de volta a Oz. Nesta nova aventura animada eles vão proteger a Cidade Esmeralda da investida de um novo vilão: o Bobo. O filme demorou vários meses a chegar a Portugal, mas agora pode ser visto nos cinemas e apoiando uma boa causa.


As sessões solidárias ocorrem no dia 11 de Outubro, pelas 11h00, nos cinemas NOS Colombo e NOS NorteShopping, para ajudar as Aldeias de Crianças SOS, com vista a beneficiar todas as crianças e jovens da instituição.

Esta acção dá continuidade ao perfil humanitário de Dorothy Gale, apoiado nos ideais de amizade, solidariedade e inter-ajuda que o filme defende, numa parceria entre a Lanterna de Pedra Filmes e a NOS Lusomundo Cinema. Os bilhetes podem ser adquiridos directamente nas bilheteiras dos cinemas. A receita de bilheteira alcançada irá reverter integralmente para as Aldeias de Crianças SOS.