25 de janeiro de 2010

"Coraline" por Nuno Reis

Coraline

Henry Selick é um dos realizadores mais talentosos do cinema moderno. Pode ter uma carreira pequena e com deslizes pelo meio, mas seja com "James and the Giant Peach" ou o incontornável "The Nightmare Before Christmas" marcou o seu lugar e o seu estilo. Em "Coraline" recupera a grandiosidade que há muito não lhe víamos. Adaptando um livro do também enorme Neil Gaiman, transporta para cinema a aventura de Coraline.

A pequena Coraline mudou-se com os pais para um apartamento no meio do nada. Deixou os amigos de sempre, vai começar o ano numa nova escola e nem os pais têm tempo para ela. A pequena de cabelos azuis aproveita a sua independência para explorar a área, por vezes na companhia de Wiborne e o seu gato, outras vezes só. O prédio também é ocupado por duas velhas actrizes muito doidas e um russo circense que está a amestrar ratos. Dentro da própria casa descobre uma porta mágica que a leva para um mundo semelhante ao seu. Só que lá tudo é melhor excepto um detalhe: as pessoas usam botões nos olhos. Com o passar dos dias dividida entre os dois mundos cada vez se convence mais que o novo mundo é melhor, mas nada é o que parece e ela está em grande perigo.


O argumento deslumbrante na fase inicial transporta-nos de volta para a infância. Todo o mundo fantástico escondido atrás da porta encaixa no imaginário das crianças. Com o desenrolar da narrativa as sombras ocupam levemente o mundo dos sorrisos até que deixa de ser uma linda história de embalar. Aí torna-se num mundo com teias de aranha, monstros feitos de areia, ratazanas e fantasmas. Nunca fica demasiado negro, mas quem levar os filhos acreditando na classificação maiores de seis anos vai ter de lidar com alguns pesadelos nas noites seguintes.
Tem elementos recorrentes do trabalho do realizador. Todo o universo criado recorda o estranho mundo de Jack. Pode não ser tão sombrio, mas a arte está lá.
Ao longo do filme uma das coisas que mais se evidencia são as vozes. Tons familiares de vários anos e muitos filmes dão uma sonoridade real ao que vemos. Falo, claro, de Dakota Fanning e Teri Hatcher, protagonistas desta aventura, mas também de Ian McShane num soberbo trabalho vocal.
A componente musical é a mais fraca do filme, o que é curioso pois normalmente é um dos fortes nas animações. Aqui não há nenhuma letra que fique na cabeça, há música adequada às situações.

É uma das grande animações do ano findado como o provam as dez nomeações em 8 categorias para os Annie Awards, máximo conseguido apenas por "Coraline" este ano. Dentro de duas semanas saberemos se é mesmo o melhor.

Título Original: "Coraline" (EUA, 2009)
Realização: Henry Selick
Argumento: Henry Selick (livro de Neil Gaiman)
Intérpretes: Dakota Fanning, Teri Hatcher, Robert Bailey Jr., John Hodgman, Keith David
Fotografia: Pete Kozachik
Música: Bruno Coulais
Género: Animação, Aventura, Família, Fantasia
Duração: 100 min.
Sítio Oficial: http://coraline.com/

3 comentários:

Tiago Ramos disse...

Ainda não vi Fantastic Mr. Fox mas Coraline é o meu candidato preferido e um dos melhores filmes do ano.

Flávio Gonçalves disse...

Estou a ferver, confesso, para ver Coraline. O estilo apresentado no trailer e as reviews positivas, como é o caso desta, só me aguçam a curiosidade.

Deixo ao Antestreia um desafio: visitar o recém criado "O Sétimo Continente", e, caso a receptividade seja boa, comentar e seguir! http://osetimocontinente.blogspot.com

Abraço

Nuno disse...

Coraline já estreou há muito Flávio. Cá foi há 11 meses.

Boa sorte no novo blog.