Costuma dizer o povo que filho de peixe sabe nadar. Mas, como qualquer outra frase a aplicar certeiramente, tem excepções. Gabriel Garcia Márquez, o brilhante escritor colombiano, tem em Rodrigo Garcia o filho cineasta. Este, por sua vez, dirigiu Passageiros, que estreou no passado mês de Agosto. Ok, estou a exagerar: Garcia não é tão mau como o pinto. Mas "Passageiros" é.
Um acidente de avião oferece uma viagem final para terrenos de S. Pedro a um grupo de pessoas, com a excepção de cinco elementos, a quem é dada uma nova oportunidade de viver: Eric Clark (Patrick Wilson), Dean (Ryan Robbins), Shannon (Clea DuVall) e Norman (Don Thompson) são alguns dos sobreviventes. Para os ajudar a ultrapassar o trauma do acidente, é-lhes atribuído o precioso acompanhamento de uma psiquiatra, especialista em vítimas de acidentes, Claire Summers (Anne Hathaway). Summers, orientada por Perry (Andre Braugher), divide o seu tempo na avaliação e apoio aos acidentados, na relação com a estranha vizinha Toni (Dianne Wiest), e na luta contra o deslumbramento que começa a sentir por Eric. Este, por sua vez, embriagado por um quase renascer lança, a par dos restantes membros do grupo de ajuda, dados confusos quanto ao motivo que levou à queda do avião. Summers exorbita as suas funções, e decide investigar as verdadeiras razões. Para ela, existe uma conspiração da companhia aérea para culpar o piloto, quando, na verdade, a avaria de um motor seria a verdadeira razão. Seguida por Arkin (David Morse), um representante de tal empresa, Summers caminha a passos largos para verificar que, afinal, os acontecimentos poderão ser bem mais complicados do que ela pensaria.
"Passageiros" é um filme tremendamente falhado. Com um elenco bastante sólido, tem na realização e no argumento dois buracos inultrapassáveis. Se a primeira hora revela-se num bocejo incontornável, o restante, que se queria agitado face ao twist final, apresenta-se desconexado e sem sentido, numa lição de como não montar um filme. De facto, matéria como esta já existe, e muita (lembramo-nos, a título de exemplo, de "Os Outros" – Alejandro Aménabar, 2001). Mas, salvo um ou outro pormenor de relevo duvidoso, este final é atabalhoado e descaracterizado, com uma sequência final, que narra a importância de pessoas do passado na vida dos presentes, completamente falhada, chegando a roçar o ridículo. Dianne Wiest em má forma, numa fita que revela a incapacidade de David Morse ir mais longe nos seus papéis, e o regresso de Anne Hathaway a papéis de expressão duvidosa. Um filme a evitar.
Título Original: "Passengers" (Canadá, EUA, 2008) Realização: Rodrigo García Argumento: Ronnie Christensen Intérpretes: Anne Hathaway, Patrick Wilson, Dianne Wiest, David Morse, Clea Duvall Fotografia: Igor Jadue-Lillo Música: Ed Shearmur Género: Drama,Thriller Duração: 93 min. Sítio Oficial: http://thepassengersmovie.com/ |
1 comentários:
O maior erro de Passageiros é subestimar a inteligência do espectador. Ao disfarçar-se de thriller psicológico, o argumento de Ronnie Christensen deixa uma sensação de déja vu que já se torna cansativa por Hollywood.
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