Quando se pensa no cinema espanhol de 2009 há um título que surge acima de todos. "Celda 211" começou o seu percurso triunfante em Veneza, seguindo-se depois Toronto, Sitges, Ourense e muitos outros festivais até fechar o ciclo já este ano em San Sebastian onde foi apresentado na secção das pérolas. Pelo meio passou pelos Goya onde conquistou o prémio de melhor filme, realizador, actor principal, actor revelação, actriz secundária, argumento adaptado, montagem e som. Não se podia pedir mais atendendo a que competia contra "Agora" de Amenabar (5 Goyas).
Juan Oliver vai começar a trabalhar como guarda prisional e, para causar boa impressão, apresenta-se na véspera para visitar as instalações e conhecer as suas novas funções. Um pedaço de tecto que cai deixa-o a sangrar e os futuros colegas pousam-no numa cama vaga a repousar, mas subitamente Malamadre, o líder dos prisioneiros, desencadeia um motim que obriga os guardas a fugir. Juan acorda no meio de uma guerra e convence os prisioneiros que é um novo condenado. Quando se desencadeiam as operações de negociação Juan funciona como infiltrado, mas o rumo dos acontecimentos vai fugir ao controlo de todos.
Inicialmente o filme parece seguir o rumo de tantos outros do género. Herói acidental que estava no sítio errado à hora errada salva todos. Mas este Juan é mais complexo. Primeiro a interpretação do novato Alberto Ammann surpreende. Começa por parecer uma pessoa tímida e correcta, mas para manter o disfarce revela-se um implacável criminoso. Magnífico trabalho do expressivo actor. O seu trabalho é complementado pelo sempre incrível Luis Tosar como Malamadre, que tem pouco tempo de ecrã, mas é explosivo e arrebatador.
Por vezes até é possível sentir alguma simpatia pelos prisioneiros. Os problemas deles são corriqueiros, as suas exigências normais, os seus métodos exagerados, e é esse detalhe que lhes tira a razão. O elemento humano está bem filmado, seja pelas manifestações no exterior da prisão, pelas consequências deste motim noutras prisões, ou pelo factor ETA no modo de vida espanhol... Tudo tem consequências e no filme reconhecem várias facetas do problema, não se inibindo de as filmar como parte de uma só história. A guerra fria civil afecta as micro-sociedades (prisão) e isso afecta a vida dos seus habitantes. Os acontecimentos transformam uma pessoa, por vezes muito depressa.
Tudo no filme demonstra a grande produção que foi (seis milhões de euros). Percebe-se que a Academia Espanhola se tenha rendido a este trabalho pela sensibilidade do tema, pela qualidade da produção, pelo desempenho dos actores e por ser uma grande adaptação de uma aclamada obra literária.
Juan Oliver vai começar a trabalhar como guarda prisional e, para causar boa impressão, apresenta-se na véspera para visitar as instalações e conhecer as suas novas funções. Um pedaço de tecto que cai deixa-o a sangrar e os futuros colegas pousam-no numa cama vaga a repousar, mas subitamente Malamadre, o líder dos prisioneiros, desencadeia um motim que obriga os guardas a fugir. Juan acorda no meio de uma guerra e convence os prisioneiros que é um novo condenado. Quando se desencadeiam as operações de negociação Juan funciona como infiltrado, mas o rumo dos acontecimentos vai fugir ao controlo de todos.
Inicialmente o filme parece seguir o rumo de tantos outros do género. Herói acidental que estava no sítio errado à hora errada salva todos. Mas este Juan é mais complexo. Primeiro a interpretação do novato Alberto Ammann surpreende. Começa por parecer uma pessoa tímida e correcta, mas para manter o disfarce revela-se um implacável criminoso. Magnífico trabalho do expressivo actor. O seu trabalho é complementado pelo sempre incrível Luis Tosar como Malamadre, que tem pouco tempo de ecrã, mas é explosivo e arrebatador.
Por vezes até é possível sentir alguma simpatia pelos prisioneiros. Os problemas deles são corriqueiros, as suas exigências normais, os seus métodos exagerados, e é esse detalhe que lhes tira a razão. O elemento humano está bem filmado, seja pelas manifestações no exterior da prisão, pelas consequências deste motim noutras prisões, ou pelo factor ETA no modo de vida espanhol... Tudo tem consequências e no filme reconhecem várias facetas do problema, não se inibindo de as filmar como parte de uma só história. A guerra fria civil afecta as micro-sociedades (prisão) e isso afecta a vida dos seus habitantes. Os acontecimentos transformam uma pessoa, por vezes muito depressa.
Tudo no filme demonstra a grande produção que foi (seis milhões de euros). Percebe-se que a Academia Espanhola se tenha rendido a este trabalho pela sensibilidade do tema, pela qualidade da produção, pelo desempenho dos actores e por ser uma grande adaptação de uma aclamada obra literária.
Título Original: "Celda 211" (113, 2009) Realização: Daniel Monzón Argumento: Jorge Guerricaechevarría e Daniel Monzón (baseados no livro de Francisco Pérez Gandul) Intérpretes: Luis Tosar, Alberto Ammann, Antonio Resines, Marta Etura, Manolo Solo Música: Roque Baños Fotografia: Carles Gusi Género: Acção, Drama Duração: Espanha, França min. Sítio Oficial: http://www.celda211.com/ |
4 comentários:
Tendo em conta os Goya que ganhou até estou muito interessado em o ir ver. Se é assim tão bom como é que o ano passado a Espanha não o elegeu como o seu representante ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro? Será porque a França enviou o Un Prophete, um filme que me parece semelhante?
Não mandou porque não tinha estreado a tempo.
Este ano era um dos três finalistas à nomeação como digo aqui http://antestreia.blogspot.com/2010/10/um-actor-em-todas.html
Em Portugal é suposto estrear este mês, por isso é que publiquei.
Tinha a mesma ideia do que o JT...que não tinha sido enviado devido às semelhanças com Un Prophete!! Mas parece que não...
De qualquer forma ainda não vi este mas a história apela-me bastante :)
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