30 de junho de 2012

Alguns destaques do FEST 2012

Começa na segunda-feira, dia 2 de Julho, a competição oficial do FEST: Festival Internacional de Cinema Jovem de Espinho que contará com o filme-sensação do cinema indie americano, «The Dynamiter» de Matthew Gordon.

No filme que abrirá o festival, seguimos a história de Robbie Hendrick, um jovem de 14 anos cujo maior desejo na vida é criar um seio familiar mais saudável. No entanto, à medida que mais um verão no Mississípi se inicia, a sua mãe desaparece como é habitual, deixando-o sozinho a tomar conta do meio-irmão mais novo, Fess. Com os dias e noites a prolongarem-se sem que a mãe chegue, e com o perigoso regresso de Lucas, o irmão mais velho, Robbie é obrigado a confrontar-se com o facto de que o seu desejo poderá não ser mais do que uma ilusão.

Este retrato sensível da inocência perdida da América profunda estreou no Festival de Cinema de Berlim e tem vindo a conquistar a crítica, tendo inclusivé recebido nomeações para o prémio de melhor Cinematografia e para o famoso Prémio John Cassavetes nos Independent Spirit Awards.

«The Dynamiter» é uma das dez longas em competição, todas primeiras obras de jovens realizadores, que incluem trabalhos tão diversos como o erótico croata «7 sex 7», a "nouvelle vague" japonesa de «About the Pink Sky» ou «Volcano», o filme islandês mais premiado de sempre.







A abertura é a partir das 21h30 no Centro Multimeios de Espinho. Mais informação em Fest.PT.

Hoje: Festa de apresentação do Curtas

festa de apresentação do Curtas de Vila do Conde


A revista Vice associou-se ao Curtas Vila do Conde para preparar um festa de apresentação da 20ª edição do festival. Esta festa decorrerá este sábado, 30 de junho, entre 18h e as 4h, no Armazém do Chá, Porto.

Evento FB

E não vai ser uma celebração qualquer: haverá períodos de oferta de várias bebidas durante toda a noite, jantar volante entre as 20h e as 22h, e 30 atuações, distribuídas do sótão à cave do Armazém. São elas: Amazonas, André Tentugal (We Trust), Blac Koyote, BRO-X, Capicua, Carolina Ramos (Pole Dancer), CRISIS, Curtas Sound System, Equations, Evols, Frágil, Fua, Ghuna X + Ricardo Miranda & Tojó Rodrigues (Black Bombaim), Ivvvo, Jibóia, Jorge Coelho, Júlio Verme, LittleFriend, Min&Supa, Pedro Santos, Pedro Tenreiro, Purple, PZ, RA, Radial Chao Opera, Rita Garizo, Rodas, Swinging Rabbits, STÔR, The Australian Delphins From Paris, The Festmen, The Glockenwise e Thee Chargers.

Site oficial

29 de junho de 2012

28 de junho de 2012

"Io e Te" por Nuno Reis

Entre os fora de competição em Cannes, o destaque máximo vai para Bertolucci que, estando em competição, tinha fortes hipóteses de ganhar algo com esta comédia muito sui generis. Bertolucci volta ao universo do imaginário juvenil, à sua falsa ilusão de privacidade e à delinquência sem grandes consequências.

Lorenzo é um adolescente de uma família pouco apegada. A propósito de uma viagem da turma à neve, consegue algum dinheiro da mãe e um pretexto para desaparecer durante uma semana. Faz as suas compras alimentares, prepara o material para a neve, sai do carro em direcção à escola, e apanha o autocarro de regresso a casa onde vai passar uma semana na cave, longe dos olhares e de todos. O plano até poderia funcionar, mas por azar, a meia-irmã que ele esqueceu ter foi à cave nesse preciso dia e descobriu o seu segredo. Na noite seguinte Olivia aparece a pedir alojamento e Lorenzo tem de aceitar para não ver o seu segredo descoberto. Um adolescente autónomo que quer estar longe dos pais e uma jovem mulher fugida do mundo para fazer desintoxicação. Durante uma semana vão conviver mais do que irmãos normais gostariam, e descobrir o verdadeiro significado de família, algo que desconheciam.

Esta é uma história muito simples. A necessidade de alguma independência e o vício das drogas são problemas da adolescência difíceis de retratar em filme. Mais uma vez Bertolucci enfrenta os temas delicados abraçando-os num filme marginal com muita ternura e uma poderosa banda sonora (o incomparável David Bowie fornece os clássicos que mais se ouvirão). A produção foi elementar. É muito limitado nas localizações, guarda-roupa e no elenco, não precisa de efeitos especiais. Bastava ter dois actores e conseguiu-os. Os sentimentos e as dúvidas são expressos com uma simplicidade que maravilha e, quando esta viagem de auto-descoberta termina, fica aquele travo que o final das melhores férias deixa. No fundo assistir a "Io e Te" é como tirar umas pequenas férias para reflexão e, apesar de a sessão ser breve, os seus efeitos serão duradouros.

Io e TeTítulo Original: "Io e Te" (Itália, 2012)
Realização: Bernardo Bertolucci
Argumento: Bernardo Bertolucci, Umberto Contarello, Francesca Marciano, Niccolò Ammaniti (e livro)
Intérpretes: Jacopo Olmo Antinori, Tea Falco
Fotografia: Fabio Cianchetti
Género: Drama
Duração: 103 min.

27 de junho de 2012

"7 Days in Havana" por Nuno Reis

Cuba está a mudar. A abertura ao exterior antes estava limitada às regiões turísticas e ao mundo do cinema (tem grandes festivais, grandes escolas…), agora ambos os mundos se combinam para mostrar uma faceta mais íntima de um país que brinca consigo mesmo. Para não correr riscos desnecessários não há um realizador, mas sete. Culpas repartidas devem dar penas menores. Recordo aquele boato que dizia que a filmagem de "Juan de los Muertos" tinha levado a despedimentos no Instituto do Cinema Cubano.

Uma semana basta para se conhecer Havana. Sete dias para ver tudo que faz Cuba ser aquele lugar quase mágico. A noite, a sexualidade, a música, a sensualidade, o desejo de fugir, a ligação afectiva a Espanha, os festivais de cinema, o jazz, os discursos de Fidel, a magia, as falhas eléctricas, os empregos paralelos, a religião e a comunidade. Cuba é isso e muito mais.
As sete estórias entrelaçam-se ligeiramente. Há alguns erros de continuidade que fazem com que isso não funcione logicamente, mas as sete narrativas funcionam muito bem separadamente. Segunda-feira chega um actor americano para a escola de cinema. O seu motorista/intérprete vigarista, mas boa pessoa, vai levá-lo a conhecer a gastronomia e a noite cubana. Terça-feira ainda o cinema. Emir Kusturica vai receber um prémio-carreira pelo seu cinema, mas está mais interessado numa jam session pela noite dentro. Quarta-feira uma cantora quer usar a sua voz para fugir para a Europa, mas não quer deixar o namorado que não usou o desporto para fugir apenas por causa dela. Quinta-feira ainda o cinema, Elia Suleiman quer falar com Fidel, mas tem de esperar que o comandante termine um pequeno discurso que foi fazer… Sexta-feira a alma de uma rapariga vai ser purificada através da dança ritual. Sábado uma família tem de fazer bolos para uma festa, mas faltam-lhes os ovos e a electricidade. E domingo o condomínio reúne-se para uma festa de homenagem à Virgem Maria, que implica algumas obras e uma gigantesca troca de favores.

Um dos exercícios mais curiosos será associar cada realizador à sua curta. O de Suleiman é óbvio e tanto Noé como Medem são reconhecíveis por estarem no seu estilo habitual, mas a maioria dos cineastas serão uma completa surpresa.
As primeiras três histórias são interessantes e prometem um filme animado. Então chega Suleiman com o seu humor particular que transmite muito bem a seca por que passou aguardando Castro. As histórias que se seguem são para cumprir calendário e apesar de terem alguma piada (a palavra não se aplica à de Noé) não são extraordinárias. Como o filme excede as duas horas e os três fragmentos conclusivos são mais entediantes, pode ficar uma ideia errada. Cuba é alegria e esperança.

Ver este filme será sempre melhor para quem conhece a verdadeira Cuba. Quem não conhece ficará com enorme vontade de lá ir e de se envolver com todas aquelas afáveis pessoas pois são as pessoas que fazem o lugar.

7 Días En La HabanaTítulo Original: "7 Días En La Habana" (Espanha, França, 2012)
Realização: Gaspar Noe, Benicio Del Toro, Laurent Cantet, Pablo Trapero, Elia Suleiman, Julio Medem, Juan Carlos Tabio
Argumento: Leonardo Padura
Intérpretes: Josh Hutcherson, Vladimir Cruz, Daisy Granados, Othelo Renzoli, Emir Kusturica, Alexander Abreu, Daniel Bruhl, Melvis Santa Estévez, Leonardo Benitez, Elia Suleiman, Cristela Herrera, Dunia Matos, Mirta Ibarra, Jorge Perugorría, Beatriz Dorta, Natalia Amore, Alexis Vidal
Música:
Fotografia: Daniel Aranyó
Género: Comédia, Drama, Romance
Duração: 129 min.
Sítio Oficial: http://www.7daysinhavana.com/

26 de junho de 2012

"After the Battle" por Nuno Reis

Finalmente tivemos acesso ao resultado das eleições no Egipto. Como era uma segunda volta renhida nenhum dos lados seria propriamente uma surpresa, mas a vitória de Morsi teve um especial significado. Para ser preciso não foi a vitória de Morsi, mas a derrota de Safiq. Se Safiq tivesse ganho voltaria tudo ao mesmo e a Primavera Árabe perderia o seu principal bastião.
A melhor forma de saber o estado do Egipto é através do filme “After the Battle” que narra os meses após o golpe de estado pelo ponto de vista do cidadão comum e o trabalho das organizações não-governamentais minado pelos jogos de interesse das pessoas influentes. É uma obra de ficção com uma grande dose de realidade que o aproxima do documentário. Veio na época certa e hoje posso dizer que sim, tem significado.

Esta narrativa tem dois focos. Mahmoud é um egípcio normal, um cavaleiro cujo emprego ficou em risco devido às quebras no turismo e aos boatos sobre a ligação desses profissionais ao sistema político. Tem o apoio de Reem, uma mulher com ideais modernos (divorciada, ecologista) que quer ajudar a família de Mahmoud tanto a nível pessoal como através da sua ONG. A amarra que o prende ao passado dá pelo nome de Abdallah, um poderoso e influente homem que contrata Mahmoud para espiar Reem e quer aproveitar a instabilidade política para chegar ao poder regional e manter tudo na mesma, debaixo da sua autoridade.

Ao longo do filme vamos percebendo a realidade da queda do regime, o seu impacto para bem e para mal, a impotência das ONG e do mundo perante os poderes instituídos, a dimensão e o significado das manifestações. A má interpretação dos actores revela uma cinematografia que ainda não estava pronta a mostrar-se, mas que aproveitou o momento para se fazer ouvir. Um aspecto positivo é que esse ar amador o torna mais autêntico e credível. Combinando a espontaneidade situacional com as imagens reais dos protestos, ficamos com uma visão íntima e quase romântica do verdadeiro Egipto.

Por muita ajuda que tenham, este processo de transição vai ser demorado. É preciso mudar mentalidades e abrir o país ao mundo. A vitória de Safiq seria um retrocesso, com Morsi, apesar de conservador em muitos aspectos, é possível acreditar num futuro mais luminoso. Até lá, só podemos esperar que cada um seja feliz e consiga sustentar a sua família. Quão distantes estão dos tempos do grandioso Egipto que há quatro mil anos servia de inspiração ao mundo…

Título Original: "Baad el Mawkeaa" (Egipto, França, 2012)
Realização: Yousry Nasrallah
Argumento: Yousry Nasrallah, Omar Shama
Intérpretes: Salah Abdallah Nahed El Sebaï, Bassem Samra, Menna Shalabi
Fotografia: Samir Bahzan
Género: Drama, Histórico
Duração: 116 min.

25 de junho de 2012

"Killing Them Softly" por Nuno Reis

A adaptação de “Cogan’s Trade” era um dos filmes mais badalados para este ano. A mudança de título pode despistar quem procurar um filme homónimo, mas quem tiver lido seguramente reconhecerá a frase. Esta é uma obra intensa sobre os meandros do crime. A sua essência está nas regras que cada criminoso segue e matá-los suavemente é a regra de Cogan.

A única forma perfeita de cometer um crime é conseguir que outra pessoa seja acusada do mesmo. Perante o sistema judicial normal os falsos culpados teriam o benefício da dúvida, mas entre criminosos o júri, juiz e carrasco é único. Um homem encontrou o golpe perfeito, o suspeito ideal e dois executantes para cumprirem as suas instruções. De um lado vamos ter esses três sujeitos nas fases de planeamento, execução e ocultação. Do outro as vítimas que desconfiam do culpado óbvio e vão levar a cabo uma retaliação contra suspeitos por determinar, conversando entre eles sobre os valores pelos quais se regem. Tudo bastante surreal e com toques próximos da loucura. Até porque Cogan, o repsonsável por devolver a justiça ao submundo tem divagações filosóficas que não estão totalmente enquadradas com a situação.

O maravilhoso elenco reunido fez subir bastante as expectativas. Brad Pitt, Richard Jenkins, Ray Liotta, James Gandolfini, difícil é parar de enumerar. Apesar de não estarem mal, também não se pode dizer que estejam bem. O problema é ser um filme demasiado fragmentado. Como não há uma personagem principal dividem as atenções entre eles e as mudanças de protagonista causam constantes quebras narrativas. Há uma cena mais demorada entre Pitt e Gandolfini que eleva o filme acima da média, contudo isso leva a fazer comparações com o seu anterior confronto em “The Mexican” e perde na comparação. Enquanto o filme de Verbinski era propositamente divertido com alguma substância que se ia revelando, “Killing Them Softly” avança com os temas pesados antes de ter um fio condutor, sendo cada uma das mudanças de foco uma oportunidade para respirar e, em parte, para desligar. Quando termina ficam as recordações do assalto e do desempenho do sub-aproveitado Gandolfini e do sempre igual Liotta.

Se o propósito do filme é afastar as pesssoas da vida criminosa, então é muito bem sucedido. É tudo demasiado complicado e instável - especialmente as pessoas - as amizades são falsas, o negócio tem muita inflação, em suma, o crime não compensa. Podem retirar da lista de prioridades a ver este ano.

Killing Them SoftlyTítulo Original: "Killing Them Softly" (EUA, 2012)
Realização: Andrew Dominik
Argumento: Andrew Dominik (livro de George V. Higgins)
Intérpretes: Brad Pitt, Richard Jenkins, Ray Liotta, James Gandolfini, Scoot McNairy
Fotografia: Greig Fraser
Género: Crime, Thriller
Duração: 100 min.
Sítio Oficial: http://killingthemsoftlymovie.com/

24 de junho de 2012

Poster e trailer de "Taken 2"

"Taken 2" de Olivier Megaton

I don't know who you are. I don't know what you want. If you are looking for ransom, I can tell you I don't have money. But what I do have are a very particular set of skills; skills I have acquired over a very long career. Skills that make me a nightmare for people like you. If you let my daughter go now, that'll be the end of it. I will not look for you, I will not pursue you. But if you don't, I will look for you, I will find you, and I will kill you.
Bryan Mills está de volta. Os inimigos que criou no primiero filme andam atrás dele e da família. A ex-mulher foi apanhada, andam atrás dele e da filha. Parece ser oportunidade para mais diversão!
Taken 2
Imdb

Poster e trailer para "Hotel Transylvania"

"Hotel Transylvania" de Genndy Tartakovsky

Dracula criou um lugar onde os monstros se podem sentir seguros dos humanos, em especial a sua jovem filha. Até que um dia os seus dois maiores pesadelos se tornam realidade: um humano descobre o hotel Transylvania e fica encantado por Mavis.
Adam Sandler, Selena Gomez, Andy Samberg, Steve Buscemi, Kevin James, David Spade, Fran Drescher, Jon Lovitz são as vozes por trás destas criaturas.
Hotel Transylvania
Imdb

Posters e trailer de "The Watch"


"The Watch" de Akiva Schaffer

Nos EUA são frequentes os grupos de homens de família que fazem rondas pela vizinhança para segurança de todos. Um desses grupos vai-se deparar com informação sobre uma invasão alienígena que, mais do que o bairro, pode destruir o planeta.
Reparem na subtil mudança de título que ocorreu devido a uns problemas nos EUA com uma patrulha deste tipo.
Imdb
The WatchThe WatchThe Watch

23 de junho de 2012

Poster e trailer de "Anna Karenina"

"Anna Karenina" de Joe Wright

Anna Karenina é uma mulher da nobreza russa, casada e com um filho. Quando se apaixona por um oficial ao visitar a sua cunhada em Moscovo tenta o divórcio para estar com ele, mas o marido não aceita e vai-lhe complicar a vida.
Joe Wright traz-nos uma nova adpatação deste clásscio da literatura e como protagonista tem a sua musa Keira Knightley.
Anna Karenina
Imdb

"Brave" - o regresso das princesas e da Pixar

"Brave" será o 13º filme Pixar consecutivo a abrir como número um da semana. E seja sobre humanos, insectos, peixes, robots, carros ou monstros, este estúdio não sabe abrir abaixo dos 60 milhões. A única excepção foi "Rattatouille" porque não há muita gente interessada em ver ratos a mexer na comida.
Com um número recorde de salas (4164, bem acima das 3992 de "Wall-E") deve compensar a desilusão financeira e crítica de "Cars 2" (primeiro filme abaixo dos 200 milhões).

Aqui fica a prova da confiança dos estúdios num novo recorde.


Qanto à temática foi um pouco ousada. Enquanto a Disney em "Tangled" disse que o género das princesas tinha de ser repensado, a Pixar faz o oposto e filma o seu primeiro com esse tema. O primeiro com uma protagonista feminina.

22 de junho de 2012

"Madagascar 3: Europe's Most Wanted" por Nuno Reis

Depois de uma divertida, mas pouco criativa, aventura em Madagascar, o grupo de animais nova-iorquinos e os seus novos amigos partiram para África. Esse segundo filme conseguiu cometer todos os erros de uma sequela sem trazer nada de novo e isso inspirava pouca confiança para um terceiro capítulo. A Europa era o próximo alvo e, apesar de alguns cartuchos em seco, diria que não falharam o objectivo.

Alguém que queira aumentar um tesouro pensaria nos casinos do Mónaco? Só se for alguém com um cérebro de pinguim. Pois é precisamente para lá que os pinguins partem. Os mamíferos com saudades vão atrás deles e despoletam a raiva de uma super-agente especializada na captura e extermínio de animais a quem falta uma cabeça de leão na colecção. Fugindo, acabam por se refugiar num circo que lhes promete uma viagem para os EUA. Só que aquele circo não é o que parece e a nova inimiga continua atrás deles.

Nas personagens encontramos cópias descaradas de outros filmes animados (uma foca com cara de Pateta é a mais flagrante) e muitos estereótipos do circo como o lançador de facas e a trapezista. Contudo a relação criada entre as personagens vai um pouco além do que se tem visto ultimamente e para o público infantil não será tão previsível como para alguém com décadas de cinema visto. Perdeu-se algum do imenso encanto dos pinguins e já não aparece a simpática velhota, mas o novo Rei Julian continua a surpreender. De referir ainda que as vozes americanas escolhidas para tantas personagens europeias são exageradas.

Em termos de estilo e narrativa é difícil não recordar o velhinho Animalympics que Steven Lisberger nos trouxe há trinta anos. Também aqui o desporto e o desafio aos limites físicos está bem presente, só que como “Madagascar 3” tem um toque cómico, o impossível acontece muitas vezes.

Visualmente o 3D é mais uma vez um desperdício de dinheiro, no entanto a cor é deslumbrante e pede um grande ecrã, especialmente para os vinte minutos finais. Também o som tem uma forte presença e começamos a notar um maior cuidado na escolha das músicas, combinando o inesquecível “I Like To Move It” do Rei Julian com músicas de sempre (Edith Piaf) êxitos recentes (de Spice Girls até de Katy Perry), tudo contextualizado. Diria mesmo que a música original “Love Always Comes As A Surprise” estará nomeada para Oscar de Canção Original pois tem tudo o que têm as músicas nomeadas anteriormente por outros filmes de animação.

Proporcionará momentos de boa diversão e pode ser visto dezenas de vezes sem cansar.

Madagascar 3: Europe's Most WantedTítulo Original: "Madagascar 3: Europe's Most Wanted" (EUA, 2012)
Realização: Eric Darnell, Tom McGrath, Conrad Vernon
Argumento: Eric Darnell, Noah Baumbach
Intérpretes: Ben Stiller, Chris Rock, David Schwimmer, Jada Pinkett Smith, Sacha Baron Cohen, Cedric the Entertainer, Andy Richter, Frances McDormand, Jessica Chastain, Bryan Cranston, Martin Short
Música: Hans Zimmer
Fotografia:
Género: Animação, Aventura, Comédia, Romance
Duração: 93 min.
Sítio Oficial: http://www.madagascarmovie.com/

Ignorância ou trolling?

O problema de a Internet permitir a igualdade no tempo de antena de cada um, é que por entre as vozes sábias que devem ser ouvidas, aparecem criaturas cuja existência podia ser ignorada sem prejuízo cultural.



Será possível ser assim tão burro ou foi só para provocar? O que é certo é que o comentário original foi apagado depois de receber uma centena de respostas...

Fonte: Upprox

Vencedores do Porto7 2012



No fim-de-semana terminou mais uma edição do Porto7. Aqui fica a lista de premiados e a justificação do júri quando aplicável.

Ficção


Grande Prémio


"La Mirada Perdida" de Damián Dionisio
Pela singularidade criativa na abordagem de um período negro na história da Argentina.

Menções Honrosas


"Memory" de Victor Suñer
Pela qualidade da mise-en scéne e solidez narrativa.
"Tom" de Clémence Marcadier
Pela sensibilidade na abordagem de um drama familiar.

Argumento


"Asternauts" de Marta Masferrer
Pela solidez narrativa, qualidade das personagens e singularidade do desfecho.

Interpretação


Txema Blasco e María Alfonsa Rosso em "Posturas"
Pela qualidade de criação das personagens e timing cómico fundamental para o filme.

Documentário


Grande Prémio


"Machine Man" de Roser Corella, Alfonso Moral
Pela profundidade no tratamento de realidades sociais pungentes.

Menções Honrosas


"Adormecido" de Paulo Abreu
Pelo olhar estético na linguagem documental.

"Masi’s Law"
Realizadores: Aaro Hazak, Adam Jakobi Møller
Pela consistência na abordagem de uma realidade politica e social de uma comunidade.

Ficção Nacional


Grande Prémio


"A Estrela Mais Brilhante" de André Matos, Joana Santos

Animação


Grande Prémio


"Blanche Fraise" de Frédérick Tremblay

Menção Honrosa (atribuída pela direcção do festival)


"Lágrimas de um palhaço" de Cláudio Sá

Vídeo Musical


Grande Prémio


"What" (Bodi Bill) de Stephane Leonard

Menção Honrosa (atribuída pela direção do festival)


"A Song They Won’t Play on Radio" (Molly Nilsson) de Fjodor Donderer

Vídeo Musical – Hip Hop


Grande Prémio
"Cinco Quatro" (Rato 54) de Jorge Leal

21 de junho de 2012

Poster e trailer para "V/H/S"

"V/H/S" de Radio Silence, David Bruckner, Glenn McQuaid, Joe Swanberg, Ti West, Adam Wingard

Alguns indesejados são contratados para tirar uma cassete VHS de uma casa abandonada. Por muito que procurem tudo o que encontram são cadáveres, televisões e uns estranhos vídeos.
Quando muitos realizadores trabalham em conjunto pode correr mal, mas as antologias começam a regressar pelo que é preciso ter esperança. Se ficar mau, foi por ser mais um found footage.

Publicaremos a crítica dentro de aproximadamnte um mês. Fiquem atentos!
V/H/S
Imdb


Trailers e poster de "The Master"


"The Master" de Paul Thomas Anderson

Um homem começa a conquistar a América pela fé. Rodeado de homens que foram salvos de uma vida de pecado, este mentor opera milagres todos os dias. Até onde chegará o seu poder?
Phillip Seymour Hoffman, Joaquin Phoenix, Amy Adams e Laura Dern entre muitos outros protagonizam um dos filmes mais aguardados do ano.
The Master
Imdb


"Project X" por Nuno Reis

Politicamente incorrecto e nada mais do que isso

Quando se é estudante qualquer festa tem fortes probabilidades de se tornar no evento da semana. E o evento do ano será certamente uma. O segredo é como organizar essa festa.
Um trio de amigos está a organizar a festa dos dezoito anos de um deles. Só que enquanto dois são tímidos e ficam satisfeitos com dez pessoas na festa e alguma de sexo feminino, o que veio de Nova Iorque quer organizar a maior festa que aquela terra já viu. A ilusão que cria nos amigos socialmente excluídos permite-lhe demasiada liberdade e vai conseguir a festa com que nunca sonhou.

No início há aquele toque de marginalidade que todos os filmes de adolescentes precisam. Tratam as mulheres como objectos. Procuram a fama através da ilegalidade. Já não há o tradicional problema de arranjar álcool, mas há o de arranjar droga. Quase tudo como dantes.
O novo aspecto são as artimanhas de divulgação.Não se ficam pelos panfletos na escola, mas criam toda uma campanha mediática com múltiplas frentes que se espalha de forma viral. O resultado é uma festa com dimensões nunca imaginadas onde todos os sonhos se tornarão realidade.
O problema é o que se segue à fase dos convites. Se durante 40 minutos o filme tem bom ritmo e entretém, quando a festa começa desilude imediatamente pelo surrealismo. É que tudo o que sonharam se torna realidade não havendo os pequenos contratempos nem as surpresas que dão significado à vida. Qual é o interesse de uma festa absolutamente perfeita?

O deslumbramento e a irresponsabilidade vão crescendo até se tornarem incontroláveis e a situação escapar aos limites da casa. Aí quem assiste já percebeu que a mensagem deste filme é muito negativa, incentivando as normais loucuras adolescentes e juntando-lhes drogas, desrespeito pelos outros (humanos e animais), destruição de propriedade, colocação de vidas em risco... Nem falta o anão como divertimento preconceituoso.

É uma festa onde todos gostariam de estar? Assim parece. Apesar de ter sido uma festa muito informal e quase de improviso (não há personagens, praticamente todos utilizam o nome real) onde todos se devem ter divertido bastante, o cada vez menos novo artifício da footage recolhida pelos intervenientes, tem falhas de filmagem e argumento que revelam descaramente ser uma obra de ficção. Foi cometida uma quantidade demasiado grande de erros para que se possa perdoar. Estranho como o experiente Michael Bacall escreveu uma coisa destas.

Project XTítulo Original: "Project X" (EUA, 2012)
Realização: Nima Nourizadeh
Argumento: Matt Drake, Michael Bacall
Intérpretes: Thomas Mann, Oliver Cooper, Jonathan Daniel Brown, Dax Flame, Kirby Bliss Blanton, Brady Hender, Nick Nervies, Alexis Knapp
Fotografia: Ken Seng
Género: Comédia
Duração: 88 min.

20 de junho de 2012

A noite (com) mais curta(s)


O ONDA CURTA associa a sua programação ao que podemos chamar uma autêntica Noitada de Curtas – 7 horas e meia de emissão – na noite mais curta do ano.

Em 2012 o Solstício de Verão ocorre no dia 21 de Junho às 0h09m. Este instante marca o início do Verão no Hemisfério Norte, Estação mais quente do ano. E a noite de 20 para 21 de junho é, de facto, a noite mais pequena deste ano de 2012. E é precisamente na noite mais curta do ano que a RTP2 oferece uma Noitada de Curtas... Na Noite mais Curta...!

São 7 horas e meia de curtas-metragens para ver a partir das 23h30 do dia 20 de junho até às 7 da manhã do dia 21 de junho. São 24 filmes produzidos e realizados por criadores nacionais e internacionais, de vários estilos e temáticas diversificadas ao longo da noite, terminando esta maratona de curtas com uma programação especial e cheia de surpresas para os mais pequenos que forem acordando nas primeiras horas da manhã.

Programa

19 de junho de 2012

Vencedores do PUFF 2012


O PUFF é um festival que descentraliza o acesso à cultura. Numa edição simultânea em Portimão e Fundão, os prémios de 2012 foram bastante variados.
As quatro categorias em competição - Longas-metragens, Curtas-metragens, Documental e Escolas (U-Can) - tiveram um total de 3 filmes lusófonas entre os vencedores: "Piton" em escolas, "A Cova" em curtas e o brasileiro "Os 3" nas longas.

U-CAN


Melhor Filme de Escola


"Píton", André Guiomar (Católica do Porto)

Prémio Especial do Júri para Melhor Escola


Escola Artística de Soares dos Reis

Longas Metragens


Melhor Filme


"Runaway", Amit Ashraf (Bangladesh)

Prémio Jovem Promessa


Terence Nance por "An Oversimplification of Her Beauty" (EUA)

Menção Honrosa


"Os 3", de Nando Olival (Brasil)

Documentários


Melhor Documentário


"Lone Samaritan", de Barak Heymann (Israel)

Prémio Especial do Júri


"Out of the Darkness", de Stefano Levi (Alemanha)
"Fambul Tok", de Sara Terry (EUA)

Curtas


Melhor Curta Metragem


"El Cortejo", de Marina Seresesky (Espanha)

Prémio Especial do Júri


"Los Crímenes", de Santiago Esteves (Argentina)

Prémio Especial do Júri - Melhor Curta-metragem Portuguesa


"A Cova", Luís Alves

Menção Honrosa


"Sudd", Erik Rosenlund (Dinamarca)

18 de junho de 2012

"Estrada de Palha" começa a sua marcha

Quase um ano depois da passagem pelo Curtas, eis que "Estrada de Palha" chega aos cinemas.

A ZON Audiovisuais e o Bando à Parte têm o prazer de apresentar o filme "Estrada de Palha" com estreia a 28 de Junho, em exclusivo nos cinemas UCI de Gaia e Lisboa.
Realizado por Rodrigo Areias e inspirado nos escritos de Henry David Thoreau, "Estrada de Palha" traduz a obra “Desobediência Civil” em estilo western à portuguesa. A banda sonora, que faz justiça ao género cinematográfico em que se insere, é predominantemente acústica e da autoria de The Legendary Tigerman e Rita Redshoes.



A antestreia de Estrada de Palha será comercial e contará com um cine-concerto em Lisboa e outro no Porto, nos quais The Legendery Tigerman e Rita Redshoes tocarão a banda sonora ao vivo na sala de cinema:
- Cinemas UCI Gaia – 27 de junho
- Cinemas UCI Lisboa – 28 de junho
Os bilhetes já estão à venda.
Depois de ter vencido dois prémios no Caminhos do Cinema Português (Melhor Ator Secundário e Melhor Banda Sonora Original) e também no Faial Film Fest (Melhor Fotografia e Menção Especial do Júri), Estrada de Palha está selecionado para a Competição Oficial no Festival Internacional de Cinema de Karlovy Vary, um dos dez festivais Classe A existentes em todo o mundo. O filme foi ainda convidado para o Midnight Sun Film Fest na Finlândia que ocorrerá entre 13 e 17 do corrente mês, tendo já a sua distribuição cinematográfica e televisiva neste território sido confirmada.
SINOPSE
Esta é a história de um homem que, após ter vivido longe do seu país durante mais de uma década, volta à sua aldeia para vingar a morte do irmão. Inspirado nos escritos de Henry David Thoreau, traduz “Desobediência Civil” para Português. Num pais onde a corrupção e a extorsão são encaradas com normalidade, aqueles que materializam a representação do Estado prendem e matam impunemente. Alberto tenta combater a tirania do estado e salvar o que resta da sua familia. Mas este é um país onde nada muda…

"Big Miracle" por Nuno Reis

Quem viu "Big Miracle" e, pelo poster ou trailer, pensava que era um novo "Free Willy" deve-se ter sentido muito enganado. Enquanto o filme de 1993 (sim, passaram quase duas décadas) foi feito para ajudar as baleias e acabou por ajudar especialmente a criatura que actuou no filme, este novo filme também apela à defesa da baleias, mas é fortemente baseado em factos reais e dá uma perspectiva imparcial das diversas forças lá presentes. Explica o ponto de vista dos caçadores de baleias, o da Greenpeace, o das petrolíferas, o dos jornalistas, o dos pequenos empresários, o dos políticos... em suma, de todos cuja carreira pudesse ser melhorada ou prejudicada por este evento.

A fidelidade à realidade é alta, portanto façamos de conta que é total. Um jornalista em vésperas de abandonar o Alaska para onde foi desterrado, nota um jacto de água por entre o gelo. Ao ver que estão três baleias presas, decide fazer uma peça sobre o tema que, por sorte, acaba por chegar à televisão nacional. A primeira pessoa a reparar nisso é uma ex-namorada dele, funcionária da Greenpeace, que, farta de consecutivas missões fracassadas, assume o salvamento daqueles animais como uma causa pessoal. Uma preciosa dica anónima despoleta uma inesperada ajuda da empresa petrolífera com concessão no Árctico. O bom coração de uma funcionária da Casa Branca a precisar de ajuda para a campanha presidencial desbloqueia a ajuda governamental. A imprensa corre para lá e subitamente todos os EUA estão de olhos postos no gelo. Não podem falhar.
Nesta situação mesmo um jornalista por vezes perde a noção do dever e prefere perder o momento da notícia a perder o tema da notícia (Krasinski cada vez é melhor actor). Nâo foram os governos que resolveram, foram as pessoas. Colaboraram, acreditaram e conseguiram.

É nos pequenos detalhes que se escondem os grandes trunfos de "Big Miracle". A transparência será o maior deles pois não toma partidos. Quando alguém está lá por dedicação di-lo, quando está por interesse também diz, quando faz asneira não esconde. Outro trunfo é o humor, quase sempre na visão comercial do pequeno Nathan, um dinâmico empresário com olho para a oportunidade que traz ânimo a uma situação complicada. Tem ainda um bom equiíbrio entre comédia, drama e romance. E finalmente, tiveram a cabeça de terem apoio a nível nacional para a causa e não se distraírem com isso, focando a acção no gelo.

Não sendo um filme inovador é um filme agradável e uma excelente escolha para ver com a família. contudo, comparando com os demais contos de heróis improváveis que surgem do gelo, tem algo ainda maior. Foi no ano a seguir à perestroika soviética e esta inesperada aliança EUA-URSS contra um bloco de gelo, foi um golpe demolidor na Guerra Fria que Reagan e Gorbachev queriam terminar. No fim, todos ganharam com isto. Em especial as baleias que começaram a ser tema de filmes.

Big MiracleTítulo Original: "Big Miracle" (EUA, Reino Unido, 2012)
Realização: Ken Kwapis
Argumento: Jack Amiel, Michael Begler (livro de Thomas Rose)
Intérpretes: John Krasinski, Drew Barrymore, Ahmaogak Sweeney, Kristen Bell, Ted Danson, Tim Blake Nelson, Vinessa Shaw, Dermot Mulroney
Música: Cliff Eidelman
Fotografia: John Bailey
Género: Drama, Romance
Duração: 107 min.
Sítio Oficial: http://www.everybodyloveswhales.com/

Competição de trailers em Avanca

O Festival de Cinema AVANCA 2012 abre até ao dia 8 de Julho uma competição aberta exclusivamente a “trailers” de filmes.

Trailers in Motion

Os trailers, com que se anunciam os filmes no cinema, na televisão e na internet, são cada vez mais um produto cinematográfico autónomo que envolve processos de comunicação entre as linguagens cinematográfica e publicitária. Sobretudo com a internet, praticamente todos os filmes têm hoje um ou vários “traileres” e “teasers”, que procuram anunciar e promover o filme entretanto terminado ou até só o seu projecto de produção.

Esta competição, está prevista para exibição no grande ecrã ao ar livre, nas noites de 28 e 29 de Julho próximo no centro de Avanca.

No ano passado, o “Trailer in Motion” reuniu um conjunto de 46 “trailers” seleccionados a concurso, procedentes de produtores cinematográficos de 17 países e cujo prémio foi atribuído ao cubano "Drenaje Profundo", tendo o português "Quando os Monstros se vão embora" recebido uma menção honrosa.




Sob o lema “A velocidade do cinema no curto tempo de um trailer”, esta forma de produção audiovisual irá estar também presente nos workshops que decorrerão durante o festival, de forma particularmente relevante.

O regulamento e ficha de inscrição para a participação neste concurso estão disponíveis em trailerinmotion.blogspot.com ou no site do festival em www.avanca.com.

Entretanto fecharam as inscrições para as várias competições de filmes, nomeadamente para o Prémio Estreia Mundial, registando-se um número recorde de 2402 filmes, candidaturas provenientes de produtores de 69 países.

Estes números são muito significativos dada a exigência do carácter inédito das obras, bem como a obrigatoriedade de os filmes não estarem disponíveis no espaço da web.

O Festival AVANCA 2012 é uma organização do Cine-Clube de Avanca e Câmara Municipal de Estarreja com o apoio do ICA / Secretaria de Estado da Cultura, Instituto Português do Desporto e Juventude, Região de Turismo do Centro, Academia Portuguesa de Cinema, DeCA / Universidade de Aveiro, ESAP, ESAD, Junta de Freguesia, Agrupamento de Escolas e Paróquia de Avanca, para além de várias entidades locais.

17 de junho de 2012

16 de junho de 2012

"(500) Days of Summer" por Nuno Reis

Não fosse a mensagem bem clara logo ao início e seria a comédia romântica mais infeliz de sempre. A única coisa que iliba “(500) Days” é ser muito claro logo ao início, dizendo que não é desse tipo de filmes. Rapaz conhece rapariga, costuma evoluir para rapaz consegue rapariga, mas o desfecho não tem de ser o clássico final feliz. Independentemente de quantos dias passaram juntos, não se pode ter a certeza de terem criado algo eterno.
Comecemos pelo spoiler. Pode ter esse nome quando é dentro do filme? Talvez seja compreensível num drama como vimos em “Lemony Snicket’s Series of Unfortunate Events”, mas quando um filme romântico começa por dizer que não vai acabar bem não está a afugentar o público-alvo? Pelo contrário. Por um lado, sabendo que aqueles 500 dias serão tudo o que se terá, são melhor aproveitados. Por outro dá para procurar ingloriamente as falhas na relação. Sim, porque aqui não foram erros cometidos por alguém, simplesmente acabou.

Os 500 dias estão sensivelmente cortados a meio. Até aos duzentos e pouco corre tudo bem, depois começa a azedar e subitamente acaba. Chega a parte de lidar com isso. É nesse ponto que começa a narrativa: com o “porquê?” que assombra o homem abandonado (o filme é todo contado pela perspectiva dele). Os dias iniciais e finais vão sendo alternados mostrando como as mesmas coisas feitas por ele em diferentes dias têm uma reacção diferente por parte dela. Como a relação se vai desmoronando. Não são mostrados 500 dias, talvez 50, há momentos chave que se perderam, mas seria precisa toda uma série para conhecer a fundo esta relação. Deixar em aberto é simpático, permite que cada um imagine que foi como alguma relação falhada que teve no passado.

É difícil não sentir pena de Tom, mas sempre achando que está a exagerar. Essa é a opinião de Rachel (Chloe Grace Moretz) e aquilo que todos os que estão de fora pensam daqueles que estão arrebatados pelo amor. Quem estiver a passar pelo mesmo provavelmente terá imensa simpatia. Quanto a Summer não conhecemos a versão dela por inteiro. Só o que partilha com Tom para que ele não se sinta tão mal. A opinião que se forma de Summer confunde-se com a que se tem da actriz. Ou se ama ou se odeia, por vezes ambos. Tanto se pode achar uma das personagens mais fascinantes do cinema como alguém que não merece ser amado. Essa dualidade causada é a prova de como a personagem está bem construída, permitindo que seja avaliada como uma pessoa real.

O filme tem tanto de belo como de deprimente. Ao vê-lo da primeira vez é fácil ficar num estado misto de surpresa e desilusão. Com o passar do tempo a melancolia dá lugar a uma profunda admiração pela ousadia com que distorce as normas do romance e no fim da assimilação mesmo os momentos cheesy (que não faltam) são perdoados pelo todo.

(500) Days of SummerTítulo Original: "(500) Days of Summer" (EUA, 2009)
Realização: Marc Webb
Argumento: Scott Neustadter, Michael H. Weber
Intérpretes: oseph Gordon-Hewitt, Zooey Deschanel
Música: Mychael Danna. Rob Simonsen
Fotografia: Eric Steelberg
Género: Comédia, Drama, Romance
Duração: 95 min.
Sítio Oficial: http://www.foxsearchlight.com/500daysofsummer/

Melhores Filmes de Maio

Saiu o top mensal de Maio do CCOP e a qualidade dos filmes foi muito desnivelada visto que não só 4 entraram para os 10 melhores do ano, como um segundo filme português compete pela "honra" de ser o pior filme exibido nas nossas salas.
PosiçãoTítuloRealizadorMédia
1Take ShelterJeff Nichols8,67
2We Need to Talk About KevinLynne Ramsay8,5
3Wuthering HeightsAndrea Arnold8
4Bir zamanlar Anadolu'daNuri Bilge Ceylan7,89
5MichaelMarkus Schleinzer7,17
6NanaValérie Massadian7
6À Bout PortantFred Cavayé7
7HaywireSteven Soderbergh6,57
8La Source des FemmesRadu Mihaileanu6,5
8Dark ShadowsTim Burton6,5
8Salmon Fishing in the YemenLasse Hallström6,5
8A Monstre à ParisBibo Bergeron6,5
9CosmopolisDavid Cronenberg6,44
10Ha-shoterNadav Lapid6,33
11Les InfidèlesEmmanuelle Bercot, Fred Cavayé, Alexandre Courtès, Jean Dujardin, Michel Hazanavicius, Eric Lartigau, Gilles Lellouche6,25
12MarleyKevin Macdonald6
13Snow White and the HuntsmanRupert Sanders5,6
14The DictatorLarry Charles5,5
15Friends With KidsJennifer Westfeldt5,4
16The Killing FieldsAmi Canaan Mann5,25
16The Five-Year EngagementNicholas Stoller5,25
17SafeBoaz Yakin3,75
18The Son of No OneDito Montiel3,33
19A Teia de GeloNicolau Breyner2,75

"Late Bloomers" por Nuno Reis

Quem diz que só há bons papéis para os novos?


O que é o amor? A resposta dos jovens falará de atracção física, e do desejo de ficarem eternamente juntos. Na velhice serão a amizade e a rotina de décadas criadas no casal. Pelo meio há um monstro chamado meia-idade em que por não terem o primeiro tipo e não perceberem que têm o segundo não sabem o que sentem. A vida de Mary e Adam está assim. Aos 60 anos Adam recebeu um prémio carreira, metáfora para “devias estar reformado”. Mary vê isso como um sinal e começa a preparar-se para a fraqueza, os problemas de visão e demais maleitas. Já Adam vê isso como um reconhecimento do seu talento como arquitecto, começa a tentar provar que ainda consegue competir contra qualquer um e reúne um grupo de jovens para um projecto secreto. Essas formas tão díspares de estar na vida vão levar à separação do casal que terão de se redescobrir como indivíduos depois de meia vida juntos.
É curiosa a tradução feita ao título. Enquanto em muitos países se ficaram pelo inglês “despertar tardio”, no sentido de descobrir tarde a juventude, em Portugal fomos para o invulgar “3x20 anos” do francês que remete para um regresso, uma terceira juventude. São duas formas distintas de ver o filme, margem permitida por não termos informações suficientes sobre os primeiros anos. No entanto sabemos que Adam era um workaholic e Mary era-lhe totalmente dedicada pelo que podem ter desperdiçado a juventude. Considero o título original e a ideia de que os 60 são os novos 20 como a mais fiel ao filme e a que deve ser vivida. A juventude é um estado de espírito e enquanto não pararmos não nos deixamos apanhar pela velhice. Aos 60, com os filhos já crescidos e (teoricamente) empregados, com a reforma quase à porta (até ver), somos livres para viver novamente.
Apesar de ser muito americano, o estilo de Julie Gavras (filha de Costa-Gavras) e do cinema europeu está presente e as personagens italianas não o escondem. Grandes desempenhos de Isabella Rossellini, William Hurt e especialmente Doreen Mantle como líder de um grupo dos velhotes mais vivaços que o cinema já teve, tornam este filme uma delícia que se apreciará cada vez mais com a avançar da idade Aqui é-nos dito frontalmente para não pararmos de viver nem de amar. O importante é sermos felizes. Por isso mesmo é um filme que deve ser revisto a cada cinco anos no mínimo.

Late BloomersTítulo Original: "Late Bloomers/Trois Fois 20 Ans" (França, Bélgica, Reino Unido, 2011)
Realização: Julie Gavras
Argumento: Julie Gavras, Olivier Dazat, David H. Pickering
Intérpretes: Willia Hurt, Isabella Rossellini
Música: Sodi Marciszewer
Fotografia: Nathalie Durand
Género: Drama
Duração: 95 min.
Sítio Oficial: http://trois-fois-20-ans.gaumont.fr

15 de junho de 2012

Programa Gulbenkian de apoio às artes


Uma série de artes performativas estão na lista de apoios da Fundação Calouste Gulbenkian, incluindo o Documentário e Experimental. Recomenda-se que os interessados se informem pois é uma oportunidade excelente de fazer aquele projecto que não começaram porque nunca teria retorno.

Destina-se a filmes de carácter experimental e/ou documental que não envolvam orçamentos onerosos. Privilegia os projetos de cineastas em início de carreira. Enquadra ainda a promoção e divulgação internacional do cinema português.

FORMULÁRIO DE CANDIDATURA (entidade individual)

FORMULÁRIO DE CANDIDATURA (entidade coletiva)

PEDIDOS NÃO ENQUADRÁVEIS

Não serão contemplados pedidos que visem o simples financiamento da atividade artística regular ou do seu suporte logístico e administrativo corrente, designadamente:

Aluguer de espaços ou outras despesas permanentes com o respectivo uso e manutenção;
Obras de carácter estrutural de remodelação ou conservação de espaços;
Despesas correntes de carácter administrativo, tais como o pagamento de honorários no quadro do funcionamento regular das estruturas artísticas;
Custos de produção e divulgação da programação artística regular das estruturas;
Aquisição de veículos;
Custos per diem.

Não serão contemplados projetos integrados em programas para a obtenção de graus académicos.

As candidaturas uma vez indeferidas não podem ser submetidas para reavaliação, seja qual for a entidade proponente.


INSTRUÇÃO DE PEDIDOS

Todos os pedidos de apoio devem ser enviados online, endereçados ao coordenador do Programa Gulbenkian de Artes Performativas e incluir:
O formulário de candidatura, devidamente preenchido;
Descrição detalhada da ação e sua fundamentação em termos artísticos;
Perfil curricular do requerente ou requerentes;
Perfil curricular dos criadores convidados (quando aplicável);
Cópia do documento de registo da estrutura requerente (quando aplicável);
Histórico abreviado da estrutura requerente (quando aplicável);
Confirmação das demais entidades envolvidas no projeto - carta de convite ou aceitação dos organizadores dos espetáculos, promotores dos eventos, etc. (quando aplicável);
Orçamento detalhado da ação, incluindo a discriminação integral dos respectivos custos e o total das despesas e receitas;
Identificação dos itens orçamentais para os quais se dirige o pedido de apoio;
Documentos comprovativos de outros apoios existentes.
Outra documentação considerada necessária pelo requerente poderá ser enviada por via postal, quando o seu formato assim o exigir (ver contactos).


PRAZO DE APRESENTAÇÃO DE PEDIDOS

Os pedidos devem ser apresentados com um mínimo de 90 dias de antecedência em relação à data de início da ação. As candidaturas que não respeitem esta condição serão excluídas.
Não serão aceites pedidos com carácter retroativo.

Os resultados serão comunicados até 90 dias após a boa recepção da candidatura.


OBRIGAÇÕES DOS BENEFICIÁRIOS

A entidade apoiada compromete-se a enviar para o Programa Gulbenkian para as Artes Performativas, no prazo máximo de três meses após a conclusão do projeto, um relatório que inclua, de forma sucinta, a seguinte informação:
Objetivos alcançados;
Número de espetáculos e espetadores (quando aplicável);
Relatório de contas;
Material de divulgação relevante, notas de imprensa, registos fotográficos e de vídeo (se disponível), a serem integrados nos nossos arquivos.

Compromete-se, igualmente, a mencionar o apoio da Fundação em todos os suportes de divulgação do projeto.

O relatório final deverá ser anexado à respectiva candidatura.

Poster e trailer para "Pitch Perfect"

"Pitch Perfect" de Jason Moore

Aós o sucesso de "Glee" e "Smash" o musical para os jovens está a renascer. Nesta proposta temos um grupo de cantoras a capella que se preparam para um confronto musical fenomenal.
Além de ter Anna Kendrick no papel principal, convenceram-me com a "Hey Mickey".
Pitch Perfect
Imdb

14 de junho de 2012

Programa do Porto7

Começou ontem, mas ainda vão muito a tempo para disfrutarem de uma excelente selecção de curtas.

Quarta-feira, 13 de Junho



15h30 Hard Club

Projecção e exibição de curtas-metragens extra competição

21h30 Cinema Passos Manuel

Abertura + sessão competitiva nº 1 e 2

24h00 Passos Manuel -

After Festival - Festa de abertura


Quinta-feira, 14 de Junho



21h30 Cinema Passos Manuel

Sessão competitiva nº 3 4

02h00 Hard Club

After Festival - Especial Hip Hop

Sessão Competitva Music-Video Special Hip Hop, intercalado com concertos do mesmo
género musical.


Sexta-feira, 15 de Junho



21h30 Cinema Passos Manuel

Sessão Competitiva nº 5 e 6

24h00 Passos Manuel

After Festival – Festa no Cinema Passos Manuel


Sábado, 16 de Junho



21h30 Cinema Passos Manuel

Sessão competitiva nº 7 e 8

24h00 Embaixada Lomográfica

Sessão Competitiva Music-Video

After Festival - Festa Porto7


Domingo, 17 de Junho



15h30 – 18h30 Programa Social e Cultural Porto7

Hard Club – Projecção e exibição de curtas-metragens extra competição.

21h30 Hard Club

Entrega de Prémios, encerramento do festival Porto7 e projecção dos filmes vencedores.

Plano Nacional de Cinema - Proposta V

Definir um plano para o cinema não é apenas fazer uma lista de filmes obrigatórios. É preciso pensar no que se quer transmitir e escolher os filmes adequados para passar a mensagem.

Evitei ao máximo as animações pois terão disso aos magotes em casa deles ou de amigos, na pré-escola... Essa realidade pode não se verificar em todos os ambientes sócio-económicos pelo que ficaria responsabilidade das câmaras e cineclubes organizar sessões de cinema infantil aos fins-de-semana, períodos de férias e demais oportunidades. Um bom filme é cultura disfarçada de entretenimento.

PRIMEIRO CICLO


Para o primeiro ciclo a prioridade deve ser explicar o que é cinema. As suas origens, os avanços técnicos, tudo o que levou ao cinema que vemos hoje em dia. Para isso escolhi um conjunto dos primeiros filmes no seu género. Tinham de ser um marco da história do cinema e com uma violência mínima. Os que têm vilões têm-nos caricaturais para que não assustem.
Nos primeiros como a duração é pequena, as explicações podem mais ser demoradas e os filmes revistos. Também se recomenda alguns exercícios práticos para que os alunos se interessem, se envolvam e comecem a brincar ao Cinema.
Após fazer a lista e pensar se mostraria estes filmes a uma criança de 6 anos concluí que não mostraria com a intenção de a entreter, mas com finalidade lúdica porque não? Os primeiros seis da lista somados demoram uma hora pelo que não se está a aborrecer as crianças nem se corre o risco de perder a atenção delas.

L'Arrivée d'un train en gare de La Ciotat (1895) Lumière
Os primeiros cineastas e toda a responsabilidade que isso acarreta... Com este trabalho dos irmãos Lumière o importante é realçar a função documental e de curiosidade que acompanhou o nascimento do cinema. Haverá um imediato riso pela diferença de 120 anos em relação a tudo o que já viram, isso permitirá explicar curiosidades sobre material de filmagem. O tema dos comboios vai ser recorrente no primeiro ciclo pois é algo com que estão familiarizados e que, pelo que me lembro, mantém o encanto entre os mais pequenos.

Le voyage dans la lune (1902) Georges Méliès
O cinema como ficção e magia começou com Méliès. Este breve filme permite explicar conceitos básicos de montagem e da importância da imaginação para cativar o público.

The Great Train Robbery (1903) Edwin Porter
Para passar da indústria francesa para a americana, optei por um western que será facilmente reconhecido como de tema americano. Tem também um pouco de colorização manual para que se explique o processo e a cena final para explicar como a tela ainda causava uma ilusão de real aos espectadores.

Le Royaume des Fées (1903) Georges Méliès
Este filme é uma súmula de tudo o que foi dito anteriomente. Com uma duração um pouco superior, ainda de temática fantástica e com colorização quase completa, é um apogeu daquilo que os primórdios do cinema conseguiram.

Pauvre Pierrot (1892) Emile Reynaud
Para se falar da animação, convém retroceder uns anos e explicar que anos antes da captura de imagens em movimento, já se capturava imagens e se dava a ilusão de movimento.

Steamboat Willie (1928) Ub Iwerks
O som ficou erradamente associado a este filme, mas não parece mal que o “Steamboat Willie” seja usado para o apresentar como tema de estudo. Um extra é verem a evolução de uma personagem que seguramente conhecerão.

Block-Heads (1938) John G. Blystone
Antes de avançarmos para as longas-metragens, optei por introduzir uma média-metragem sonorizada. Nâo só se acostumam a filmes mais demorados como podem sentir a importãncia do som e dos efeitos sonoros antes de explorarem as longas do cinema mudo. Calhou ser esta apenas por ser daquelas que mais acompanhou a minha infância.

The General (1926) Buster Keaton, Clyde Bruckman
Para fechar este ciclo optei por três longas de muito fácil visonamento (comédias) e que considero obrigatórias. Primeiro “The General” pela complexidade narrativa, pela técnica, pela história, um daqueles filmes sublimes que só melhoram com a idade. E novamente num comboio.

“The Gold Rush” (1925) Charlie Chaplin
Sou da opinião que quanto mais cedo tiverem contacto com o cinema de Chaplin melhor. No segundo bloco de filmes o difícil foi parar, mas para este primeiro bloco teria de vir algum e este pareceu o mais adequado por não ser demasiado triste nem tratar de temas complicados como a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial, mas explicar os riscos corridos pelos exploradores nos terrenos selvagens que facilitará o tema dos descobrimentos e colonização que darão no 5º ano.

The Wizard of Oz (1939) Victor Fleming
Obra incontornável com cor e som, uma história sobejamente conhecida e valores que devem ser transmitidos. Segue a maioria dos padrões actuais de cinema permitindo fechar um conjunto de filmes complicados com algo mais aprazível.




SEGUNDO E TERCEIRO CICLO


Estando o básico do cinema explicado, definiria como prioridade para o segundo bloco de filmes, aqueles onde a criatividade seja a ferramenta mais poderosa. Mundos utópicos e distópicos, formas coloridas de ver um mundo negro.

E.T. The Extra-Terrestrial (1982) Steven Spielberg
Se ao ver um filme pela décima vez ainda aplaudo e me sento até ao final dos créditos porque é melhor ouvir aquela música do que arriscar ver outro canal, há uma enorme probabilidade de ser um Spielberg. Em “ET” discute-se o microscópico lugar de cada um no universo, a solidão, a importância dos amigos e os pequenos gestos que dão significado à vida.

Wall-E (2008) Andrew Stanton
Voltando a um tema muito importante, até que ponto são precisos os diálogos? E os actores? E sequer personagens humanas? Em “Wall-E” discute-se valores ambientais, o futuro da humanidade e da robótica e o amor. Mais uma vez, motiva a descobrir filmes que não estão nesta lista.

The Great Dictator (1940) Charlie Chaplin
La Vita è Bella (1997) Roberto Benigni
Dois filmes, uma missão. Como transformar um dos acontecimentos mais trágicos da história da humanidade em algo comovente e divertido. Seja a versão simples que Chaplin nos oferece de “O Príncipe e o Pobre” ou o jogo dos 1000 pontos de Benigni, uma entrada suave facilita o estudo deste tema tão negro.

It’s a Wonderful Life (1946) Frank Capra
A adolescência traz muitas dúvidas existenciais. Este pérola permite a cada um parar para reflectir e descobrir o seu lugar no mundo ou, se ainda não o tiver, trabalhar para o conseguir. Pela duração sugeria que fosse intervalado com algumas tarefas de auto-descoberta.

Dead Poets Society (1989), de Peter Weir
Os filmes são uma ferramenta pedagógica desde que existem televisões e vídeos nas escolas. Recordo-me de ter visto muitos filmes, mas não me lembro da maioria deles. A excepção foi este, uma obra-prima sobre a vida, as expectativas externas, os sonhos, as ilusões, a morte. E talvez sirva para recuperar algum do respeito que os professores estão a perder de forma imparável.

Shichinin No Samurai (1954) Akira Kurosawa
Juro que tentei controlar-me nas durações dos filmes. Mas para mostrar o cinema não-anglófono numa história magistral e linear não conseguia arranjar melhor. Valores como trabalho e honra marcam presença num daqueles filmes que todos deviam ver, nem que sejam obrigados.

Rope (1948) Alfred Hitchcock
Um dos tópicos chave que importa referir é a influência dos planos utilizados para a interpretação que se tem da história. Hitchcock é um mestre dessa arte em todas as formas. A escolha recaiu sobre um dos que será mais difícil encontrar nos circuitos convencionais e cuja mestria em planos-sequência mostrará aos jovens - acostumados a filmes com muita acção e movimento - que é possível contar uma história em tempo real e com um cenário reduzido. Basta planificar e ensaiar.

The Hound of the Baskervilles (1939) Sidney Lanfield
Hesitei um pouco antes de colocar este filme, mas achei importante para fazer a ponte às adaptações literárias e ao conceito de sequela. São personagens facilmente reconhecíveis, uma história muitas vezes adaptada e, para a época, saiu um belo filme.

Nuovo Cinema Paradiso (1988) Giuseppe Tornatore
Acabada esta segunda viagem pelo fantástico mundo do cinema, o ideal é ver um seu semelhante a ficar maravilhado perante a magia daquela luz que ilumina a escuridão, trazendo histórias de sítios distantes a um pequeno lugar perdido no tempo. Permitirá acesos debates sobre responsabilidade, censura e até mérito cultural do cinema. E aquele extra sempre desejado que é motivar para ver mais filmes antigos.


SECUNDÁRIO


Para os alunos do secundário trouxe uma lista de filmes que apesar de já terem sido minuciosamente analisados podem sempre proporcionar acesos debates.
Esta lista não tinha existência própria. Há medida que me lembrava de novos títulos para a lista de 2º/3º Ciclo, os mais difíceis iam passando para a lista seguinte. Acabou por ficar uma lista diversificada e muito propícia a discussões.


Os primeiros quatro foram escolhidos com base numa premissa muito simples: a noção de família.
The Kid (1921) Charlie Chaplin
O conceito de família biológica e afectiva. Assim como voltar a um cinema preto e branco numa fase em que começam a ir ao cinema sozinhos e são socialmente influenciados para irem em busca dos blockbusters mais recentes.

Forrest Gump (1994) Robert Zemeckis
Famílias monoparentais, criancas especiais, valores a transmitir aos filhos. É também uma referência para terem cuidado com as amizades criadas pois são pessoas que estarão connosco para toda a vida, mesmo que o outro lado não mereça e não queira (Jenny, Dan), e diz que qualquer um pode fazer qualquer coisa. Melhor mensagem a passar no início da vida adulta.

The Royal Tenenbaums (2001) Wes Anderson
Uma das famílias mais disfuncionais da história do cinema e um contacto com o cinema independente camuflado de actores conhecidos. A mensagem é que pessoas geneticamente destinadas à grandeza podem ser infelizes. É preciso pensar no presente enquanto se constrói o futuro.

"Thirteen" (2003) Catherine Hardwicke
Estando a adolescência a meio convém olhar para trás e pensar nos erros que se cometeu, na forma como se tratou os pais e perceber de que forma família e amigos nos moldam. Esta é uma entre várias perspectivas sobre as famílias do século XXI, mas considero esta a mais independente daquele factor sempre desactualizado chamado internet.



Metropolis (1927) Fritz Lang
Regresso ao tema dos mundos dispóticos dado no 2º/3º ciclo. Este ficou para depois devido aos exigentes requisitos mentais para ser minimamente percebido. O secundário é uma fase em que há mais mobilização, sentimento de protesto, desafio à autoridade e desejo de afirmação por isso podem-se identificar com a analogia dos carneiros, do trabalho mecanizado...

Monty Python
Holy Grail? Life of Brian? The Meaning of Life? Qualquer um deles merece ser visto pela criatividade e pelo humor ousado e desregrado. Essa ousadia irreverente na temática é suficiente para ter forte oposição religiosa, por isso, em vez de definir um, preferia deixar à escolha da escola. Até porque no contacto com alunos de outras escolas acabariam por querer ver os restantes.

Belarmino (1964) Fernando Lopes
Por vezes esquecemo-nos dos nossos heróis. Este filme foi rodado com pouco orçamento, com um tema que em Portugal nunca teve grande foco e acabou por se tornar um sucesso intemporal do documentário.

Ana (1982) António Reis e Margarida Cordeiro
Novamente em busca do Portugal desconhecido. O melhor e mais esquecido cineasta nacional, criador de um estilo próprio que ainda persiste e dos com maior visibilidade internacional na sua época. Qualquer filme serviria, mas este tem histórias por trás que dá gosto descobrir.

"Citizen Kane" (1941), de Orson Welles
Se há filme que nunca ficará completamente discutido é o mais famoso trabalho de Welles. Aqui discute-s os pequenos prazeres da vida, os atalhos para o sonho americano, formas de liderar e manipular pessoas. Tem de ficar quase no fim da lista para que tenham bagagem suficiente.

Blazing Sadles (1974) Mel Brooks
Para fechar recomendo um filme que quebre com as regras de cada género de filme, algo que atravesse os limites de um cenário e os desafie a conhecer os estúdios e a arte secreta de fazer a magia do cinema.

13 de junho de 2012

Nove anos passaram

Nove, mas que número insignificante para o cinema. Se formos ver títulos recentes temos:

Herói: 9


Local: Distrito 9


Companhia: os Noves e as Nove


Recuando um pouco mais há uma "Love Potion Nr 9", mas o número em si não tem sido muito feliz.

Visto que o número 9 não tem nenhum significado especial no cinema, porque deveria o nosso nono aniversário ser especial? O número dez, esse é importante. Portanto hoje é o dia em que se marca o arranque de um ano de profundas mudanças no Antestreia.
No blog a diferença é mínima. Sim, o logótipo perdeu o URL pois neste momento todos devem conseguir encontrar o blog, mas aqui foi só isso.
O domínio Antestreia.pt está reservado para acolher todas as mudanças dos próximos doze meses. Podem ir corrigindo os vossos links.

A qualquer momento vai ser anunciada a primeira grande novidade e espero que gostem.

12 de junho de 2012

Plano Nacional de Cinema - Proposta IV

Amanhã farei uma pausa na iniciativa para anunciar a novidade de aniversário. Mas hoje ainda há tempo para uma lista e por isso deixo-vos com a selecção do Armindo Paulo Ferreira (Ecos Imprevistos) que se esmerou como nenhum outro na defesa do cinema nacional.



Filmes para audiencias escolares… um caso bicudo!
Não é nada fácil pensar no que escolher, que 30 filmes "oferecer" a um público ainda em formação. A abordagem que desenvolvi foi criar um misto de valores cinéfilos, nacionais e internacionais, com histórias que os aliciem também a se interessarem por diferentes tipos de cinema.
Tem um pouco de tudo, sendo que há um natural crescendo nos temas e formas de abordar certos assuntos.
Não me sinto, pessoalmente, a dominar este assunto de cariz tão pedagógico mas escolhi os seguintes 30 filmes, que julgo serem até muito interessantes a ser vistos (em crescendo) por pequenos e graúdos.

Até 10 anos


O objectivo aqui, é lhes dar por diferentes formas de cinema (as que também reconhecem, como a animação e a fantasia), e partir daí para algo que lhes transmita criatividade, boa disposição, suspense, a pedagogia da realidade e por fim, que permita às crianças sonhar.


"Aniki Bobó" (1942), de Manuel de Oliveira
"O Pátio das Cantigas" (1942), Francisco Ribeiro
"Modern Times - Tempos Modernos" (1936), de Charles Chaplin
"Fantasia" (1940), Disney
"Bambi" (1942), Disney
"Rear Window" (1954), de Alfred Hitchcock
"Sleeper" (1973), de Woody Allen
"Star Wars" (1977), de George Lucas
"ET" (1982), de Steven Spielberg
"Akeelah and the Bee" (2006), de Doug Atchison


Até 15 anos


Nesta fase, estamos perante os adolescentes que serão já também pequenos adultos, que já despertaram para o mundo instruídos academicamente e esta selecção tem por objectivo, os fazer entender ainda mais o mundo. Contudo, mais que entender o mundo exterior, é tentar permitir aprender a entender noções de respeito e compreensão perante a família e a sociedade, de forma a os poder valorizar e com isso crescerem muito mais interiormente.

"O Leão da Estrela" (1947), de Artur Duarte
"Adeus Pai" (1996), Luis Filipe Rocha
"Zona J" (1998), Leonel Vieira
"A Esperança Está Onde Menos Se Espera" (2009), de Joaquim Leitão
"The Miracle Worker" (1962), de Arthur Penn
"The Blue Lagoon" (1980), de Randal Kleiser
"Schildler's List" (1993), de Steven Spielberg
"Thirteen" (2003), de Catherine Hardwicke
"Inglourious Basterds" (2009), de Quentin Tarantino
"Hugo" (2011), de Martin Scorcese



Até 18 anos


Aqui, a selecção é mais incisiva no "coming-of-age", incidindo também em exemplos que os inspire a saber encarar a sua fase adulta, a descobrirem-se durante o processo e se possível a tirarem conclusões que tanto os inspirem como os faça perceber certas decisões ou rumos que podem evitar.

"Os Mutantes" (1998), Teresa Villaverde
"Capacete Dourado" (2007), de Jorge Cramez
"Um Amor de Perdição" (2008), de Mário Barroso
"Sangue do Meu Sangue" (2011), de João Canijo
"Citizen Kane" (1941), de Orson Welles
"Rumble Fish" (1983), de Francis Ford Coppola
"Dead Poets Society" (1989), de Peter Weir
"Speak" (2004), de Jessica Sharzer
"Afterschool" (2008), de António Campos
"Turn Me On, Goddammit" (FÅ MEG PÅ, FOR FAEN - 2011), de Jannicke Systad Jacobsen

11 de junho de 2012

Plano Nacional de Cinema - Proposta III


O convidado de hoje é o Samuel Andrade do Keyzer Soze's Place. Será a lista mais variada tanto do ponto de vista cronológico, como temático e geográfico.

Keyzer Soze's Place


Para quem não está habituado a encarar um filme de acordo com as suas qualidades pedagógicas, elaborar um conjunto de obras, com o intuito de serem exibidas em contexto escolar, não se afigurou tarefa fácil.

Contudo, abracei o desafio tendo em conta, para além da sua óbvia classificação etária, cinco critérios para a escolha dos títulos a figurarem no anunciado Plano Nacional de Cinema, como também para a definição do enquandramento, aos estudantes, da iniciativa:

  • filmes com duração até 90 minutos, para a sua visualização, na íntegra, em apenas um bloco horário;
  • relevância histórica e/ou estética;
  • intemporalidade em termos de linguagem cinematográfica e/ou temáticas abordadas;
  • potenciadores de cativação para a forma artística;
  • e, sobretudo, esclarecedores do poder do Cinema enquanto veículo e forma artística privilegiada de aprendizagem, consciencialização e inspiração.

    Por ordem cronológica:

    MENORES de 10 anos

    Primórdios técnicos, emocionais e narrativos do Cinema, das formas elementares até às mais originais; protagonistas de imediata e espontânea empatia; exposição singular, mas formalmente adequada a esta faixa etária, da realidade.

    Viagem à Lua (Le voyage dans la lune, 1902, Georges Méliès)
    One Week (One Week, 1920, Edward F. Cline e Buster Keaton)
    O Garoto de Charlot (The Kid, 1921, Charles Chaplin)
    O Homem da Câmara de Filmar (Man with a Movie Camera, 1929, Dziga Vertov)
    Silly Symphonies: Flowers and Trees (Silly Symphonies: Flowers and Trees, 1932, Burt Gillett)
    Aniki-Bóbó (Aniki-Bóbó, 1942, Manoel de Oliveira)
    Bambi (Bambi, 1942, David Hand)
    O Balão Vermelho (Le ballon rouge, 1956, Albert Lamorisse)
    Chronos (Chronos, 1985, Ron Fricke)
    Microcosmos: O Povo da Erva (Microcosmos, 1996, Claude Nuridsany e Marie Pérennou)


    MENORES de 15 anos

    Percepção de temáticas e simbolismo em Cinema, através da compreensão de regras estéticas e, quando aplicável, da sua própria subversão; a abordagem cinematográfica a eventos históricos como forma de observar o presente.

    O Gabinete do Dr. Caligari (Das Cabinet des Dr. Caligari, 1920, Robert Wiene)
    Nanuk, o Esquimó (Nanook of the North, 1922, Robert J. Flaherty)
    O Couraçado Potemkine (Bronenosets Potyomkin, 1925, Serguei Eisenstein)
    Pamplinas Maquinista (The General, 1926, Clyde Bruckman)
    A Paixão de Joana d’Arc (La passion de Jeanne d’Arc, 1928, Carl Theodor Dreyer)
    Tempos Modernos (Modern Times, 1936, Charles Chaplin)
    O Carteirista (Pickpocket, 1959, Robert Bresson)
    As Armas e o Povo (As Armas e o Povo, 1975, Colectivo de Trabalhadores da Actividade Cinematográfica)
    Comboio de Sombras (Tren de Sombras, 1997, José Luis Guerin)
    O Gigante de Ferro (The Iron Giant, 1999, Brad Bird)

    MENORES de 18 anos

    Exposição de conflitos morais, sociais, filosóficos e/ou humanos para a compreensão das sociedades contemporâneas, com o propósito de incutir e debater valores éticos (o bem e o mal, liberdade e tolerância, paz e guerra); observação de opções estéticas singulares, desde a origem da Sétima Arte até ao Cinema mais recente.

    Finis Terræ (Finis Terræ, 1929, Jean Epstein)
    L’âge d’or (L’âge d’or, 1930, Luis Buñuel)
    Rashomon — Às Portas do Inferno (Rashômon, 1950, Akira Kurosawa)
    Nuit et Brouillard (Nuit et Brouillard, 1955, Alain Resnais)
    Horizontes de Glória (Paths of Glory, 1957, Stanley Kubrick)
    Morangos Silvestres (Smultronstället, 1957, Ingmar Bergman)
    O Acossado (À bout de souffle, 1960, Jean-Luc Godard)
    Uma Abelha na Chuva (Uma Abelha na Chuva, 1971, Fernando Lopes)
    Os Tempos de Harvey Milk (The Times of Harvey Milk, 1984, Rob Epstein)
    Blackboards (Takhté siah, 2000, Samira Makhmalbaf)

  • 10 de junho de 2012

    Plano Nacional de Cinema - Proposta II


    A autora convidada de hoje esforçou-se tanto na escolha como na justificação dos filmes. Com este nível de detalhe poderia enviar a lista directamente para a Secretaria da Cultura, mas a ideia desta iniciativa é recolher uma lista de consensos.

    Fiquem com a lista da Film Puff (Not a Film Critic)



    Ele há desafios que são, em simultâneo, exercícios de prazer e de desgaste. Posso afirmar, com forte convicção que foi muito difícil desovar esta selecção de 30 filmes que vos apresento de seguida. Foi um processo exaustivo e repetitivo de selecção, exclusão, reinclusão e novamente exclusão, até à decisão final, que me tomou todo o mês de Maio. Por pouco, não deixava o Not a Film Critic ao Deus dará. Tudo isto para vos dizer que reflecti bastante sobre as escolhas que vos apresento de seguida e que não foi um processo completamente aleatório baseado nos meus gostos pessoais. Naturalmente, estes indicar-me-iam para um tipo de cinema muito específico, nomeadamente, o cinema do este/sudeste asiático. Ademais, houve um filme que vi muito recentemente, o “Sete Samurais” (apenas há três dias – mas por ocasião da publicação desta “lista”, será mais tempo), que colocaria em definitivo na minha lista de filmes a ver por menores de 18 anos, mas optei por exclui-lo desde já, uma vez que prefiro deixar a opinião “descansar”, ao invés de me deixar levar por sentimentalismos. Quem diz este filme, diz também o “Poetry” e poderia continuar mas a lista quedava-se pelos 100 filmes. Outra questão que me parece essencial, quando se elabora uma proposta de um “Plano Nacional de Cinema” (céus, que responsabilidade!), é a tentação de nos deixarmos levar pelo gosto pessoal. A proposta não deixa de ter o seu quê de subjectivo, visto que uma escolha imparcial é impossível. No entanto, procurei seguir uma estratégia integrada, assente em diversos indicadores, mais orientações do que regras seguidas à letra, como diria um certo pirata:

    1) Apropriados à idade - considerando que nem todos os miúdos se encontram em estágios de desenvolvimento iguais e se pretende que eles aprendam e não que fiquem traumatizados para o resto da vida;

    2) Variedade de géneros – se pretendemos dar a conhecer o cinema como um todo, convém ser mais abrangente possível, escolhendo exemplos bem representativos do seu género. Assim temos: animação, comédia, drama, terror (psicológico), histórico, thriller, acção, wu xia, romance, musical e ficção científica;

    3) Abordagem multidisciplinar – Este ponto foi particularmente difícil mas tentei, se com sucesso não sei incluir géneros que possam ser motivo de reflexão por qualquer das seguintes disciplinas: Língua Portuguesa, Línguas Estrangeiras, História, Geografia, Matemática, Ciências Físicas e Naturais, Educação Visual, Educação Artística, Educação Tecnológica, Educação Física, Educação Musical, Religião e Moral e Filosofia;

    4) Qualidade do ponto de vista da 7ª arte – Direção, montagem, banda-sonora, fotografia, representação, cenários, argumento… Cada um dos filmes tem um ou outro ponto forte (quando não tem mais), que joga a seu favor e ao “nosso”, da gente que aprecia cinema, também. É também um modo de imprimir o bichinho do cinema nos miúdos e não só os conteúdos que se pretendem transmitir;

    5) Empatia – Tentei colocar-me na pele de miúdos desde os 5 até pouco menos de 18 e pensar o que é que gostaria de ver com aquelas idades. Também fiz o exercício ao contrário e pensei naquilo que eu gostei de ver com aquelas idades;

    6) Conteúdos programáticos e valores – No brainer. Há temas subjacentes à formação do ser humano como a socialização, a criação e gestão de afectos, e o modo de nos relacionarmos com o meio e assuntos em agenda na sociedade como a utilização de substâncias nocivas, doenças sexualmente transmissíveis, discriminação, racismo, a relação do ser humano com as novas tecnologias...;

    7) Filmes que vi – A tentação de optar por filmes que são escolhidos por todos é demasiado grande e, no entanto, não podia, em boa consciência indicá-los. Isso serve também em género de mea culpa, explicar algumas ausências;

    8) Exclusão de blockbusters – Não tenho nada contra os blockbusters. Eu vejo-os. Mas a probabilidade de serem transmitidos na televisão ou os pais terem o DVD, Bluray, etc é demasiado alta. Sem dúvida que a trilogia da Guerra das Estrelas, d’O Senhor dos Anéis, Regresso ao Futuro, Indiana Jones e afins, são grandes clássicos. O que também não quer dizer que devam carecer de análise. Só que tendo a oportunidade de incluir 30 filmes, mais vale considerar nesse número finito, filmes que sabemos que, de outro modo, a possibilidade de serem vistos é escassa;

    9) Inclusão de algumas obras clássicas – Essenciais para o crescimento;

    10) Pesquisa – O PNC, não foi feito de “cabeça”. Muita internet, a minha coleção privada de “DVDs” e DVDs e perguntas a muitas outras pessoas. Posto isto, só tenho imensa pena de não poder incluir outros títulos.

    Com toda a certeza, depois de ter submetido as minhas sugestões ao Nuno, vou arrepender-me e pensar que afinal gostaria de ter colocado outras hipóteses, mas é a vida. Numa nota adicional, os filmes não estão organizados por nenhuma ordem específica. São 10 filmes para serem vistos dentro de determinado ciclo de ensino. Ponto. Por fim e, em jeito de crítica, à notícia no Público que motivou este desafio, considerei as escolhas das dez personalidades convidadas demasiado umbiguistas e pouco adequadas ao público ao qual se pretendem apresentar as temáticas. Isto é um jogo de tentações: queremos que os outros vejam aquilo que nós amamos ou aquilo que pensamos que os outros querem ver. De facto e, tendo um afecto especial pelo cinema resignei-me a encontrar um ponto intermédio entre bons filmes e filmes que objectivamente os alunos poderão ter interesse em ver. Talvez seja melhor assim. E mais justo. Há nomes incontornáveis em qualquer compilação histórica de cinema. Mas considere-se o seguinte: se por vezes a um adulto, a visualização de certas obras é complicada, que dizer de adolescentes com menos de 18 anos?


    10 filmes 1º Ciclo: Menores de 10



    1. Viagem de Chihiro – “Spirited Away”, 2001 de Hayao Miyazaki
    As crianças com menos de 10 anos de idade já sabem distinguir o certo do errado e interiorizam e absorvem tudo quanto vivenciam, criando mundos alternativos e/ou amigos imaginários. A viagem de Chihiro acompanha a jornada de uma criança rude e mal-educada que entra noutro “mundo” para salvar os pais dos seus próprios erros e termina uma menina crescida, consciente das responsabilidades inerentes à idade.

    2. Fantasia – “Fantasia”, 1940 de Joe Grant e Dick Huemer (estória)
    A educação musical, independentemente, do rumo que se siga no futuro, seja música popular, electro, rock e afins, deverá começar por uma apreciação dos clássicos. Que melhor de apreciar as notas em toda a sua pureza do que ouvir Bach, Tchaikovsky ou Beethoven enquanto se vêem desenhos-animados?

    3. O Jardim Secreto – “The Secret Garden” 1993, de Agnieszka Holland
    É uma estória com a qual os alunos se poderão identificar devido à personagem principal, Mary Lennox ter 10 anos. Esta menina mimada, geralmente desconectada de tudo, tem um objectivo pela primeira vez na vida e, à medida que o seu jardim floresce, a sua disposição e a de todos os que contactam com ela é alterada. É pois uma alegoria de como o florescimento de um jardim está ligado à regeneração daqueles que dele cuidam. Explora as relações humanas e a necessidade de encetarmos um qualquer hobby para nosso desenvolvimento pessoal e partilha de interesses com outrem.

    4. Up – Altamente! – “Up” 2009, de Pete Docter e Bob Peterson
    Up – Altamente! é uma excelente estória de introdução aos afectos: amor e amizade e de como dos contactos mais improváveis podem surgir elementos em comum que à partida não se esperavam. Do ponto de vista visual é bastante apetecível e é dos poucos filmes que não tem uma criança no centro da acção, mas sim um velhote carrancudo. Isto, é particularmente importante, se considerarmos que as crianças destas idades se julgam o centro do mundo. Um bom treino de empatia.

    5. O Rei Leão – “The Lion King”, 1994, de Roger Allers e Rob Minkoff
    Foca temas recorrentes da Disney, amizade e a familia, com o bonus de permitir identificar os diversos animais da savana e reconhecer os ritmos africanos. Apesar de possuir algumas cenas impressionantes como (spoiler), a morte do pai de Simba numa debandada de gnus, a mensagem geral é de paz e esperança.

    6. A Princesa Prometida – “The Princess Bride” 1987, de Rob Reiner
    Feito para o imaginário de uma criança contem princesas, piratas, adjuvantes cómicos e monstros. Àparte algumas piadas para adultos e algumas cenas de violência, incluindo máquinas de tortura, o sentido geral é de leveza de espirito. Aborda alguns dos clichés dos filmes de fantasia e de animação em tom jocoso.

    7. E.T. – O Extra-Terrestre – “E. T. – The Extra-Terrestrial”, 1982, de Steven Spielberg
    É um marco para quem cresceu nos anos 80 e poderá constituir um marco para as gerações do novo milénio, através do retrato de uma amizade invulgar vista através dos olhos simplistas de um grupo de crianças e, ainda, um espelho da cada vez mais frequente monoparentalidade e dos desafios que a acompanham. É também um excelente prelúdio à introdução do género de ficção científica.

    8. Wall-E – “Wall-E”, 2008, de Felix Salten (estória)

    Se um grupo de crianças irrequietas conseguir aguentar os primeiros minutos de um filme quase sem diálogos, este será excelente para transmitir uma estória de amor entre seres vivos não orgânicos, uma poderosa mensagem ecológica e as possibilidades da comunicação além da linguagem verbal.

    9. Serenata à Chuva – “Singin’ in the Rain”, 1952 de Stanley Donen e Gene Kelly
    E se fosse possível transmitir uma mensagem positiva, música, dança e alegria tudo num só filme? E se este filme fosse um dos melhores musicais de sempre e tivesse mais de 50 anos?

    10. Conta Comigo - “Stand by me”, 1986 de Rob Reiner
    Conta comigo é uma adaptação de um livro de Stephen King que descreve um evento na vida de quatro amigos que irá afectar indelevelmente o seu crescimento. Os acontecimentos são relatados através do ponto de vista de Gordon, um pré-adolescente que partilha muitos dos anseios e preocupações das crianças da sua idade. Este filme é ainda um caso de intertextualidade flagrante em cinema nas décadas que se seguiram e que ainda estão por vir.

    10 para 2º e 3º ciclo: Menores de 15



    1. Capitães de Abril – 2000 de Maria de Medeiros
    Por vezes é mais fácil transmitir uma ideia através da imagem do que pela leitura e no caso da história portuguesa, não há nada como reforça-la com a filmografia. Mesmo que esta obra tome algumas liberdades, incluindo a introdução de personagens fictícias não deixa de ser um bom ponto de introdução à Revolução de Abril e exploração do seu significado.

    2. A Janela Indiscreta – “Rear Window”, 1954 de Alfred Hitchcock
    A Janela Indiscreta é um filme extremamente rico, pelo que o professor pode optar por abordar diversos aspectos filme ou antes, promover a discussão aberta no seio da sala de aula. A Janela Indiscreta foca um mistério em torno de um assassinato e a ansiedade de um homem incapacitado momentaneamente para o resolver. Voyeurismo, compromisso afetivo, justiça, a existência de uma vida sem gadgets (ou com poucos gadgets), são todos temas que podem ser explorados à luz da sociedade actual.

    3. Eduardo Mãos de Tesoura – “Edward Scissorhands”, 1990 de Tim Burton
    Um jovem com mãos de tesoura que podia ser qualquer adolescente com dificuldades de adaptação que se sente incompreendido ou enfrenta as emoções do primeiro amor. Todos são tão estranhos quanto ele mas ele parece não se conseguir inserir em lado nenhum. O filme é belíssimo em termos visuais e da banda-sonora mas, o mais importante, é aprender que nem sempre há finais felizes.

    4. O Clube – “The Breakfast Club”, 1985 de John Hughes
    O Clube explora as relações entre adolescentes que pertencem aos estereótipos que se podem identificar em praticamente qualquer filme que represente a vida no liceu: a rapariga popular, o atleta, o cromo, o outsider e a rapariga insegura, alvo ideal para os rufias. Obrigados a permanecer na sala enquanto cumprem castigo, descobrem que é mais o que os une do que o que os separa e que da aceitação dessa realização pode nascer uma grande amizade.

    5. Senhor das Moscas – “Lord of the Flies”, 1990 de Harry Hook
    É a circunstância que nos pode transformar em seres selvagens? Ou o mal já existe de nós? O Senhor das Moscas pode ser um filme impressionante devido aos actos malévolos cometidos por crianças. No entanto, é uma interessante introdução ao “Mito do Bom Selvagem” e na criação da moral e transmissão de valores por oposição à anarquia, na qual, jovens ainda na fase de desenvolvimento poderão seguir o caminho do despotismo. Esta parábola podia ser interpretada por adultos assim como crianças.

    6. Na Sombra e no Silêncio – “To Kill a Mockingbird”, 1962 de Robert Mulligan
    Uma excelente obra sobre o racismo para fazer reflectir sobre o racismo e o modo como este pode deturpar a interpretação dos factos e a noção de justiça. Este filme é tanto mais essencial, considerando Portugal um país muito diverso em termos culturais e onde a “pureza de sangue” é uma ilusão e uma construção motivada por questões políticas e económicas.

    7. A vida de Brian – “Life of Brian”, 1979 de Terry Jones
    A vida de Brian é um filme muito controverso e contestado por diversas facções religiosas. Mas A vida de Brian é pouco ou nada sobre a religião e antes uma comédia de costumes, onde um homem é divinizado e outro, nascendo nas mesmas condições é humilhado e segue uma espiral descente. Tudo isto, explorando a comicidade das situações e aproveitando diversas ocasiões que seria imaginável acontecerem nas sociedades “ civilizadas” dos tempos actuais.

    8. Doze homens em Fúria – “12 Angry Man”, 1957 de Sidney Lumet
    Uma introdução à sala de deliberações de um tribunal. É uma obra de ficção mas não deixa de ser assustador pensar no que pode motivar os homens a tomar certas decisões? Preconceito? Comodismo? Pressa? Mais importante ainda, o que é pior, inocentar um homem culpado ou culpar um inocente?

    9. Romeu + Julieta – “Romeo + Juliet”, 1996 de Baz Luhrmann
    A linguagem arcaica pode constituir um obstáculo à aprendizagem. Como tal, a representação de uma velha estória, adequada aos tempos modernos poderá ser o melhor modo de apresentar o que é considerado o melhor dramaturgo de sempre britânico: William Shakespeare. É também uma das maiores tragédias em torno de um amor adolescente alguma vez escritas.

    10. Rebecca – “Rebeca”, 1940 de Alfred Hitchcock
    Rebecca é a mulher falecida de um aristocrata rico que leva a nova mulher para a mansão onde viveu com Rebecca. Um aspecto único do filme é o facto de a morta, que não surge em cena, ser mais mencionada, mais importante até que a heroína. Esta sofre com a ausência do marido e a lavagem cerebral que a criada de Rebecca lhe faz. Rebecca é um exercício de pressão psicológica, de percepção e de descoberta das nossas próprias forças.

    10 para Secundário: Menores de 18



    1. O Mundo a Seus Pés - “Citizen Kane”, 1941, Orson Welles
    Este filme é um marco para qualquer jovem que pretende seguir carreira nos meios de comunicação social. São também analisados temas como a personalidade pública e a personalidade privada e de como o poder pode corromper os meus ideais que levaram a tal ascenção.

    2. As Asas do Desejo - “Der Himmel über Berlin”, 1987, Wim Wenders
    As Asas do Desejo é uma obra passada mais tempo no plano espiritual do que no plano humano, no entanto, é uma reflexão sentida sobre o valor das coisas e das relações que possuímos e do valor que lhes damos, por oposição a quem não as pode ter e viver.

    3. Às portas do Inferno – “Rashômon”, 1950, Akira Kurosawa
    “Quem conta um pouco acrescenta um ponto”. Este filme com 60 anos continua tão actual e tão passível de reflexão como no dia em que estreou. Um mesmo acontecimento, várias versões da mesma estória. Só os intervenientes sabem o que realmente sucedeu, os outros apenas podem dar pistas, que não são totalmente desinteressadas. Um estudo interessante sobre a memória e percepção humanas, aliadas à subjectividade dos indivíduos que (re)contam a estória.

    4. Cidade de Deus – 2002 de Fernando Meirelles
    Cidade de Deus é um filme de extrema violência e violência, aconselhado ao público mais maduro, mesmo entre jovens visto que retrata uma das mais emblemáticas favelas brasileiras. Cidade de Deus evidencia o fenómeno da exclusão social, com as favelas a fechar-se sobre si. São ilhas com regras próprias onde reina todo o tipo de criminalidade e perversão mas até ai e, nos piores momentos, persiste a esperança.

    5. O Tigre e o Dragão – “Crouching Tiger, Hidden Dragon”, 2000 de Ang Lee
    O Tigre e o Dragão é um filme de artes marciais mas não é esse o foco. As artes marciais são um complemento para uma estória de amor por consumar, da ambição desmesurada e do desejo de viver uma vida só possível no plano da fantasia. Permite a apresentação de uma nova cultura e explorar temas presentes na obra de Sun Tzu, “A Arte da Guerra”, baseados na filosofia taoísta.

    6. Os Condenados de Shawshank – “The Shawshank Redemption”, 1994 de Frank Darabont
    Mais uma película baseada na vasta obra de Stephen King, desta feita em torno de um grupo de presos que forma uma invulgar aliança para sobreviver à vida na prisão. É uma curiosa reflexão sobre as noções de bem e mal e de quem representa esses papéis. São ainda explorados temas como a possibilidade de reforma de criminosos e o impacto que estarem confinados num espaço físico pode ter sobre eles. Poderão ser limitados em termos físicos mas há espaços do ser humano que é impossível confinar.

    7. Imperdoável – “Unforgiven”, 1992 de Clint Eastwood
    Um dos melhores filmes sobre o “velho oeste” Americano é também um dos filmes que assinala, para muitos, a morte do western. É interpretado por um Clint Eastwood reformado da vida de banditismo e pai de família que volta a pegar na arma em defesa daqueles que não o podem fazer.

    8. 2001: Odisseia no Espaço – “2001: Odisseia no Espaço”, 1968 de Stanley Kubrick
    Este filme de 1968 é visionário seja em termos da tecnologia ou da própria relação dos humanos com as máquinas, sendo que anteviu muitos dos equipamentos já existentes nos dias de hoje. No entanto, deixa um aviso preocupante para o futuro (hoje), sobre a dependência dos aparelhos e a possibilidade destes falharem, com graves consequências para os seres humanos.

    9. Blade Runner – Perigo Iminente – “Blade Runner”, 1982 de Ridley Scott
    Num universo distópico, uma Terra que seguiu o pior rumo possível, a humanidade criou seres vivos. Esta “experiência” vira-se contra ela quando estes seres, os “replicantes” se rebelam contra o modo e as razões por que foram criados. Têm uma esperança de vida de meia dezena de anos. Querem viver mais, mas não maturaram como os humanos que tiveram toda uma vida. São seres que respiram, autónomos e não devem ser cidadãos de segunda classe. Terão eles menos direitos que os outros? Qual é o dever de um criador?

    10. Trainspotting – “Trainspotting”, 1996 de Danny Boyle
    Trainspotting é uma obra que não glamoriza as drogas mas também não se afasta de mostrar o seu lado mais negro. Mostra as drogas duras, sujas, furiosas e as consequências devastadoras que trazem para as vidas daqueles que se perdem nelas e dos seus familiares. É um filme controverso, não sendo aconselhável aos jovens mais sensíveis, visto que a sua “realidade” envolve as referidas drogas, o VIH, relações sexuais com menores e outros crimes.