"Fase 7" por Nuno Reis
A brincar se contam as verdades
Em 2009 o mundo tremeu perante a possibilidade de se morrer com uma gripe de aviário. A população em geral começou a ter atenção às regras básicas de higiene e a dar ouvidos à Organização Mundial de Saúde. a palavra pandemia entrou no léxico corrente e surgiram teorias de conspiração. No cinema o tema foi imediatamente aproveitado. Em “Carriers” por exemplo uma doença de contacto imediato dizima a população mundial e os sobreviventes viajam em busca de um sítio sem contaminação. Por ter como realizadores uma dupla de irmãos catalãos esse passou em Sitges 2009 e estreou cá discretamente pouco depois com o título “Pandemia”. Já no ano passado Sitges apostou numa produção argentina que se propunha brincar com o tema: “Phase 7”.
Para a OMS uma pandemia tem seis graus de gravidade. Na Fase 1 não havia riscos conhecidos de contágio para os humanos. Na Fase 2 havia humanos contaminados. Na Fase 3 um grupo de pessoas estava contaminado, mas não por contágio directo. Na Fase 4 a doença espalhou-se amplamente pela comunidade sem passar as fronteiras do país. Na Fase 5 a doença passou uma fronteira na região OMS (há 6 no total) e na Fase 6 duas regiões OMS estão infectadas. O título “Fase 7” é alusivo a um hipotético plano governamental para controlo populacional que visa eliminar cidadãos através da doença.
Quando a doença começa a alastrar os edifícios contaminados começam a ser isolados em quarentena. O casal protagonista, Martin e Pipi, está num desses prédios selados. Essa cena tão familiar desde “REC” dá o pontapé de saída para uma invulgar comédia sobre uma micro sociedade onde ninguém é normal e o retiro a que são submetidos os leva à loucura, enquanto lá fora o mundo enlouquece a outra velocidade. Especial atenção ao facto de Pipi estar grávida (a actriz estava mesmo grávida) e protanto estar totalmente limitada, tanto no espaço físico por não poder correr riscos com a saúde, como quanto aos desejos que lhe é permitido ter. O filme evita cair nas piadas sobre isso, mas não resiste a fazer algum humor fácil.
De forma resumida em 2007 tivemos “REC”, em 2008 “Blindness” e em 2009 “Carriers”. Estamos acostumados a quarentenas, isolamentos e loucura. O que não é frequente é brincarem com o tema assim. O filme é relativamente curto (93 a 97 minutos, depende da versão), mas parece muito longo porque a clausura é sentida. Na fase inicial é relativamente custoso, mas ao fim de uma hora acontece tanta coisa que se perdoa o realismo. Há espionagem, manobras políticas, atentados, guerras e traições. Estou a falar apenas do apartamento porque do mundo exterior nada se sabe.
É um humor ao gosto espanhol que cá talvez não seja muito bem compreendido. É previsível, mas mesmo assim em Sitges ganhou melhor argumento. A participação do famoso argentino Federico Luppi é um detalhe muito bom devido ao relevo da personagem, mas de resto pouparam nos actores. Não pouparam foi nos adereços porque andam sempre devidamente equipados. Tecnicamente destacaria uma cena feita às escuras que dura cerca de dez minutos e por si só obriga a ver em cinema. Dá momentos de diversão, falhando apenas na missão de provocar debate, talvez por ter passado a época e ser muito datado. Esperemos pela próxima pandemia e talvez seja mais interessante.
Em 2009 o mundo tremeu perante a possibilidade de se morrer com uma gripe de aviário. A população em geral começou a ter atenção às regras básicas de higiene e a dar ouvidos à Organização Mundial de Saúde. a palavra pandemia entrou no léxico corrente e surgiram teorias de conspiração. No cinema o tema foi imediatamente aproveitado. Em “Carriers” por exemplo uma doença de contacto imediato dizima a população mundial e os sobreviventes viajam em busca de um sítio sem contaminação. Por ter como realizadores uma dupla de irmãos catalãos esse passou em Sitges 2009 e estreou cá discretamente pouco depois com o título “Pandemia”. Já no ano passado Sitges apostou numa produção argentina que se propunha brincar com o tema: “Phase 7”.
Para a OMS uma pandemia tem seis graus de gravidade. Na Fase 1 não havia riscos conhecidos de contágio para os humanos. Na Fase 2 havia humanos contaminados. Na Fase 3 um grupo de pessoas estava contaminado, mas não por contágio directo. Na Fase 4 a doença espalhou-se amplamente pela comunidade sem passar as fronteiras do país. Na Fase 5 a doença passou uma fronteira na região OMS (há 6 no total) e na Fase 6 duas regiões OMS estão infectadas. O título “Fase 7” é alusivo a um hipotético plano governamental para controlo populacional que visa eliminar cidadãos através da doença.
Quando a doença começa a alastrar os edifícios contaminados começam a ser isolados em quarentena. O casal protagonista, Martin e Pipi, está num desses prédios selados. Essa cena tão familiar desde “REC” dá o pontapé de saída para uma invulgar comédia sobre uma micro sociedade onde ninguém é normal e o retiro a que são submetidos os leva à loucura, enquanto lá fora o mundo enlouquece a outra velocidade. Especial atenção ao facto de Pipi estar grávida (a actriz estava mesmo grávida) e protanto estar totalmente limitada, tanto no espaço físico por não poder correr riscos com a saúde, como quanto aos desejos que lhe é permitido ter. O filme evita cair nas piadas sobre isso, mas não resiste a fazer algum humor fácil.
De forma resumida em 2007 tivemos “REC”, em 2008 “Blindness” e em 2009 “Carriers”. Estamos acostumados a quarentenas, isolamentos e loucura. O que não é frequente é brincarem com o tema assim. O filme é relativamente curto (93 a 97 minutos, depende da versão), mas parece muito longo porque a clausura é sentida. Na fase inicial é relativamente custoso, mas ao fim de uma hora acontece tanta coisa que se perdoa o realismo. Há espionagem, manobras políticas, atentados, guerras e traições. Estou a falar apenas do apartamento porque do mundo exterior nada se sabe.
É um humor ao gosto espanhol que cá talvez não seja muito bem compreendido. É previsível, mas mesmo assim em Sitges ganhou melhor argumento. A participação do famoso argentino Federico Luppi é um detalhe muito bom devido ao relevo da personagem, mas de resto pouparam nos actores. Não pouparam foi nos adereços porque andam sempre devidamente equipados. Tecnicamente destacaria uma cena feita às escuras que dura cerca de dez minutos e por si só obriga a ver em cinema. Dá momentos de diversão, falhando apenas na missão de provocar debate, talvez por ter passado a época e ser muito datado. Esperemos pela próxima pandemia e talvez seja mais interessante.
Título Original: "Fase 7" (Argentina, 2011)
Realização: Nicolás Goldbart Argumento: Nicolás Goldbart Intérpretes: Daniel Hendler, Yayo Guridi, Jazmín Stuart, Federico Luppi Música: Guillermo Guareschi Fotografia: Lucio Bonelli Género: Ficção.Científica, Thriller Duração: 97 min. Sítio Oficial: http://www.fase7.com/ |