31 de agosto de 2011

"Fase 7" por Nuno Reis

A brincar se contam as verdades

Em 2009 o mundo tremeu perante a possibilidade de se morrer com uma gripe de aviário. A população em geral começou a ter atenção às regras básicas de higiene e a dar ouvidos à Organização Mundial de Saúde. a palavra pandemia entrou no léxico corrente e surgiram teorias de conspiração. No cinema o tema foi imediatamente aproveitado. Em “Carriers” por exemplo uma doença de contacto imediato dizima a população mundial e os sobreviventes viajam em busca de um sítio sem contaminação. Por ter como realizadores uma dupla de irmãos catalãos esse passou em Sitges 2009 e estreou cá discretamente pouco depois com o título “Pandemia”. Já no ano passado Sitges apostou numa produção argentina que se propunha brincar com o tema: “Phase 7”.

Para a OMS uma pandemia tem seis graus de gravidade. Na Fase 1 não havia riscos conhecidos de contágio para os humanos. Na Fase 2 havia humanos contaminados. Na Fase 3 um grupo de pessoas estava contaminado, mas não por contágio directo. Na Fase 4 a doença espalhou-se amplamente pela comunidade sem passar as fronteiras do país. Na Fase 5 a doença passou uma fronteira na região OMS (há 6 no total) e na Fase 6 duas regiões OMS estão infectadas. O título “Fase 7” é alusivo a um hipotético plano governamental para controlo populacional que visa eliminar cidadãos através da doença.
Quando a doença começa a alastrar os edifícios contaminados começam a ser isolados em quarentena. O casal protagonista, Martin e Pipi, está num desses prédios selados. Essa cena tão familiar desde “REC” dá o pontapé de saída para uma invulgar comédia sobre uma micro sociedade onde ninguém é normal e o retiro a que são submetidos os leva à loucura, enquanto lá fora o mundo enlouquece a outra velocidade. Especial atenção ao facto de Pipi estar grávida (a actriz estava mesmo grávida) e protanto estar totalmente limitada, tanto no espaço físico por não poder correr riscos com a saúde, como quanto aos desejos que lhe é permitido ter. O filme evita cair nas piadas sobre isso, mas não resiste a fazer algum humor fácil.

De forma resumida em 2007 tivemos REC, em 2008 Blindness e em 2009 Carriers. Estamos acostumados a quarentenas, isolamentos e loucura. O que não é frequente é brincarem com o tema assim. O filme é relativamente curto (93 a 97 minutos, depende da versão), mas parece muito longo porque a clausura é sentida. Na fase inicial é relativamente custoso, mas ao fim de uma hora acontece tanta coisa que se perdoa o realismo. Há espionagem, manobras políticas, atentados, guerras e traições. Estou a falar apenas do apartamento porque do mundo exterior nada se sabe.

É um humor ao gosto espanhol que cá talvez não seja muito bem compreendido. É previsível, mas mesmo assim em Sitges ganhou melhor argumento. A participação do famoso argentino Federico Luppi é um detalhe muito bom devido ao relevo da personagem, mas de resto pouparam nos actores. Não pouparam foi nos adereços porque andam sempre devidamente equipados. Tecnicamente destacaria uma cena feita às escuras que dura cerca de dez minutos e por si só obriga a ver em cinema. Dá momentos de diversão, falhando apenas na missão de provocar debate, talvez por ter passado a época e ser muito datado. Esperemos pela próxima pandemia e talvez seja mais interessante.
Fase 7Título Original: "Fase 7" (Argentina, 2011)
Realização: Nicolás Goldbart
Argumento: Nicolás Goldbart
Intérpretes: Daniel Hendler, Yayo Guridi, Jazmín Stuart, Federico Luppi
Música: Guillermo Guareschi
Fotografia: Lucio Bonelli
Género: Ficção.Científica, Thriller
Duração: 97 min.
Sítio Oficial: http://www.fase7.com/

30 de agosto de 2011

Trailer para "The Hunger Games"

Com o final do Verão começam a iniciar-se as campanhas de marketing dos principais filmes deste final de ano e do próximo.
O destaque dos títulos comerciais vai para "Hunger Games" o sucessor natural das sagas de sucesso Harry Potter e Twilight, ou outras menos felizes como Narnia, Reinos do Norte, Percy Jackson...

A história passa-se numa América do Norte pós-apocalíptica com uma nova sociedade onde o governo chama todos os anos o melhor e a melhor lutadores infantis de cada um dos doze estados para um torneio até à morte. Um Battle Royale à moda americana.
Com uma trilogia de livros para adolescentes divulgados um pouco por todo o mundo e prontos a serem adaptados, o maior receio é se vão apontar para o público-alvo (maiores de 12) e portanto perder alguma da violência gratuita.

No elenco encabeçado por Jennifer Lawrence destacam-se Liam Hemsworth, Elizabeth Banks, Donald Sutherland, Woody Harrelson, Stanley Tucci, Josh Hutcherson, Toby Jones, Wes Bentley e o cantor Lenn Kravitz.





29 de agosto de 2011

"John Carpenter's The Ward" por Nuno Reis


Kristen: What is her story?
Emily: Oh, she’s just crazy. Like me. And you, and like all of us.

Qualquer filme de John Carpenter é motivo suficiente para levar multidões ao cinema. “Ghosts of Mars” foi uma desilusão para muitos e talvez por isso passou quase um década até sair novo trabalho do mestre em cinema. Pelo meio uma mera colaboração de dois episódios para a série “Masters of Horror”. Quando Sitges anunciou ter o novo filme de Carpenter os seguidores do festival ficaram entusiasmados. Mas teve uma passagem tão desilusória que nem depois da sessão falaram dele. As críticas desfavoráveis acumularam-se de tal forma que a estreia em sala tardou e em Portugal ainda se espera. No MotelX há uma oportunidade para o ver.
The Ward

Kristen é internada no hospital psiquiátrico após pegar fogo a uma casa. Não se lembra de nada. No hospital vai ocupar o quarto vagado por Tammy que na abertura vimos a ser atacada por algo. Na enfermaria onde a colocaram estão outras quatro raparigas. São todas objecto de um tratamento experimental. Iris é a mais sã do grupo. Utiliza o desenho como escape da realidade. Zoe é uma criança com especial medo do escuro. Sarah é apenas uma cabra e Emily é louca. Mas como ninguém é o que parece estas descrições são enganadoras.
O momento em que Kristen percebe a posição a tomar é quando todas começam a dançar numa noite de tempestade. Aí sente a essência do grupo. E logo no dia seguinte é atacada no duche por algo. Até que consegue um nome e vai investigar o que aconteceu com as antecessoras.
The Ward

Este argumento tem o inconveniente da previsibilidade. Ver um filme de Carpenter devia ser uma experiência única. O problema é que actualmente há muita gente a fazer terror. Já todos os temas foram feitos e muito bem feitos. O tema em The Ward” não é novo e Carpenter não o consegue apresentar de uma forma original. Os frequentes arrepios de situação não têm efeito e os grandes momentos de suspense são previsíveis. Carpenter também costuma ter um talento único para a banda sonora que desta vez foi composta por Mark Kilian (e faz um trabalho impecável). Portanto de diferente aproveita-se o genérico de abertura e as estreias em terror de tantas destas actrizes. A ver mais por curiosidade do que pela experiência de um Carpenter. Para isso teremos sempre os clássicos.

The WardTítulo Original: "The Ward" (EUA, 2010)
Realização: John Carpenter
Argumento: Michael Rasmussen, Shawn Rasmussen
Intérpretes: Amber Heard, Mamie Gummer, Lindsy Fonseca, Danielle Panabaker, Laura-Leigh, Jared Harris
Música: Mark Kilian
Fotografia: Yaron Orbach
Género: Horror, Thriller
Duração: 88 min.
Sítio Oficial: http://thewardmovie.com/

Para começarem a semana animados


Se o fracasso tiver um nome esse nome é Conan.

Um filme de enorme sucesso há 30 anos na versão 3D e com estrelas conhecidas facturou perto de 20 milhões no total mundial. Custou 90 milhões.
Analisando em detalhes os números do mercado americano os 3015 ecrãs em que foi projectado facturaram uma média de 3000 dólares na primeira semana de exibição. Dos dez mais vistos era o segundo maior orçamento, perdendo apenas para os Estrumpfes. Com a diferença de Conan se ter ficado no quarto lugar dos resultados. Este fim-de-semana caiu para oitavo lugar e a média da facturação desceu para os mil dólares não se prevendo que recupere nos dias úteis.
Daqui a duas semanas haverá uma reunião da administração da Lionsgate onde estes números serão devidamente analisados, mas até lá o argumentista já veio a público pedir desculpa. Sean Hood, um dos quatro responsáveis pela criação desta história, falou publicamente no site Quora.

When you work “above the line” on a movie (writer, director, actor, producer, etc.) watching it flop at the box office is devastating. I had such an experience during the opening weekend of Conan the Barbarian 3D.

A movie’s opening day is analogous to a political election night. Although I’ve never worked in politics, I remember having similar feelings of disappointment and disillusionment when my candidate lost a presidential bid, so I imagine that working as a speechwriter or a fundraiser for the losing campaign would feel about the same as working on an unsuccessful film.

One joins a movie production, the same way one might join a campaign, years before the actual release/election, and in the beginning one is filled with hope, enthusiasm and belief. I joined the Conan team, having loved the character in comic books and the stories of Robert E. Howard, filled with the same kind of raw energy and drive that one needs in politics.

Any film production, like a long grueling campaign over months and years, is filled with crisis, compromise, exhaustion, conflict, elation, and blind faith that if one just works harder, the results will turn out all right in the end. During that process whatever anger, frustration, or disagreement you have with the candidate/film you keep to yourself. Privately you may oppose various decisions, strategies, or compromises; you may learn things about the candidate that cloud your resolve and shake your confidence, but you soldier on, committed to the end. You rationalize it along the way by imagining that the struggle will be worth it when the candidate wins.

A few months before release, “tracking numbers” play the role in movies that polls play in politics. It’s easy to get caught up in this excitement, like a college volunteer handing out fliers for Howard Dean. (Months before Conan was released many close to the production believed it would open like last year’s The Expendables.) As the release date approaches and the tracking numbers start to fall, you start adjusting expectations, but always with a kind of desperate optimism. “I don’t believe the polls,” say the smiling candidates.

You hope that advertising and word of mouth will improve the numbers, and even as the numbers get tighter and the omens get darker, you keep telling yourself that things will turn around, that your guy will surprise the experts and pollsters. You stay optimistic. You begin selectively ignoring bad news and highlighting the good. You make the best of it. You believe.

In the days before the release, you get all sorts of enthusiastic congratulations from friends and family. Everyone seems to believe it will go well, and everyone has something positive to say, so you allow yourself to get swept up in it.

You tell yourself to just enjoy the process. That whether you succeed or fail, win or lose, it will be fine. You pretend to be Zen. You adopt detachment, and ironic humor, while secretly praying for a miracle.

The Friday night of the release is like the Tuesday night of an election. “Exit polls” are taken of people leaving the theater, and estimated box office numbers start leaking out in the afternoon, like early ballot returns. You are glued to your computer, clicking wildly over websites, chatting nonstop with peers, and calling anyone and everyone to find out what they’ve heard. Have any numbers come back yet? That’s when your stomach starts to drop.

By about 9 PM its clear when your “candidate” has lost by a startlingly wide margin, more than you or even the most pessimistic political observers could have predicted. With a movie its much the same: trade[s] call the weekend winners and losers based on projections. That’s when the reality of the loss sinks in, and you don’t sleep the rest of the night.

For the next couple of days, you walk in a daze, and your friends and family offer kind words, but mostly avoid the subject. Since you had planned (ardently believed, despite it all) that success would propel you to new appointments and opportunities, you find yourself at a loss about what to do next. It can all seem very grim.

You make light of it, of course. You joke and shrug. But the blow to your ego and reputation can’t be brushed off. Reviewers, even when they were positive, mocked Conan The Barbarian for its lack of story, lack of characterization, and lack of wit. This doesn’t speak well of the screenwriting – and any filmmaker who tells you s/he “doesn’t read reviews” just doesn’t want to admit how much they sting.

Unfortunately, the work I do as a script doctor is hard to defend if the movie flops. I know that those who have read my Conan shooting script agree that much of the work I did on story and character never made it to screen. I myself know that given the difficulties of rewriting a script in the middle of production, I made vast improvements on the draft that came before me. But its still much like doing great work on a losing campaign. All anyone in the general public knows, all anyone in the industry remembers, is the flop. A loss is a loss.

But one thought this morning has lightened my mood:

My father is a retired trumpet player. I remember, when I was a boy, watching him spend months preparing for an audition with a famous philharmonic. Trumpet positions in major orchestras only become available once every few years. Hundreds of world class players will fly in to try out for these positions from all over the world. I remember my dad coming home from this competition, one that he desperately wanted to win, one that he desperately needed to win because work was so hard to come by. Out of hundreds of candidates and days of auditions and callbacks, my father came in… second.

It was devastating for him. He looked completely numb. To come that close and lose tore out his heart. But the next morning, at 6:00 AM, the same way he had done every morning since the age of 12, he did his mouthpiece drills. He did his warm ups. He practiced his usual routines, the same ones he tells his students they need to play every single day. He didn’t take the morning off. He just went on. He was and is a trumpet player and that’s what trumpet players do, come success or failure.

Less than a year later, he went on to win a position with the Los Angeles Philharmonic, where he played for three decades. Good thing he kept practicing.

So with my father’s example in mind, here I sit, coffee cup steaming in its mug and dog asleep at my feet, starting my work for the day, revising yet another script, working out yet another pitch, thinking of the future (the next project, the next election) because I’m a screenwriter, and that’s just what screenwriters do.

In the words of Ed Wood, “My next one will be BETTER!”


Obrigado à SFW pelo alerta para este exemplo de coragem.

28 de agosto de 2011

"The Woman" por Nuno Reis

Será exagerado dizer que tão cedo este é o filme do festival?

Desde a primeira cena que "The Woman" não é um filme vulgar.Começa num ambiente selvagem e tem como plano de abertura a barriga de uma mulher selvagem. Por dois minutos vemos essa fera a marcar território. Depois a acção muda para um churrasco da gente civilizada onde vamos conhecer a família Cleek. Minutos depois o senhor Cleek e a selvagem encontram-se e as suas vidas não voltarão a ser as mesmas.

Que se desengane quem espera uma nova versão de "O Menino Selvagem". O que McKee nos traz não é um mero retrato antropológico, cultural ou social. É o verdadeiro choque civilizacional e os constantes conflitos no seio de uma família aparentemente normal. O pai é a autoridade suprema ao ponto de ninguém questionar quando traz uma selvagem para casa. A mãe serviente não tem existência própria, é uma simples sombra que obedece cegamente ao marido. A filha mais velha esconde mal um segredo. O filho deseja a aprovação paterna. E a filha pequena por enquanto está imune a tudo isso. A história não tem muitas mais personagens: uma professora preocupada, uma amiga da família, a secretária de Chris Cleek. São meros adereços. Tudo o que de importante se passa é em torno dos Cleek e da sua hóspede.

Por momentos a realização parece trémula e as interpretações fracas, mas dêem uma oportunidade a “The Woman”. Assim que se deixarem levar pela história entrarão numa aventura capaz de deixar qualquer um mal-disposto. Porque apesar de aquilo que se vê ser de qualidade duvidosa, o que se sente é algo só causado por aqueles poucos filmes de terror que sobrevivem ao teste do tempo.
Conselhos preciosos para quem for a esta sessão é que vá com a digestão feita, com alguma disposição para diversão e que não tenha planos para depois, nem sequer ver outro filme. Porque “The Woman” vai perturbar mesmo aqueles mais acostumados a cenas chocantes. Não pelo que vêem, mas pelo que pensam e ouvem. Ao fim de uma hora podem até começar a achar piada e tentar disfarçar com risos e aplausos algumas das cenas mais perturbadoras, ajudando ao ambiente do festival, mas se perceberem o filme e a mensagem que é transmitida vão ficar a pensar nele por muito tempo.

Um belíssimo argumento de Jack Ketchum dá origem a um grande filme e que parte como meu favorito. E Lisboa é apenas a segunda exibição na Europa depois do FrightFest!

The WomanTítulo Original: "The Woman" (EUA, 2011)
Realização: Lucky McKee
Argumento: Jack Ketchum, Lucky McKee
Intérpretes: Sean Bridgers, Zach Rand, Angela Bettis, Lauren Ashley Carter, Pollyanna McIntosh, Carlee Baker
Música: Sean Spillane
Fotografia: Alex Vendler
Género: Crime, Drama, Thriller
Duração: 104 min.
Sítio Oficial: http://www.thewomanmovie.com/

"Burke and Hare" por Nuno Reis

É verdade que Londres tremeu de medo por causa de Jack the Ripper, o mais famoso serial killer de sempre, mas na vizinha Edimburgo, sessenta anos antes, havia muitas mais mortes misteriosas. Esses desaparecimentos inexplicáveis demoraram um ano a serem atribuídos à dupla Burke e Hare e foram precisos quase dois séculos para terem reconhecimento em forma de comédia.

Estes dois amigos estão a ressentir-se com a falta de emprego. É a crise... Quanto morre um dos inquilinos de Hare ficam muito preocupados. Era a última fonte de rendimento. Tentam desfazer-se do cadáver para não pagarem o funeral, mas ouvem dizer que podem ser pagos se o levarem ao Dr. Knox. Edimburgo é o pólo mais avançado da medicina e agora que há um prémio para a maior descoberta Knox quer fazer algo ginantesco: um mapa anatómico. Para isso precisa de muitos corpos e a dupla não se importa de recolher mortos frescos. Talvez acelerar a morte de alguns. Talvez provocar a outros....

Tornar uma história de crime e ganância numa comédia não é fácil. Especialmetne depois do falhanço de “I Sell The Dead” há apenas dois anos com um temática tão semelhante. Para isso foi reunido um elencode luxo. Simon Pegg é Burke, Andy Serkis é Hare, Tom Wilkinson é Dr. Know, Jessica Hynes é a senhora Hare e Isla Fisher é a candidata a actriz Ginny. Além destes passam por aqui outros estrelas como Christopher Lee e Tim Curry.
Na realização está um americano, mas este senhor de nome John Landis dispensa apresentações entre os fãs do fantástico e não é por isso que o filme fica menos inglês. “Burke and Hare” está carregado do típico humor britânico. As mortes serão talvez demasiadas, mas são variadas e não cansam. Há ainda o factor Ginny. Não só Fisher faz o único género de personagem em que não é miserável, como é a responsável pelo melhor humor do filme pois quando Burke começa a investir a sua recente fortuna numa produção teatral e num romance, desvia o tema da morte por momentos.

Numa década em que o terror começa a ser todo parecido é salutar viajar no tempo e ver um pouco de humor mórbido do século XIX. Não é um filme para recordar, mas com assassinatos, profanação de cadáveres e adaptações de Shakespeare será uma das sessões mais divertidas do festival.

Burke and HareTítulo Original: "Burke and Hare" (Reino Unido, 2010)
Realização: John Landis
Argumento: Piers Ashworth, Nick Moorcroft
Intérpretes: Simon Pegg, Andy Serkis, Isla Fisher, Jessica Hynes, Tom Wilkinson, Tim Curry
Música: Joby Talbot
Fotografia: John Mathieson
Género: Comédia, Thriller
Duração: 91 min.

27 de agosto de 2011

Programação completa do MotelX

Quando querem acompanhar um festival de cinema de terror para que blog se dirigem? Que blog é presença constante no Fantas e em Sitges, e visita regularmente San Sebastian, Lund, e mesmo não estando lá sabe tudo sobre Neuchatel? E que blog está a dar uma cobertura sem igual ao MotelX?

Pois aqui fica, pela primeira vez na história do festival lisboeta, o gadget da programação!



Outros festivais que queiram utilizar esta ferramenta basta pedirem pelo endereço do blog (no fundo da página). Requisitos para justificar o esforço:
  • Durar mais de três dias
  • Ter mais de uma sala
  • Ter mais de uma secção
  • E claro, convidarem o Antestreia!
  • Juventude em Marcha

    Em Portugal é difícil conseguir ver "Juventude em Marcha" de Pedro Costa. Que tal optarem pela edição britânica (região 2 como nós) com dois discos que inclui 3 curtas-metragens, uma entrevista ao realizador de 17 minutos, outra de duas horas, e um livro a cores de 56 páginas?


    É especialmente gratificante que digam bem de um filme português lá fora e a este não poupam elogios.

    Agradeço a sugestão do Paulo Soares (via FB).

    Festivais e turismo

    Longe vai o tempo em que apenas os grandes centros urbanos tinham os seus eventos, agora cada terra mesmo que de interior tem o seu festival para divulgação da região e atracção de turistas. Na região norte têm sido usados para combater a falta de apoios do governo central à cultura. O Cinema como elemento de homogenização social é o género de festival mais fácil de montar e por isso é que tantos têm surgido.

    Note-se o exemplo do Douro Film Harvest ou dos agora criados em Vila Real e Foz Côa. No site deste último já se pode consultar o catálogo onde palavras-chave como cultura e património abundam:
    O CINECOA é um festival de cinema concebido como património artístico e cultural.
    A programação desta primeira edição inclui um certo número de filmes “do
    passado” próximo e distante, cobrindo um período que abrange um século, dos
    primeiros filmes a terem sido feitos no mundo aos anos 1990.

    A primeira edição do festival é uma verdadeira celebração do vasto território que
    é o Douro Superior, com a exibição de mais de 20 filmes, 10 dos quais rodados
    na região.

    O CINECOA é um festival de cinema concebido como património artístico e cultural.
    A programação desta primeira edição inclui um certo número de filmes “do
    passado” próximo e distante, cobrindo um período que abrange um século, dos
    primeiros filmes a terem sido feitos no mundo aos anos 1990.

    Os cineastas que serão recordados nesta edição incluem António Reis, Manoel de Oliveira, irmãos Lumière e Charles Chaplin entre muitos outros numa selecção que avança até às produções animadas de Nick Park e Hayao Miyazaki. O Antestreia fará um esforço por acompanhar todas estas iniciativas que surgem.

    Interessados em criar festivais podem consultar-nos. Com uma experiência que atravessa há mais de trinta anos um número inimaginável de festivais por toda a Europa em funções como organização, assessoria de imprensa, relações públicas, júri, imprensa e convidado, temos o conhecimento necessário para criar um evento de qualquer dimensão.

    26 de agosto de 2011

    Breves

    One giant leap for tinman kind


    "Those electrons feel GOOD! One small step for man, one giant leap for tinman kind"

    Foi este o primeiro tweet espacial do robot R2 (não é D2), o enviado mecânico da NASA para a EEI. Com esta presença robôtica a humanidade espera ter um colaborador que ajude nas tarefas delicadas. Quem viu ficção-científica sabem que brevemente pode estar a dizer "Danger Will Robinson, Danger" ou a prender os humanos no exterior da estação, mas até lá que tal ler o que ele diz em @astrorobonaut? O próximo passo é aumentar a inteligência dos macacos e enviar clones para planetas ricos em minerais?


    Scarface de regresso


    Frank Lopez: Lesson number one: Don't underestimate the other guy's greed!

    Parece que na Universal estão a seguir o conselho de Lopez porque decidiram relançar "Scarface" no cinema para festejar o Blu-Ray do filme de De Palma. Nos EUA estão previstas 475 salas, em Portugal a opção doméstica continua a ser a mais fiável para ver o filme com alta definição de som e imagem.

    25 de agosto de 2011

    "Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 2" por Nuno Reis

    Tudo acaba. Duas simples palavras eram isco suficiente para levar multidões ao cinema e tornar HP7.2 no terceiro filme que mais facturou a nível mundial. Porquê? Porque as pessoas queriam saber como seria o desfecho daquilo que acompanhavam há uma década. É sempre assim. Deixa-se o consumidor ficar acostumado, criar adicção e depois apresenta-se o mesmo produto com um custo inflaccionado. Dois capítulos, tecnologia 3D... Mesmo com descontos razoáveis o custo de conhecer este desfecho podia passar de 4€ para 11€. Qual o senão? Por um lado as pessoas poderiam já estar fartas. E por outro quem não se fartou exigiria mesmo muito. Comigo foi um misto de ambos. Não vi o sexto capítulo por estar a ficar um pouco cansado (e desiludido). E apesar de ter devorado os primeiros livros numa noite assim que saíam, não li o sétimo por já não ser tão apelativo e para permitir que pelo menos os últimos filmes me surpreendessem.

    O que senti foi algo familiar. Tal como “The Goblet of Fire” pareceu demasiado abreviado para o livro que era e que apenas um leitor perceberia o que faltou. Por isso concordo com a divisão em dois - que também devia ter sido feita no Goblet - mas acho que esta metade podia ter sido mais longa meia hora. Era o filme mais desejado desde “LOTR: The Fellowship of the Ring” e os fãs mereciam algo grandioso. Como canta Leonardo Cohen “Ei, isso não é forma de dizer adeus”...

    Na primeira parte temos o trio do costume a continuar a sua peregrinação em busca das relíquias. O filme começa exactamente onde o anterior tinha terminado. Para home video estaria perfeito, para cinema quem entretanto se esqueceu do que aconteceu há meio ano, cai sem para-quedas no meio da acção. A primeira aventura é entrar no local mais seguro do mundo dos feiticeiros, Gringotts. A história enrola-se um pouco, mas o espectáculo visual que se segue é merecedor da espera. Entre túneis, dragões e feitiços, quem queria algo de grandioso para deliciar a vista tem uns minutos preciosos. Depois os heróis partem para Hogsmeade, um local que lhes é muito familiar onde vão conhecer uma personagem que será desperdiçada. Até que finalmente chegam a Hogwarts... Era isso o que andava a faltar nos últimos filmes: o regresso a casa. Porque Hogwarts não é apenas uma escola. Hogwarts foi onde cresceram, onde foram mais felizes, onde aprenderam os limites da magia e o verdadeiro poder da amizade e da coragem. É também o único lugar mágico onde todos são igualmente bem recebidos, independentemente do clã a que pertençam.
    Cada um devia ter uma escola a que se associasse com o coração. Não aqueles sentimentos infantis estilo “esta é a melhor escola e vocês são a melhor turma de sempre” que todos dizem sem sentir, mas algo intenso como entrar num edifício secular que nos faz sentir pequeninos e, ao sair, sentir que, por uns breves anos, se fez parte da sua história. Para essa gente, aqueles que viveram uma instituição e morreriam por ela, o Piertotum Locomotor é um feitiço com muito significado que no filme não é respeitado. Por entre todo o deslumbramento visual de uma cornucópia de feitiços de defesa e de ataque, deixaram a alma da escola esquecida e esse encantamento reduzido a duas cenas. É também o que acontece com a maioria das personagens, mas, não havendo tempo para tudo, a escola e o sentimento de dever e de rectidão tinham de ser evidenciados. Confiaram demasiado na emoção do regresso de Harry a Gryffindor e do seu pré-confronto (mais não revelo) e trataram tudo o resto como secundário. Tudo tivesse a emoção do pós-batalha e seria um grande filme...

    Sem isso “Deathly Hallows Part 2” é uma peça aceitável de uma saga que demorou demasiado. Aquele ano de interregno feito a meio feriu mortalmente o interesse e é responsável por muitos dos problemas que surgiram. Actores infantis que saíram da personagem por crescerem longe dela, actores que entretanto se meteram noutros projectos (por acaso foram menos do que esperaria considerando a vastidão do elenco) e as trocas constantes de realizador e artífices associados. Não desfazendo o trabalho deste último lote de magníficos artistas, como Serra e Desplat, saí do filme a assobiar o tema original, outro dos trabalhos intemporais de John Williams. Isso porque Potter, seja livro ou filme, tinha mais piada no início que agora. Com a necessidade de um desfecho memorável tonou-se previsível e semelhante a imensas outras sagas, perdendo aquele encanto que o mundo dos feiticeiros tinha trazido.

    “Deathly Hallows Part 2” é para ver em conjunto com o primeiro. A forma ideal é uma maratona dos oito episódios alternados com os livros. Ver filme “Pedra Filosofal”, ler livro “Pedra Filosofal”, ver filme “Câmara dos Segredos”, ler livros Câmara dos Segredos”, etc. Chegando ao final da história desliguem sem ver o apêndice artificial e façam igual no livro. deixem a vossa imaginação fluir e criar o mundo depois do dia em que tudo mudou.

    Harry Potter and the Dathly Hallows Part 2Título Original: "Harry Potter and the Dathly Hallows Part 2" (EUA, Reino Unido, 2011)
    Realização: David Yates
    Argumento: Steve Kloves (livro de J.K. Rowling)
    Intérpretes: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Ralph Fiennes, Alan Rickman, Matthew Lewis, Tom Felton, Michael Gambon (e para que não se esqueçam apesar de menos relevantes também participaram Evanna Lynch, Helena Bonham Carter, Maggie Smith, David Thewlis, Ciarán Hinds, Julie Walters, Kelly Macdonald, John Hurt, Jim Broadbent, Clémence Poésy, Emma Thompson, Robbie Coltrane, Gary Oldman...)
    Música: Alexandre Desplat
    Fotografia: Eduardo Serra
    Género: Aventura, Drama, Fantasia, Mistério
    Duração: 130 min.
    Sítio Oficial: http://harrypotter.warnerbros.com/

    24 de agosto de 2011

    Blade Runner 2 - era necessário?

    No que é perfeito não se mexe?



    Milhões pelo mundo fora chamam a ”Blade Runner” o melhor filme de sempre. Muitos outros milhões consideram-no a melhor ficção-científica. Dizem que é belo, magnífico, perfeito, incomparável, o patamar impossível de atingir, um marco dos efeitos especiais e uma criação única na história do cinema. Os gostos não têm de ser obrigatoriamente iguais, mas ironicamente quem menos parece gostar do filme é o seu realizador. Enquanto o mundo clama que é um filme perfeito, Ridley Scott continua a tentar melhorá-lo.

    Em 1982 saiu a versão original. No décimo aniversário o director’s cut, nos 25 anos o final cut. Pelo meio foram surgindo questões como o significado do origami, e quem é ou não Replicante. O filme foi sendo revisto sempre com um novo olhar. Agora que tudo isso estava resolvido (até porque a palavra final é terrivelmente limitativa e obriga a terminar) já não podia lançar uma versão melhorada. Por isso anunciou uma sequela/prequela. Esforço-me por não lavar isto a sério. Isto foi dito pelo mesmo cineasta que ia fazer uma prequela de “Alien”, mas optou por criar “Prometheus” que é uma história parecida mas diferente da suposta prequela. Porque depois de Scott, Cameron, Fincher e Jeunet (sem referir Walter Hill, Joss Whedon e outros que trabalharam nos bastidores) a saga estava esgotada. Por isso é que fizeram o cruzamento com os Predator.

    Scott pode ser um gigante, mas a obra superou o artista e atingiu um estatuto em que ninguém, nem mesmo o criador, lhe pode mexer. Agora os filmes são como os livros e em cada edição lançada corrigem um erro? Por acaso o pintor vai dar uns retoques nos quadros depois de os vender? “Blade Runner” era um filme imaculado porque era venerado por todos e finalmente estava explicado e compreendido. Refazer numa altura em que o cinema precisa de ideias originais é dar um golpe fatal na criatividade. Sim, vai ser um sucesso comercial. Sim, vou ver sem hesitar. Mas era preciso?

    Programação de Sitges 2011 - Novas Visões (II)

    Não Ficção


    Arirang (Kim Ki-duk)
    Exercício introspectivo de um dos grandes realziadores da actualidade durante a sua depressão.


    Magic Trip: Ken Kesey's Search for a Kool Place (Alison Ellwood, Alex Gibney)
    Nos anos 70 Ken Kesey e um grupo chamado Merry Pranksters partiram numa viagem psicadélica até à Feira Mundial de Nova Iorque. Eram movidos a LSD e as imagens que captaram nunca foram publicadas. Quase quarenta anos depois finalmente o melhor dessas 100 horas é trazido a público.


    Project Nim (James Marsh)
    Nos anos 70 um chimpanzé foi educado como uma criança. O seu nome era Nim e o objectivo era estabelecer os princípios de comunicação com os animais.



    The Bengali Detective (Philip Cox)
    A Índia actual e a criminalidade que a destrói. Um retrato social através dos olhos de um grupo de investigadores em Calcutá.



    Knuckle (Ian Palmer)
    Documentário de doze anos sobre as lutas de punhos numa comunidade lucht siúil (nómadas irlandeses). É uma questão de honra.


    Resurrect Dead: The Mystery of the Toynbee Tiles (Jon Foy)
    Uma experiência sobre paranóia e obsessão com toques de ficção-científica.


    Discovery


    Vlogger (Ricard Gras)
    Experiência audiovisual catalã que converte em ficção uma amálgada de material da rede e da ficção genérica. Estará em estreia mundial

    Hellacious Acres: The Case of John Glass (Pat Tremblay)
    John Glass acorda num mundo devastado pela Terceira Guerra Mundial e invadido por aliens. Para salvar a Humanidade terá de recuperar códigos espalhados por várias localizações. Vai encontrar aliens, sobreviventes loucos, equipamento disfuncional e muitos azares.


    Invasion of the Alien Bikini (Young-doo Oh)
    Filme de super-heróis improváveis com um toque de loucura e um bikini.


    Ficção Negra


    Onna no kappa (Underwater Love) (Shinji Imaoka)
    Lembram-se dos Kappa, a criatura mítica japonesa trazida ao Fantas este ano? E do pink eiga,o soft porn típico do Japão também exibido no festival portuense? Imaginem um musical que mistura ambos os géneros.

    Meat (Victor Nieuwenhuijs, Maartje Seyferth)
    Um drama gótico e muito negro mostras as perversas fantasias eróticas de um talhante. (crítica brevemente)


    Kaidan Horror Classics (Shinya Tsukamoto, Msayuki Ochiai, Sang il-lee, Hirokazu Koreeda)
    Lendas do cinema japonês adaptam uma série de lendas de terror.

    Programação de Sitges 2011 - Novas Visões (I)


    Grandes nomes do cinema contemporâneo e jovens com um brilhante futuro pela frente encontram-se nas Novas Visões, a secção menos fantástica de Sitges, mas onde o género rei do festival não deixa de marcar presença.

    As restantes categorias da secção chegam dentro de algumas horas, mas comecemos pela maior, a Ficção:

    The Day He Arrives (Sang-soo Hong)
    Novo filme do realizador de "Ha Ha Ha" a reflectir sobre o cinema.


    Vampire (Shunji Iwai)
    Simon é um professor de biologia que se alimenta do sangue de suicidas que conhece online.


    22 Mei (Koen Mortier)
    A paranóia causada pelo 11 de Setembro continua a inspirar filmes. Sam era um segurança de shopping até ao dia em que uma bomba explode e ele faz tudo o que pode para salvar as pessoas.


    4:44: The Last Day on Earth (Abel Ferrara)
    Um exercício íntimo e de reflexão do realizador de "The Addiction" sobre o medo do fim do mundo.

    Kotoko (Shinya Tsukamoto)
    O regresso do realizador dos Tetsuo ao cinema de horror transgressor.

    Hanezu no tsuki (Naomi Kawase)
    Uma meditação de tons mitológicos sobre a perda de valores transcendentes na sociedade actual.


    La belle endormie (Catherine Breillat)
    Uma versão atípica do conto de Perrault.


    The Tempest (Julie Taymor)
    Adaptação exuberante do conto de Shakespeare com um elenco de luxo.


    Le petit poucet (Marina de Van)
    Eis a última adaptação de um conto infantil nesta secção. Aqui é o conto do Pequeno Polegar a ser revisitado pela realizadora de "Ne Te Retourne Pas".

    Beyond the Black Rainbow (Panos Cosmatos)
    Uma mulher é mantida prisioneira num laboratório por um cientista misterioso. Ficção-científica ao estilo dos anos 70, que mistura numa visão calendoscópica Kubrick, Tarkovsky e Cronenberg.

    23 de agosto de 2011

    Muppets? Ok, go!


    Há quem diga que isto é uma promo do álbum dos OK Go que saiu hoje. Outro dirão que é um trailer para o filme dos Marretas que chega mais para o final do ano. Para mim tem marretas e isso basta para ser notícia.

    O teaser da semana passada era assim.


    Hoje saiu um bem mais longo:


    Para comprar sugiro a nossa lojinha online.

    Os jogos e os filmes

    Se ainda não se deixaram convencer pelo filme dos xerifes contra alienígenas que tal sentirem a adrenalina do confronto num jogo?
    Apesar de ter integração Facebook e vários avanços tecnológicos para desbloquear, "Absolution Training Grounds" não é um jogo tão complexo como seria de desejar. A intenção continua a ser apenas cativar espectadores para o filme com uma aplicação gratuita.

    No entanto também há um jogo pago para telemóvel. E as mais importantes sagas são lançadas com um conjunto que vai desde colecção de roupa, comics books e brinquedos Lego, até ao jogo para cada capítulo cinematográfico. Aproveito essa deixa para falar sobre a ineficaz simbiose que se formou entre empresas de jogos e produtoras de cinema. Não me refiro a este em particular porque não saiu um jogo para consolas e PC, mas vocês sabem de quais estou a falar...


    Começa a ser confusa esta mistura entre cinema e videojogos. Que se escreva um argumento com pés e cabeça para um jogo faz sentido, mas fazer um jogo com o fio condutor do filme e usar estratégias comuns de promoção ou mesmo a publicidade cruzada é um disparate. As pessoas não querem jogar tal como viram. Para isso o melhor seria oferecer o bilhete com o jogo e abdicar de alguma margem na bilheteira. Reparem que nem todos os espectadores teriam comprado o jogo pelo que lucrariam na mesma.

    Fazer um jogo diferente do filme (abdicando de filmar a prequela/sequela) transferiria lucros do cinema para o jogo. Não se pode fazer sem ter a certeza de lucro, mas para ser franco, quantos estúdios não poderiam dar mais dez ou vinte milhões num orçamento de duzentos? O problema é que o desenvolvimento do jogo demora mais do que o próprio filme. Não pode começar antes porque o secretismo é essencial (na opinião deles) e não podem começar depois porque perdiam a janela de oportunidade/lucro (porque quando o tema não tem qualidade o interesse se esvanece).

    Quando começarão a ver que não é com a venda do jogo oficial do filme que aumentam as receitas? O truque é usar tudo como propaganda de um único formato de forma a maximizar os lucros. Como entre merchandising, jogos, livros, DVD, etc, o produto que mais dificilmente será pirateado é a emoção de ir ao cinema, o filme tem de ser o objectivo principal.

    "Mother's Day" por Nuno Reis

    "Mãe querida, mãe querida" é como começa a popular música. A figura materna é insubstituível ao longo das etapas de desenvolvimento de um ser humano e poucas pessoas conseguem cortar esses laços. Além da versão saudável em que se tem uma amiga mais velha, há a versão doentia é que a mãe é a autoridade suprema a quem se obedece cegamente e a quem se recorre para as mais pequenas decisões. Normalmente essa relação desaconselhável é criada por mães abusadoras e dominantes. No cinema há muitos casos como as famosas personagens de Anne Ramsey (em "The Goonies" ou em "Throw Mama From the Train"). E agora temos Rebecca de Mornay, a mão que embalava o berço, a fazer esse papel maternal.

    Os irmãos Koffin acabaram de se evadir da prisão e de assaltar um banco e voltaram para casa com um ferido. A mãe deles resolverá tudo. Só que a casa foi perdida para o banco e o casal que a comprou em promoção está a dar a festa de inauguração. Para piorar as coisas começa um temporal. A mãe Koffin não está presente e estas crianças grandes terão de pensar como controlar uma multidão. Enquanto isso o irmão está a perder muito sangue e com esta tensão começam a vir à superfície a valentia e os segredos dos hóspedes à força. Então chega a mãe e aí os invasores ficam descontrolados porque com autorização dela fazem de tudo.

    Cada vez mais o sequestro é o tema de eleição para o terror do real. O ano passado o MotelX apresentou-nos quase tudo o que tinha sido produzido nesse ano sobre a temática dos raptos desde o excepcional "5150, Rue des Ormes" ao banal "Cherry Tree Lane", incluindo a vertente fantástica de "The Wild Hunt". Se juntarmos os que deram no Fantas neste início de ano ficaram a faltar em Portugal "The Disappearance of Alice Creed" e "Mother’s Day". Metade dessa lacuna será corrigida a dois meses do lançamento do próximo trabalho de Darren Lynn Bousman ("11-11-11").

    É assustador ser assaltado. Ainda mais assustador é ser raptado. E mais ainda é ser refém na própria casa. Aqui essa situação é maximizada porque os novos inquilinos se sentem invadidos ao mesmo tempo que são supostos intrusos, os velhos inquilinos sentem que o seu porto seguro foi violado, os convidados só sabem que correm risco de vida e a arbitrar isto está uma senhora com um parafuso a menos que quer ver tudo resolvido a seu contento.

    Só quem tem andado desatento é que pode dizer que isto seja o regresso de Mornay ao cinema visto que quase todos os anos tem saído algum trabalho dela. Apenas entrou numa idade em que é complicado arranjar boas personagens e normalmente faz de mãe ou tia de alguém num papel pouco memorável. Aqui volta a não ser a protagonista - essa é Jaime King como a dona da casa - mas na última década não fez nenhuma personagem tão intensa e relevante para a história como esta mãe em que utiliza todo o seu magnetismo para maximizar a presença nas cenas em que aparece. E por isso é que o filme será lembrado apenas por ela ter entrado. É um marco e talvez o relançar de uma carreira carregada de personagens poderosas.

    Muita intriga e bastante sangue num ambiente claustrofóbico fazem deste filme uma proposta quase obrigatória para a edição que se avizinha do MotelX. A perspectiva da vítima está um pouco superficial, mas quem se interessar pela psicologia criminal tem aqui muito material.

    Mother's DayTítulo Original: "Mother's Day" (EUA, 2010)
    Realização: Darren Lynn Bousman
    Argumento: Scott Milam (baseado no argumento de Charles Kaufman, Warren Leight)
    Intérpretes: Rebecca De Mornay, Jaime King, Patrick John Flueger, Warren Kole, Deborah Ann Woll, Briana Evigan, Shawn Ashmore, Frank Grillo
    Música: Bobby Johnston
    Fotografia: Joseph White
    Género: Crime, Horror, Thriller
    Duração: 112 min.
    Sítio Oficial: http://www.mothersdaythemovie.com/

    22 de agosto de 2011

    "Larry Crowne" por Nuno Reis

    Uma comédia romântica com Tom Hanks e Julia Roberts não precisa de mais nada para atrair milhões. Os queridinhos da América a contracenar pela segunda vez (a primeira foi apenas há quatro anos em “Charlie Wilson’s War”) são um isco apetecível para praticamente todos os fãs de cinema ligeiro.

    Larry é um vendedor de bastante sucesso. Quando se prepara para a décima vitória como vendedor do mês é recebido com uma má notícia. Devido à falta de habilitações nunca poderá ser promovido e como faz parte da política da empresa dar oportunidades de progressão a todos, terão de o dispensar. Decidido a não ser despedido por falta de habilitações vai tirar um curso superior na universidade local. Um homem de cinquenta anos no meio de alunos de vinte dá nas vistas, mas não há um grande choque. A principal diferença é que ele está interessado em aprender porque sabe a importância de ter estudos e isso é algo que terá de ensinar aos colegas.

    Não esperava nada de excepcional, queria apenas uma comédia ligeira, um pouco de romance... os requisitos mínimos. E até nisso falha. Temos um Hanks perdido entre o que fez como Forrest e em Big, e a achar que continua a ser o rei da rom-com como nos tempos em que contracenava com Meg Ryan. Julia Roberts tem uma personagem com muito potencial, mas de pouca substância, frustrada e deliberadamente séria para que quando finalmente sorri todos se derretam. Aqui fazem-se acompanhar de um lote de luxo de secundários completamente desperdiçados. Cedric the Entertainer é o vizinho que negoceia em tudo e tem algum tempo para as suas palhaçadas. Taraji P. Henson tem um papel mínimo como esposa dele. Pam Grier quase nem aparece. Da nova geração Gugu Mbatha-Raw tem a missão de espalhar alegria, jovialidade, frescura e rebeldia como Talia, uma aluna de economia que leva Larry por bons caminhos. Wilmer Valderrama é Dell Gordo, o namorado e completo oposto de Talia. Líder de um gang de scooteiros vê em Larry um rival pela atenção do seu amor, mas não tem perfil para se envolver em confusões.
    Há muitas outras semi-celebridades envolvidas como Rita Wilson e Chet Hanks ( esposa e filho do realizador), Grace Gummer (Meryl Streep júnior), e a co-argumentista Nia Vardalos empresta a voz a um GPS. Todos eles arruinam o filme, que se auto-destrói ao apresentar tamanho lote de nomes sonantes para depois desiludir usando meros cameos.

    Volta a haver uma mensagem socio-política cuidada. Defende o serviço militar em funções não bélicas, alerta para a importância dos estudos e da participação atenta nas aulas, salienta que é possível conciliar estudo, trabalho e uma vida social (desde que não se tenha família) e diz que nunca se deve desistir. A vida é para ser vivida ao máximo em todas as idades e estamos sempre a tempo de recomeçar. Para essa mensagem bastavam cinco minutos, era escusado fazer uma longa-metragem onde só se aproveitam o aluno Dibiasi (Rami Malek) e o professor Matsutani (George Takei) e nem esses se recordam.

    Larry CrowneTítulo Original: "Larry Crowne" (EUA, 2011)
    Realização: Tom Hanks
    Argumento: Tom Hanks, Nia Vardalos
    Intérpretes: Tom Hanks, Julia Roberts, Gugu Mbatha-Raw, Wilmer Valderrama, Cedric the Entertainer
    Música: James Newton Howard
    Fotografia: Philippe Rousselot
    Género: Comédia, Drama, Romance
    Duração: 98 min.
    Sítio Oficial: http://www.larrycrowne.com/

    "Horrible Bosses" por Nuno Reis

    Não é nada pessoal chefe!

    Dizem as más línguas que cada um tem o chefe que merece. Isso podia ser verdade nos tempos em que cada um trabalhava quando queria, mas numa época em que o desemprego afecta uma percentagem inacreditável da população e as dívidas contraídas no passado, os encargos presentes, e os sonhos de um futuro se combinam para manter as pessoas reféns do dinheiro que não têm, a única solução é ficar no lugar a ser escravizado e a desejar que o chefe não esteja de mau humor nos próximos anos. Se rir é o melhor remédio, então este é o comprimido a tomar para enfrentar a crise.

    Três amigos de longa data têm problemas com os patróes. Nick passou oito anos a “dar o litro” (fazer horas extraordinárias, trabalhar ao fim-de-semana...) ambicionando o lugar de vice-presidente de vendas para ver o presidente optar pelo acumular de funções. Kurt adora o chefe e o emprego e nada o fará mudar de ideias. Até que o adorado patrão more e o seu filho nojento assume o controlo tendo como único propósito enriquecer depressa. E finalmente temos Dale que é uma espécie de pervertido sexual e é constantemente assediado pela chefe incrivelmente sexy. Ninguém percebe do que ele se queixa, mas queixa-se. Este três decidem matar os chefes e para isso contratam um criminoso que agirá como consultor de assassínios.

    Não estamos perante mais uma comédia pateta de Verão. Aqui fala-se de cinema como deve ser e tão depressa tem referências a Hitckcock como a Danny De Vito. Não especifico títulos para não estragar a piada, mas não deve ser difícil chegar lá. É pena que na legendagem não se tenham dado ao trabalho de pesquisar e confundam um Herbie de 1968 com um de 2005, mas para quem sabe do que eles estão a falar não será grave.
    Quem quiser a comédia simples e que não puxa pela cabeça também a conseguirá. Temos intriga, suspense, mistério, crime, fugas a alta velocidade, drogas, chantagem e vingança. Um trio de homens vulgares a revelarem-se completamente imprestáveis no que é preciso para serem mentes criminosas. Há uma incoerência que pode ser ou falha grave da escrita ou mentira maldosa da personagem. Ficaremos sem saber e por isso assume-se como propositado.

    É incrível, mas esta comédia negra tem tudo o que é preciso para o sucesso. Comediantes de primeira como protagonistas. Actores de topo nos papéis secundários (tentem encontrar Ioan Gruffudd). Uma história surpreendente, muito consistente e ridícula qb. E a cereja no topo de bolo foi o sentido de oportunidade e ser lançado no pico da insatisfação pofissional. Pode não ser para todos os públicos (bastou o nome de uma personagem para nos EUA ter obtido classificação de R), mas quem o for ver sairá satisfeito e é daqueles que se arrisca a passar inúmeras vezes na TV.

    Uma nota para o facto de os argumentistas virem todos da TV. Especial destaque para John Francis Daley (Sweets em “Bones”) cuja carreira de guionista desconhecia.

    Horrible BossesTítulo Original: "Horrible Bosses" (EUA, 2011)
    Realização: Seth Gordon
    Argumento: Michael Markowitz, John Francis Daley, Jonathan M. Goldstein
    Intérpretes: Jason Bateman, Jason Sudeikis, Charlie Day, Kevin Spacey, Jennifer Aniston, Jamie Foxx,Colin Farrell, Donald Sutherland
    Música: Christopher Lennertz
    Fotografia: David Hennings
    Género: Comédia, Crime
    Duração: 98 min.
    Sítio Oficial: http://horriblebossesmovie.warnerbros.com/

    Entrevistas "Balas e Bolinhos 3" - parte IV

    Finalmente, eis a quadrilha... Os anos passaram, seguiram rumos diferentes e nada está como dantes. Ou estará? Como sabemos estes quatro são indiferentes ao que os rodeia. Só que agora o mundo não ficará indiferente ao que vão fazer. O título afirma-se como último capítulo, mas é um produto que simboliza início. Foi com o "Balas e Bolinhos" que se abriu uma era do cinema português e é com o "Balas e Bolinhos 3" que se vai abrir outra.


    Completamos a primeira série de entrevistas na Lightbox com duas das estrelas da saga. Conhecem-nos como Bino e Tone. Os nomes verdadeiros são João Pires e Luís Ismael.




    Para quem está com preguiça de ver deixo um incentivo: vão dizer quando sai o quarto filme.

    21 de agosto de 2011

    "Konferenz der Tiere" por Nuno Reis

    Estava a deixar de ser uma regra implícita da animação para crianças ter animais que falassem. Talvez porque já tinha sido tudo feito. Mas de repente os animais voltam em força e numa história que também não é original. A acção tem lugar na savana e os protagonistas incluem um suricate, um leão, nada de javalis, e alguns animais um pouco invulgares para o lugar como tartarugas das Galápagos, uma ursa polar, um galo, um canguru e um demónio da Tasmânia. O que parecia uma simples missão de recuperar o rio que uma vez por ano reabastece os lagos, torna-se na aventura de uma vida. Vão enfrentar o desfiladeiro da morte, as armas do homem e as delícias de um resort.

    A história não tem absolutamente nada de novo. Tem erros crassos como a águia americana (daí o nome) fazer parte da fauna africana, mas como os papéis de liderança são assumidos pelo galo francês e pela elefante loura de nome Angela os americanos precisavam de algo deles em destaque.
    A dobragem para português é horripilante. Ignorando as vozes de Jim Broadbent, Vanessa Redgrave, Stephen Fry, James Corden e Andy Serkis entre muitos outros (que me desculpem os apologistas do original, mas fiquei maravilhado com o elenco da versão inglesa) optaram por uma dobragem tão banal como as habituais recorrendo a José Raposo, Diana Chaves, Rui Unas e os vencedores de um passatempo feito com a SIC K. Tem a vantagem de ter sido feito em cima do joelho e portanto incluir frases recentes como “sócio, agora estou concentradíssimo”, mas por vezes cai em exagero como no duelo búfalos/rinocerontes tornado em mais um episódio ridículo de clubite, que associado ao sotaque nortenho de todas as personagens parolas em nada dignifica a pós-produção feita por Lisboa.
    Falhou ainda na componente musical. Quem cresceu a ver dobragens Disney está mal acostumado. Saímos do filme sem uma única música na cabeça porque tem poucas originais e a única em português é francamente má.

    A nível de mensagem a intenção era excelente, mas faltou um pouco mais de imponência. De louvar as belíssimas homenagens cinematográficas feitas na última conferência, um remate grandioso para um filme que é absolutamente recomendado a todas as crianças. Infelizmente só encontrei versão portuguesa e 3D.

    Konferenz der TiereTítulo Original: "Konferenz der Tiere" (Alemanha, 2010)
    Realização: Reinhard Klooss, Holger Tappe
    Argumento: Reinhard Klooss, Oliver Huzly, Klaus Richter, Sven Severin (livro de Erich Kästner)
    Intérpretes: Pedro Timóteo, José Raposo, Rui Unas, Diana Chaves
    Música: David Newman
    Género: Animação, Família
    Duração: 93 min.
    Sítio Oficial: http://www.valentim.pt/animaisunidos/

    20 de agosto de 2011

    "Super 8" por Nuno Reis

    Costumo ir ao cinema. Isso não é algo recente, já há muito tempo que vou ver filmes. E uma vez há muitos anos atrás também fui. Só que não era um filme qualquer e apesar de terem passado duas dúzias de anos ainda me lembro bastante bem que o meu primeiro contacto com os filmes para crescidos foi numa produção de um senhor chamado Steven Spielberg. Eram os anos 80 e ele então partilhava com George Lucas a liderança de uma geração de elite - onde se incluiam Tobe Hooper, Joe Dante, John Landis, Chris Columbus, Don Bluth e Robert Zemeckis - que dominava a produção americana com títulos como "E.T. - The Extraterrestrial", "Poltergeist", "The Twilight Zone", "Gremlins", "Back to the Future", "Indiana Jones", "The Color Purple", "An American Tail" (Fievel), "InnerSpace", "Empire of the Sun", "Who Framed Roger Rabbit" e o meu muito querido "The Goonies".
    As aventuras em tela tiveram grandes heróis até então, mas não voltariam a ser iguais depois dos 80. Vieram os 90 e Spielberg continuou a reinar como senhor absoluto dos prémios e das bilheteiras com sequelas para muitos destes clássicos e novos títulos como "Amistad", "Men In Black", "Jurasic Park", "Saving Private Ryan", "Twister"; "Cape Fear", "Hook" e "Schindler’s List", mas para mim não era preciso mais nada. Só falo de cinema a sério com quem conhecer os Goonies e trato os outros como jovens que ainda não sabem o que é um filme a sério. Também Spielberg tem saudades desses tempos pois quase 30 anos depois de "ET" e 25 depois de "The Goonies" volta a dar a um grupo de crianças o estrelato em "Super 8".

    O rei do cinema dos 80 uniu-se a J. J. Abrams, o rei da TV de hoje, para fazer uma nostálgica viagem aos 80 e ao mundo dos filmes em Super 8. Um grupo de crianças a fazer um filme amador vê-se envolvido numa confusão militar e num segredo que lhes pode custar as vidas. O mundo dos adultos tem os seus próprios problemas e é a clássica fronteira entre jovens e velhos que permite a construção de duas histórias distintas. Enquanto o pai de Joe como polícia tenta fazer uma ponte entre os civis que tudo perguntam e o exército que nada lhe diz, Joe e os amigos vão fazendo as suas filmagens em locais estratégicos para obterem a informação. Até chegarem a um ponto em que não podem ficar calados. Terão de agir ou estão todos perdidos.

    Na verdade não é um regresso aos 80, a história desenrola-se no Verão de 1979. Nessa altura as maiores referências cinematográficas seriam "Close Encounters of the Third Kind" de Spielberg, "Star Wars" de Lucas e "Dawn of the Dead" de Romero. Os posters dos últimos dois títulos estão num dos cenários e o nome de Romero é uma constante. Ainda não havia "E.T. - The Extraterrestrial" pelo que os alienígenas simpáticos estavam em minoria e os nossos heróis têm medo.
    Talvez tivesse as expectativas demasiado elevadas, mas isto não é um filme que se apresente a quem conheceu os 80. Nesse tempo os jovens eram destemidos e os pais facilmente enganados. Vejam os filmes de então, está lá tudo! Aqui temos uns miúdos que não formam um grupo coeso, temos umas histórias mal-explicadas entre os adultos, temos um desfecho que não surpreende e não satisfaz. Nem sequer há uma frase que se recorde ou uma música que se assobie. Pior do que tudo isso, é em quase duas horas de filme não ter aquela capacidade de pôr uma lágrima no canto do olho a qualquer um. Aproveita-se a abundãncia de explosivos e a curta feita pelos miúdos, dois minutos que valem bem mais do que todo o filme e onde se encontram homenagens descaradas ao cinema. O resto é apenas um mimetismo do que Spielberg nos deu há trinta anos, mas sem qualidade. Será que nem copiar conseguem?

    Super 8Título Original: "Super 8" (EUA, 2011)
    Realização: J. J. Abrams
    Argumento: J. J. Abrams
    Intérpretes: Joel Courtney, Riley Griffiths, Elle Fanning, Ryan Lee, Gabriel Basso, Zach Mills, Kyle Chandler, Ron Eldard
    Música: Michael Giacchino
    Fotografia: Larry Fong
    Género: Ficção-Científica, Mistério, Thriller
    Duração: 112 min.
    Sítio Oficial: http://www.super8-movie.com/

    19 de agosto de 2011

    Polícias na TV

    Já repararam na quantidade de séries com temática policial que a televisão oferece? Dramas, comédias, romances, jurídicas e algumas verdadeiramente policiais.

    O blog Law Enforcemente Training é dirigido a quem procura conselhos sobre uma carreira na força policial. O seu mais recente post foi sobre os heróis de ficção que inspiram as pessoas diariamente. Vinte e cinco homens e mulheres que ao longo de décadas enalteceram o trabalho árduo de quem faz cumprir a lei.

    Quais os vossos favoritos?

    Crítica vs. Público


    Na sua crónica de ontem no Diário de Notícias, Miguel Gonçalves Mendes, realizador de "José e Pilar", responde ao artigo de opinião de João Lopes sobre qual deve ser o candidato português aos Oscares.

    Segundo o artigo de Mendes, o artigo de Lopes (que não li) indicava que devido à boa recepção que "Mistérios de Lisboa" está a ter nos EUA este deveria ser o nosso canddiato. Lopes refere que não é por haver uma petição a propor "José e Pilar" que a comissão se deve deixar influenciar. Também nesse artigo Mendes expõe a sua opinião rebatendo que antes da estreia americana de "José e Pilar" (em Setembro) não se pode fazer comparações e que melhor reflecte a opinião de Portugal uma petição com (agora) 2300 nomes do que um artigo de opinião tendencioso a apontar um filme realizado por um estrangeiro como maior motivo de orgulho do cinema nacional.

    José e Pilar


    Vemos blogs, programas televisivos e as pessoas a darem a sua opinião, a quererem ser ouvidas e vai-se escolher outra proposta tendo como melhor argumento "é para contrariar a vontade do povo"?

    Se formos a ver um caso recente de sucesso nos Oscares é importante ter uma voz.
    Lionel Logue: Why should I waste my time listening?
    King George VI: Because I have a right to be heard. I have a voice!


    Se puder juntar a minha voz a esta discussão prefiro confiar no Tiago Ramos - uma pessoa com quem ocasionalmente falo de cinema e que vejo como um apaixonado pela arte e por este documentário em particular - do que num crítico cujo gosto tenho vindo a estranhar cada vez mais. E sim, acho que os portugueses têm uma palavra a dizer quando se trata de escolher o nosso representante. Afinal de contas, se os fundos do ICA se vão basear no lucro que os filmes gerarem, o cinema a ser feito em Portugal vai depender do gosto dos espectadores.

    18 de agosto de 2011

    Diálogo surreal nas bilheteiras

    É triste e difícil acreditar que algumas pessoas não vão regularmente ao cinema. Infelizmente tenho demonstrações disso quase sempre que vou. Aqui fica um exemplo.

    O UCI Arrábida teve uma promoção em que na compra de um bilhete, as idas seguintes até dia 17 ficavam a 2,90 cada. Para isso davam uns vales. Digamos que à custa disso tenho passado os últimos dias lá enfiado. A rotina é sempre ir trabalhar, sair do trabalho, ir ver filmes sozinho ou acompanhado, escrever posts, ir dormir.

    Nos dias finais da campanha isto foi especialmente divertido.

    Segunda


    Nuno: Boa tarde. Queria um bilhete para "Angèle et Tony" às 14h, "Bridesmaids" às 16:30 e "Captain America" às 18:30.
    Funcionário: são 8,70€.
    Paguei.
    Funcionário: Aqui estão os bilhetes, o troco, tem x pontos no cartão. Uma boa sessão.
    E dá-me os vales promocionais. Um dia como tantos outros.

    Terça


    Nuno: Boa tarde. Queria três bilhetes para a sessão das 19h de "Animais Unidos".
    Funcionário: É um filme em 3D.
    Nuno: Sim.
    Funcionário: Vai querer óculos?
    Nuno: Já tenho obrigado. (6 pares!)
    Funcionário: São 13,20€.
    Paguei.
    Funcionário: Aqui estão os bilhetes, o troco, tem x pontos no cartão. Uma boa sessão.
    Nuno: Esqueceu-se dos vales.
    Funcionário: A promoção acaba amanhã...
    Nuno: Precisamente, só acaba amanhã.
    Deu-me os vales surpreendido.

    Vimos o filme, fomos jantar e depois... vamos a outro filme?
    Fomos para a mesma fila.

    Nuno: Boa noite. Queria três bilhetes para a sessão das 21:30h de "Chefes Intragáveis". Intratáveis? Para o "Horrible Bosses".
    Funcionário: São 8,70€.
    Paguei.
    Funcionário: Aqui estão os bilhetes, o troco, tem x pontos no cartão. Uma boa sessão.
    Já me deu os vales.

    Quarta


    Nuno: Boa tarde. Queria um bilhete para "A Árvore da Vida" às 19h e dois para "Larry Crowne" às 21:30.
    Funcionária: São 8,70€.
    Paguei.
    Funcionária: Aqui estão os bilhetes, o troco, tem x pontos no cartão. Uma boa sessão.
    Nuno: Esqueceu-se dos vales.
    Funcionária: A promoção acaba hoje...
    Nuno: Ainda posso querer ir à sessão da meia-noite.
    Deu-me os vales surpreendida.

    Para não ficar meia hora à espera não fui à sessão da meia-noite, mas se houvesse algo mais cedo teriam ganho outros 2,90€.



    Conclusão: pela reacção na caixa as pessoas "normais" nem assim vão diariamente ao cinema. Mas as pessoas extraordinárias como eu vão muito mais.
    Moral da história: com bilhetes a preços aceitáveis algumas pessoas vão muitas mais vezes ao cinema.

    Sugestão: para os funcionários não serem apanhados desprevenidos deviam fazer um livre-trânsito, passe mensal, cartão prateado ou algo do género para quem não se rege pela lógica de ir ao cinema apenas uma vez no ano. E porque não com desconto permanente?

    Breves


    Reembolso


    Parece que Tom Hanks foi abordado por um casal que ficou desiludido com "Larry Crowne" (a crítica sai brevemente). Num gesto simpático devolveu-lhes os 25 dólares do bilhete que aceitaram sem hesitação.
    Devem ter visto em algum filme que cada dólar conta. Em que filme foi isso?. Precisamente em "Larry Crowne". Enfim... Claro que em resposta a isso surgiram vários movimentos com nomes do género "Sr. ___, devolva-me o dinheiro gasto em ___", especialmente dirigidos a Adam Sandler e James Cameron.

    Pode causar choro


    Que em alto vôo o álcool tem um efeito mais acentuados nas pessoas é de conhecimento público. O que talvez não saibam é que também o efeito de filmes emotivos é mais forte. A companhia aérea Virgin Atlantic (não actua em Portugal) tem agora um alerta a prevenir os espectadores quando o filme tem propensão para fazer chorar. Aqui fica o top deles:

    1. Toy Story 3
    2. Um Sonho Possível / "The Blind Side"
    3. Comer, Orar, Amar 7 "Eat, Pray, Love"
    4. Para A Minha Irmã / "My Sister's Keeper"
    5. Sete Vidas / "Seven Pounds"
    6. O Segredo de Brokeback Mountain /" Brokeback Mountain"
    7. O Diário Da Nossa Paixão / "The Notebook"
    8. Gran Torino
    9. Invictus
    10. Billy Elliot

    Dizer que o filme faz chorar devia contar como um spoiler. Para mim bastaria o alerta da bolinha vermelha. Por falar nisso...

    Zombies e futebol


    Quando um clube quer mais seguidores o que faz? Pede doadores de esperma! E como pode garantir que eles sejam seus adeptos? Se a doação for feita assitindo a um filme pornográfico que se desenrola no próprio estádio. Ah, e esse filme tem zombies.

    (apenas para maiores de 18)


    A campanha é muito criativa. O filme... por este trailer não se pode concluir muito.

    Posters das personagens de "Tinker, Taylor, Soldier, Spy"


    No final do ano estará nas salas um dos filmes mais prometedores do ano. Baseado num livro de John Le Carré ("The Constant Gardener", "Taylor of Panama", "The Spy Who Came From the Cold"), realizado por Tomas Alfredson ("Låt Den Rätte komma In") e com actores como Gary Oldman, Colin Firth, Mark Strong, Toby Jones, Tom Hardy e John Hurt, "Tinker, Taylor, Soldier, Spy" poderá de alguma forma desiludir?

    A história desenrola-se na Guerra Fria e acompanha um agente secreto semi-reformado que terá de descobrir um espião soviético infiltrado no MI6.

    Qual o motivo para tanta histeria?


    A histeria não é uma simples reacção emocional típica das mulheres. O nome vem do grego hystera, que significa útero. Na Antiguidade grega, Hipócrates descreveu a doença como sendo causada por um fluxo de energia do útero para o cérebro, o que causava as reacções exuberantes. Na Idade Média tinham uma cura simples para isso: um rótulo de bruxa e um bilhete só de ida para a fogueira.
    Com o passar do tempo começaram a procurar outras curas e este filme é sobre uma delas. Se o problema está nas energias do útero, porque não gastá-las localmente em vez de deixar que se extravazem e afectem o corpo (e incomodem as pessoas)? E assim nasceu o vibrador:


    Maggie Gyllenhaal, Gemma Jones, Felicity Jones, Hugh Dancy e Rupert Everett são os actores desta comédia de época. Dizem que rir é o melhor remédio por isso que venha esta em dose dupla.

    Posters e trailer para "Coriolanus"

    Depois de falar de Potter, eis que também chega Voldemort com um novo projecto.

    "Coriolanus" de Ralph Fiennes

    O General Coriolanus foi banido de Roma e vai-se aliar ao seu inimigo Aufidius para se vingar dos que o trairam. Adaptação de Shakespeare realizada e protagonizada por Ralph Fiennes, que tem ainda no elenco Gerard Butler, Vanessa Redgarave, Jessica Chastain, Brian Cox e James Nesbitt. Não é filme que se queira perder.
    Imdb
    CoriolanusCoriolanus

    Uma rosa com outro nome...

    Antes "The Good Wife" era um drama sobre o mundo legal. Para a terceira temporada assume-se como um rival das Donas de Casa, e herdeiro do seu sucesso quando a concorrente terminar no final da época.




    Conseguirá um drama roubar share a uma comédia? Ou são apenas duas novelas com disfarces diferentes?

    17 de agosto de 2011

    Dia de Fermat

    No 410º aniversário de Fermat, a Google dedicou-lhe um doodle.

    O Antestreia recomenda que o homenageiem vendo um filme. O filme é de 2008 e teve uma passagem discreta por Portugal apesar dos dois prémios no Fantas, num ano em que Espanha dominou com "REC" e "El Orfanato"(dois prémios cada).

    Os exercícios são fáceis para os matemáticos, mas mesmo para eles serão divertidos.

    Cine Más Comics de Agosto

    O número 7 da Cine+Comics já saiu.

    "Super 8", "Captain America", o velho e o novo "Conan", toda a saga "Planet of the Apes" são os filmes em destaque. Nos artigos sobre pessoas além de Chris Evans, J.J. Abrams e Roman Polanski, destacaria Drew Struzan, autor de posters eternos como "Back to the Future", "Indiana Jones" e "Star Wars".

    Essa e outras edições da revista aqui.

    16 de agosto de 2011

    Conselhos de profissionais


    Quem se lança no mundo do cinema por vezes precisa de algumas dicas. Não nas coisas grandes, mas naqueles detalhes que normalmente se esquece. O Canal+ há uns meses lançou fluxogramas para os principais géneros. Acção, Animação, Horror, Porn e Curtas. Enquanto não aparecem mais, aproveitem o que for aplicável ao vosso caso.






    "Bridesmaids" por Nuno Reis

    Numa época em que os filmes de despedida de solteiro se tornaram moda e em que os filmes sobre mulheres e para mulheres começam a facturar bastante, eis que inventaram o género filmes de despedida de solteira.

    Annie e Lillian são amigas desde pequenas. Os anos passaram e mantiveram-se tão próximas como se pode ser, partilhando bons e maus momentos. Quando Lillian é pedida em casamento, Annie é a escolha óbvia para ser a madrinha. Liderando um bando inqualificável de damas-de-honor vai-se encarregar de dar a Lillian tudo o que uma noiva merece, dentro de determinado orçamento. A sabotar os seus planos de contenção financeira está a nova amiga da noiva, Helen, tão perfeita, bonita e rica que devia ser ilegal. Vai haver uma luta de mulheres e não vai ser bonito.
    Bridesmaids

    Chega de fazer histórias sobre mulheres que querem casar e que querem o homem perfeito, o casamento perfeito, filhos perfeitos e viver felizes para sempre. Essa visão machista de ”o casamento visto pela mulher” está mais do que ultrapassada. Aqui o que temos é um grupo de mulheres que não se conheciam e se unem com um objectivo: contribuir para a felicidade da amiga comum. Há personalidades incompatíveis, há problemas pessoais que interferem com o trabalho, há egos a gritar por protagonismo e momentos de intimidade passados com a noiva a serem mostrados como galões ou esgrimidos como arma. Grandes performances de Kristen Wiig, Melissa McCarthy e Rose Byrne.

    Quem procura uma comédia tem aqui muitos elementos à disposição, desde o mais escatológico imaginável até ao minimamente inteligente. E quem procura algo sério também o consegue nos intervalos entre piadas. Porque casar marca um ponto de viragem e é um momento de reflexão tanto para quem dá o nó como para quem assiste. As pessoas vão mudando ao longo da vida. O que assusta Annie é ver a sua velha amiga Lillian com novos gostos e novas amigas, a ser independente dela.
    Bridesmaids

    Aqui fala-se bastante de matrimónio. Os diferentes pontos de vista - casadas há muito, casadas há pouco, pouco interessadas nisso ou desesperadas por isso - combinam-se para dar uma visão do que as pessoas esperam da união e como o casamento as destrói. Sim, a palavra politicamente correcta seria transforma, mas pelos exemplos aqui usados nenhuma ficou satisfeita depois do casamento por isso não vale a pena disfarçar. E aí está a ironia do filme: as damas-de-honor desejam a Lillian um casamento melhor do que a própria relação. Um detalhe que também importa referir é que nada em “Bridesmaids” é muito motivador para quem casa. A mensagem passada diz que o casamento é a festa para a qual se convida todos os que nos são mais queridos e se diz “desculpa, mas de hoje em diante vou ter menos tempo para ti”. E diz-se isto entre centenas de pessoas, nem sequer é um momento privado. E cabe a cada um dos convidados sorrir e fazer de conta que gosta de perder assim um, por vezes dois amigos. Não é justo e por isso tanta gente chora em casamentos.

    Quem classifica os filmes deve estar acostumado a comédias ligeiras, mas pela linguagem usada não é claramente um filme maiores de doze. O público-alvo não é exclusivamente feminino, mas não diria que seja para casais apaixonados. Até porque os homens entrarão com algum preconceito e metade da mensagem passará ao lado. Recomendaria a grupos de amigas de longa data que se estejam a começar a afastar. Para recordarem os velhos tempos e saberem que terão sempre algo inesquecível do vosso passado que as manterá unidas.

    BridesmaidsTítulo Original: "Bridesmaids" (EUA, 2011)
    Realização: Paul Feig
    Argumento: Kristen Wiig, Annie Mumolo
    Intérpretes: Kristen Wiig, Rose Byrne, maya Rudolph, Melissa McCarthy, Chris O'Dowd
    Música: Michael Andrews
    Fotografia: Robert D. Yeoman
    Género: Comédia
    Duração: 125 min.
    Sítio Oficial: http://www.bridesmaidsmovie.com/

    15 de agosto de 2011

    "Bad Teacher" por Nuno Reis

    Quando um filme tem tudo para ser mau e o vamos ver na esperança de que seja bom, há duas máximas a manter presentes na memória: primeiro, tem de ter algo muito bom para compensar as defesas contra baixas expectativas; segundo, se já sabíamos que ia ser mau, é contraditório acusá-lo de ser mau. No caso de "Bad Teacher" é exactamente isso. Sabemos que vai ser mau, mas mesmo assim há algo que nos atrai e no fim não temos coragem para dizer que foi surpreendentemente mau.

    Elizabeth foi uma professora discreta ao longo do ano lectivo. O casamento eminente manteve-a distraída da balbúrdia da escola. Só que o destino atira-a de regresso às aulas na mesma escola. Determinada a não ficar presa nesse feitiço do tempo em que ano após ano tem de enfrentar os mesmos problemas em alunos iguais enquanto envelhece, descobre no novo colega Scott Delacorte a porta de saída debruada a diamantes. Só que para isso precisa de um peito novo e para isso precisa de dinheiro. Há duas formas de o conseguir e tenta ambas. Primeiro rouba dinheiro da escola. Depois dá o máximo de si para ganhar o prémio de melhor professora. Conseguirá a professora mais baldas da história tornar os seus alunos em génios?
    Cameron Diaz Bad Teacher

    O motivo para ver este filme Cameron Diaz. Uma das maiores sex symbols da última década, prova que continua em forma e capaz de atrair multidões ao cinema. Após alguns dramas bem conseguidos volta à comédia onde é rainha e carrega o filme em ombros do início ao fim com uma personagem memorável.
    A secundá-la temos Justin Timberlake numa personagem pequena, mas devido ao caso entre os dois há alguns anos continua a ser apelativo para as fofoquices. Podem vê-los ainda como o casal de outrora, só recomendo que não os associem às personagens do Shrek. O outro actor também com um micro papel é Jason Segel. Não está ao seu melhor, mas pelo tempo que tem não afecta o conjunto.
    A surpresa maior vem de uma actriz que tinha andado muito discreta. Falo de Lucy Punch cujos papéis medíocres em "You WIll Meet a Tall Dark Stranger" e "Dinner For Schmucks" nos tinham feito esquecer que é uma boa actriz. Como Amy Squirrel tem uma performance magnífica e é razão suficiente para ver o filme.
    Bad Teacher

    "Bad Teacher" é exactamente aquilo que se espera. É uma comédia no ambiente escolar. Satiriza problemas do sistema de ensino e filmes sobre o tema. É bastante sexual. Vemos uma sucessão de eventos completamente previsíveis - ocasionalmente intercalados por algo inesperado - que nem por isso deixam de ser divertidos. Tem o inconveniente de ter sido feito a pensar no público americano e por isso falar de temas que para a maioria dos espectadores poderão não ser assim tão banais, mas no fim deu-nos exactamente aquilo que se propunha: um momento bem passado.

    Bad TeacherTítulo Original: "Bad Teacher" (EUA, 2011)
    Realização: Jake Kasdan
    Argumento: Gene Stupnitsky, Lee Eisenberg
    Intérpretes: Cameron Diaz, Lucy punch, Jason Segel, Justin Timberlake
    Música: Michael Andrews
    Fotografia: Alar Kivilo
    Género: Comédia
    Duração: 92 min.
    Sítio Oficial: http://www.areyouabadteacher.com/

    14 de agosto de 2011

    Os motins de Londres explicados

    O cinema já nos tinha prevenido como a cidade ia ficar insegura depois de mandarem Nicholas Angel embora...





    Como resolveria ele o problema? Correndo atrás de qualquer criminoso por mais insignificante que fosse.




    E se isso não bastasse lá teria de recorrer às armas.




    Adivinhem que filme estou a pensar ver...