Algumas pessoas têm muito medo de palhaços. Depois de verem “Balada Triste” as outras também vão passar a ter. A mais recente proposta do grande Alex De La Iglesia consegue fazer com que qualquer palhaço seja encarado com o maior receio porque da primeira à última cena são mais as pessoas que eles matam do que as piadas que contam.
As ditaduras assentavam no princípio romano do pão e do circo. O regime franquista foi um pouco diferente porque nem o circo escapava ao serviço militar. Quando os soldados alistam um palhaço alegre para a matança desencadeiam uma série de eventos inimagináveis. Primeiro essa cena por si só é tão surreal e aterrorizadora que jamais se voltará a olhar para um palhaço com tranquilidade. Segundo porque Javier, o filho desse palhaço, não voltará a ser uma criança, vai crescer para se tornar um palhaço triste. Quando o pequeno tem quase quarenta anos finalmente tornou-se um palhaço. No circo para onde vai trabalhar fica imediatamente apaixonado pela equilibrista Natalia, namorada de Sergio, o palhaço alegre, seu superior e estrela maior do circo. Presenciando os abusos cometidos por Sergio contra aquela bela mulher, Javier vai-se revoltar e começar a ser protector, desafiando a autoridade e entrando numa espiral de loucura.
Nos contos por vezes há mulheres vítimas da obsessão de um monstro que são protegidas por um homem bom. Outras são perseguidas pelo homem e protegidas pelo monstro. Pois Natalia é perseguida e protegida por dois monstros e nem a família do circo com toda a dedicação consegue fazer algo para a proteger.
Tudo isto é essencialmente uma metáfora de Espanha e da luta entre facções por ela. Em simultâneo com a narrativa circense há o panorama histórico. O regime franquista e os seus símbolos estão presentes em tudo e os palhaços movem-se por momentos históricos marcantes para o nosso país vizinho. Nem tudo é contado. Se o filme construísse uma narrativa convencional será provavelmente de três horas. Em vez disso proporciona-nos uma manta de retalhos com momentos muito bem filmados e levemente ligados. O desfecho, por oposição, alonga-se demasiado e entra no previsível.
É um filme muito sombrio e violento ao extremo. Guerra, amor e loucura estão misturados com momentos de ridículo, comédia rápida e eficaz que causa um enorme contraste. E também por isso o terror é mais terrorífico, a loucura mais profunda e o amor mais apaixonado. A guerra espanhola contra os fantasmas da guerra em Espanha está longe de terminar. Por sorte vai-nos proporcionando grandes momentos de cinema. Só lamento não saber mais de história espanhola para poder compreender as nuances ocultas na narrativa.
As ditaduras assentavam no princípio romano do pão e do circo. O regime franquista foi um pouco diferente porque nem o circo escapava ao serviço militar. Quando os soldados alistam um palhaço alegre para a matança desencadeiam uma série de eventos inimagináveis. Primeiro essa cena por si só é tão surreal e aterrorizadora que jamais se voltará a olhar para um palhaço com tranquilidade. Segundo porque Javier, o filho desse palhaço, não voltará a ser uma criança, vai crescer para se tornar um palhaço triste. Quando o pequeno tem quase quarenta anos finalmente tornou-se um palhaço. No circo para onde vai trabalhar fica imediatamente apaixonado pela equilibrista Natalia, namorada de Sergio, o palhaço alegre, seu superior e estrela maior do circo. Presenciando os abusos cometidos por Sergio contra aquela bela mulher, Javier vai-se revoltar e começar a ser protector, desafiando a autoridade e entrando numa espiral de loucura.
Nos contos por vezes há mulheres vítimas da obsessão de um monstro que são protegidas por um homem bom. Outras são perseguidas pelo homem e protegidas pelo monstro. Pois Natalia é perseguida e protegida por dois monstros e nem a família do circo com toda a dedicação consegue fazer algo para a proteger.
Tudo isto é essencialmente uma metáfora de Espanha e da luta entre facções por ela. Em simultâneo com a narrativa circense há o panorama histórico. O regime franquista e os seus símbolos estão presentes em tudo e os palhaços movem-se por momentos históricos marcantes para o nosso país vizinho. Nem tudo é contado. Se o filme construísse uma narrativa convencional será provavelmente de três horas. Em vez disso proporciona-nos uma manta de retalhos com momentos muito bem filmados e levemente ligados. O desfecho, por oposição, alonga-se demasiado e entra no previsível.
É um filme muito sombrio e violento ao extremo. Guerra, amor e loucura estão misturados com momentos de ridículo, comédia rápida e eficaz que causa um enorme contraste. E também por isso o terror é mais terrorífico, a loucura mais profunda e o amor mais apaixonado. A guerra espanhola contra os fantasmas da guerra em Espanha está longe de terminar. Por sorte vai-nos proporcionando grandes momentos de cinema. Só lamento não saber mais de história espanhola para poder compreender as nuances ocultas na narrativa.
Título Original: "Balada Triste de Trompeta" (Espanha, França, 2010) Realização: Alex de la Iglesia Argumento: Alex de la Iglesia Intérpretes: Carlos Areces, Antonio de la Torre, Carolina Bang, Santiago Segura Música: Roque Baños Fotografia: Kiko de la Rica Género: Comédia, Drama, Guerra, Terror Duração: 107 min. Sítio Oficial: http://www.thelastcircusmovie.com/ |
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