A: O que pensa das novas formas de distribuir cinema? São boas para o negócio ou estão a precipitar o seu fim?
TT: É uma coisa muito boa que tenhamos films on demand e online e que se pode comprar e ver em qualquer tamanho. Uma pessoa em Bora Bora que esteja a fazer algo com a sua pequena câmara, talvez esteja a fazer algo de muito bom, alguma ideia perfeita, e esse filme tem uma hipótese de ser visto em todo o mundo. Sem isso ninguém poderia ver esse filme por isso dá uma possibilidade aos realizadores de serem notados. Há muitas histórias de sucesso de alguém que faz upload de uma curta ou um clip para o Youtube e dois dias depois os grandes estúdios de Hollywood estão a contactá-lo. Isto é fantástico! Não é o fim da indústria porque estão sempre a chegar novos formatos como o 3D. Seu um grande cinéfilo e nada se compara a ver um filme num grande ecrã. Não se pode ter esta experiência em casa, nem mesmo com um projector e um sistema de som decente. Por exemplo não se consegue ter IMAX ou este novo sistema de 3D. Claro que é difícil para os tipos do cinema. Terão de inventar novos truques, o que não é mau. É bom mantê-los alerta. Não teríamos o 3D que temos agora se não fosse o home cinema porque ninguém se teria dado ao trabalho de desenvolver este tipo de tecnologia.
Antestreia: Os seus filmes podem ser vistos online?
Tabel Toom: Pelo menos o “Second Coming” está no Vimeo sem password e uma outra curta de cinco minutes que fiz em Inglaterra também está lá. Tenho a maioria dos meus filmes online mas protegidos com password e alguns até podem não conhecer, mas no Vimeo podem ver alguns dos meus anúncios, o “Second Coming” e uma outra curta. (“The Loop”).
(para os interessados, canal de Tanel Toom)
A: Foi convidado a realizar três longas-metragens. Pode adiantar algo sobre elas?
TT: Uma delas, que é uma história minha, é um drama. Depois há duas que os produtores me apresentaram os projectos. Um deles é um crime/thriller, a história desenrola-se no Alaska e vamos filmá-lo no final do ano no Canadá. O terceiro é estilo ficção-científica e passa-se num mundo pós-apocalíptico. Todo o filme tem lugar no mar, em torres ferrugentas, com apenas quatro personagens. Este ainda não sei se vamos filmar na Austrália ou Alemanha. São projctos muito distintos.
A: Algum dia voltará a fazer curtas-metragens profissionalmente?
TT: Nunca digas nunca. A minha ambição e intenção sempre foi fazer longas-metragens. Mas muitas vezes vemos, por exemplo “I Love You New York” ou “I Love You Paris”, onde grandes realizadores fazem apenas uma parte de um grande filme. Claro que gostaria de fazer este estilo de filmes. E há ainda este projecto, BMW short films, porque não fazer um destes? Ao lado de John Woo, Iñarritu, Tony Scott...
A: Adivinhou a minha próxima questão. Como um jovem realizador a entrar no mundo da longa-metragem precisará de algumas referências. Algum realizador que admire?
TT: Adoro Iñarritu e adoro David Fincher. Sempre admirei Fincher. "Seven" ainda é dos meus filmes favoritos e "Fight Club"... e sempre adorei Iñarritu, e agora Christopher Nolan também. Há muitos realizadores de que gosto, mas não posso dizer que tenha algum ídolo. Não quero imitar ninguém, simplesmente gosto de certas coisas em diferentes realizadores e em diferentes estilos. Não quero dizer que o meu trabalho seja uma mistura deles, mas admito que cada filmes que assistimos, cada pintura que vemos e cada música que ouvimos pode influenciar-nos de formas que nem nos apercebemos.
A: Esteve várias vezes no norte de Portugal no último ano. O que pode dizer sobre nós?
TT: É uma excelente pergunta. Penso que os portugueses são incrivelmente fofos, são um pouco como crianças. Para vocês é absolutamente normal estarem atrasados quarenta minutos e esse tipo de coisas. Primeiro não entendemos, ficamos confusos, furiosos e queremos zangar-nos com eles. Mas depois eles olham para ti e ainda estão a sorrir como quem diz “mas é assim que as coisas são” e nenhum mal vem ao mundo por causa disso.
No outro dia estava a pensar “como raio é que eles apanham os aviões?” Porque os aviões não esperam. E eu já vi portugueses em aviões. Ou talvez eles tenham perdido o anterior e por isso é que estão no meu. E isso é algo que em penso “Jesus, como é que eles vão para o aeroporto, eles estão sempre atrasados!” (risos) Adoro Portugal e os portgueses, mas é verdade que é um país muito diferente dos países do norte da Europa e para mim , como norte-europeu o tempo tem um significado diferente. Demora o seu tempo apaixonarmo-nos por Portugal e pelo povo português, mas assim que o fazemos ficamos apaixonados.
A: E por isso voltou tantas vezes.
TT: Ontem estava a pensar precisamente isso. No ultimo ano estive mais vezes em Portugal do que em minha casa na Estónia. Estive duas vezes na Estónia e esta é a minha quinta visita a Portugal!
Resta-me agradecer mais uma vez a Tanel Toom a disponibilidade e ao Porto7 por o ter trazido.
(ler do início)
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