Se estiveram atentos às fichas técnicas dos filmes aqui indicados com Woody Allen como realizador, devem ter reparado que raramente há um compositor associado ao projecto. Isso porque Allen é músico de jazz e gosta de fazer as faixas com base no seu próprio gosto e, por vezes, com música composta por ele mesmo. Essa enorme devoção ao jazz está ainda mais patente neste filme muito especial, um falso documentário sobre o maior músico que existiu.
A música soa melhor quando tocada com o coração. Essa é a única lição que Emmet Ray precisa de aprender para ser o melhor guitarrista jazz de sempre. Até lá, estará sempre atrás do francês de origem cigana Django Reinhardt. Outro problema de Emmet é que a simples possibilidade de se encontrar com Django o faz fugir de qualquer forma possível. E finalmente, ele é um bêbedo, ordinário, arrogante, miserável e demente protótipo de ser humano. Até que quando ele e um amigo conseguem engatar duas raparigas, Emmet pode bem ter encontrado alguém que o vai fazer encarar o mundo de outra forma.
Para personagem fictícia a descrição está perfeita. Os detalhes da sua vida, incluindo as taras e as ideias mais loucas, são apresentados. Seja indirectamente pelas entrevistas de quem o conheceu e ouviu, ou porque vemos esses flashbacks, aprendemos a gostar de Emmet porque a encantadora Hattie lhe dá uma oportunidade. E torna-se uma personagem inesquecível pelas imensas particularidades - manias! - com que nos surpreende a cada instante. Como sobreviveu ao seu passado é uma questão sem resposta.
Sean Penn dá um ar da sua graça, literalmente. Porque não é normal vê-lo em comédias essas ocasiões devem ser aproveitadas e presenteia-nos com um sacana de luxo.
Morton criou a personagem da forma que eram criadas nos tempos do cinema mudo. O que exprime com o rosto dispensa as palavras e isso valeu-lhe inúmeros prémios, incluindo uma nomeação para Oscar. A coragem de Allen para arriscar numa actriz quase exclusivamente televisiva para tal posição diz muito sobre o que consegue de um actor: tudo.
Esta podia ter sido uma obra muito maior do que realmente se tornou. A paixão pela música, o elenco, tudo fazia supor que seria algo de monumental. Mas apesar de ter um Sean Penn formidável, uma Samantha Morton extraordinária e uma série de entrevistas muito bem conseguidas, mais uma vez pecou por tentar meter demasiadas histórias numa só. Todo o momento Blanche era desnecessário, só serve para causar saudades de Hattie. É através dela que Emmet consegue rapidamente a simpatia do espectador, sem ela perde-a lentamente. E um filme que esteve sempre na eminência de se tornar grandioso termina deixando apenas uma sensação de insatisfação...
A música soa melhor quando tocada com o coração. Essa é a única lição que Emmet Ray precisa de aprender para ser o melhor guitarrista jazz de sempre. Até lá, estará sempre atrás do francês de origem cigana Django Reinhardt. Outro problema de Emmet é que a simples possibilidade de se encontrar com Django o faz fugir de qualquer forma possível. E finalmente, ele é um bêbedo, ordinário, arrogante, miserável e demente protótipo de ser humano. Até que quando ele e um amigo conseguem engatar duas raparigas, Emmet pode bem ter encontrado alguém que o vai fazer encarar o mundo de outra forma.
Para personagem fictícia a descrição está perfeita. Os detalhes da sua vida, incluindo as taras e as ideias mais loucas, são apresentados. Seja indirectamente pelas entrevistas de quem o conheceu e ouviu, ou porque vemos esses flashbacks, aprendemos a gostar de Emmet porque a encantadora Hattie lhe dá uma oportunidade. E torna-se uma personagem inesquecível pelas imensas particularidades - manias! - com que nos surpreende a cada instante. Como sobreviveu ao seu passado é uma questão sem resposta.
Sean Penn dá um ar da sua graça, literalmente. Porque não é normal vê-lo em comédias essas ocasiões devem ser aproveitadas e presenteia-nos com um sacana de luxo.
Morton criou a personagem da forma que eram criadas nos tempos do cinema mudo. O que exprime com o rosto dispensa as palavras e isso valeu-lhe inúmeros prémios, incluindo uma nomeação para Oscar. A coragem de Allen para arriscar numa actriz quase exclusivamente televisiva para tal posição diz muito sobre o que consegue de um actor: tudo.
Esta podia ter sido uma obra muito maior do que realmente se tornou. A paixão pela música, o elenco, tudo fazia supor que seria algo de monumental. Mas apesar de ter um Sean Penn formidável, uma Samantha Morton extraordinária e uma série de entrevistas muito bem conseguidas, mais uma vez pecou por tentar meter demasiadas histórias numa só. Todo o momento Blanche era desnecessário, só serve para causar saudades de Hattie. É através dela que Emmet consegue rapidamente a simpatia do espectador, sem ela perde-a lentamente. E um filme que esteve sempre na eminência de se tornar grandioso termina deixando apenas uma sensação de insatisfação...
Título Original: "Sweet and Lowdown" (EUA, 1999) Realização: Woody Allen Argumento: Woody Allen Intérpretes: Sean Penn, Samantha Morton, Uma Thurman, Anthony LaPaglia, Gretchen Mol, Woody Allen Fotografia: Fei Zhao Género: Comédia, Musical Duração: 95 min. Sítio Oficial: http://www.spe.sony.com/classics/sweetandlowdown/ |
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