Ray: The Brain. That's what the guys used to call me right?
Benny: But, Ray, that was sarcastic!
Depois da animação da formiga, eis que começa a verdadeira parceria com a Dreamworks. Este é o primeiro de um acordo de cinco filmes e ironicamente o melhor deles. O único problema é a mensagem principal estar demasiado escondida debaixo da comédia.
Um grupo de criminosos pouco inteligentes liderados por Ray (Woody Allen) planeia assaltar um banco fazendo um túnel desde a loja do lado. Para fachada montam uma loja de biscoitos dirigida por Frency (Tracey Ullman) que começa a render dinheiro. Depressa estão tão ricos que não precisam de roubar, mas a inteligência não chega para tudo e mantêm o plano.
Isto não é o clássico filme sobre um crime. Tem muitas referências ao género, especialmente a “Take the Money and Run”, mas depressa a temática muda. O verdadeiro alvo desta comédia não é o ladrão saloio, é o fenómeno dos novos-ricos. A forma como Ray e Frenchy se integram na sociedade mal sabendo ler ou escrever, os investimentos que fazem com vista ao lucro ou apenas por filantropia, como todos se riem nas costas dele e como a lagartixa quer chegar a jacaré. Há alguns gags tão bons que na sátira social à aristocracia nova-iorquina foram utilizados truques que viriam a ser repetidos em “Scoop” para referir a nobreza londrina. A mensagem que passa está actualizada e continuará actual por bons anos.
O mundo dos menos beneficiados com inteligência está muito bem representado com Ulman e Allen. São génios da comédia nas versões com e sem dinheiro. O filme acompanha-os em separado e é dos poucos em que o nível de interesse de um espectador é igual para ambos.Isso porque qualquer um deles está sempre na eminência de fazer algum grande momento de cinema. Um dos pontos fortes deste trabalho é o equilíbrio entre personagens. Excepto pelos cúmplices que depois da riqueza só têm direito a uma mísera cena, todos conseguem o seu espaço maior ou menor.
Ao entrar em cena Hugh Grant o filme ganha outro nível. Este indivíduo de charme quase lendário faz o que lhe compete: é ele próprio e traz carisma a um filme que se esforçava por não o ter. Tem um papel pequeno, feito à medida. Mas acima de todos esses está Elaine May que quando entra em acção é imparável a tirar a sofisticação das situações de gala. Esta argumentista premiada (“Reds”, “Heaven Can Wait”, “Tootsie”, “Primary Colors”) e realizadora raramente aparece diante das câmaras, mas aqui é soberba como a mais burra entre os burros e causa gargalhadas do início ao fim. Seja com o hilariante desempenho dramático de May ou com a comicidade dos restantes durante o drama, é esse constante cruzamento de estados que torna o filme irreverente e divertido. É uma comédia fácil de ver, com tudo o que é preciso para entreter. De vez em quando sabe bem ver algo ligeiro.
Título Original: "Small Time Crooks" (EUA, 2000) Realização: Woody Allen Argumento: Woody Allen Intérpretes: Woody Allen, Tracey Ullman, Elaine May, Hugh Grant Fotografia: Fei Zhao Género: Comédia, Crime Duração: 94 min. Sítio Oficial: http://www.smalltimecrooks.co.uk/ |
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