"My Sister's Keeper" por Nuno Reis
Most babies are accidents. Not me. I was engineered. Born to save my sister's life. É com esta curiosa frase que Andromeda se apresenta. É um nome raro tal como é raro aparecer uma personagem tão querida num filme. Quanto ao nome pode tratá-la por Anna como toda a gente, quanto ao ser uma querida não há nada a fazer. Abigail Breslin é assim. Lembram-se dela de "Nim's Island", "Zombieland" ou "Little Miss Sunshine". Já disse bem dela como pessoa num artigo sobre Sitges e agora tenho de dizer bem como actriz. Mais uma vez vou ser parcial no comentário. É que parti para Sitges no fim-de-semana de lançamento do filme. Confessei-lhe que não o tinha visto, comprometi-me a vê-lo quando chegasse. Estava proibido de não gostar.
Voltemos à criação de Anna. Como pode alguém ser criado com uma missão tão difícil (salvar vidas) e específica (da irmã)? Deram-lhe super-poderes? Foi força sobre-humana ou clarividência? Não, é apenas um clone com peças sobresselentes. Essa revelação bombástica feita logo à partida coloca o espectador em sintonia com esse ponto de vista sobre o problema. Depois falta conhecer o outro lado. Sara e Brian têm um filho e uma filha. Enquanto o problema do filho é incómodo, o da filha é mortal. Tem leucemia e uma vida condenada a tratamentos paliativos que apenas adiarão a morte até à juventude. Num passo ousado, ilegal e desesperado criam in vitro uma segunda filha, compatível com a primeira. É irónico que baptizem a filha com o nome de Andrómeda. Segundo a mitologia grega, a princesa Andrómeda da Etiópia foi sacrificada para salvar a cidade. Foi acorrentada a um rochedo para ser devorada. Esta nova Andrómeda ao longo da infância não foi devorada, mas foi "mordiscada". Doou várias partes de si como sangue e medula. Até que lhe pedem um rim. Aí a mais jovem heroína do filme (porque todos são heróis) pega no seu dinheiro, vai ter com o advogado da TV e diz-lhe "Chamo-me Anna, tenho 11 anos e quero-me emancipar". Só passaram cinco minutos e já não há como fugir. Estamos conquistados.
Há muitos heróis no filme. Anna que luta por si e se recusa a ser mártir. Kate tem de viver cada dia sentindo o corpo a falhar e a família a sofrer. Jesse, o irmão, que tem de lutar sozinho por si, pelas irmãs e pela harmonia familiar. Sara que se recusa a desistir de alguma das frentes de batalha, não percebendo que está a perder em todas. Brian perante todos estes problemas não tem para onde se virar e ainda trabalha a salvar outras vidas quando a própria filha morre a cada dia que passa. Esta sim, esta é uma família com problemas.
A nível de interpretações cada caso é um caso. Abigail Breslin está fenomenal como sempre. A personagem não tem grande destaque, mas prende o espectador entre as diversas tramas cruzadas. Pai e filho (Jason Patric e Evan Ellingson) são figurantes nesta batalha de mulheres. Deambulam com personagens menores e geralmente silenciosas numa batalha onde são meros espectadores. Não se resignam, mas aceitam. Quem não se resigna é Sara. Cameron Diaz tem a interpretação de uma vida como a mãe lutadora. É curioso como uma actriz que se associa à comédia tem sempre melhores desempenhos no drama. Para terminar devo dizer que Sofia Vassilieva (Ariel na série "Medium") está fenomenal. As personagens moribundas, especialmente jovens, costumam causar elevada empatia, mas a actriz transcende-se para fazer a condenada Kate. É a estrela maior do filme.
O filme está extremamente bem feito. Apesar da dificuldade do tema consegue manter o espectador interessado e envolvido e obriga a pensar num assunto sensível de todos os ângulos. Entre a filha que quer viver, a que não quer morrer, e a mãe que quer controlar a vida e a morte, é difícil não apoiar algum dos lados. Não há como ver sem sofrer, se bem que não chegue ao ponto de obrigar à lágrima melodramática. Quando termina sabe a pouco.
Voltemos à criação de Anna. Como pode alguém ser criado com uma missão tão difícil (salvar vidas) e específica (da irmã)? Deram-lhe super-poderes? Foi força sobre-humana ou clarividência? Não, é apenas um clone com peças sobresselentes. Essa revelação bombástica feita logo à partida coloca o espectador em sintonia com esse ponto de vista sobre o problema. Depois falta conhecer o outro lado. Sara e Brian têm um filho e uma filha. Enquanto o problema do filho é incómodo, o da filha é mortal. Tem leucemia e uma vida condenada a tratamentos paliativos que apenas adiarão a morte até à juventude. Num passo ousado, ilegal e desesperado criam in vitro uma segunda filha, compatível com a primeira. É irónico que baptizem a filha com o nome de Andrómeda. Segundo a mitologia grega, a princesa Andrómeda da Etiópia foi sacrificada para salvar a cidade. Foi acorrentada a um rochedo para ser devorada. Esta nova Andrómeda ao longo da infância não foi devorada, mas foi "mordiscada". Doou várias partes de si como sangue e medula. Até que lhe pedem um rim. Aí a mais jovem heroína do filme (porque todos são heróis) pega no seu dinheiro, vai ter com o advogado da TV e diz-lhe "Chamo-me Anna, tenho 11 anos e quero-me emancipar". Só passaram cinco minutos e já não há como fugir. Estamos conquistados.
Há muitos heróis no filme. Anna que luta por si e se recusa a ser mártir. Kate tem de viver cada dia sentindo o corpo a falhar e a família a sofrer. Jesse, o irmão, que tem de lutar sozinho por si, pelas irmãs e pela harmonia familiar. Sara que se recusa a desistir de alguma das frentes de batalha, não percebendo que está a perder em todas. Brian perante todos estes problemas não tem para onde se virar e ainda trabalha a salvar outras vidas quando a própria filha morre a cada dia que passa. Esta sim, esta é uma família com problemas.
A nível de interpretações cada caso é um caso. Abigail Breslin está fenomenal como sempre. A personagem não tem grande destaque, mas prende o espectador entre as diversas tramas cruzadas. Pai e filho (Jason Patric e Evan Ellingson) são figurantes nesta batalha de mulheres. Deambulam com personagens menores e geralmente silenciosas numa batalha onde são meros espectadores. Não se resignam, mas aceitam. Quem não se resigna é Sara. Cameron Diaz tem a interpretação de uma vida como a mãe lutadora. É curioso como uma actriz que se associa à comédia tem sempre melhores desempenhos no drama. Para terminar devo dizer que Sofia Vassilieva (Ariel na série "Medium") está fenomenal. As personagens moribundas, especialmente jovens, costumam causar elevada empatia, mas a actriz transcende-se para fazer a condenada Kate. É a estrela maior do filme.
O filme está extremamente bem feito. Apesar da dificuldade do tema consegue manter o espectador interessado e envolvido e obriga a pensar num assunto sensível de todos os ângulos. Entre a filha que quer viver, a que não quer morrer, e a mãe que quer controlar a vida e a morte, é difícil não apoiar algum dos lados. Não há como ver sem sofrer, se bem que não chegue ao ponto de obrigar à lágrima melodramática. Quando termina sabe a pouco.
Título Original: "My Sister's Keeper" (EUA, 2009) Realização: Nick Cassavetes Argumento: Nick Cassavetes e Jeremy Leven (livro de Jodi Picoult) Intérpretes: Abigail Breslin, Cameron Diaz, Jason Patric, Alec Baldwin, Emily Deschanel Fotografia: Caleb Deschanel Música: Aaron Zigman Género: Drama Duração: 109 min. Sítio Oficial: http://www.mysisterskeepermovie.com/ |