My Little Princess pornografia infantil ou arte?
A prestigiada Semaine de La Critique do festival de Cannes faz 50 anos e uma das suas grandes apostas para comemorar a efeméride é a obra de estreia na realização de Eva Ionesco que tem a emblemática Isabelle Huppert no principal papel. Sendo um espaço da semana da crítica um lugar muito especial e tendo as suas obras sempre um cunho de originalidade e de polémica muito fortes, não admira que "My Little Princess" tenha sido seleccionado como imagem de marca desta comemoração. Ao recolocar o tema recorrente da difícil fronteira entre pornografia infantil ou arte, o filme, ainda que recorra à fotografia no centro do debate, aborda afinal a questão da legitimidade da arte não se conter nos limites dos valores e da moral. No filme o personagem de Huppert não cessa de lembrar, num tom sério que esconde uma ironia mordaz, que os museus e a literatura estão cheios de mulheres nuas e de sexualidade desbordante.
Se acrescentarmos que as imagens desnudadas são de uma pré-adolescente, que o estilo visual é próximo dos catálogos Taschen, o ambiente releva uma morbidez vouyerista, temos todos os condimentos para um filme que obriga a reflectir sobre os limites do intelectual, da publicidade artística, dos direitos de autor e da reprodução da fotografia numa sociedade onde as imagens circulam instantaneamente. Provocador quanto baste, dividirá seguramente a crítica e não será facilmente digerível por um público não francófono. Cumpre, isso sim, uma das características dominantes do que deve ser a crítica: não se subjugar aos gostos do público, estar à frente das tendências e problematizar o cinema. Num registo excessivo Isabelle Huppert confirma o seu talento, ainda que a sua filmografia extensa o garantisse previamente.
Cinema de autor para espectadores exigentes.
A prestigiada Semaine de La Critique do festival de Cannes faz 50 anos e uma das suas grandes apostas para comemorar a efeméride é a obra de estreia na realização de Eva Ionesco que tem a emblemática Isabelle Huppert no principal papel. Sendo um espaço da semana da crítica um lugar muito especial e tendo as suas obras sempre um cunho de originalidade e de polémica muito fortes, não admira que "My Little Princess" tenha sido seleccionado como imagem de marca desta comemoração. Ao recolocar o tema recorrente da difícil fronteira entre pornografia infantil ou arte, o filme, ainda que recorra à fotografia no centro do debate, aborda afinal a questão da legitimidade da arte não se conter nos limites dos valores e da moral. No filme o personagem de Huppert não cessa de lembrar, num tom sério que esconde uma ironia mordaz, que os museus e a literatura estão cheios de mulheres nuas e de sexualidade desbordante.
Se acrescentarmos que as imagens desnudadas são de uma pré-adolescente, que o estilo visual é próximo dos catálogos Taschen, o ambiente releva uma morbidez vouyerista, temos todos os condimentos para um filme que obriga a reflectir sobre os limites do intelectual, da publicidade artística, dos direitos de autor e da reprodução da fotografia numa sociedade onde as imagens circulam instantaneamente. Provocador quanto baste, dividirá seguramente a crítica e não será facilmente digerível por um público não francófono. Cumpre, isso sim, uma das características dominantes do que deve ser a crítica: não se subjugar aos gostos do público, estar à frente das tendências e problematizar o cinema. Num registo excessivo Isabelle Huppert confirma o seu talento, ainda que a sua filmografia extensa o garantisse previamente.
Cinema de autor para espectadores exigentes.
Título Original: "My Little Princess" (França, 2011) Realização: Eva Ionesco Argumento: Eva Ionesco, Marc Cholodenko, Philippe Le Guay Intérpretes: Isabelle Huppert, Anamaria Vartolomei, Denis Lavant, Louis-Do de Lencquesaing, Jethro Cave, Pascal Bongard Música: Bertrand Burgalat Fotografia: Jeanne Lapoirie Género: Drama Duração: 105 min. |
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