30 de junho de 2011

Os maiores realizadores de sempre

O júri Cinebulição também deliberou sobre os maiores realizadores de sempre. A lista é dominada pelos americanos com 25 cineastas, secundados por franceses (8) e italianos (7) e depois por ingleses, alemães e russos com 4 cada.
O mundo lusófono tem 3: Oliveira, Meirelles e Reichenbach.

Por curiosidade e como prova que o cinema dá longevidade, Oliveira é o único que viveu um século, mas a passar dos 90 há mais 5: Dassin, Wilder, Antonioni, Capra e Kazan. Todos faleceram com 94 a 96 anos.
Na ponta oposta os alemães Fassbinder e Murnau não chegaram aos 50.

E uma prova de que o cinema actual está muito concetnrado num país, entre os vivos o top 10 só tem 2 não americanos: Almodóvar e Godard.


1. Stanley Kubrick (1928 - 1999 ) EUA
2. Alfred Hitchcock (1922 - 1976 ) Reino Unido
3. Ingmar Bergman (1946 - 2003 ) Suécia
4. Akira Kurosawa (1919 - 1998 ) Japão
5. François Truffaut (1932 - 1984 ) França
6. Federico Fellini (1920 - 1993 ) Itália
7. Billy Wilder (1906 - 2002 ) Austría-Hungria (hoje Polónia)
8. Woody Allen (1935 - ) EUA
9. Orson Welles (1915 - 1985 ) EUA
10. Luis Buñuel (1900 - 1983 ) Espanha
11. Sergei Eisenstein (1898 - 1948 ) Rússia
12. R. W. Fassbinder (1945 - 1982 ) Alemanha
13. Pedro Almodóvar (1949 - ) Espanha
14. Robert Altman (1925 - 2006 ) EUA
15. Quentin Tarantino (1963 - ) EUA
16. Steven Spielberg (1946 - ) EUA
17. Charles Chaplin (1889 - 1977 ) Reino Unido
18. Bernardo Bertolucci (1940 - ) Itália
19. Jean-Luc Godard (1930 - ) França
20. Francis Ford Coppola (1939 - ) EUA
21. Joel e Ethan Coen (1954, 1957 - ) EUA
22. Brian De Palma (1949 - ) EUA
23. Terrence Malick (1943 - ) EUA
24. Fritz Lang (1890 - 1976 ) Áustria-Hungria (hoje Áustria)
25. Tim Burton (1958 - ) EUA
26. Michelangelo Antonioni (1912 - 2007 ) Itália
27. Krzystof Kieslowski (1941 - 1996 ) Polónia
28. David Lean (1908 - 1991 ) Reino Unido
29. Aleksandr Sokurov (1951 - ) URSS (hoje Rússia)
30. Andrei Tarkovski (1932 - 1986 ) URSS (hoje Rússia)
31. David Lynch (1946 - ) EUA
32. Alain Resnais (1922 - ) França
33. John Ford (1894 - 1973 ) EUA
34. Roberto Rossellini (1906 - 1977 ) Itália
35. Manoel de Oliveira (1908 - ) Portugal
36. Paul Thomas Anderson (1970 - ) EUA
37. Jean Renoir (1894 - 1979 ) França
38. Vittorio de Sica (1901 - 1974 ) Itália
39. Lars Von Trier (1956 - ) Dinamarca
40. Claude Chabrol (1930 - 2010 ) França
41. Robert Aldrich (1918 - 1983 ) EUA
42. Mike Nichols (1931 - ) Alemanha
43. F. W. Murnau (1888 - 1931 ) Alemanha
44. Martin Scorsese (1942 - ) EUA
45. John Cassavetes (1929 - 1989 ) EUA
46. Jules Dassin (1911 - 2008 ) EUA
47. Carl Theodor Dreyer (1889 - 1968 ) Dinamarca
48. Carlos Reichenbach (1945 - ) Brasil
49. Christopher Nolan (1970 - ) Reino Unido
50. Cecil B. Demille (1881 - 1959 ) EUA
51. Anthony Mann (1906 - 1967 ) EUA
52. Roman Polanski (1933 - ) França
53. Samuel Fuller (1912 - 1997 ) EUA
54. Fernando Meirelles (1955 - ) Brasil
55. Sam Peckinpah (1925 - 1984 ) EUA
56. Jean-Pierre e Luc Dardenne (1951, 1954 - ) França
57. Luchino Visconti (1906 - 1976 ) Itália
58. Douglas Sirk (1897 - 1987 ) Alemanha
59. Tomás Gutierrez Alea (1928 - 1996 ) Cuba
60. Nicholas Ray (1911 - 1979 ) EUA
61. Zhang Yimou (1951 - ) China
62. Alejandro Iñarritu (1964 - ) México
63. Elia Kazan (1909 - 2003 ) Turquia
64. Apichatpong Weerasethaul (1970 - ) Tailândia
65. Frank Capra (1897 - 1991 ) Itália
66. Christophe Honoré (1970 - ) França
67. Sidney Lumet (1924 - 2011 ) EUA
68. Vincente Minnelli (1903 - 1986 ) EUA
69. Wong Kar Wai (1956 - ) China
70. Hayao Miyazaki (1941 - ) Japão


Quem falta nesta lista?

Melhores Filmes: Metalinguísticos

Mais um veredicto do júri cinéfilo do Cinebulição e desta vez com um tema extremamente delicado: Cinema.

Quais os melhores filmes sobre cinema? Aqui fica uma lista que só peca por incompleta.

1. "Sunset Blvd." (1950) de Billy Wilder
2. "La Nuit Américaine" (1973) de François Truffaut
3. "8,5" (1963) de Federico Fellini
4. "The Purple Rose of Cairo" (1985) de Woody Allen
5. "Singin' in the Rain" (1952) de Stanley Donen, Gene Kelly
6. "Nuovo Cinema Paradiso" (1988) de Giuseppe Tornatore
7. "Los Abrazos Rotos" (2009) de Pedro Almodóvar
8. "Ed Wood" (1994) de Tim Burton
9. "The Aviator" (2004) de Martin Scorsese
10. "The Dreamers" (2003) de Bernardo Bertolucci

No artigo publicado no Cinebulição houve ainda menções a três críticas publicadas aqui no Antestreia:
The Front
Network
Inglorious Basterds


Há uma coisa melhor do que Cinema


Finalmente percebi que há algo mais importante do que o Cinema. Algo ainda mais maravilhoso, mais perfeito e mais admirável... Terei enlouquecido? Não! A única coisa melhor do que o Cinema, obviamente que é um filme sobre Cinema! Quando a arte se dobra para olhar para o próprio umbigo, quando vai ao psiquiatra fazer uma introspecção e desbobina tudo o que pensa de si mesma.

Se Julho é o mês sete não deveria ser o mês da sétima arte? No Antestreia todos os meses são meses de cinema, mas neste ano e nesse mês, os filmes com a temática do Cinema terão um destaque especial. Diariamente um filme que fala da própria arte ou de algo relacionado (video, tv...).

Podem ir lendo os filmes já existentes na rubrica "Cinema Sobre Cinema".

NOTA: Foram excluídos os falsos videos amadores ("Blair Witch", "REC", "Cloverfield" porque aí a filmagem é apenas uma forma narrativa, não é o tema da narrativa.

"Troll Hunter" por Nuno Reis

Aqui está uma das grandes surpresas da temporada cinematográfica. O cinema norueguês além de ter aumentado a produção no último ano em 50% (devido a uma revisão simpática, lógica e generosa da lei do cinema) aumentou também a qualidade. Este “Trolljegeren” vem mostrar que também houve diferenças do ponto de vista criativo pois arriscaram-se num género que neste continente não tem tido sorte.
Troll Hunter

A mensagem ao início diz logo que foram encontrados uns discos com determinadas filmagens e que vamos ver uma selecção das mesmas. Isso num cenário normal seria suficiente para me fazer sair da sala a correr devido a umas más experiências recentes - coff, “Paranormal Activity” coff - mas como a versão europeia do cinema vérité de terror não era nada má (“REC”) foi um em que me deu para arriscar. Um grupo de três jovens está a tentar fazer uma entrevista a um caçador furtivo de ursos. Ele recusa-se a falar, mas eles seguem-no discretamente e após alguns dias subitamente estão no meio do mato com o carro destruído e coberto de uma mucosidade. O homem revela-lhes que é funcionário de uma organização governamental clandestina que controla as movimentações de trolls para os manter secretos e longe do público. O trio junta-se a essa curiosa missão para fazer o documentário mais revolucionário de sempre.
Troll Hunter

A primeira metade tem cenas que não fazem sentido numa suposta selecção de cenas importantes. A partir do momento em que aparece um troll o caso muda de figura. Aí tudo o que acontece no filme merece ser visto. Se o início é quase de apresentação das personagens e adaptação ao estilo de filme, no segundo o que importa é a acção.
Não é um filme de terror no sentido tradicional da palavra por isso não esperem descargas de adrenalina ao assistirem. Pode causar alguns arrepios a quem se quiser deixar assustar, mas o objectivo é outro, é político. Revela os números dos massacres à população troll e as mortes humanas que podiam ter sido evitadas. Mostra que alguns acidentes mal explicados podem perfeitamente ter um sentido escondido. Usando a Lâmina de Occam - a explicação mais simples tende a ser a correcta - alguns estragos e desaparecimentos com histórias muito bem fundamentadas por trás, podem ter sido algo simples como acção de trolls.
Troll Hunter

Na faceta de documentário explica as diferenças entre os trolls verdadeiros e os da lendas e histórias infantis. Não parecem humanos e não falam, mas evitam a luz que os transforma em pedra e vivem debaixo das pontes ou em grutas. Já a relação deles com a religião é deveras curiosa.
Os excelentes efeitos especiais que adicionam trolls ao vídeo amador, o recurso inteligente e doseado à visão nocturna, e as boas doses de humor pelo meio fazem deste um potencial filme de culto ao estilo de “District 9”. Claro que sequela e remake americano já se fizeram anunciar, mas nada como ver o original antes disso tudo.

TrolljegerenTítulo Original: "Trolljegeren" (Noruega, 2010)
Realização: André Øvredal
Argumento: André Øvredal
Intérpretes: Otto Jespersen, Otto Jespersen, Johanna Mørck, Tomas Alf Larsen, Urmila Berg-Domaas
Música:
Fotografia: Hallvard Bræin
Género: Comédia, Horror, Thriller
Duração: 90 min.
Sítio Oficial: http://www.trollhunterfilm.com/

29 de junho de 2011

"Ninja Kids!!!" por Nuno Reis

Só por diversão

Quando se anuncia um filme de Takashi Miike o público sabe que tem de esperar algo de intenso e potencialmente violento. Se disserem que é um filme infantil alguém acredita? Pois é isso que temos em "Ninja Kids!!!": um Miike para crianças.
Ninja Kids

Esta é a adaptação de uma popular manga/série anime sobre alunos de uma escola de ninjas. Apesar de coexistirem num espaço vários níveis etários, neste filme vamos acompanhar os caloiros Rantaro, Kirimaru e Shinbei, miúdos acabados de chegar à escola e que não sabem nada sobre serem ninjas. Além das suas aulas sobre os princípios básicos do ninjutsu, por vezes também se escapulam para espreitar as aulas dos outros anos. Luta corpo-a-corpo, escalada, armas, explosivos, invisibilidade, armadilhas, aprende-se um pouco de tudo o que é preciso para ser um ninja. A vida na escola corre muito bem para os alunos, mas o período parece demasiado longo para os professores. O director da escola decide antecipar as férias e manda todas as crianças de férias, excepto uma que vai passar o intervalo lectivo com um professor. Alguns colegas vão visitar o amigo e depressa está a turma toda reunida. E aí é que surgem os problemas. Um dos seus colegas é de uma família que desertou do clã e esse clã procura vingança. Isso vai dar início a uma gigantesca e hilariante batalha entre todas as famílias.
Ninja Kids

É uma comédia orgulhosamente mal arranjada, recordando um clássico da infância de muitos japoneses. Os escavadores vão ter um papel fulcral no humor e o ridículo encarrega-se do resto. O constante recurso a imagens reconhecíveis de outras séries japonesas (olhos esbugalhados, ranho a escorrer, galos monumentais...) que imagino serem também do original deste, fazem com que o filme nunca seja levado a sério e por isso seja livre para ser informal. A receita funciona e apenas peca por ser demasiado longo.
Ninja Kids

É daqueles filmes que nunca sairão em cinema e dificilmente atingirão o mercado doméstico. Se não for visto em festivais a espera será bem longa por isso quem for a Neuchatel tem de aproveitar.


Nintama RantarôTítulo Original: "Nintama Rantarô" (Japão, 2011)
Realização: Takashi Miike
Argumento: Yoshio Urasawa (baseado no manga de Soubee Amako)
Intérpretes: Seishirô Katô, Susumu Terajima, Hiroki Matsukata, Mikijiro Hira, Takahiro Miura
Música: Yoshihiro Ike
Fotografia: Nobuyasu Kita
Género: Acção, Comédia, Drama
Duração: 100 min.
Sítio Oficial: http://wwws.warnerbros.co.jp/nintama/

Frase do dia: "Rain Man"


Susanna: You use me, you use Raymond, you use everybody.
Charlie: Using Raymond? Hey Raymond, am I using you? Am I using you Raymond?
Raymond: Yeah.
Charlie: Shut up! He is answering a question from a half hour ago!

Elenco:
Susanna - Valeria Golino
Charlie - Tom Cruise
Raymond - Dustin Hoffman

28 de junho de 2011

Ciclos de cinema na Biblioteca Almeida Garrett


Em tempo de crise bom cinema e gratuito é de aproveitar. Por isso relembro que a Biblioteca Municipal Almeida Garrett tem uns ciclos de cinema gratuitos com apresentação de Lauro António.

Ciclos Cinema


Amanhã começa o ciclo de Verão. Terá como temática o cinema de gansters e o film noir que inclui o já aqui falado "They Live By Night".

Para a restante lista de filmes podem consultar a programação de 2011.

"I Saw the Devil" por Nuno Reis

Aqui está mais um título que não surpreende estar a percorrer todos os festivais do fantástico. Primeiro por ser de Kim Jee-Woon, galardoado realizador de "A Quiet Family", "A Tale of Two Sisters" e "The Good, the Bad, the Weird". Depois tem como herói Lee Byung.Hun, actor recorrente de Jee-Woon que também vai dando os primeiros passos no cinema americano (Storm Shadow em "G.I.Joe Rise of Cobra"). E finalmente como vilão tem Choi Min-Sik que além de ter sido a estrela de vários filmes passados no Fantas como "Shiri", "A Quiet Family" e "Happy End", é também o protagonista dos dois últimos capítulos da trilogia da vingança de Park Chan-Wook. Estamos a falar do senhor "Oldboy"!
I Saw the DevilI Saw the Devil

A distinção que fiz no começo entre herói e vilão não faz muito sentido. Aqui todos são maus e ninguém é bom. A história começa com uma mulher num carro que aguarda o reboque. O condutor de um autocarro escolar oferece ajuda, mas ela recusa e faz muito bem porque aqui está Kyung-chul, o nosso primeiro vilão. Será talvez dos psicopatas mais perversos que o cinema já criou. Não entrarei em detalhes para não estragar o apetite. Após mais um homicídio hediondo, Soo-hyeon, um super-agente da polícia que por acaso estava noivo da vítima, vai dar início a uma caça ao homem. A sua missão não é capturar o criminoso nem levá-lo a julgamento. Deseja simplesmente fazê-lo sofrer. Se um era sádico este é pior. O confronto entre ambos causará mortes e destruição sem paralelo e pelo caminho ainda se vão cruzar com outros tão maus como eles.
I Saw the Devil

Da primeira vez que assisti ao filme não simpatizei com ele. Reconheci-lhe o potencial para fazer furor entre os fãs do género, mas faltava nexo aos acontecimentos. Da segunda vez esse detalhe passou-me ao lado. Sabendo que apenas podia esperar violência gratuita e grandes doses de psicopatia, o filme parecia cumprir exactamente aquilo a que se propunha. Além de estar belissimamente bem feito é um exercício que desafia os limites morais do espectador. Não é para pessoas sensíveis, mas imagino que quem leu até aqui não o deve ser. Quem aguenta ver litros de sangue derramados, ossos partidos com as mãos, desmembramentos, canibalismo e violações, isto tudo alternado com pequenas doses de humor, vai com certeza desfrutar deste duelo de titãs.
I Saw the Devil

De referir ainda que foi o filme mais premiado no Fantasporto com o Prémio de Melhor Realizador na competição do fantástico, o de Melhor Filme no Orient Express e especialmente com o Prémio da Blogosfera.

Akmareul boatdaTítulo Original: "Akmareul boatda" (Coreia do Sul, 2010)
Realização: Kim Jee-woon
Argumento: Park Hoon-jung
Intérpretes: Lee Byung-hun, Choi Min-sik,
Música: Mowg
Fotografia: Mogae Lee
Género: Crime, Drama, Terror, Thriller
Duração: 141 min.
Sítio Oficial: http://www.isawthedevilmovie.com/

Frase do dia: "12 Monkeys"


Algumas pessoas dão em malucas, outras ficam famosas à custa das maluqueiras e há alguns sortudos que ficam famosos por saberem interpretar malucos.
Aqui temos uma bela cena com Bruce Willis perdido entre os devaneios de Brad Pitt e Frederick Strother. Alguém consegue ver este fime sem pensar no Tyler Durden em potência?












Jeffrey Goines: There's the television. It's all right there - all right there. Look, listen, kneel, pray. Commercials! We're not productive anymore. We don't make things anymore. It's all automated. What are we for then? We're consumers, Jim. Yeah. Okay, okay. Buy a lot of stuff, you're a good citizen. But if you don't buy a lot of stuff, if you don't, what are you then, I ask you? What? Mentally ill. Fact, Jim, fact - if you don't buy things - toilet paper, new cars, computerized yo-yos, electrically-operated sexual devices, stereo systems with brain-implanted headphones, screwdrivers with miniature built-in radar devices, voice-activated computers...
[...]
Jeffrey Goines: There was this guy, and he was always requesting shows that had already played. Yes. No. You have to tell her before. He couldn't quite grasp the idea that the charge nurse couldn't make it be yesterday. She couldn't turn back time, thank you, Einstein! Now, HE was nuts! HE was a fruitcake, Jim!
[..]
L.J. Washington: I don't really come from outer space.
Jeffrey Goines: Oh. L. J. Washington. He doesn't really come from outer space.
L.J. Washington: Don't mock me my friend. It's a condition of mental divergence. I find myself on the planet Ogo, part of an intellectual elite, preparing to subjugate the barbarian hordes on Pluto. But even though this is a totally convincing reality for me in every way, nevertheless Ogo is actually a construct of my psyche. I am mentally divergent, in that I am escaping certain unnamed realities that plague my life here. When I stop going there, I will be well. Are you also divergent, friend?

27 de junho de 2011

Documentário galego seleccionado para o FIDMarseille


O documentário galego entitulado "Vikingland", realizado pelo guardês Xurxo Chirro e produzido pela Fílmika Galaika, acaba de ser seleccionado para a Competição Internacional do FIDMarseille que terá lugar de 6 a 12 de Julho. O festival francês é considerado o evento mais importante do mundo dedicado a este formato cinematográfico.
FID Marseille

A originalidade da proposta não deixou indiferente o comité seleccionador do FIDMarseille que colocou o filme galego entre os dozes documentários mais interesantes a nivel mundial do presente ano. O documentário está na categoria dos chamados filmes de "arquivo revelado". O director meteu as mãos em dezaseis horas de um vídeo-diário que Luís Lomba “O Haia”, um marinheiro da Guarda, gravou em 1993-1994 com câmara de vídeo. Trabalhava num ferry entre a cidade dinamarquesa de Romo e a ilha alemã de Sylt.

Vikingland


“Vikingland” é um filme que está dedicado aos marinheiros galegos mas apesar de reflectir a dura vida do mar também contém umas imagens que dão conta de forma directa da epopeia e dos sacrificios que os emigrados galegos enfrentaram, neste caso no Norte de Europa. Ademais, o filme passa por ser uma reflexão sobre a deriva tecnológica em que se viu envolto o audiovisual, do suporte magnético, o vídeo, ao píxel.

Vikingland: o Moby Dick galego


As imagens possuem um alto valor testimonial e estético. Além de um longo trabalho de montagem inpirado em Moby Dick, de Herman Melville, organizou-se o material para conseguir o que o seu director qualifica "como un filme pequeno e enrugado mas de grande significado que carrega o espectador numa experiência humana difícil e complicada".

Sinopse


Marinheiros galegos trabalham num ferry entre a cidade dinamarquesa de Romo e a ilha alemã de Sylt. Um deles compra uma câmera de vídeo e começa a gravar a sua vida quotidiana e de seus colegas ao longo das viagens no meio de uma inverneira. Documento sobre a emigração galega no Norte da Europa. Transposição de Moby Dick, de Herman Melville.
Vikingland

Biofilmografía


Xurxo Chirro (A Guarda, Espanha, 1973) Licenciado em História da Arte pela USC, trabalhou para a Agência Audiovisual Galega e AGADIC, organismos da Junta da Galícia. Pesquisador, documentarista, crítico de cinema, colaborou com vários jornais e revistas, coordenador do livro "Manoel de Oliveira" (USC, 2004). Argumentista e diretor de documentários "Os senhores do vento" (2008) "36/75" e "13 Poças" (2009) e "Cellular Movie" (2010).

Memória


As filmagens de Luis Lomba "O Haia" ocorreram entre Outubro de 1993 e Março de 1994. Agora, quase vinte anos depois, deste documento excepcional sobre a emigração galega no Norte da Europa vê a luz e constitui-se como uma experiência fílmica onde a inocência da gravação das imagens se soma às transmutações de formatos, convertendo o resultado numa forte e intensa proposta experimental.

"Stake Land" por Nuno Reis

Este filme tem uma história gira. Quando o fui ver no mercado em Cannes conhecia o nome de algum lado. Comecei a ver e parecia familiar, mas como hoje em dia há tantos filmes com o início online, não estranhei. Até que vi um vampiro a ser morto e fez-se luz. “Stakeland” tinha feito parte de uma maratona nocturna de filmes de vampiros em Sitges, apenas meio ano antes. Não era filme que merecesse segundo visionamento por isso parti.
Stake Land

Num mundo pós-apocaliptico uma espécie que tem parte zombie e parte vampiro caça os últimos humanos. Martin era um adolescente normal até ao dia em que ao chegar a casa vê um pais mortos pelos monstros. É salvo por um caçador solitário que será sempre referido como Mister e parte com ele para um mundo inóspito em busca de um paraíso a norte. Pelo caminho vão encontrando pessoas pouco ou nada amigáveis, Martin (e nós) aprende lições de sobrevivência e matam-se muitos vampiros. Pelo caminho juntam-se mais pessoas à excursão e à medida que o desfecho se aproxima entram num crescendo de medo e violência onde a religião tem uma grande parte da responsabilidade.
Stake Land

Esta produção independente rivaliza em termos de produção e narrativa com alguns dos títulos sonantes que saíram nos últimos anos. É mesmo uma das melhor sucedidas porque não se preocupa em seguir a estrutura convencional e qualquer um é dispensável a qualquer momento. Para isso ajudou o facto de ter um elenco principal sem nomes sonantes (excepto Danielle Harris que tem feito carreira em filmes de terror como a saga Hatchet e Halloween) e portanto descartáveis. Nos secundários pelo contrário ainda aparecem bastantes caras conhecidas.
Stake Land

A história é bastante completa - incrivelmente como um filme tão curto tem tanto parfa contar - e abrange um vasto leque de situações, com especial foco nos dilemas religiosos e no fanatismo. No entanto é demasiado específica para os amantes do género e quem estiver à espera de monstros, sangue e mortes visualmente poderosas terá uma pequena desilusão. Muito do terror acontece na escuridão e na verdade o maior dos monstros é o instinto humano de sobrevivência do indivíduo e de exploração do próximo.

Stake LandTítulo Original: "Stake Land" (EUA, 2010)
Realização: Jim Mickle
Argumento: Jim Mickle, Nick Damini
Intérpretes: Nick Damini, Connor Paolo, Danielle Harris, Kelly McGillis, Sean Nelson
Música: Jeff Grace
Fotografia: Ryan Samul
Género: Terror
Duração: 98 min.
Sítio Oficial: http://www.stakelandmovie.com/

Frase do dia: "eXistenZ"


Falar de Cronenberg faz-me sempre lembrar de uma obra-prima lançada por este senhor há uma década. Criando um universo informático mais realista que "TRON" e mundos cruzados mais confusos que "Inception, não se percebe como foi tão ignorado. Talvez porque não é FC, talvez porque é o futuro.


Jue Law e Jennifer Jason Leigh são os intervenientes desta conversa.

Ted: What the fuck are you doing? You killed him. Are you going to kill me next?
Allegra: Pikul, he was only a game character. I didn't like how he was messing with my mind.
Ted: You didn't like that, so you killed him?
Allegra: He's only a game character!
Ted: Allegra, what if we're not in the game anymore?
Allegra: If we're not.
Ted: If we're not then you just killed someone real...


Quem quiser espreitar essa cena pode ver aqui, nãoo recomendo é que vejam mais ou ficam com o filme estragado.


26 de junho de 2011

Vêm aí os russos! Vêm aí os russos!

Enquanto se comenta as contratações feitas por clubes de futebol com dinheiro russo, que tal aproveitarmos o que os russos dão de graça? Falo de cinema e do arquivo da Mosfilm que está disponível online.

Nas palavras do seu presidente Karen Shakhnazarov, convidado frequente do Fantasporto, "O projecto com o YouTube é muito importante e interessante. O objectivo é oferecer aos utilizador a possibilidade de ver online de forma legal conteúdo vídeo de qualidade, e evitar uso ilegal dos nossos filmes."

O projecto arrancou há seis semanas com cinquenta filmes e estão a ser acrescentados cinco novos todas as semanas. No final serão uns 500. Isso inclui Sergei Eisenstein, Andrei Tarkovsky, Elem Klimov, Grigori Chukhrai...

Como o cinema russo está especialmente concentrado na Mosfilm, isto equivale a dizer que uma das maiores cinematografias está a oferecer-se ao mundo a custo zero (ouviste Hollywood?).

A página Youtube da Mosfilm está em russo, mas podem sempre usar a caixa de pesquisa e as traduções automáticas do browser para encontrarem os vossos futuros títulos favoritos. Para ver o filme, se não souberem russo há legendas em inglês.

Fonte: Wall Street Journal e um alerta dado pelo Paulo Soares.

"Shivers" por Nuno Reis

Hoje em dia Cronenberg pode ser um realizador de culto cujos filmes todos correrão a ver,mas houve um tempo em que também ele era um desconhecido. O canadiano só se aventurou no cinema depois de concluir os estudos em literatura. Mesmo com muita experiência em TV o clássico gore “Shivers” só se tornou possível com a colaboração de Ivan Reitman, outro jovem acabado de chegar ao estrelato com “Cannibal Girls”.
Shivers

Cronenberg é famoso pelas cenas de nudez e em “Shivers” a carne já tinha conquistado o seu lugar. Na abertura vemos o que parece uma violação, mas na verdade é uma operação feita por um profissional. Ou o médico é louco ou a mulher teria algum problema que se desconhece. No apartamento abaixo o amante dela e a esposa tomam o pequeno-almoço. Ele está rabugento e esconde algo, um problema de saúde. A mulher marca-lhe uma consulta sem perguntar com o médico da ilha. Esta é a altura para dizer que a acção se desenrola num condomínio fechado, numa ilha particular às portas de Montreal e com todos os luxos. Começam a ser demasiadas coincidências e o médico, ex-aluno do louco que faz a tal intervenção inicial, vai investigar. Vai descobrir uma praga contagiosa que está a infectar toda a gente.
Shivers

Não é preciso muito para fazer ficção-científica. Basta uma criatura de outro mundo, uma descoberta tecnológica, ou um progresso científico. Em “Shivers” o elemento científico de ficção faz lembrar extra-terrestres, mas as vítimas assemelham-se mais a zombies. Um herói solitário, uma mulher em perigo, um labirinto vertical e um perigo desconhecido chegam para dar tema a qualquer filme. Até porque é neste mundo de nudez muito frequente, algumas criaturas obcecadas em apanhar humanos e muitos infectados com apetite por carne humana, que Cronenberg se move melhor.
Shivers

Vendo 35 anos depois seria de esperar que causasse alguns desconforto pela forma como o corpo humano é exposto, ou mesmo risos pelos fracos efeitos visuais. Na verdade funciona quase tão bem hoje como dantes. Os “zombies” funcionam como sempre funcionaram. Os efeitos visuais não são uma peça fundamental e por isso podem ser ignorados. O nudismo nos filmes de Cronenberg continua a existir pelo que os fãs não estranharão. É a prova de que para fazer um bom filme basta uma boa história e um realizador competente. Tudo o resto falhará no teste maior que é o do tempo.

ShiversTítulo Original: "Shivers" (Canadá, 1975)
Realização: David Cronenberg
Argumento: David Cronenberg
Intérpretes: Paul Hampton, Lynn Lowry, Allan Kolman, Susan Petrie, Barbara Steele
Música: Ivan Reitman
Fotografia: Robert Saad
Género: Ficção-Científica, Terror
Duração: 87 min.

Frase do dia: "Short Circuit"


O cinema está recheado de computadores e robots maléficos que todos saberão enumerar. Mas quando se trata de robots simpáticos a resposta é única. Uma geração diz Wall-E, a outra diz Johnny Nr.5. Qual o melhor dos dois é um daqueles dilemas que ninguém sabe nem quer saber.

A voz do robot pertence ao génio das marionetes Tim Blaney.

Johnny Nr 5: Hey laser lips! Your mother was a snowblower!

25 de junho de 2011

"Norwegian Ninja" por Nuno Reis

O traidor tornado herói

A Guerra Fria foi um período muito conturbado para a Europa. O velho continente serviu de palco a imensas movimentações clandestinas e a verdadeira dimensão da guerra de informação nunca será revelada. A Noruega em particular ficou chocada com um caso que envolvia um dos seus melhores agentes, Arne Treholt, a soldo do inimigo russo. Tendo este reino nórdico como hino uma música de nome “Sim, nós amamos este país” é fácil de concluir que esse acto chocante não foi encarado de ânimo leve. Como a melhor forma de superar os traumas é enfrentá-los, eis a forma escolhida para se rirem do que aconteceu.
Norwegian Ninja

Nesta versão ficcionada dos factos, Treholt é o homem em quem o rei deposita máxima confiança e o comandante de um grupo secreto de guerreiros ninja de elite. Numa ilha longe dos olhares dos comuns mortais, treinam-se constantemente para o confronto contra uma força militar que comete actos terroristas contra os países aliados para despertar o nacionalismo. Treholt sabe que andam todos atrás dele por isso vai reunir uma equipa com os melhores para a derradeira missão. E preparar o seu sucessor para a eventualidade de falhar e precisar de uma segunda linha. Só que neste mundo de espiões e ninjas nada e ninguém é o que parece.
Norwegian Ninja

Os filmes de espiões começam a abusar da comédia. Percebe-se a intenção de ridicularizar esta situação desconfortável/humilhante, mas para os estrangeiros a personagem Treholt não tem carisma inato e por isso o filme deveria esforçar-se em conquistá-los. A base tem algumas semelhanças com a dos Thunderbirds (excepto pelo seus escudos feng shui) e nota-se alguma influência da série, até porque foi captado com uma fotografia estilo anos 80, só que tudo depende do humor, e isso deixa muito a desejar. As piadas são todas do ridículo, não se preocupa com a construção de um fio condutor, orgulha-se de causar confusão... e com um twist mal amalhado acha que fica tudo resolvido.
Norwegian Ninja

É uma homenagem ao cinema série Z dos 80. Se viesse efectivamente dessa altura talvez parecesse melhor, mas fazer um filme fraco só porque sim não é boa política em época alguma. A ser visto por quem precisar de nostalgia.

Kommandør Treholt & ninjatroppenTítulo Original: "Kommandør Treholt & ninjatroppen" (Noruega, 2010)
Realização: Thomas Cappelen Malling
Argumento: Thomas Cappelen Malling
Intérpretes: Mads Ousdal, Jon Øigarden, Trond-Viggo Torgersen, Linn Stokke, Øyvind Venstad Kjeksrud
Música: Gaute Tønder
Fotografia: Trond Høines
Género: Acção, Comédia
Duração: 77 min.
Sítio Oficial: http://www.ninjatroppen.no/

Frase do dia: "Network"

De William Holden é fácil chegar a outro grande filme com um monólogo fenomenal. Deixo-vos com Peter Finch como Howard Beale.



Howard Beale: I don't have to tell you things are bad. Everybody knows things are bad. It's a depression. Everybody's out of work or scared of losing their job. The dollar buys a nickel's worth, banks are going bust, shopkeepers keep a gun under the counter. Punks are running wild in the street and there's nobody anywhere who seems to know what to do, and there's no end to it. We know the air is unfit to breathe and our food is unfit to eat, and we sit watching our TV's while some local newscaster tells us that today we had fifteen homicides and sixty-three violent crimes, as if that's the way it's supposed to be. We know things are bad - worse than bad. They're crazy. It's like everything everywhere is going crazy, so we don't go out anymore. We sit in the house, and slowly the world we are living in is getting smaller, and all we say is, 'Please, at least leave us alone in our living rooms. Let me have my toaster and my TV and my steel-belted radials and I won't say anything. Just leave us alone.' Well, I'm not gonna leave you alone. I want you to get mad! I don't want you to protest. I don't want you to riot - I don't want you to write to your congressman because I wouldn't know what to tell you to write. I don't know what to do about the depression and the inflation and the Russians and the crime in the street. All I know is that first you've got to get mad. You've got to say, 'I'm a HUMAN BEING, God damn it! My life has VALUE!' So I want you to get up now. I want all of you to get up out of your chairs. I want you to get up right now and go to the window. Open it, and stick your head out, and yell, 'I'M AS MAD AS HELL, AND I'M NOT GOING TO TAKE THIS ANYMORE!' I want you to get up right now, sit up, go to your windows, open them and stick your head out and yell - 'I'm as mad as hell and I'm not going to take this anymore!' Things have got to change. But first, you've gotta get mad!... You've got to say, 'I'm as mad as hell, and I'm not going to take this anymore!' Then we'll figure out what to do about the depression and the inflation and the oil crisis. But first get up out of your chairs, open the window, stick your head out, and yell, and say it: "I'M AS MAD AS HELL, AND I'M NOT GOING TO TAKE THIS ANYMORE!"

24 de junho de 2011

"Detective Dee and the Mystery of the Phantom Flame" por Nuno Reis

Quando título e sinopse não chegam

Um problema de se ir a um mercado de filmes é que quando se tem 40 salas a debitar filmes em contínuo não há tempo para pensar no que se quer ver. Faz-se um plano inicial e tenta-se não fugir muito a isso ao longo do dia. Ou seja, marca-se uns sete ou oito, assiste-se a cinco desses e uns cinco por sugestão de alguém que se encontrou ou apenas por proximidade da sala. Se sobrar tempo procura-se no programa algo com um título sonante e vai-se espreitar.
Di Renjie Detective Mystery Phantom Flame

Tenho de confessar que o título de sonoridade infantil “Detective Dee and the Mystery of the Phantom Flame” não era muito apelativo e foi quase por sorte que vi este elemento da selecção de Veneza.
Di Renjie Detective Mystery Phantom Flame

Podem ser feitos muitos filmes assim todos os anos em Hong Kong, mas a quantidade que chega ao ocidente é muito reduzida pelo que esses poucos parecem únicos. De todos os blockbusters asiáticos em Cannes este era o mais interessante.
Di Renjie Detective Mystery Phantom Flame

No século VII uma mulher está prestes a ser coroada Imperadora da China após anos como regente. O gigantesco Buda que constrói junto ao palácio será o monumento imtemporal do seu reinado, mas durante a apresentação do mesmo a um embaixador espanhol, um homem simplesmente entra em combustão. Os detectives oficiais entram em acção e um deles também arde. Os homens ao serviço da coroa preocupados com uma possível maldição ou um assassino indetectável não conseguem resultados e por isso a governante manda desencarcerar o Detective Dee, seu feroz opositor, mas também o melhor detective que existiu. Dee, uma assistente da regente e um detective da corte vão-se embrenhar numa aventura contra assassinos, fantasmas, maldições, e demónios interiores.
Di Renjie Detective Mystery Phantom Flame

Como seria de esperar tem muitas artes marciais, mas o ponto de destaque é que se baseia numa personagem real desse período. A China tem enorme respeito por ele e as adaptações são frequentes, contudo nunca chegaram a esta dimensão. Aqui temos um épico de duas horas onde apenas daria dois destaques negativos. A história é muito previsível (apesar de ter um desfecho inesperado) e nos efeitos visuais os barcos eram demasiado obviamente feitos por computador. Os outros efeitos visuais, os sonoros, a fotografia, as coreografias e demais acessórios da história são fabulosos. Nos efeitos especiais nota-se que se esforçaram por fazer algo bom sem complicar e sem desperdiçar dinheiro, optando quando possível por algo simples e igualmente espectacular que estúdios de Hollywood não fariam. Tem ainda muito sentido de humor e um protagonista íntegro e cheio de moral. Dá para uns momentos bem passados.

Di RenjieTítulo Original: "Di Renjie" (China, Hong Kong, 2010)
Realização: Hark Tsui
Argumento: Kuo-fu Chen, Jialu Zhang, Lin Qianyu
Intérpretes: Andy Lau, Bingbing Li, Chao Deng, Carina Lau
Música: Peter Kam
Fotografia: Chi Ying Chan, Chor Keung Chan
Género: Acção, Crime, Thriller
Duração: 118 min.

Frase do dia: "Sunset Blvd"

No ano de 2003 tinhamos uma rubrica no blog chamada "Frase do dia". Aproveitando este mês de aniversário porque não despertar a nostalgia, tirar as VHS do armário e recordar alguns dos maiores filmes de todos os tempos?

Nesta cena William Holden e Gloria Swanson falam do que aconteceu ao cinema com a chegada do som.



Norma Desmond: There once was a time in this business when I had the eyes of the whole world! But that wasn't good enough for them, oh no! They had to have the ears of the whole world too. So they opened their big mouths and out came talk. Talk! TALK!

23 de junho de 2011

"First Squad" por Nuno Reis

A Segunda Guerra Mundial pode ter terminado há décadas, mas o cinema continua a ir lá buscar inspiração. Nesta proposta asiática um grupo de adolescentes com poderes paranormais é a derradeira arma do lado soviético. Um atentado nazi causa a morte de quase todos e Nadya, a única sobrevivente, está perdida e amnésica. Quando um monge a encontra e lhe revela a importância do papel que ela terá de desempenhar, Nadya parte numa viagem ao outro mundo para convocar os amigos mortos a ajudarem-na e à Mãe-Rússia num combate desigual contra os cavaleiros teutónicos que os nazis trouxeram dos mortos.
First Squad

Um problema da Anime é que tem uma forte presença televisiva e pouco expressão em cinema. Quem não a sabe fazer e se arrisca num filme, pode não conseguir mais do que um episódio longo. Em “First Squad” passa-se quase isso. Do ponto de vista técnico o desenho está irrepreensível. A história não é inovadora e por vezes torna-se até desinteressante. Devido aos enormes combates tem um estatuto de quase épico, mas dificilmente será lembrada.
A narrativa principal é fraca, mas a animação vem intercalada (e valorizada) com alguns depoimentos de supostos especialistas na guerra paranormal. Dessa forma uma mini-série que se despacharia em dois episódios de meia hora acaba por se alongar por mais um quarto de hora. O valor acrescentado vem de com esses “especialistas” ganhar um toque documental e consequentemente uma pseudo-veracidade. Como foi dito na crítica de ontem, quando o fantástico (ontem era específico do terror) se aproxima do mundo real, a mente torna-se mais receptiva.
First Squad

Esta guerras que se desenrolam clandestinamente, em paralelo com a guerra de superfície que normalmente é a Segunda Mundial, são tema recorrente. Já foram criados em laboratório exércitos de lobisomens, de zombies, o Red Skull e o Capitão América, e muitos outros. Atingiram o pico com Hellboy onde foi mostrado tudo o que podia ser feito. Tudo o que veio depois teve de ser original (“The Man Who Stare at Goats”) para não estar sujeito à comparação.
O mais interessante é o facto de ser uma co-produção Canadá-Japão-Rússia. Este produto inter-cultural tem dinheiro canadiano, uma história russa, animadores japoneses, até um nome português aparece na ficha técnica. Além disso foi o filme que ganhou o primeiro Inspirational Award no Fantasporto e por isso convém manter debaixo de olho.

Fâsuto sukuwaddoTítulo Original: "Fâsuto sukuwaddo" (Canadá, Japão, Rússia, 2009)
Realização: Yoshiharu Ashino
Argumento: Aljosha Klimov, Misha Shprits
Intérpretes (vozes): Elena Chebaturkina, Aleksandr Gruzdev, Sergei Aisman, Rudolf Pankov
Música: DJ Krush
Fotografia: Sergey Akimov, Aleksandr Aleshnikov, João Da Costa Pinto, Kumiko Sakamoto
Género: Animação, Acção, Drama, Fantástico, Guerra, Histórico
Duração: 73 min.
Sítio Oficial: http://www.first-squad.com/

22 de junho de 2011

"Secuestrados" por Nuno Reis

Não recomendado a pessoas sensíveis

O dinheiro pode não comprar segurança, mas compra uma moradia num condomínio seguro. Pelo menos foi isso que uma família pensou quando se mudou para um luxuoso condomínio madrileno. Na primeira Marta e Jaime querem um jantar em família para festejar a casa nova, enquanto a filha Isa quer sair para se divertir como noutro dia qualquer. Subitamente o vidro é quebrado e três assaltantes invadem a casa. A família é manietada e Jaime é levado por um dos sequestradores para levantar todo o dinheiro possível. Enquanto isso as mulheres terão de lidar com os outros dois.
Estes dois jogos de nervos em paralelo vão fazer as vítimas desesperar e os criminosos vão ficando nervosos. Acrescentando ainda uma pequena barreira linguística (tornou-se moda o criminoso ser de Leste), são seis pessoas que não se aguentarão muito mais.
Secuestrados

A cada ano três milhões de domicílios europeus são invadidos, por vezes com violência para com os habitantes. É por isso que este terror do real tem estado tão em voga no cinema (basta pensar em “Eden Lake”, “The Disappearance of Alice Creed”, “Cherry Tree Lane”). Porque é fácil fazer algo assustador sem ser criativo, e porque se for real o espectador não tem como escapar ao medo. Não há a desculpa “isto é só um filme” porque não é. Algures está a acontecer o mesmo e não é preciso ser um psicopata saído do cinema para maltratar muitos inocentes.
Em “Secuestrados” o thriller está sempre presente. A narrativa tem uns momentos aborrecidos, mas para compensar os momentos fracos, os pontos fortes são dos bem gritantes. Nenhum memorável, mas alguns bem desfrutáveis e o som encarrega-se de dar a atmosfera adequada.
Nestes 85 minutos Vivas raramente tenta inovar, aplicando uma receita fácil numa história aterrorizadora. Por exemplo, o momento em split screen, acompanhando interior e exterior, é um dos pontos altos que o filme tem. O problema é que espectadores regulares da série “24” devem estar fartos disso.
Secuestrados

O filme tem apenas seis personagens constantes e outras quatro de situação. Nota-se que se baseiam em estereótipos o que é uma pena. A excepção é a personagem discreta de Manuela Vellés, tanto é uma adolescente revoltada, como está em pânico ou em choque. Demoramos a reparar nela e quando finalmente tem a nossa atenção... acabou.

SecuestradosTítulo Original: "Secuestrados" (Espanha, 2010)
Realização: Miguel Angél Vivas
Argumento: Javiar Garcia, Miguel Angél Vivas
Intérpretes: Fernando Cayo, Ana Wagener, Manuela Vellés, Dritan Biba, Guillermo Barrientos, Martijn Kuiper
Música: Sergio Moure
Fotografia: Pedro J. Márquez
Género: Thriller, Horror
Duração: 85 min.
Sítio Oficial: http://www.kingrecords.co.jp/spain/

21 de junho de 2011

António-Pedro Vasconcelos convidado de honra no próximo Fantas



Um realizador que foi capaz de atrair mais de 1 milhão de espectadores às salas de cinema para ver filmes portugueses merece naturalmente uma homenagem no Fantasporto 2012. António-Pedro Vasconcelos é o único realizador que se pode gabar deste feito e o Festival Internacional de Cinema do Porto convidou-o para ser a personalidade ligada ao cinema em Portugal em destaque na edição 32. Porque ele é um cinéfilo e, em tom de brincadeira, porque nos seus filmes lançou belíssimas actrizes. Nada melhor que parafrasear o título do filme de Truffaut – António Pedro Vasconcelos é realmente o “Homem que gosta de Mulheres”. A próxima edição do Fantasporto decorre entre os próximos dias 20 de Fevereiro e 4 de Março de 2012, no Teatro Municipal Rivoli.

António-Pedro Vasconcelos nasceu em Leiria em 1939. Cavaleiro da Ordem do Infante D. Henrique começou por querer ser advogado, estudando Direito, mas o convívio com homens do cinema como João César Monteiro ou Alberto Seixas Santos levou-o para a Sétima Arte.
Iniciou-se na crítica de cinema no final dos anos 50, do século XX. Viria a ser chefe de redacção da revista “Cinéfilo” (1973) ou responsável pelo programa “Cine-Clube” da RTP 2 (1976).
Em 1968 realizou os seus primeiros filmes de publicidade e documentários como “Exposição de Tapeçaria” (1968) e “Fernando Lopes-Graça” (1971), entre outros.
É co-fundador do Centro Português de Cinema (CPC) em 1970, sendo um dos responsáveis pela revitalização do cinema português. Realiza nessa época a sua primeira longa-metragem – “Perdido por Cem” (1973), um filme fortemente influenciado pela “Nouvelle Vague” francesa.
A seguir à Revolução de Abril, faz para a RTP o documentário “Adeus, até ao meu Regresso” (1974) sobre a geração de portugueses que estiveram na Guerra Colonial. A trabalhar como programador televisivo, realiza “Oxalá” (1981) e depois, um dos grandes sucessos da sua carreira. “O Lugar do Morto” (1984), baseado numa história de Mário Zambujal, seria o filme que fez de Ana Zannati uma “sex symbol”.
As dificuldades económicas sentidas nos anos 80 na sociedade portuguesa atrasaram o renascer do cinema nacional. Só em 1992 volta a realizar – é uma série para a RTP – “Aqui d’El-Rei!” – abordando a presença do exército português em Moçambique nos finais do século XIX. Em 1999 António-Pedro Vasconcelos tem mais uma sucesso de público com “Jaime”. Seguem-se “Os Imortais” (2003), “Call Girl” (2007) – o papel de sex symbol é agora de Soraia Chaves e, novamente com a actriz e modelo portuguesa realiza “A Bela e o Paparazo” (2010).
Considerado pela crítica o mais americano dos cineastas portugueses, António-Pedro Vasconcelos aceita com “fair play” o rótulo que até considera um elogio. Adepto incondicional do Benfica, António Pedro Vasconcelos vai fazer uma selecção de filmes seus e “sobe” até ao Porto para mostrar parte da sua carreira e para ser distinguido pelo Fantasporto com o Prémio de Carreira.

"Hobo With a Shotgun" por Nuno Reis


Hobo é um termo muito único da cultura americana. Refere-se a um tipo particular de sem-abrigo porque, ao contrário dos vagabundos, o hobo procura trabalho. É como se fosse um trabalhador migratório que opta por não ter casa para ter maior liberdade. Neste filme em particular - tal como “Machete” nascido dos falsos trailers “Grindhouse” - o nosso hobo (Rutger Hauer) chega a uma cidade de comboio. Ele sonha comprar um cortador de relva para se dedicar exclusivamente a esse negócio. O que vai encontrar é apenas decadência. Gangues, drogas, prostituição, pedofilia, roubo, há crimes para todos os gostos. Os hobos são usados e maltratados, mas pior do que tudo isso é a organização criminosa de Drake. Ele é a lei de uma cidade sem lei e entre ele e os filhos é difícil escolher o mais malvado. O nosso herói anónimo assiste a tudo sem que lhe prestem atenção. Até que para ajudar uma prostituta decide intervir e começa uma carnificina sem igual. A única forma de combater o crime é sendo pior do que eles e para isso uma caçadeira é uma boa forma de começar a vingança.
Hobo With a Shotgun

Rutger Hauer é um nome de culto para os fãs do cinema fantástico. Depois de uma brilhante carreira neerlandesa e de uma personagem inesquecível em “Blade Runner” também experimentou a realização. Ser um vagabundo num trailer pode ter sido uma piada, mas repetir a personagem numa longa-metragem obriga-nos a acreditar que o projecto seria convincente. O argumento não tem muito nexo, a fotografia é apelativa e as personagens são loucas. Há situações tão inacreditáveis que podem ser verdadeiras e outras demasiado inverosímeis. As mortes são extremamente criativas (a tal ponto que uma mesma forma de enforcar as pessoas é repetida três vezes num minuto e continua a ser genial), os vilões odiáveis e os heróis imunes a tudo que lhes façam.
Hobo With a ShotgunHobo With a Shotgun

No seu todo é um filme simplesmente indescritível que um espectador solitário terá dificuldades em achar interessante. No entanto em ambiente de festival tem todo o sangue e humor necessário para proporcionar uma sessão inesquecível. Alguns filmes exigem a companhia certa. Para este filme essa companhia são quinhentas pessoas que delirem com uma boa perna cortada pela lâmina de uns patins, uma cabeça arrancada com arame farpado, pescoços cortados por serras (não eléctricas), caçadeiras de apenas dois tiros e multidões enraivecidas. Não se podia pedir melhor como última sessão da noite.


Hobo With a ShotgunTítulo Original: "Hobo With a Shotgun" (Canadá, EUA, 2011)
Realização: Jason Eisener
Argumento: Jason Eisener, John Davies, Rob Cotterill
Intérpretes: Rutger Hauer, Molly Dunsworth, Brian Downey, Gregory Smith, Nick Bateman
Música: Adam Burke, Darius Holbert, Russ Howard III
Fotografia: Karim Hussain
Género: Acção, Terror
Duração: 86 min.
Sítio Oficial: http://www.hobowithashotgun.com/